Amor. Um Sentimento Terrível. escrita por camila_guime


Capítulo 9
Provocação


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pela recomendação querida Thais!!!
Boa leitura pessoal!



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A noite caíra mais fria. Draco se hospedara bem. Eram quartos minúsculos, mas não precisava dividir com ninguém. Da janela do seu quarto, ele podia ver um bom pedaço do capo aberto. Foi quando teve a leve impressão de ouvir a cobra Neferet falando com ele. Procurou pelos cantos, mas ela não estava. Sabia que não a mandariam assim, tão facilmente, mas aquilo serviu para lembrá-lo de sua missão. Quando voltou a olhar para fora, viu Hermione, coberta por uma echarpe, indo se sentar no degrau da casa das garotas, num canto mais escuro. Sabia o que tinha que fazer, então pegou um casaco e saiu sorrateiramente do seu dormitório. A melhor coisa, ele notou, era não pensar, e agir.

— Boa noite. – Disse com o melhor tom que podia. Cortês e educado.

Hermione quase saltou de susto. Estava pensando em acionar Ronald ou Gina para conversar.

— O que você quer Malfoy?

— Conversar.

Hermione riu.

— Você? Eu? Conversar?

— Esqueceu as conjunções, Hermione.

— Hermione?

— É seu nome, não é? – Draco disse irônico.

— Mas não é pra sua lábia, Malfoy.

— Tudo bem. Eu posso continuar te chamando de Granger, mas não vejo no que isso vai ajudar. – Hermione apenas desviou o olhar, apreciando o campo. — Eu queria deixar claro que... Falei sério quando disse que tínhamos que nos dar bem.

— Não vejo como. Não perca seu tempo!

— Não julgo perda de tempo. Eu vejo coisas que você ignora. Você e esse seu orgulho...

Hermione não queria ceder, mas ficou curiosa em saber o que era e poder se desfazer das ideias de Malfoy depois.

— Ah, jura? E o que é?

— Nós poderíamos ser bons juntos.

Draco soltou vendo Hermione engolir em seco. Conseguiu faze-la lembrar do beijo pelo jeito com que ela avermelhou.

— Nos seus sonhos talvez sejamos... – Hermione replicou.

— E somos. – Draco só a deixava mais assustada. — Quer dizer. Quem é o melhor aluno da Sonserina? E da Grifinória?

— Harry é o melhor aluno da Grifinória. Vai querer se aliar a ele? – Hermione riu.

— Não Hermione. Você é a melhor aluna da Grifinória. Potter estaria morto no primeiro ano se não fosse você. E no segundo? Mesmo petrificada você ajudou a salvar aqueles dois imbecis. No terceiro, bem... Soube que estava com ele, já que o traidor-do-sangue Weasley estava quebrado na enfermaria.

Hermione sentiu um calafrio percorrer a espinha. Quando imaginaria que Draco soubesse tanto de sua vida com os meninos? Coisas que a maioria da escola nem imaginava dentre as aventuras que ela e eles passavam...

Draco sabia que estava deixando Hermione perturbada com os “elogios inversos”, e continuou:

— Você vê... Não é o santo Potter ou o zero-a-esquerda Weasley que salvam aquela casa. Nem o tonto do Neville, ou a maluca da Gina... É você. Sempre foi você.

— Cala a boca!

— Não deveria se esconder à sombra da glória do Potter...

— Calado, Malfoy!

— O que eu estou tentando dizer é: se estamos aqui, por que não cooperamos para sermos os melhores? Nós podemos...

— CALA A BOCA, DRACO!

Draco se calou. Sentiu um fio de satisfação ao ouvir seu nome da boca dela, mas teve que se conter para não demonstrar isso. Hermione se levantou do degrau e começou a marchar de volta para dentro, mas foi impedida.

— Por que você ficou brava? Eu por acaso te ofendi?

— Que tal “à sombra da glória do Potter”? E quem você pensa que é para ofender meus amigos?

— Se te incomodou eu supor que você fica sempre ofuscada pelo pouco que Potter realmente faz é por que deve ter um fundo de verdade nisso. Hipocrisia não combina com você, então admita! E eu não posso pedir perdão por dizer o que eu acho que eles são. Olhe para você, o que te faz achar que eles a defenderiam como você os defende?

— Eu sei que fariam isso por que são meus amigos. Você que não entende o que é isso.

Draco ficou calado. Era mais difícil do que pensava dobrar a opinião de Hermione, e era pior ainda ouvir as respostas dela.

— Tem razão. Talvez eu não entenda. Mas sabe o que é pior? – Perguntou, mas Hermione não disse nada. — O pior, Granger, são quando simplesmente não te dão chance de tentar.

Hermione viu Draco virar de costa e marchar de volta para seu dormitório. Além de ter sido perturbador em si, os próprios sentimentos dela começaram a bombardeá-la. Logo a culpa a assolou.

— Draco! – Chamou. Ele já estava no meio do espaço entre um prédio e outro. Não parou por ela. — Draco, espera!

Hermione pulou os degraus da varandinha e correu até alcançar o sonserino ainda no pátio, bem, na frente do prédio deles. Puxou Draco pelo ombro para se voltar a ela.

— A conversa acabou, Granger.

— Não. Não acabou... – Disse ela com autoridade.

Draco bufou, por um momento voltou a andar para a estalagem, mas depois virou de frente, parando há uma boa distância da grifinória.

— E o que você ainda tem a dizer?

— Eu queria... – Hermione baixou os olhos para o gramado. Draco não a apressou. — Eu só queria que me dissesse por que fez aquilo, na vila.

Draco poderia ter imaginado, mas não ter previsto que Hermione falaria disso sem estar o ameaçando com a varinha na garganta. Ainda mais envergonhada. Parecia que ela havia refugiado o olhar no chão.

— Você disse que não tinha medo de mim. – Respondeu Draco.

— Queria que eu tivesse medo?

— Não! Bem... Eu não sabia como provar pra você que não deveria me considerar um oponente fácil. Eu só... Tive um impulso.

— Poderia ter usado um feitiço! – Disse Hermione indignada.

— Mas eu não consegui pensar em nenhum! Não quando você me enfrenta daquele jeito! – Draco exclamou voltando a se aproximar de Hermione, que deu passos para trás.

— Eu sempre enfrentei você, e nunca foi preciso me beijar num duelo. E se quer saber... Essa história não está colando! Você queria que perdêssemos aquela competição!

— É claro que era isso, você me pegou! Claro que eu queria ser sugado por um Dementador! Como você não pensou nisso antes, Granger?

 — Não me venha com gracinhas, Draco! Não é perdoável aquilo que você fez!

— Eu ainda não entendi o que realmente te perturba. Será que você nunca teve um impulso na sua vida?

— Não um desses! – Hermione se exaltou. — Você é meu inimigo, aquilo não deveria ter acontecido.

— Você já se perguntou por que eu sou seu “inimigo”? – Draco fez aspas com os dedos. — Por que sinceramente não faz muito sentido. Ok, eu fui pilantra, muitas vezes, mas as coisas mudam.

— As pessoas não. Você age pelo lado mau, e não me venha vestido de cordeiro, eu sei quem você é!

— Quem?

— Um esnobe orgulhoso que quer ganhar sempre, que fere as pessoas para se manter por cima, por que não tem coragem de lutar contra o que o aflige e aceita ser cobaia daquilo que nem mesmo entende!

— Bravo! Nunca vi uma descrição tão perfeita de você mesma! – Draco sorriu sarcástico.

— Como é que é?

— Esnobe e orgulhoso... Nos orgulhamos do que temos, e você sente orgulho em ser nascida-trouxa, esnoba os sangues-puros como se fossem meros vermes! Você fere as pessoas, Hermione, não com feitiços, mas com palavras, só por que tem um orgulho que não cabe em si, e nunca deixaria o outro ficar com a razão, mesmo ele estando certo! E se eu sou cobaia daquilo que nem entendo, sugiro que dê uma olhadinha especial ao senhor que você segue.

— Só que Dumbledore não serve às Artes das Trevas!

— Hoje em dia.

— Mas é hoje em dia que seu querido Voldemort está ameaçando os mundos. E o que você faz? Viabiliza as coisas para ele como um cão farejador!

Draco sentiu uma incapacidade enorme de dar resposta, mas como sempre, não perdia o ar de sobriedade, e feriu Hermione só com seu silêncio. Novamente as palavras dela se voltaram contra ela, a fazendo sentir culpa.

— Você ainda tem... algo pra dizer?

“Desculpa?” Seria isso? Mas Hermione não aguentou sua própria confusão interna, virando as costas e marchando de volta para o dormitório. Enquanto Draco fazia o mesmo na outra direção.

Jacques, na terceira janela do terceiro piso do casebre, como antes, presenciara tudo, e cada vez mais achava que eles estavam no caminho certo, não do jeito que deveriam, mas logo iriam descobrir. Matutando, puxou para sua frente na minúscula escrivaninha uma folha de papel, mergulhou a ponta da pena no tinteiro e escreveu curtas palavras:

“Eu pressuponho que a segunda tarefa não deva demorar professora McGonagall. Jacques Malfoy”.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela leitura gente!
O que estão achando?
(próximo cap. em andamento, vocês vão ter uma surpresinha *.*)
Mila.