Amor. Um Sentimento Terrível. escrita por camila_guime


Capítulo 14
Ciúmes e Segredos


Notas iniciais do capítulo

Olá minhas queridas!
Aproveitem o capítulo!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/162693/chapter/14

Cap. 14

— O que estão fazendo? – Perguntou remexendo nas páginas da prancheta. — Sr. Malfoy volte imediatamente para o leito!

Draco virou bem de frente para Hermione fazendo careta a respeito das ordens de Pomfrey, o que fez Hermione rir. Depois, retirou-se obedientemente para sua cama.

— Como vai Granger? – Perguntou a enfermeira chegando perto dela e começando a medir temperatura, pulso... Tudo com muita eficiência.

— Me sinto ótima!

— Não... Você ainda está pálida. Não anda comendo direito... Parece até anêmica! Magra... – Pomfrey puxou a pálpebra inferior de Hermione olhando do lado de dentro. — Vou encomendar uma senhora canja para você, querida! E... Vejamos Potter! – Virou-se para a cama ao lado. — Dormindo... Dei uma dose dupla de tudo para ele, pobrezinho. O que andou fazendo, se esfolando? Fazendo jejum também? Sinceramente... Jovens nessa idade precisam de alimentos fortes!

Madame Pomfrey prosseguiu reclamando de como ela não sabia como eles conseguiram ficar tão acabados em menos de um mês, e como ficavam ativos mesmo com tão baixa resistência. Exceto quando chegou à cama de Draco, ficando muito surpresa com a evolução. Estava já corado e com uma cara bem mais resistente do que a que tinha quando chegara horas atrás.

Conforme foi chegando perto dos conhecidos e amigos seus, Hermione ficou mais atenta. Ouviu tudo que disseram sobre Cho e Luna, mas quando Madame Pomfrey e outras enfermeiras se distribuíram ao redor da cama de Ernesto, as vozes diminuíram ao sussurro, e só deu para Hermione vê-las puxando a cortina da cama de Ernesto, impedindo de averiguar qualquer outra coisa.

Draco, mesmo entediado, não voltou a ir à cama de Hermione. Pegara o livrinho que havia sobre o criado-mudo e ficou lendo-o por muito tempo. Hermione fez o mesmo com um outro livro que pediu para trazerem para ela. Quando Harry acordou, Hermione quase saltou para fora da cama.

— HARRY!

— Hermi... Hermione! - Harry tentou o tom mais animado que pôde, mas sentia-se ainda sonolento. A mesma moleza que se sente quando você acorda de sólidas horas de sono depois de um esgotamento.

— Como se sente? – Perguntou largando o livro na cama.

Draco olhou de rabo de olho, e voltou para o livro como se nada estivesse acontecendo.

— Lerdo! – Desabafou Harry. — Espera... É Hogwarts mesmo ou edificaram uma imitação da ala hospitalar no meio da floresta? – Comentou pondo os óculos analisando as pilastras e o teto.

Hermione riu.

— É sim, Hogwarts!

— E Dumbledore? Me diz que ele voltou!

— Não. Bem... Nada de notícias de fora ainda. Madame Pomfrey deve estar proibindo até mesmo McGonagall de entrar!

Harry varreu a enfermaria com os olhos, arregalando-os cada vez mais ao reconhecer as pessoas ali.

— Cho? Essa não... Luna! – Harry ia metendo as pernas para fora da cama quando ficou tão tonto que caiu com as costas no travesseiro.

— Estão todos apagados há horas. Fique quieto, Harry! – Comandou Hermione.

— Mas... E Rony? GINA? Onde...

— Devem estar no acampamento! Só vieram para cá quem estava pior, os que não estavam ficaram. E pelo que eu percebi, prefiro não ver Rony a vê-lo por aqui no estado em que eles estão... Costelas, membros quebrados... Escoriações graves... Ernesto enfrentou o próprio clone, e ninguém fala como ele está ali!

Harry olhou para a cama encoberta.

— E você?

— Madame Pomfrey disse que eu devo estar anêmica. – Hermione riu, e notou Draco abafando um risinho também.

Harry espiou para onde ela olhou. Ao bater o olho em Draco, o sonserino se virou e deu um curto aceno com a mão. Harry voltou para Hermione atordoado. A frase “O que deu nele?” praticamente apareceu estampada na testa de Harry.

— Draco nos tirou do precipício. – Disse Hermione. — Quer dizer, ele chamou ajuda, e levou Gina em segurança para o nosso acampamento. Provavelmente não acharam que ela estava mal, para não terem a trazido para cá, ainda bem...

Harry teria ficado de queixo caído se não tivesse trincado os dentes quando imaginou Draco entrando em contato com Gina.

— Você levou Gina? – Perguntou asperamente virando por cima do ombro para Draco.

— Levei. Não dava para deixar a Weasley jogada na borda daquele precipício. Vai que ela acordava e decidia pular lá por você... – Comentou Draco impessoal. — Já bastava Hermione...

Harry voltou embasbacado.

— “Hermione”? – Harry salientou cochichando, mas a garota preferiu nem comentar.

— Draco teve uma boa postura, em minha opinião. – Disse ela sutilmente. Draco prendendo um sorrido.

— Convenhamos que não pareça muito com o Malfoy... – Harry enfatizou o sobrenome, como se repreendesse Hermione por chamá-lo de Draco.

— Harry!

— O que? – Harry inquiriu. — Eu quero vê-la.

— HEY! – Draco interferiu. — Eu não fiz nada a sua namoradinha, Potter!

— Ah não...

— Harry! – Hermione censurou.

— Não! – Disse Draco mais forte. — É. Surpreenda-se! Eu não sou tão anti-traidores-do-sangue assim!

— Como você…? – Harry pegou a varinha do criado-mudo e apontou para Draco. Hermione teve que pular da sua cama para puxar o braço dele de volta.

— Acabem com isso já! – Ralhou. — Ficaram loucos? Estão numa enfermaria. Já houve desgraças demais para vocês ainda quererem brigar! Brigar por uma desconfiança inútil?

— Desconfiança inútil? Hermione! – Harry parecia ultrajado. — Esse aqui – apontou com o polegar — é Draco Malfoy, o maior anti-Weasley e anti-Nascidos-Trouxa depois de Voldemort!

— Não diga isso! – Hermione alterou o tom.

— O que deu em você? – Harry parecia ultrajado.

— O que deu em você, isso sim!

— O que? Você virou amiga do Malfoy? – Disse Harry parecendo cair em entendimento. — Quase um mês no mesmo acampamento e você acha que ele é seu colega agora?

— Harry, se controle! – Brigou Hermione.

— Bravo! – Ironizou Harry.

— Qual o problema, Potter? Hermione não tem o direito de ter outros amigos? – Voltou-se para ele Draco, fazendo menção de sair da cama.

— Calado, Malfoy! Ninguém pediu sua opinião!

— Mas acontece que eu não te pedi permissão também! – Draco se levantou. Hermione segurou Harry para ele não fazer o mesmo. — E quer saber? Essa discussão é ridícula! Hermione pode ser amiga de quem ela quiser, e isso não diz respeito a ninguém! Não vou ficar batendo boca com você, Potter!

Draco displicentemente marchou até a saída, onde as portas se fecharam com um estalido assim que ele passou. Harry fulminou a saída com o olhar por uns segundos, depois se voltou para Hermione.

— Seu amigo? Como? – A raiva deu lugar a certo ressentimento.

— Draco não é meu amigo. – Disse Hermione vacilante. — Mas puxa Harry! Passamos maus bocados nas mãos daquele Jacques Malfoy. E longe daqueles brutamontes, Crabbe e Goyle, e sem contato com o mundo das trevas do lado de fora, Draco parecia outro! Jacques pega muito pesado e se não fosse ele, várias vezes eu teria ficado de detenção, cumprindo castigos, por que as atividades do Malfoy exigem muito trabalho físico! E eu nunca pensei em dizer isso, mas não importava o quanto eu tinha lido sobre o assunto, parecia não ajudar em nada na prática, muitas e muitas vezes!

Hermione respirou fundo, baixando os olhos para as mãos no colo. Seu rosto cansado e mais magro que de costume refletia tudo o que disse. Por um momento Harry até se sentiu bem culpado pela discussão, mas ao lembrar que era de Malfoy que estavam falando, o ressentimento amargou seu coração.

— Não quero nem pensar em como Rony vai ficar se souber disso! – Lastimou-se.

— O que? – Perguntou Hermione num sussurro.

— Você sabe quem ele mais detesta em toda Hogwarts! E eu sei quem ele mais gosta também! Ver esses dois juntos vai ser um grande golpe para ele...

Hermione não era burra, claro. Entendeu o que Harry insinuou, mas passava longe de querer pensar naquilo. Ergueu brevemente os olhos para o amigo, ainda carrancuda. Pulou para fora da cama de Harry e se jogou na sua, virando de costas e tornando a pegar o livro. Mas não mais lia, não conseguia nem pensar direito.

Os dias foram se seguindo, e conforme todos naquela enfermaria davam sinais de melhora, histórias de sobrevivência foram sendo compartilhadas uns com os outros. Harry e Hermione não falavam mais que o necessário. Draco foi obrigado a voltar para a ala hospitalar, mas foi posto numa cama afastada de Harry por Madame Pomfrey. Certa manhã foi permitida visitas de alguns. Rony e Gina entraram pelas portas da enfermaria como se corressem para uma oferta de quilates de ouro.

— Harry! – Suspirou Gina ao se largar de encontro ao rapaz.

Harry a abraçou por muito tempo, e teria sido interrompido por Ronald se ele mesmo não houvesse encontrado Hermione logo.

— Hermi...

— RON!

Hermione e Rony deram um abraço muito forte. Rony segurou o rosto da amiga avaliando-a como se ela ainda corresse risco de vida.

— Por Merlin! Você está bem?

— Há dias estou bem! Madame Pomfrey não quer nos deixar sair!

— Aquela velha exagerada. – Brincou Rony. — Acha que se as pessoas saírem da enfermaria ficam doentes! Doente ficaria eu preso aqui dentro!

Hermione deu uma risada como não dava há dias. Não que tivesse sido superengraçado, mas estava muito mais feliz.

— Como andam as coisas lá fora?

— Aulas bem mais leves. Muita teoria sabe. Muito chato!

Hermione riu. Novamente se surpreendeu com o quanto sentia saudades.

— Aqui só tem comida e remédios. Estão me acostumando muito mal! – Brincou.

— Você parece ótima! – Rony disse antes que pudesse se refrear, e corou até a ponta das orelhas (quase chegando ao tom do seu cabelo).

— Obrigada.

Por um momento o olhar de Rony vacilou para trás de Hermione. Ela se virou e viu que a cortina do leito de Harry estava fechada.

— Eu bem que suspeitava... – Rony murmurou cheio de ciúmes.

Antes que Rony se intrometesse e atrapalhasse o casal, Hermione tratou de puxá-lo para se sentar com ela.

— Vamos, me conte das aulas! Estou começando a me sentir muito burra aqui!

Rony por um momento relutou, mas decidiu que era melhor ficar com Hermione.

— Antes, - disse ele, — nos pediram para juntarem mais coisas de vocês. – E virando por cima do ombro, gritou. — Gina! A sacola da Hermione!

E então uma bolsa levitou centímetros do chão e se arrastou até os pés de Ronald. Rony pegou a bolsa de Harry e, de vingança, arremessou-a para eles. Não foi suficiente para abrir a cortina, mas bateu em alguém que deu um murmúrio de dor. Pareceu ter sido Harry. Satisfeito, Rony voltou-se para Hermione, que o encarava com aquele velho olhar de censura.

— Que foi? – Perguntou sob um sorriso cínico.

— Nada! – Hermione deu um muxoxo, mas preferiu não falar daquilo. — HEY! – Chamou de repente alarmada. — Ninguém achou o “medalhão”, achou?

— Medalhão? – Rony juntou as sobrancelhas. Hermione gesticulou o que pôde, mas acabou sendo obrigada a falar aos cochichos no ouvido de Rony.

— O Espelho de Dois Sentidos!

— AH! Não! Harry tem o dele, ainda dentro de uma meia. – E falando um tom mais alto para que Harry ouvisse: — Dentro da última banda de meia dos Dusley que restou em seu malão, Harry!

— Obrigado! – Harry se limitou a dizer do outro lado da cortina, e sua voz parecia muito mais viva e até risonha.

— O seu está dentro da nécessaire Hermione! – Gina disse também.

— OK!

Depois, os pares se inverteram e Gina conversou um pouco com Hermione e Harry com Rony. Gina, depois foi até Luna, e Simas veio de Ernesto para Harry, depois para Hermione. Miguel Corner visitou Cho. O rodízio de visitas terminou em uma hora. Logo, os adoentados tornaram a ficar sozinhos. Hermione sentia o peito vibrando ainda pela alegria de ter tido o tédio quebrado. Olhou ao redor, todo mundo parecia muito melhor. Até que ela bateu o olho na última cama da fileira frontal. Perto da janela, Draco pareceu não ter saído da mesma posição durante todo daquele tempo: deitado sobre uma montanha feita com os travesseiros, virado para as vidraças e olhando a vista lá fora.

Hermione se sentiu preocupada, mesmo não tenho discernido isso em si mesma. Nem Crabbe ou Goyle vieram. Aquilo deveria ser horrível. E sensibilizada, decidiu ir até lá. Passou pelo corredor entre as camas e soube na mesma hora que Harry a ficou vigiando. Mas tanto fazia se ele ia ou não ficar bravo com ela de novo. Quando notou a presença de alguém por perto, Draco se virou para olhar por cima do ombro.

— Você? – Perguntou surpreso. A garota parou onde estava.

Assustada, Hermione pensou em voltar, e já iniciava mudar de direção quando Draco objetou.

— Espera! Você vinha aqui. Pode vim! – Convidou abrindo espaço para mais alguém sentar.

Corada, Hermione retrocedeu e continuou até lá.

— Como está?

— Sinceramente? Não sei por que ainda não voltei pro acampamento.

— Pomfrey é perfeccionista! – Chutou Hermione.

— Deve ser! – Draco riu. — O Potter deve estar pensando num feitiço não-verbal agora, isso não te assusta?

— Não. – Riu-se Hermione. — Harry é muito protetor.

— Ele não tem que te proteger de mim!

— Diz isso para ele!

Draco riu.

— Melhor não.

— É. Eu também acho! Mas... Por que seus amigos não vieram aqui?

O sorriso de Draco se resumiu a uma linha reta e inexpressiva.

— Vai ver por que eu pedi para que não me procurassem.

— O que? Por quê?

— Desde antes de tudo isso. Antes de nos mudarmos. Achei que fosse melhor que eles não contassem com minha presença para mais nada.

— Você os dispensou de serem seus amigos? – Perguntou Hermione injuriada.

— Não de serem meus amigos. De serem aquilo que eles pareciam ser, que todo mundo dizia que eram...

— Seus capangas?

Draco assentiu com silêncio. Hermione não soube o que dizer.

— Muitas coisas aconteceram, desde as férias. Eu estava convicto de algo totalmente diferente há um mês atrás. Mas...

— Tudo mudou? – Ela tentou adivinhar. Draco assentiu. — Pelo que?

— Por mim mesmo a princípio. Mas para falar a verdade, tem coisas que eu acho que não podem ser mudadas.

— Como...?

Mas Draco não respondeu. Olhou para Hermione com uma sobrancelha erguida. Ela soube que ele não ia falar. Nem insistiu. Querer arrancar os segredos de Draco seria como querer tirar leite de pedra. Além do mais, ele não tinha por que contar nada a ela, Hermione pensou, se ela também fazia o mesmo.

Depois de mais um tempo de conversa jogada fora, Hermione voltou para sua cama. Harry brincava levitando uma miniatura da Goles. Olhou sobre os óculos para Hermione enquanto ela passava. Ela fingiu que nem viu e ficou sentada. Logo, Harry não aguentou a distância entre Hermione e ele, não depois da manhã agradável que teve com os amigos, e se rendeu, virando-se para conversar cordialmente com ela.

À noite, sozinha, Hermione não conseguia dormir. Pensava em Draco, conscientemente desta vez, admitindo para si mesma que não conseguia desviar os pensamentos dele. Foi quando começou a lembrar desde quando aquela relação havia se estabelecido. Quando parou de odiá-lo. E dentre as lembranças, se ressaltou o beijo que nunca foi explicado. E, dentre isto, Hermione lembrou-se da lágrima. A lágrima que colheu de Draco. Puxou sua bolsa debaixo da cama e procurou pela ampola dentro da bolsinha de contas, que trazia bem escondida entre as roupas. Achou o pequeno frasco e soube que nele encontraria a fonte das respostas para muitas dúvidas sobre o misterioso Draco.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem! Mesmo mesmo!
O que estão achando até aqui?
Vejo vocês no review!
Beijos!
Mila.