Amor. Um Sentimento Terrível. escrita por camila_guime


Capítulo 12
Sobreviventes


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Admitam - esse cap. veio bem rapidinho até não foi?
Aproveitem!



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Cap. 12

Draco-clone parecia ter saído de um feitiço “calmante”, que há pouco o fizera esquecer que era programado para matar seu corpo original. Agora não, os dois Draco se atacavam como dois duelistas de primeira. O mais difícil era que Draco-clone era tão bom quanto o verdadeiro, e Gina, ainda apagada, nada podia fazer para interferir, e mesmo que pudesse, dificilmente saberia qual dos dois Malfoy era o verdadeiro.

À alguns metros dali, Hermione caía em queda livre. O penhasco parecia um abismo. Ficava tão escuro dali para baixo que teve de agir antes que perdesse Harry de vista. Ela girava no ar como um pássaro ferido que caía, mas ainda assim precisava fazer algo.

— IMOBILUS! – Gritou tentando apontar a varinha para Harry, mas o feitiço não conseguiu o atingir. — IMOBILUS! IMOBILUS! IMOBILUS! – Tentava incessantemente até que, quando menos percebeu, seu corpo ia ao encontro do de Harry, imóvel no ar. — Oh, droga!

Quando o alcançou, Hermione o agarrou como se ele fosse uma boia, mas ainda assim não pararam de cair, sem falar das dores que o impacto causou, com certeza não só a ela. Próximo do fim, mesmo sem enxergar, Hermione puxou de mais dentro de si por sua razão.

— Aesto Momentum!

E a queda “travou”. Logo depois, um baque cortante e frio os atingiu. Quer dizer, atingiu Harry primeiro, já que no momento, ele estava por baixo e Hermione por cima. Aquele baque incomum os engolfou na escuridão. Quase em desespero, Hermione se viu sem Harry nos braços. E não havia luz alguma ali, sua varinha também parecia não responder. Ou era ela desesperada demais para fazer qualquer feitiço direito. O frio entrava por ela como se facas fossem transpassadas pelo seu corpo. Seu coração nunca trabalhou tanto na vida, e logo ela sentiu uma dor muito forte. Fez menção de puxar por ar, mas só então teve a noção de que não estava à superfície.

Hermione começou a se debater por ar. Esgarçou a gola da camisa em desespero, ansiando respirar, foi quando sentiu água entrar por sua boca. Por um instante acreditou que era o fim, que estava se afogando, mas ao contrário, aquilo lhe deu alívio. Um alívio que foi o necessário para fazê-la parar de se debater. Logo, um puxão súbito a levou para cima.

Harry enxergava muito mal por uma lente apenas dos óculos, já que a outra estava rachada. Conseguiu segurar Hermione pelas roupas e a puxar, agarrando-a assim que colocou a cabeça da amiga para fora d’água. Livre dos feitiços que antes os deixou imóvel, agora ele tentava pensar em algo para fazer.

— Enervate – Harry conjurou trazendo Hermione de volta do desmaio.

A bruxa acordou cuspindo a água que bebera e se debatendo um pouco.

— Hermione... Hermione c-c-calma!

— Harry... – Disse ela racionalizando de novo. Sentiu-se de repente imensamente feliz, mesmo no breu em que estavam. — É m-m-mesmo você? Estamos v-v-vivos? – Sua voz tremeu de frio.

— S-sim... – Harry não se conteve e rui depois de toda desgraça. — V-v-vivos! Dá pra acr-r-editar?

Hermione não conseguiu responder, mas também sorriu de volta, ainda que Harry não pudesse ver. Então, notando que sua varinha, por sorte, ainda estava em sua mão, conjurou:

— Lumus!

A luz branca despontou da varinha iluminando o rosto pálido de Harry, que assim como Hermione, tinha os lábios e ao redor dos olhos arroxeados, um pouco do cabelo colado na testa e nas bochechas e os olhos ainda avermelhados pela violência do vento durante a queda.

Hermione percebeu que Harry estava a segurando pela cintura, enquanto ela não fazia nada para ajudar. Aquilo levou uma “alusão” de rubor ao seu rosto sofrido, e tratou de nadar mais para perto do que deveria ser a “parede” do penhasco, onde Harry se apoiava com o outro braço. Mesmo rugosa, pegajosa e lodosa dava para mantê-los sobre a superfície.

— C-c-como vamos sair daqui? – Hermione perguntou.

Harry olhou para cima, a saída parecia com uma fresta de janela àquela distância.

— Acha que Firebolt viria se acionada? – Harry tentou.

Enquanto isso, lá em cima, os dois Draco ainda guerreavam. O clone conseguira lançar o feitiço Dormentia contra o braço direito de Draco, que agora parecia ter sido mutilado, não conseguindo fazer movimento algum. O bruxo tentava se virar com o esquerdo, mas tinha sua pontaria afetada por isso. Foi quando foi atingido por um Expelliarmus, que o levou à beira do precipício. Olhou momentaneamente lá para baixo, pensou que se caísse como Hermione e Harry, talvez ele não sentisse que foi uma morte tão desonrosa, já que não conseguia imaginar que Potter e Granger tivessem morrido numa mera competição, logo Potter, que sobrevivera a Voldemort...

Mas quando o viu seu clone se aproximar, possivelmente para um último ataque, algo dentro de Draco se empertigou e se negou a morrer por conta de uma competição. Uma luta com um mero corpo enfeitiçado...

O clone percebeu quando Draco fechou a mão esquerda em volta da varinha, e num deslize, deixou Draco notar que ele estava atento. Começou um entrave, quem faria o primeiro movimento. E quase ao mesmo tempo, não fossem meros centésimos de diferença, ambos disseram o encantamento:

— Veritas!

— Vulneri... – Mas o clone não conseguiu terminar o que dizia, sendo petrificado e desfeito em dezenas de pedras no chão.

Draco estava acabado. Sangrava por diversos cortes, e seu braço direito ainda parecia morto. Levaria horas para o efeito passar. Mas as dores por todo corpo não era novidade para ele, que cresceu sob treinamentos duros que era obrigado a praticar em casa. Não era à toa, como muitos pensava, que Draco fosse tão bom nos estudos práticos.

Olhando ao redor, Draco viu uma ruiva ainda caída no chão. Arrastou-se para perto dela de joelhos, e notou que só estava desmaiada. Por um momento olhou para o ponto onde Hermione saltou, e teve uma sensação horrível no peito. Com ela morta, estava livre da missão para a qual foi incumbido por Voldemort, mas isso não significava realmente que fosse sair ileso disso.

Outras dores irromperam pelo seu corpo e ele soube que não eram dores físicas. Estava perdido! Se não conseguisse o que foi ordenado, morreria. Lágrimas de desespero molharam o rosto daquele que nunca mais tinha lembrado do que era chorar. De repente seu rancor por todo mundo não pareceu ter a mínima importância. Tudo que construiu de ruim por um mal-ensinamento que lhe foi implantado durante anos... Nada fazia o menor sentido.

Então draco ouviu chiados. Dois breves e fracos chiados, junto com um estalido mínimo, como os de um curto-circuito. Ele olhou para trás, para o precipício, e sentiu o coração subir à boca. Estava enlouquecendo. Mas então brilhos de faísca emergiram da grande fenda no chão novamente. Draco se arrastou até a borda do chão. Olhou lá para baixo, uma escuridão quase uniforme, não fosse uma bolinha de luz bem lá no fundo. E de repente faíscas emergiram novamente, alcançando só uma parte da distância. O que aparecia acima do limite do penhasco era apenas pequenos resquícios luminosos.

De repente entusiasmado pela nova esperança, Draco tratou de voltar até Gina, tentou colocá-la sobre o ombro, com o braço que lhe restava, e desaparatou. Reaparecendo no seu “acampamento”, depositou a garota no chão. Logo, alguns dos alunos que já haviam voltado da guerra o notaram. Uma pequena confusão logo tomou forma ao redor de Draco, até Jacques aparecer, rompendo o círculo.

— Eles estão vivos! – Draco anunciou sem demoras, deixando Gina no colo de Simas Finningan, que logo correra para a amiga desmaiada. — Harry Potter e Hermione estão no fundo do precipício, mas vivos!

— Como pode...? Ninguém sobreviveria...

— MAS ESTAO VIVOS! – Draco gritou.

— Vou contatar Edward, a final, Potter é aluno dele, não meu. Estamos indo para o precipício em dez segundos... – E Jacques desaparatou.

Draco foi dando meia-volta, sob olhares surpresos, maravilhados, incrédulos. Simas o chamou por cima do ombro.

— Draco! Valeu por trazê-la.

Mas Draco não respondeu ao agradecimento, desaparatando de volta para o precipício.

Lá em baixo, na escuridão, Hermione e Harry ainda tentavam contatar Rony pelo Espelho de Dois Sentidos, já que Hermione deixara Gina desacordada lá em cima.

— Vamos Lá... – Hermione torcia.

— Ronald Weasley. Queremos ver Ronald Weasley!

— Será que algo aconteceu a ele? – Perguntou Hermione.

— Tomara que não...

Ambos já não sentiam mais as pernas, respiravam de forma curta e insuficiente. Quando a força nos braços acabasse, estariam perdidos.

— Obrigado por ter me salvado, Hermi... – Agradeceu Harry forçando os músculos faciais congelados darem um sorrisinho.

— Obrigada por ter me salvado também!

Os amigos tentaram um abraço, juntaram suas testas na união também de suas desesperanças, até que um assobio foi escutado.

Ambos ergueram os olhos. Dois vultos atrás de focos luminosos desciam na escuridão. Um deles chegou primeiro. A luz impediu de ver seu rosto, mas tanto fazia naquele momento quem fosse! O primeiro encontrou o braço de Hermione a puxando para cima da vassoura e a abraçando para que não voltasse a cair. O segundo desceu na escuridão, Harry já tentava se preparar para montar também, e assim, igualmente foi levado de volta para cima.

Conforme a claridade os atingia, viram que os desconhecidos se tratavam de seus mestres. Hermione teve uma contração no estômago ao ver o rosto limpo e de expressão sóbria de Jacques Malfoy, e ao sentir seu braço a segurando contra seu peito.

Harry se segurou firme nas vestes de Edward Scott, ainda sentindo que não tinha sangue dos joelhos para baixo. E assim que chegou à terra firme, como Hermione, Harry despencou no chão. Ambos estavam exaustos.

Draco, que já se encontrava novamente ali, correu para onde Hermione e Jacques estavam. Não sabia o que falar, muito menos o que fazer, então só se sentou ao lado da garota enquanto Jacques fazia uma breve avaliação dos seus sinais vitais.

Hermione, depois do sufoco, sentiu como se cada partícula de força lhe fosse sugada, ou evaporasse pela pele. Fez um esforço para continuar olhando, mesmo com a claridade de repente forte demais. Viu os olhos cinza de Draco, e uma satisfação aqueceu seu peito, junto com uma manta que Jacques passou por cima de seus ombros e braços.

Draco pensou ter tido uma alucinação quando o frágil e cansado rosto de Hermione deu a alusão de um sorriso. “Ela deve estar delirando”, pensou.

 — Está tudo certo professor Edward? – Jacques perguntou.

— O Potter vai sobreviver. Mas receio ter de levá-lo para Hogwarts. Vai precisar de uma enfermaria.

— Granger também. – Jacques olhou momentaneamente para Hermione e depois para Draco, que de repente se sentiu sobrando ali. — Você! – Jacques chamou. — Desaparate e mande uma carta para Hogwarts. Peça que mandem um meio de transporte ainda hoje para levá-los.

— Bem pensado, Malfoy. Não aguetariam um estalinho, que dirá aparatar!

— Muito menos voar de vassoura até lá... – Jacques concordou. —  Quando a condução chegar, Draco também irá conosco. Precisamos dar um jeito nesse braço morto dele... Vamos Draco! Vá agora!

Draco saiu de perto de Hermione, se pondo de pé e fazendo o que lhe foi pedido. Quando voltou ao acampamento, Gina não estava mais à vista. Poucos alunos continuava do lado de fora. Pansy era uma deles, e correu ao encontro de Draco.

— Estão mesmo vivos?

— Estão.

— Deve se sentir mais... Aliviado. Seja lá por que você quer a Granger como sua amiguinha agora...

— Não é hora para demonstração de ciúmes, Pansy.

— Não é. Se bem que você poderia ser menos ríspido comigo.

— Quer que eu seja doce? – Draco parou à porta da estalagem. — Quer, por favor, sair do meu pé por agora?

A morena fulminou Draco com o olhar, o que ele ignorou sem nenhum ressentimento, e foi até o quarto de Jacques. Puxou um papel e escreveu apressadamente o aviso. Mandou-o pela coruja do professor, assim teria certeza de que a urgência da situação seria notada.

Mais tarde, Jacques e Edward chegaram da floresta com os dois alunos, em vassouras. Mesmo a distância do precipício até o “acampamento” sendo mil vezes menor que a de lá até Hogwarts, os professores ficaram temerosos pela estafa dos dois alunos.

Ambos foram alojados num quarto do dormitório masculino, o mais próximo possível da porta, e esperaram pela condução. Draco foi posto no mesmo quarto que eles, os três separados dos demais para que fossem embora sem tumultos ou procuras. Mas, diferente do que aconteceria numa ocasião “normal”, o compartilhamento do cômodo não foi problema, em vista que os outros dois apenas dormiam e Draco ficava sentado num canto, observando a cena e imaginando como seria depois de então. Precisava urgentemente reavaliar seus critérios.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem!
Deixem comentários para que eu possa responder e ter estímulo para escrever mais!
Obrigada de novo pessoal!
Mila.