Edward andou de um lado a outro da recepção, com o estômago cheio de  borboletinhas coloridas batendo as asas freneticamente. O coração estava dando pulos contra a caixa torácica.

- Relaxe – mandou Jasper.

- Não posso – murmurou ele.

- Senta aí – disse Emmett.

Edward suspirou e se sentou entre Alice e Emmett.

- Relaxe, meu irmão – disse Alice e colocou a mão sobre a dele gentilmente.

- Será que ela está bem? – sussurrou Edward.

- Com certeza, está – disse Emmett.

- E o Thony? Você ligou para a Rose?

- Liguei e ele está bem, dormindo com o resto das crianças.

Edward assentiu.

Alice bocejou e pousou a cabeça no ombro de Jasper. Ele suspirou e cheirou seus cabelos, beijando ali e depois recostando a bochecha no mesmo lugar e fechando os olhos.

Edward piscou com força e depois fechou os olhos, recostando a cabeça na cadeira.

Ficou ali, imóvel, com a visão de Bella sangrando sozinha no chão da sala. Mas ele era um idiota mesmo. Como uma mulher grávida poderia se sair, morando com uma criancinha e esperando outra.

Ele conteu um gemido e franziu o cenho. Bella estava sozinha e falando coisas desconexas. Inclusive, havia dito que Esme estivera ali e...

Ele abriu os olhos de chofre e ergueu a coluna, arrancando sua mão da de Alice bruscamente.

Ela abriu os olhos também e o olhou.

- Que foi?

-Alice... Quando eu cheguei hoje na casa de Bella, ela me disse que nossa mãe esteve por lá.

- Como assim? Esme? Mas o que ela foi fazer lá?

- Não sei, não tive tempo de perguntar... Na verdade, acho que na hora nem prestei atenção.

Alice mordeu o lábio inferior.

- Cara... Tudo está ficando cada vez mais estranho. Você não acha?

Mas se Edward achava ou não, Alice não soube jamais. A mesma enfermeira de mais cedo tomou espaço na recepção e Esme foi varrida dos pensamentos de todos.

- Senhor Cullen? – chamou.

Edward levantou.

- A senhora Cullen está pedindo para ver o senhor antes de a levarmos para a sala de parto.

Edward assentiu e puxou os cabelos com urgência.

A enfermeira deu um sorrisinho de canto e fez um sinal para que ele a seguisse. Ele olhou para o resto do pessoal e Alice o incentivou com um sorriso, ao mesmo tempo em que Emmett e Jasper assentiam. Então, o rapaz se colocou a seguir a enfermeira. Ela o levou a uma sala pequena, onde Bella estava reclinada numa caminha estreita e de lençóis altamente brancos. Ele foi até ela e pigarreou.

Ela abriu os olhos e, surpreendendo-o, sorriu de leve.

- Edward – sussurrou – eu acho que está na hora... Da gente conhecer nossa filhinha.

Edward perdeu o ar. Quando a consciência daquelas palavras chegaram a ele, de verdade, ele se viu num mundo onde ele vivia uma realidade e não uma ilusão.

Se viu ali, ao lado daquela mulher que ele amava e que estava prestes a dar a luz a um segundo filho dele.

- Você não se importa também? – perguntou ela, baixinho.

Ele negou.

- É claro que me importo. Me importo muito – disse ele, de voz embargada.

Ela assentiu.

- Vem cá – chamou.

Ele se aproximou e sentou na pontinha da cama. Ela pegou sua mão e apertou.

- Edward... – ela suspirou – nem sei o que devo te dizer. Quando o Thony nasceu, você não me acompanhou, eu não senti o que sinto agora.

- Desculpe por isso – pediu ele – eu sou um idiota ridículo.

- Não é não. Você sofreu tanto quanto eu sofri quando nos casamos, não é?

Edward sentiu os olhos arderem.

- Não sei se tanto quanto – sussurrou, a voz apenas um fio.

Bella sorriu e gemeu de dor logo depois, colocando a mão livre na barriga. Edward arregalou os olhos, desesperado repentinamente.

- Foi só uma contração – explicou ela – mas eu tenho certeza que você sofreu muito também.

Edward colocou a mão livre na barriga dela também.

- Estou feliz por ter vocês por perto – disse ele.

- Eu também – sussurrou ela.

Ele a olhou nos olhos e ela retribuiu o olhar.

- Você cuida bem deles pra mim? – perguntou ela.

Edward não conseguiu entender.

- Deles?

- Thony e Zoey – disse ela.

- Você vai cuidar deles também – disse ele com desespero – do que você está falando, Bella!?

Ela sorriu.

- É só se algo me acontecer lá dentro e eu...

Edward não quis ouvir mais. Num movimento rápido e ao mesmo tempo delicado, ele colocou a mão em seus cabelos e tocou os lábios nos dela gentilmente. Ela fechou os olhos e suspirou. Mas depois se afastou arfando e com as duas mãos na barriga.

- O que foi? – perguntou ele.

Ela não conseguiu responder. Sentiu uma contração muito forte e a dor arrebatou sua voz.

Edward se levantou e correu até a porta, agarrando o braço da primeira enfermeira que viu.

- Minha mulher, por favor... – ele puxou os cabelos.

- Calma – pediu ela e olhou o numero da porta – vou chamar a enfermeira responsável, acho que a sala de parto e o médico já estão prontos.

A enfermeira saiu apressadamente e Edward voltou em saltos para a sala.

- Bella – chamou ele.

Ela gemeu.

- Está tudo bem –ela respirou pela boca e fechou os olhos.

- Já vão te levar para a sala de parto.

- Por favor, Edward, vem comigo? - Edward franziu o cenho e apertou sua mão.

- Eu nunca mais vou te deixar sozinha – sussurrou ele, e tocou os lábios nos dela novamente.

Bella colocou os dedos em seus cabelos e suspirou, retribuindo o beijo apesar da dor que sentia.

A enfermeira entrou e eles se separaram.

- Vamos, Bella?

Bella olhou para Edward que assentiu, sorrindo.

Ela olhou para a enfermeira e assentiu também.

~°~

- Vamos, Bella, empurre! – mandou a médica.

Edward engoliu em seco ao ouvir os gemidos contínuos de Bella.

- Por favor, Bella, falta bem pouco – pediu a mulher.

Edward pegou a mão dela e ela a apertou com força, dando um grito-gemido, que saiu como um rosnado.

- Isso, Bella! Só mais um pouco...

Bella apertou ainda mais a mão de Edward e ele me abaixou para sussurrar em seu ouvido que tudo ficaria bem.

E logo depois, um chorinho fraco invadiu a sala de parto. Bella caiu desvalida, de semi-abertos. Edward se adiantou para a doutora. Um monte de pessoas rodearam sua filha, e ele teve de esperar alguns segundos, até uma trouxinha de pano cor de rosa ser entregue a ele. Ele focou o rostinho pequeno e sorriu, sentindo os olhos encherem de lagrimas. Ele se virou feliz, para mostrar o embrulhinho para ela, mas, só então percebeu a confusão que estava ali dentro. Ele franziu o cenho.

- O que está acontecendo? – perguntou ele.

Uma enfermeira veio tirar a menina de seus braços, e ele protestou.

- Senhor, precisa sair agora.

- Mas, o que está acontecendo com Bella? Pra onde vai levar minha filha?

- Ela está inconsciente... Não sabemos ainda o porquê. Vamos levar a menina para o berçário daqui a pouco, poderá vê-la lá, depois dos procedimentos. Mas agora, é preciso que o senhor saia.

- Não vou sair, não vou deixar minha mulher aqui sozinha!

- Por favor, ou terei de pedir que levem o senhor daqui.

Mal ela havia dito aquilo, dois enfermeiros empurraram-no para fora da sala. Edward tentou protestar, mas depois se encostou no vidro da sala. A mesma enfermeira que falara com ele a pouco, veio e fechou a cortina, deixando-o desesperado.

Uma hora depois, quando ele já havia trocado de roupas, e estava na companhia de Alice e Jasper, ele já estava a beira da loucura.

Nenhum aviso, ninguém vindo chamá-lo. Nada.

- Relaxe – disse Alice – desespero não ajuda ninguém.

Edward puxou os fios dos cabelos.

- Meu Deus, Alice... Não sei o que fazer – ele enterrou o rosto nas mãos, choramingando.

- Senhor Cullen? – uma voz feminina chamou.

Edward quase destroncou o pescoço ao levantar a cabeça. Depois ele próprio ficou de pé.

- Sim, doutora. Por favor, me diga alguma coisa.

A mulher sorriu, calmamente.

- Bella quase teve parada respiratória. Mas nós contornamos bem a situação, e nada de pior aconteceu. Talvez tenha sido por conta do esforço.

- Isso é frequente?

- Não, mas acontece.

Edward passou a mão pelos cabelos.

- Onde ela está.

- Ela já está no quarto e quer vê-lo – ela sorriu –vamos?

Edward assentiu freneticamente e seguiu a medica até o quarto onde Bella estava.

- Pode entrar. Vou dar privacidade a vocês.

Ela sorriu e deixou Edward ali, diante da porta.

Ele esfregou os olhos, a nuca e rosto. E depois, suspirou antes de entrar.

Bella estava recostada nos travesseiros e ergueu a cabeça assim que a porta se abriu.

- Edward – murmurou de voz rouca. Depois sorriu – estou aqui há vinte minutos e só agora você veio.

Ele caminhou até ela.

- Desculpe.

Ela sorriu.

- Não faz mal. Você já viu nossa filha?

Edward abriu um enorme sorriso.

- Sim... Mas foi muito rápido... Quando vi que você não estava mais... – ele se interrompeu de voz embargada.

Edward ficou agradecido por uma enfermeira ter entrado, trazendo Zoey.

- Olá... – disse ela – trouxe uma menininha faminta.

Bella sentiu os olhos marejarem. Ela estendeu os braços para a mulher.

- Me dê ela aqui...

A enfermeira sorriu e entregou a menininha a ela.

- Quer que eu te ensine a dar de mamar a ela, querida?

- Não, obrigada. Eu posso fazer isso sozinha.

- Como quiser...

A enfermeira saiu e Bella se acomodou melhor nos travesseiros, com ajuda de Edward. Depois apoiou a menina nos joelhos erguidos. Procurou pelas mãozinhas dela e contou os dedinhos. Fez o mesmo com os pezinhos.

Depois, sorrindo, colocou com cuidado a menininha junto ao peito, acomodando-a, e liberando um dos seios. Zoey logo achou o bico e começou a sugar o alimento avidamente.

Edward riu bobo. Se aproximou mais e passou um dedo pelo rostinho da menina.

- Ela é tão linda... A bebê mais linda que eu já vi – sussurrou ele.

Bella assentiu e fungou.

- Ela tem os seus cabelos – murmurou Edward.

Bella riu.

- É justo, já que Thony é uma copia sua. E por falar nele, onde ele está?

- Com Rose. Pode ficar calma, que ele está bem.

- A doutora disse que amanhã à tarde terei alta. Apesar de ter tido uma parada respiratória, não foi nada grave.

Edward suspirou e beijou a bochecha de Bella, que ficou com as orelhas vermelhas.

- Precisamos conversar – disse ele – mas não agora, ok?

Ela assentiu.

- OK.

Ela liberou uma das mãos e segurou a dele. E assim, os dois observaram Zoey adormecer.