Edward estava radiante. Há uma semana ele vivia na rotina: Trabalho - Casa da Bella - Sua própria casa. E aquilo era ótimo. Todos os dias ele brincava com Anthony e Zoey, perguntava se Bella precisava de alguma coisa e os dois passavam um tempo agravável juntos.

Bom, as coisas ficaram meio estranhas depois do dia do nascimento de Zoey. Segundo Bella, Esme viera reclamar da separação dos dois, e depois de sair, Bella não se sentia mais bem. Edward teve uma longa conversa por telefone com Esme, explicando as circunstâncias, e mandou, também, que  ela não atormentasse mais Bella. Como se já não bastasse Renée!

E depois, outra coisa ainda enchia a cabeça dele. Os beijos que os dois trocaram no hospital, tudo... Parecia que não havia acontecido mais nada. Era como se nunca tivesse acontecido. Bella desconversava, fingia não ouvir.

Uma noite, depois do trabalho, Edward voltou esgotado para casa. Apenas comeu, escovou os dentes, tomou banho e se deitou na cama. Entretanto, duas horas mais tarde, seu celular tocou, acordando-o.

Praguejando, ele estendeu a mão para a mesinha de cabeceira, onde alcançou seu telefone e o colocou no ouvido.

- Alô? – disse sonolento, de olhos fechados ainda.

- Meu Deus! Edward?

- Bella?!? – ele se sentou na cama – o que aconteceu!?

- Eu... Fui dar de mamar a Zoey... Mas ela está chorando muito. Vomitando toda hora! Meu Deus, meu Deus!

- Bella! Calma, eu vou pra aí agora!

Ele fechou o telefone e calçou qualquer sapato, vestiu qualquer roupa, pegou as chaves e os documentos do carro e saiu correndo para a casa de Bella, furando mais de 10 sinais vermelhos.

Quando chegou, subiu apertando o botão do elevador toda hora. Bateu a porta do apartamento de Bella com força e em menos de 20 segundos, ela aparecia na porta, segurando uma menininha que chorava muito.

- O que aconteceu? – perguntou ele, pegando Zoey nos braços e colando-a em seu peito.

- Eu não sei – disse Bella chorando – há algum tempo vinha observando que ela golfava sempre que comia, mesmo que eu a colocasse para arrotar. Mas  pensei que era normal... Só
que hoje ela não conseguia mais beber nada! E toda hora... Voltava tudo para fora... Edward!

- Vamos, Bella, temos que levá-la a pediatra.

- Ligue para mim, Edward! Tenho que pegar Thony!

Bella saiu correndo para o quarto do menino, enxugando os olhos e Edward ligou para a pediatra o mais rápido que pôde.

Minutos depois, Bella estava no banco detrás do carro, agarrada a Zoey. Quando chegaram ao hospital, Edward pegou Anthony nos braços, e Bella correu para o consultório da pediatra.

Edward sentou na recepção com Anthony nos braços para esperar e o menino pousou a cabeça em seu ombro.

- Pai, qual é o problema?

- Não sei Ann. – respondeu ele com sinceridade.

- Tudo vai ficar bem, né?

- Eu espero que sim, filho.

Edward apertou o menino contra ele.  20 minutos depois, Bella voltou pálida.

- Hum... Edward – murmurou ela – vamos... Falar com a doutora.

- E eu? – disse Anthony.

Edward se levantou com Anthony nos braços.

- Vou ficar com você – prometeu ele.

Bella assentiu para Edward e o chamou com a mão. Os dois andaram lado a lado, Edward apertando Thony contra ele.

Quando chegaram porta da pediatra, Bella abriu e Edward entrou, com Anthony na frente. Zoey estava sendo examinada por uma pediatra alta e de cabelos castanhos.

- Olá – cumprimentou sorrindo – pode vestir sua mocinha, Bella.

Bella começou a vestir Zoey, e Edward reparou que ela se segurava para não chorar.

A tensão era palpável. Edward pigarreou desesperado.

- Posso saber o que há de errado? – perguntou.

A doutora sorriu.

- Por que não deixa seu filho brincando ali no canto enquanto a gente conversa?

Edward se levantou e colocou Anthony num cercadinho de madeira acolchoado.

- Fica calmo, amigão – falou e beijou seus cabelos.

O garoto assentiu e apertou sua mão antes de soltar.

Edward voltou a se sentar na cadeira de frente a mulher, Bella agora ao seu lado.

Ele olhou a menininha de cabelos castanhos nos braços de Bella. Só tinha pouco mais que uma semana de vida e já estava doente.

- Bom, é delicado – disse doutora.

- Sim, mas o que é exatamente? – perguntou ele. 

- Pelo que Bella me contou, ela chora na hora da alimentação, tudo que bate no estomago volta com uma frequência enorme. A garganta dela já está inflamada. Tudo indica que é refluxo gastresofágico.

Edward perdeu o ar.

- Mas isso não... Ela não... Ela é só um bebê.

- Sim – disse ela – mas não é incomum. Vocês tiveram muita sorte, um diagnostico rápido evita transtornos futuros, comprometimento com a qualidade de vida futura.

- Mas, e agora? – perguntou Edward, em pânico e olhou para Bella.

Ela não o encarou. Olhava Zoey, com um desespero contido.

- Agora, precaução e acompanhamento são tudo. Muitos exames, alguns medicamentos, e principalmente cuidado na hora do sono dela. É bom que alguém fique sempre vigiando, guardando... Se tomarem as medidas certas, aos seis meses ela já vai estar voltando ao normal, e esse cuidado não será mais necessário.

Edward olhou Zoey, que agora parecia mais calma, e os olhinhos curiosos olhavam ao redor, enquanto ela chupava o indicador.

- Bella eu preciso que volte amanhã, agora está tarde e a gente não vai consegui resolver nada, algum problema nisso?

- Não, eu volto amanhã sim.

- Por enquanto, vou só dizer a vocês que, na hora de dormir, levantem o colchão num ângulo de 30° ou 45°. Por enquanto só leite materno. Seria interessante se ela não tomasse muito na mamadeira.  Evitar mamar antes de dormir ou de madrugada, só se não puder evitar. A e tem um remédio que inibe a secreção acida.

Depois de um longo sermão da médica, voltaram exaustos (depois de passar na farmácia) para o apartamento de Bella. Anthony dormia nos braços de Edward e Zoey nos de Bella.

- Vou colocar ele na cama.

Ela assentiu.

Edward colocou o menino na cama e tirou seus sapatos. Ajeitou-o nos travesseiros, colocou o lençol por cima dele e se inclinou para beijar sua testa.

Edward saiu encostando a porta e foi para a sala. Bella não estava lá. Ele supôs que ela estava no quarto de Zoey. Entrou silenciosamente no quartinho e encontrou Bella tentando erguer o colchão com uma mão enquanto segurava Zoey com o outro braço.

- Deixa que eu faça isso – sussurrou ele.

Ergueu o colchão e botou o travesseiro que ela segurava sob ele antes de abaixá-lo novamente. Assim, a cama ficou inclinada, como a medica havia ensinado. Ela colocou Zoey ali e ficou olhando-a.

Ele também ficou parado, olhando a filha.

- Estou com medo – sussurrou ela – quando eu trabalhava no hospital, soube de muitos casos que a criança com refluxo... – ela perdeu a voz.

- Shh – sussurrou Edward – relaxe. Vamos cuidar bem dela. E não é nada que não possa ser tratado.

- Eu sei, mas como vou dar conta de vigiar o sono dela toda noite? Cuidar de Thony, tendo que ficar 99% do meu tempo de olho nela? E ainda tem a casa que está em obra e... Ai meu Deus, não sei o que eu faço – ela enterrou o rosto nas mãos e se sentou na poltrona ao lado do berço, chorando.

Edward entreabriu os lábios, caminhando até ela e colocando a mão em seu ombro, antes de se ajoelhar e pegar suas mãos.

- Estou com medo também – confidenciou ele – ainda nem tive a chance de aproveitar nossa filha.

Bella fungou, as lagrimas pingando em seu colo.

- Edward! – gemeu ela e, num susto, jogou os braços ao redor dele.

Edward a abraçou de volta e, num movimento rápido e delicado a pegou no colo.

Ela enterrou o rosto em seu pescoço e ele a arrastou para o quarto dela. Colocou-a na cama, tirou seus sapatos.

E depois se deitou ao lado dela, sem pedir permissão.

- Vou te ajudar. Vou vim dormir todos os dias com Z. se for preciso.

Bella esfregou os olhos.

- Mas, você precisa trabalhar e...

- Não faz mal. Sou eu que mando naquilo, não é? Na verdade, nós. Vou trabalhar de casa mesmo, envio todos os documentos por fax, e-mail... – ele afagou o rosto dela – tudo para te ver bem.

Bella o olhou nos olhos.

- Obrigada – sussurrou ela – eu tenho sido muito injusta com você.

- Não, Bella, você...

- Você errou, mas não justifica os meus erros.

Edward suspirou e passou o braço por ela.

- Por que você não descansa agora? Dias atrás você estava dando a luz e hoje já está se estressando.

- Mas e Zoey?

- Eu olho ela hoje. Logo resolveremos o resto. Juntos.

Bella deitou no peito dele.

- Edward... – sussurrou ela – eu... – ela foi interrompida por um longo bocejo – estou feliz por você estar aqui.

Edward sorriu e minutos depois, Bella já dormia. Um sono leve, mas dormia.

Ele se desvencilhou dela, cobriu-a e saiu sorrateiramente do quarto, entrando no de Zoey e se sentando na poltrona.

E ali ficou até o dia amanhecer.