A Caçada escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 12
Capítulo 12 - Medos


Notas iniciais do capítulo

Que isso, só eu não pedir reviews e vocês param? Assim fico triste. Pelo menos um para continuar a história, ok? Narrado pela Kate.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/162123/chapter/12

Incrível como as coisas aconteciam tudo de uma vez.

            Minha vida era o maior tédio antes do acampamento. Vivia junto com garotos idiotas e que só me zoavam e garotas que se achavam as mais poderosas do lugar, lindas e que tinham tudo, menos pais, por isso sempre viviam revoltadas.

            Claro que elas descontavam em pessoas como eu, pobres e horríveis. Eu chorava como um bebê quando isso acontecia.

            Depois, simplesmente, aconteciam coisa estranhas como caras com um olho só, mas, bom, só às vezes. Umas 3 vezes no ano? Talvez isso. Não tirava a monotonia da minha vida.

            E simplesmente, Oliver apareceu. Parece que as coisas pioraram. Agora eram caras de um olho só e caras enormes que jogavam bolas de bronze pegando fogo em pequenas pessoas.

            E depois de meio ano, Oliver nos tirou da escola, sem nenhuma explicação normal. Tivemos que roubar um carro, tive que dirigir, coisa que nunca fiz antes, em alta velocidade e ainda desviando das bolas de fogo, enquanto Lana soltava flechas, de pé dentro do carro, parte fora pelo teto solar.

            Relembrando disso, pensei o quanto tinha sido uma pena o Porsche ser destruído. Eu poderia guardar ele até saber dirigir.

            Ficamos poucas semanas naquele acampamento que parecia mágico. Aprendíamos coisas que nenhum pai poderia pagar para os filhos fazerem um curso de tal.

            Depois de algum tempo tivemos algo que poderíamos chamar de prova. Captura à bandeira, chamávamos assim. Era muito legal, claro. Era uma luta, sem nos machucar. Tinha vencedores, o que nos estimulava. Era um treino. Não para um jogo: para a vida real.

            E, uau, dessa vez veio um acontecimento mais de repente: eu era filha de Afrodite. A deusa da beleza e do amor. Amor! E beleza também.

            Eu me transformara em meu ideal de aparência em segundos. Eu me sentia bonita, mas eu me sentia corajosa. Eu me sentia amorosa. Eu sabia o que estava fazendo lá.

            E segundos depois eu entrei em uma missão muito perigosa onde eu poderia morrer. Eu não estava nem aí para isso. Se eu participava de algo tão importante, era porque eu devia ser importante.

            Naqueles minutos na fogueira eu pensei o que todos os garotos e garotas esnobes que eu já conhecia fariam se soubessem que eu era filha de uma deusa.

            Oh, se eles soubessem... Eu seria a popular de qualquer lugar. Todos os garotos iam me querer. As garotas iam me invejar.

            Me imaginei passando no corredor de uma escola normal e todo mundo começando a abrir caminho. Algumas garotas de cabeça baixa e os garotos congelados.

            Meu cabelo perfeito voando por causa do vento, mostrando minha pele perfeita, meus olhos misteriosos e um sorriso de prazer.

            Andando com um mega salto que, para falar a verdade, nunca aprendi a andar em cima. Mas eu saberia. Roupas na moda e caras, de marca, acentuando um corpo perfeito.

            Resumindo, eu perfeita.

            Fiquei muito tempo imaginando até que vi que tinha algo errado. Pensei no que poderia ser até que descobri: aquela não era eu. Não combinava.

            Eu era mais a garota do corredor que revirava os olhos quando a “poderosa” passava, mas procurava não arranjar confusão. A que se apaixonava pelo garoto mais popular do colégio até que um garoto fofo abrisse meus olhos.

            Percebi que estava andando junto com Lana e mais um monte de campistas. Minha nova família. Não ia me dar bem com alguns, com certeza. Talvez com a maioria. Mas que família grande não tinha  algumas pessoas que não se gostavam?

            Chegamos ao chalé de Afrodite. Piper esperou todos passarem. Quando eu e Lana fomos entrar, ela disse:

            — Agora sim, bem vindas ao chalé de Afrodite.

            Eu entrei no chalé mais legal do acampamento, na minha opinião. Não que tivesse entrado nos outros, mas mesmo assim esse parecia o mais legal.

            Era o mais organizado, com uns enfeites aqui e ali. Cada pessoas tinha seu canto, podendo enfeitar do jeito que quisesse. Comecei a pensar em como eu ia deixar o meu.

            O único problema era que tinha muito rosa. Eu amava rosa, claro. Mas tinha muito. Podia combinar rosa e roxo. Rosa e branco. Rosa e qualquer cor. Até rosa e preto. Seria bem melhor. Mas nãããão, era tudinho rosa.

            — Que banho de rosa é esse? — Lana foi mais indiscreta.

            Piper riu, sem parecer se importar. Ela também parecia ser o tipo de garota que não gostava de rosa, assim como Lana.

            — Eu sei! Mas me acostumei já.

            Lana e eu acompanhamos Piper até o nosso beliche. Lana ficaria com o de cima, como sempre, e eu com o de baixo. Jogamos nossas coisas em cima das camas, para arrumá-las.

            Enquanto organixava tudo, fui pensando sobre a missão novamente, mas mais séria dessa vez. Três não voltaria, porque três se perderiam no caminho. Ou seja, três morreriam.

            Será que eu era um desses três? Estremeci. Eu não queria ser. Eu não queria que nenhum de nós morresse. Não me imaginava sem Lana, não queria perder o James, Oliver era meu melhor amigo e as Caçadoras eram muito legais. Não podia morrer!

            Bem, eu não queria morrer. Eu era muito jovem. Eu tinha uma vida pela frente. Eu ia treinas, combater monstros, ia namorar, casar, talvez ter filhos e ia protegê-los. Ia ter uma vida normal misturada com o que chamavam de ficção.

            Mas daí, ele teria que morrer. E qualquer um dos cinco tinham uma vida pela frente também. Phoebe e Mary tinham uma eternidade. Eu ia deixá-los morrer?

            Não, decidi. Eu não ia viver com a culpa de ter deixado três amigos morrer. Eu ia proteger todos eles e voltaríamos os seis vivos. Nem que voltassem apenas os cinco.

            A profecia martelou na minha cabeça. Três não voltarão. Era inevitável. Eu não podia salvar todo mundo. Eu nem tinha poder para salvar.

            Eu ia tentar.

            — Não sai! — Lana gritou, furiosa.

            — O que? — perguntei.

            — Essa maquiagem não sai! — ela disse, um pouco mais baixo. Esfregava os olhos com fora. Tentou com as mãos molhadas e com um pano, mas nem manchava.

            Algumas garotas davam risadinhas. Revirei os olhos como a garota do corredor, como imaginava. Isso me fez rir. Lana olhou para mim, furiosa.

            Olhei no espelho, eu mesma. A maquiagem estava quase igual de Lana. Estava muito boa, era verdade. A única coisa que não gostei foi o lápis de olho bem forte.

            O resto estava tão perfeito que quis pedir uma aula para Afrodite. Queria que ela me ensinasse como fazer a maquiagem perfeita.

            — Infelizmente não — Piper falou. — Demora um tempo, para sair. É um tipo de benção da mamãe.

            Sentei na cama e olhei em volta. Todas as garotas e garotos faziam suas coisas. Alguns sussurravam e jogavam olhares furiosos como se fosse nossa culpa sermos meias-irmãs.

            Elas não pareciam ser o tipo de irmãs que nos ajudariam na missão, mesmo que forem para nos dar umas palavras de apoio, nem porque tinham vontade, nem se pedíssemos.      

            Eu precisava de ajuda; Lana estava preocupada demais por ser filha da deusa do amor e da beleza que era capaz de se estressar com meu “sentimentalismo”, como ela chamaria.

            Piper passou por mim. Antes de continuar andando, eu chamei-a:

            — Piper!

            — Oi? — ela voltou e perguntou.

            — Você já esteve em uma missão?

            — Já sim.

            — E é muito difícil?

            Piper respirou fundo e pensou por um tempo. Olhou para mi como se tivesse dó e se sentou, repousando as aos nas pernas. Juntas e entrelaçadas.

            — É um pouco sim — ela admitiu. — Mas eu sei que você vai se sair bem.

            — Alguém morreu? — perguntei, mais nervosa.

            Agora Piper parecia ter mesmo dó de mim. Apenas negou com a cabeça, mas sorriu depois.

            — Vai ficar tudo bem, Kate. — Se levantou e foi em direção ao seu boliche.

            Aquela noite eu dormi muito mal. A cada segundo eu acordava de sonhos que pareciam cada vez mais reais.

            Eu quase acordava gritando. Então eu lembrava onde estava e parava o grito na hora. Não ia ajudar nada com minhas meias-irmãs e meios-irmãos se eu os acordassem com o grito por causa de um sonho.

            De manhã, tudo estava organizado para a missão. Piper nos ajudou a fazer as malas. Quíron já tinha nos entregado passagens para Wyoming. A profecia deixava claro que tínhamos que ir pelo ar. Voando.

            Encontrei perto da fogueira James, enquanto Lana ia ver as Caçadoras. Ele parecia bem alegre, como sair do acampamento para morrer fosse divertido. Um passatempo.

            O dia estava tão alegre que parecia que íamos sair para passear. O sol brilhava, queimando minha pele.

Eu deixei preso meu cabelo. Trocara de roupa e fiquei apenas com o colar. Não precisava de todo o resto. A maquiagem ainda estava no meu rosto.

— Você acha que essa caçada vai demorar? — James perguntou. Ele tinha dado o nome da nossa missão como “Caçada”. Era divertido, mas acho que as Caçadoras não gostavam muito.

Dei de ombros. Eu não sabia. Preferia nem ir. Me arrependia mais e mais agora. Eu estava levando-os para a morte.

Acho que James percebeu aquilo.

— Ei, Kate. — James ergueu o braço e pôs a mão no meu rosto, me fazendo olhar para ele. A mão dele era quente. Era... aconchegante. Era bom. — Vai dar tudo certo, ok?

Assenti com a cabeça, no mesmo tempo que Lana e as Caçadoras chegavam. James tirou a mão no meu rosto rapidamente.

Segundos depois, Oliver chegou. Estávamos todos prontos. Andamos juntos em direção a Colina. Subimos lentamente, sem querer sair. As únicas que queriam eram as Caçadoras.

Eu ia olhar para trás, para o sossego do acampamento, mas James pegou a minha mão, e me puxou.

— Vamos. Nada de arrependimento agora.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não sei se ficou pequeno... Enfim... Espero que gostem!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Caçada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.