A Caçada escrita por Bia_C_Santos


Capítulo 13
Capítulo 13 – Começo a odiar caras grandes


Notas iniciais do capítulo

Não, eu não morri! Sim, isso é um milagre. Qual foi a última vez que postei aqui mesmo? Nem me lembro!
Bom, eu só vim com um novo capítulo mesmo para dar um aviso: eu vou demorar muito para postar o próximo (eu sei, se fosse só por isso, eu nem devia ter entrado). Eu quero terminar a história inteira antes de postar outro capítulo.
E acho que nem teria voltado para dar esse aviso se não fosse pela minha amiga, a Nubia. Enfim, o que não fazemos por nosso amigos?
Quanto a demora, foi por dois motivos: primeiro, ninguém lia. E segundo, estava sem inspiração (sou sincera). Espero que entendam.
Espero também que esse capítulo tenha ficado grande para compensar todo o tempo. E espero que gostem dele ;)
Ah, e é narrado pela Lana.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/162123/chapter/13

Descemos a Colina devagar. Entenda, eu não sou uma pessoa medrosa. Não mesmo. Como se eu, Lana Simon, fosse ter medo de sair do acampamento. Mas aquilo foi a coisa mais parecia com casa que eu tive.

Encontramos uma mini van com o símbolo de uma distribuidora de morangos, parecia. Esperava por nós. Claro. Uma viagem de carro era tudo o que eu mais precisava depois de todo o esforço para chegar até ali.

Dessa vez não era Kate que iria dirigir pelo menos, percebi quando entrei na van. Era um cara que aparentemente ia prestar mais atenção no trânsito do que Kate. Quer dizer, o cara tinha olhos em todo lugar visível do corpo.

Em compensação, se antes éramos duas semideusas e um sátiro, agora éramos cinco semideuses, um sátiro e um cara com milhões de olhos. Isso com certeza chamava mais atenção.

Mas eu estava calma.

Sentei nos assentos de trás com as Caçadoras, enquanto Oliver, Kate e James ficavam mais a frente, Conversavam calmamente, mas a preocupação estampava o rosto de todos.

Até James falar algo que fez Kate rir e Oliver revirar os olhos. Cara, eles estavam tão “apaixonados” um pelo outro. E nem percebiam. Argh!

Desviei o olhar de todo aquele amor, para ver as árvores na estrada, passando como vultos escuros. Olhava sem fixar em ponto nenhum, quando uma mancha branca quebrou a repetição do marrom. Fixei minha atenção nesse ponto, porém, em questão de segundos, ele desapareceu.

Estranho. Parecia uma pessoa. O que alguém estaria fazendo no meio de árvores em plena manhã? Estremeci. Poderia não ser uma pessoa, mas um ser qualquer.

Desviei o olhar da estrada e por fim não tinha nada de bom para olhar. Kate, James e Oliver conversavam seriamente agora, assim como as Caçadoras.

— Vamos chegar rapidamente na floresta. O problema é achar a Wolf Mine — Phoebe dizia. — A floresta é enorme. A não ser que nos separemos vamos encontrá-la.

— A profecia diz que não é bom nos separarmos — Mary lembrou. — Temos que ficar juntos. Acho que nenhum de nós seriamos burros o suficiente de contrariá-la.

— O que aconteceria se fizéssemos algo contrário a profecia? — me intrometi.

— De qualquer modo ela acontecerá. — Phoebe respondeu. — Não podemos fugir da profecia. Ela nos encontraria.

— O que significa que mesmo não querendo, três de nós não voltarão ao acampamento. — Mary parecia preocupada como se imaginasse quais seriam os trás.

— Talvez a profecia não se refira a morte, certo? — Tentei tranquilizá-las. — Talvez, como a profecia disse, três só se perderão.

— Um semideus perdido em uma floresta... — Phoebe tinha uma expressa que dizia algo como “nada bom”.

— Uma floresta que parece estar infestada de monstros — Mary acrescentou.

Suspirei. De qualquer jeito, três de nós iriam morrer. Se uma dessas pessoas fossem Kate, eu poderia ser a segunda.

Encerramos a nossa conversa, ambas pensativas sobre o que estava nos aguardando. Tentei fazer planos em equipe caso encontrássemos algo grande, mas não conseguia.

Algum tempo se passou até que finalmente chegamos ao aeroporto. Nos despedimos do cara de milhões de olhos, descendo da van. Vimos ela desaparecendo na estrada, antes de andar.

Quando fui me virar para o aeroporto, novamente vi alguma coisa entra as árvores. Mas um pouco longe de ontem estávamos. Pouco tempo e ela desapareceu. De novo.

Aquilo estava me deixando louca. Nunca me disseram que ser semideusa ia trazer fortes alucinações ou coisa do tipo. Não importava. De qualquer jeito, me avisando eu não iria querer ser uma semideusa.

Mas a vida não é nunca como imaginamos.


O aeroporto estava quase vazio, a não ser por uma pequena família. Seria bom que só tivéssemos nós naquele lugar se alguma coisa acontecesse.

Tínhamos chegado bem antes do voo. Ele saía mais ou menos em meia hora. Aquilo não me tranquilizava exatamente. Quanto antes saíssemos de lá, melhor.

Decidimos esperar fora. Caso aparecesse um monstro, não íamos pôr em risco a segurança de ninguém. Enquanto saía, de novo vi um vulto.

Achei que estava na hora de contar para alguém. Olhei para Kate que estava do meu lado. Não conversava mais com James e Oliver. Estava quieta e parecia tão preocupada quanto eu.

— Kate, você acha que semideuses tem alucinações? — perguntei, tentando parecer calma. Eu admitia, eu estava nervosa, mas não ia deixar isso transparecer.

— Hum... — Kate fez uma expressão pensativa, brincando. Depois deu de ombros. — Acho que não. Talvez só prestamos atenção em tudo e tudo acaba sendo nada, entende? Mas... Por quê?

— acho que estou tendo algumas — brinquei. Depois fique mais séria. — É sério. Estou vendo alguma coisa. Vultos. Não sei o que é.

— Eu também — Kate disse. — Parece uma pessoa...

Kate provavelmente ia falar mais algumas coisas, mas, bem naquela hora, dois carros pararam junto ao aeroporto. De cada um saiu três cara, totalizando seis.

Observando: eles eram enormes. Quase igual aos brutamontes, os tais letrigões. E vamos dizer que depois de toda confusão com caras grandes, eu não queria ver mais não.

Tinha uma coisa bem diferente neles. Esse era meu medo.Pensei que ele viriram até nós, já que pareciam não ser exatamente normais, mas eles entraram no aeroporto.

Kate e eu trocamos um olhar. Só nós tínhamos visto aquilo. Phoebe e Mary conversavam. Oliver tocava com uma flauta de bambu. E James... Só olhava para o nada.

Nos sentamos. James começou a conversar com Kate. Me sentei com as Caçadoras, mas estava tão pensativa que não escutava nada do que elas diziam.

Uns 20 minutos se passaram quando James reclamou:

— Estou com fome.

— Eu também — Oliver concordou.

As Caçadoras assentiram. Phoebe disse:

— Eu e Mary vamos procurar algo para comermos. — As duas começaram a se levantar.

— Mas não é melhor irmos todos juntos? — Kate perguntou. Eu achava que ela estava certa. As Caçadoras mesmo tinham dito sobre a profecia.

— Não queremos atrair nada lá dentro — Phoebe disse. — Eu iria sozinha, mas se algo acontecer, vai ter alguém para me ajudar.

As duas saíram. Fiquei meio tensa. Porém, éramos quatro enquanto Phoebe e Mary eram apenas duas. Talvez elas tivessem mais chances de precisar de ajudo do que nós, mesmo sendo mais experientes.

Passou mais algum tempo. O silêncio era assustador. Eu podia ouvir cada sussurro do vento, cada farfalhar das árvores, como se d nada elas fossem começar a andar. Como se elas estivessem fazendo planos para nos matar.

Bom, era mais ou menos isso.

Tive a impressão de que os vultos estavam lá ainda, mas mais perto. Vi ele se movendo entre as árvores. Ficavam mais nítidos.

Eles começaram a vir em nossa direção. Reconheci os caras grandes que saíram dos carros e pareciam seguranças.

Tinha algo muito diferente neles mesmo, como eu tinha observado antes. Olhei com atenção para o rosto dos caras, apertando os olhos.

E percebi.

Eles tinham apenas um olho, cada um.

Ciclopes.

Eu percebi que não fui a única a perceber a aproximação dos ciclopes. Ciclopes era um dos únicos monstros da mitologia que eu lembrava, por isso sabia que eram eles.

Levantei ao mesmo tempo que Kate, James e Oliver. Kate já tinha transformado seu colar em uma adaga. James tirou uma adaga de não sei onde. E Oliver estava com sua flauta. Não sei o que ele faria com elas, mas...

O problema era que os ciclopes estavam a uma distância a qual seria burrice eu usar o arco e flecha. Então, tive que tirar uma espada reserva.

Acontece que os ciclopes não estavam desarmados. Eles tinham uns bastões que era um pouquinho menor do que eu. E isso não era muito bom, se você quer saber.

Oliver começou a toca uma música com sua flauta. Olhei para Kate e James. Concordamos com um sinal de cabeça, como se tivéssemos um plano ou coisa do tipo. Há! Só sabíamos que cada um ficava com dois.

O problema número dois era: como eu ia cuidar de dois deles com uma arma que eu não sabia dominar? E eu tinha sido tão burra que nem tinha pegado o arco e flecha para pelo menos acertar o olho de um.

Agora eu não tinha tempo para fazer isso. Então, a mesmo tempo que Kate e James, comecei a correr. Os ciclopes vinham em nossa direção, mas eram atrapalhados por plantas que pareciam ir em direção ao pé deles.

Percebi que as plantas se enroscavam nos pés dos ciclopes por causa da música que Oliver tocava com sua flauta. Sabe, uma espécie de magia.

Quando cheguei perto daquela criatura, não sabia o que fazer. Automaticamente, enfiei a espada que segurava no olho do primeiro ciclope, me desviando do bastão dele.

Tirei a lâmina do único olho do ciclope, que urrava de dor, andando desamparado, sem saber exatamente como eu tinha feito aquilo.

Acho que fazia parte de ser semideusa, sabe? Sair fazendo coisas sem pensar, ou pensando bem pouco, ou ainda rápido demais. Quer dizer, eu não sabia muito bem o que eu estava querendo acertar até mesmo com o arco e flecha, mas eu simplesmente fazia.

Não tive muito tempo para ficar refletindo sobre como é a mente dos semideuses. O segundo ciclope já vinha até mim empurrando aquele bastão.

Esse ciclope parecia ser um pouco mais rápido do que o outro. E também mais irritado, por causa das plantinhas de Oliver. Vamos dizer que eu preferia o outro, se pudesse escolher.

Comecei tendo que pular para o lado, desviando daquele bastão que vinha de cima de mim, querendo provavelmente acertar minha cabeça.

Já ia me preparando para acertar aquele ciclope com a espada, mas eu parecia tão lenta quanto ele. Ou mais ainda. Afinal, minha habilidade era maior com o arco e flecha.

Então, quando eu ia acertar o olho do ciclope, o bastão dele raspou no meu braço. Só raspou. Não fez nenhum machucado. Mas doeu.

E eu estava irritada.

Ao invés de tentar acertar o ciclope estúpido, dessa vez decidi então tirar aquele bastão estúpido da mão dele. Empurrei-o com a espada com tanta força, que parti o bastão ao meio.

Vamos dizer apenas que aquelas mãos eram enormes e tentavam agora me agarrar. Isso era quase pior do que tem um bastão tentando te acertar.

Olhei para a situação de Kate e James. James, olhei bem na hora certa, desintegrava o primeiro ciclope, desviando do segundo. Ele era realmente bem rápido. Já Kate, estava com dois ciclopes, um seriamente ferido e outro, só um pouco.

Ótimo! Eu era a única lerda ali que só estava com um ciclope e não conseguia destruir ele.

Desviei o olhar para o meu primeiro ciclope. Ele parecia estar ficando melhor, se recuperava. Era bom eu ser rápida, senão...

Era o que eu pretendia fazer. Ser rápida. Mas isso não foi possível. Só consegui desferir um golpe quando o outro ciclope veio em minha direção, com a sua mão enorme e um bastão.

Estava óbvio que eu não iria conseguir liquidar nenhum dos dois ciclopes. Então me concentrei em me manter segura e sem ferimentos. E você pode pensar que ter um ciclope cego é um ponto a mais para mim, na parte de segurança, mas não. Quando ele acha você, ele fica balançando o bastão, tentando te acertar descontroladamente. E há grandes chances dele conseguir.

Eu pensei que já estava morta. Eu não sabia direito como controlar a espada, começava a ficar cansada, mesmo não estando ferida, tinha três mãos enormes tentando me agarrar e um bastão tentando me acertar.

Vou te dizer, isso acaba com qualquer um.

Quando, do nada, um dos ciclopes parou como se eu tivesse pausado um jogo e, na minha frente, virou pó. De relance, vi outros dois, o de Kate e o de James se desintegrar também.

Me virei e vi o outro ciclope meio chocado, igual eu estava, mas ainda com a disposição de me matar, vindo com as duas mãos, bem ao meu pescoço. Na raiva, ataquei-o bem quando ele também virava pó.

Bem quando uma flecha o acertava.

Percebi que a música tinha parado. A música de Oliver. Com seus arcos e a flechas, Phoebe e Mary olhavam para nós. Kate estava inclinada, se apoiando no próprio joelho. Seu braço mostrava um corte. Não me pergunte como ela conseguiu isso, já que os ciclopes estavam com bastões. O corte estava bem onde Kate tinha fingido estar machucada, uns dias atrás. James respirou fundo e deitou no chão, aliviado.

A minha reação foi pensar como elas conseguiram destruir um ciclope com uma só flecha assim? Eu precisava aprender!

— Como vocês fizeram isso? — James tirou as palavras da minha boca, estirado no chão como se tudo o que ele precisasse era uma cama.

— Tínhamos um pouco de veneno, guardado já há algum tempo — Mary respondeu. “Claro!”, pensei comigo mesma. Afinal, uma flecha apenas não consegue fazer tudo isso.

— Mas como vocês conseguem acertá-los? — Kate parecia incrédula. — Quer dizer, a mira e tudo?

— Ciclopes são seres enormes — dessa vez Phoebe que respondeu. — É muito fácil acertá-los. E, modestamente, nem que eles estivessem longe nós teríamos acertado-os.

— Nós temos bastante experiência. — Mary sorriu. — É uma das vantagens de ser Caçadora de Ártemis.

Dava para perceber mesmo o quanto era vantajoso você ser uma Caçadora. Quer dizer, você aprendia arco e flecha com uma deusa, caçava monstros, conseguia venenos e coisas do tipo, além de ser eterna até que alguém te mate.

Eu já estava quase deitando no chão, assim como James, já que tudo em mim doía. Mas daí, Oliver, que até agora só tinha ficado em silêncio, perguntou:

— Gente, e o nosso voo?

Aquilo pegou todos desprevenidos. Quer dizer, nenhum de nós estava pensando nisso. Nem os ciclopes tinham nos deixado assim.

Todos trocamos olhares, menos James, que começou a se levantar naquela hora. De acordo com as minhas contas, o avião já tinha saído a uns 5 minutos.

Pegamos nossas coisas rapidamente e começamos a correr junto para o aeroporto. Para nosso azar, agora ele estava mais cheio do que antes, dificultando nossa passagem.

Não sei o que as pessoas pensaram quando viram seis adolescentes correndo que nem loucos. Sem contar que uma das garotas tinha um corte no braço e um dos garotos corria de um jeito engraçado.

Não adiantou nada. Depois soubemos que o voo já tinha saído a mais ou menos a 10 minutos. E se não fosse por causa daqueles malditos ciclopes, já estaríamos em segurança. E não tínhamos dinheiro o suficiente para seis passagens de avião para Wyoming.

Depois disso, corremos até outro lugar. Sabíamos que os ciclopes logo surgiriam de novo, por causa de Gaia, então resolvemos nos esconder em outro lugar por ali, o mais longe o possível deles.

— O que faremos agora? — Kate perguntou. Acho que ela estava dizendo mais para ela mesma, sem esperar uma resposta.

Olhei para ela. Mesmo depois de tudo aquilo, ela continuava linda. O cabelo não estava bagunçado e a pele estava apenas levemente corada, mas a maquiagem continuava ali, sem nada de diferente.

Não que isso fosse ruim. Não para ela. Mas como somos gêmeas, provavelmente eu estava igualzinha. E eu não gostava disso.

Dei de ombros. Eu me perguntava o mesmo, mas eu não sabia a resposta.

Eu odiava não ter respostas.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí? Compensou depois de tanto tempo?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Caçada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.