Leah (POV)

            Quem diria que só uma ligação bastaria para tirar a calma do meu dia.

            ‘Lee, eu preciso ter uma conversa com você... Vou te buscar ás 3 horas. ’

            Foi tudo o que ele dissera, ligou no meu telefone residencial, para eu não reconhecer seu numero e acabar não atendendo, mas só quatro garotos me chamavam de Lee, mas com certeza não era meu pai, nem meu irmão, e aquela voz não era de Sam...

            Embry...

***

            Lá estava eu me arrumando, preocupada com o que vestir como uma garotinha de 14 anos que vai sair com um cara pela primeira vez. Bom, eu ia sair com um cara que eu não via há alguns meses, mas com certeza não era a primeira vez, e eu também não tinha 14 anos, e sim 19...

            Vestia uma jardineira vermelha, com uma blusa toda branca por baixo, um arco que se terminava em duas longas fitas vermelhas, e um All Star Converse vermelho.

            Eu sabia que Embry iria gostar, mas ainda não tinha me convencido de que eu parecia uma Chapeuzinho Vermelho moderna.

            De repente a campainha tocou, não havia mais tempo para roupas, nem maquiagem, nem sapato, nem nada. Saí correndo para a porta da frente.

            - Está aberta! – gritei, enquanto descia as escadas. A porta se abriu, mostrando uma figura de um garoto completamente perfeito, que me fez correr ainda mais rápido, e pular em seus braços para um abraço.

            - Você não deveria deixar a porta aberta desse jeito Lee... Alguém pode invadir. – ele me repreendeu de brincadeira, então saí de seu abraço para ver seu rosto, e então vi suas roupas.

            - Por que essas roupas? – perguntei, não entendi o porquê de suas roupas serem velhas e meio surradas, ele não costumava se vestir assim.

            - Hmm... Você vai entender, mas eu tenho roupas novas lá no carro... – ele parou para me analisar – Já está pronta?

            - Acho que sim... – respondi, penteando meus cabelos com a minha mão.

            - Calma Lee, aonde a gente vai não tem ninguém. – ele me acalmou, enquanto passava o braço pela minha cintura e me guiava até seu carro.

            Foi uma “viagem” bem alegre de começo, ficamos conversando coisas sem noção e quando acabou o assunto, ligamos o radio e ficamos cantando juntos. Mas quando faltavam 5 minutos para chegar á praia, Embry se enrijeceu ao meu lado, tenso.

            Ele parou o carro no estacionamento e saiu, atravessando o carro para abrir a minha porta, enquanto eu estava atordoada sentada no meu banco, obrigando Emb a praticamente me carregar para fora do carro e do estacionamento.

            Saindo do estacionamento, retomei a consciência e comecei a seguir ele, ficando confusa com o caminho que estávamos tomando.

            - Não vamos para a praia? – perguntei, acelerando meu passo para alcançar ele que estava na minha frente.

            - Não, tem que ser um lugar onde não tenha ninguém, só nós dois. – respondeu, fazendo meu coração bater forte.

            Ficamos em silêncio o resto do caminho, e paramos quando chegamos á uma grande clareira, com a grama seca, com certeza não era a dos dentes-de-leão que fomos tantas vezes no passado.

            - Leah... – Embry começou, chamando minha atenção – Segura essas roupas para mim, por favor... – ele hesitou – Eu preciso que você fique calma e não faça movimentos bruscos... É um tanto difícil para mim me concentrar, principalmente com você por perto, então não chame muita atenção... – sua respiração começou a acelerar, ele estava nervoso e eu estava sem entender nada – Mas, antes de tudo, preciso que você me prometa que não vai contar pra ninguém.

            - Embry... Se é tão difícil para você, por que está fazendo? – perguntei, me aproximando dele, que deu um passo para trás.

            - Lee... Eu não consigo mais ficar longe de você... – Emb olhou para trás como se estivesse sendo seguido – E esse é o único jeito que eu tenho para poder ficar com você.

            Só então eu entendi, seriamos um casal de novo... Desde que eu fizesse uma promessa á ele.

            - Tudo bem... Eu prometo que não vou contar nada, nem fazer movimentos bruscos, nem chamar sua atenção, nem sair correndo. – disse, fazendo um sorriso se iluminar em seu rosto.

            Embry deu uns 15 passos para trás, dei um passo para frente, mas ele me fez sinal para voltar, então assenti e virei minha cabeça para trás para ter certeza de que não iria tropeçar em nada.

            Não sei exatamente o que aconteceu, mas em um segundo Embry estava na minha frente, e em outro, um lobo enorme cinza claro tinha tomado seu lugar. Encarei o Lobo, e vi que as roupas surradas de Emb estavam ao chão, perto da pata traseira do Lobo...

           ‘Então era isso, Embry era um metamorfo?!’

           Eu sabia a resposta, mas não queria acreditar, até que o Lobo se virou e foi para trás das arvores, carregando as roupas surradas em sua boca, então Embry saiu de lá.

           - Então Lee... O que achou? – perguntou enquanto e aproximava de mim, e, por mais que estivesse longe, pude ver ele morder o lábio inferior.

           - Aquilo era você? – perguntei, com os olhos presos no nada, era muita coisa para eu digerir de uma vez só.

           - Sim... – respondeu, olhando para cima e pondo as mãos no bolso, aguardando impacientemente uma fala minha, mas eu não disse nada – Me desculpe se não te agradou...

           Ele começou, mas eu interrompi, voltando minha cabeça tão rápido para sua direção que eu pensei que meu pescoço ia quebrar.

           - Não, não, não – respondi nervosa com seu comentário – Aquilo... Hã... Você... – não sabia exatamente que termo utilizar, então balancei a cabeça – Era lindo...

           - Você achou?! – Embry abriu um sorriso radiante, e eu fui obrigada a retribuí-lo.

           - Sim... Quero dizer... Como você pensou que eu ia ter medo dele! – rebati, acusadoramente.

           - Você não tem?! – Embry arqueou uma sobrancelha, eu apenas balancei a cabeça negativamente – Então eu te desafio a montar em mim.

           Ele saiu correndo para longe de mim antes que eu pudesse responder e se transformou novamente naquele lindo Lobo cinza claro.

           Se aproximou de mim e abaixou a cabeça, me chamando para montar nele, no começo eu hesitei, mas confiava em Embry, e sabia que ele nem sequer pediria para eu fazer alguma coisa que pudesse me machucar, então segurei em seus “bigodes” procurando algum apoio para eu me levantar.

           Subi e me acomodei no meio de suas orelhas, segurando firmemente em seu pelo, e quando finalmente parei de me mexer, Embry levantou a cabeça e começou a correr, fazendo tudo á minha volta virar um borrão verde.

           Mas em 5 minutos estávamos de volta á clareira, Emb abaixou a cabeça mais uma vez para que eu pudesse descer, e assim fiz, indo pegar suas roupas que estavam no chão e estendendo-as para ele, que as abocanhou com a boca e foi para trás das arvores.

           Não demorou muito e Embry saiu de novo de lá, correndo dessa vez, indo ao meu encontro. Não agüentei a distancia que nos separava e comecei a correr também. E quando finalmente nos encontramos, Embry me puxou para um beijo e passou os braços á minha volta, me apertando contra ele, subi minhas mãos á sua nuca e acariciei seus cabelos.

           Ficamos um bom tempo ali, matando a saudade, até que o oxigênio acabou, e nos afastamos ofegantes, eu queria voltar a beijar ele, mas Embry segurou os meus braços e ficou me fitando encantado.

           - Então... Não vê problema em namorar um monstro?

           - Em namorar um monstro eu vejo problema... – respondi, fazendo sua respiração parar por um momento – Mas em namorar um cara que se transforma em um Lobo enorme e lindo não. – terminei a frase, fazendo Emb sorrir e relaxar as mãos dos meus braços, me dando espaço para eu me esticar para frente e recomeçar nosso beijo.

~*~

           A imagem ficou congelada, e depois preta... Estávamos indo para a próxima, o que me deixou um tanto triste, eu gostava desse dia em que Embry foi desleal á Sam só para poder ficar comigo