Heróis escrita por Oceansoul


Capítulo 10
Capítulo dez


Notas iniciais do capítulo

Awn, olha a sumida aqui.. Sei que devem estar com muita raiva de mim. mas peço que me perdoem por toda a demora. Meu fim de ano está realmente uma loucura. Fiquei sem tempo para escrever, e o pior de tudo, para ler também :/
Espero que curtam o capitulo, e como havia prometido, esse ficou maior ♥
Enjoy!



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Depois de fugir do Olimpo, Emily encontrou Joel e Elizabeth em seu apartamento.

Antes de descansarem, eles discutiram muito sobre o que estava acontecendo.

O aparecimento sinistro do pai de Emily por conversas no celular e a conversa que haviam escutado, de Diana e Júpiter eram os mais assustadores no momento.

Elizabeth tentava prestar atenção na conversa, mas facilmente se distraia com coisas brilhantes ou vermelhas. Emily a conhecia suficientemente bem para saber que isso acontecia quando ela estava muito nervosa, o que era muito difícil, pois sempre fora uma garota muito confiante e segura de si. Agora parecia abalada e perdida.

Joel, como sempre, dormiu no quarto do pai de Emily, Elizabeth em um pequeno quartinho para hóspedes, e Pegasus descansou no barracão de jardinagem, agora completamente forrado com cobertores e almofadas para que ele ficasse confortável.

Emily teve de se esforçar ao máximo para conseguir se desligar dos problemas que a rodeavam, algo que ela se arrependeu de ter feito quando finalmente adormeceu; e sonhou...

Ela, Joel, Elizabeth e Barbara – que agora estava com o cabelo em vermelho vivo – corriam desesperados em uma terra negra batida. Pareciam estar dentro de uma caverna, com o teto a mais de dez metros a cima. O lugar era cheio de buracos que davam em pura lava quente. As roupas rasgadas e a pele suja de fuligem. Emily quase podia sentir o calor no ar e no piso que fumegava aos seus pés. Ao longe, alguma coisa rugia, ferozmente, e podiam ouvir o ruído de asas que batiam no ar desesperadamente.

Rápido, em um único segundo, um deles se foi. No lugar em que Elizabeth ia pisar em seu próximo passo apressado abriu-se uma enorme rachadura no chão, e a engoliu. Emily parou ao ouvir o grito sufocado da amiga, mas não teve tempo para salva-lá, a rachadura já avia se fechado, como uma boca.

O dono dos rugidos e das asas apareceu à cima de suas cabeças. Um dragão. Um gigantesco dragão negro, com asas de morcego, um focinho alongado e os dentes estranhamente brancos e salientes. Os olhos amarelos de serpente e possuía dois chifres retorcidos. A calda repleta de espinhos negros sacudia para lá e para cá.

Montado nele, mal se podia enxergar um garoto com cabelos negros arrepiados e olhos ferozes que dava gargalhadas divertindo-se. No momento em que ele gritou e bradou a espada que carregava, o dragão cuspiu seu fogo azul e verde para cima dos garotos. Emily foi rápida. Puxou seus amigos para perto de si, jogou-se com eles no chão e projetou com magia um campo de proteção. O fogo não os atingiu, mas não tiveram como segurarem-se quando a rachadura no chão se abriu, exatamente onde estavam, e os engoliu como fizera com Elizabeth.

Emily acordou sobressaltada e sentou-se na cama arfando. As mãos estavam trêmulas e ainda podia ouvir em sua mente o rugido do dragão e as gargalhadas do garoto que o montava.

Levantou-se da cama e foi até a cozinha para tomar um copo de água. Seus movimentos eram quase que involuntários, como se estivesse sonâmbula, e quando percebeu, já estava subindo, trêmula, as escadarias do prédio, indo ver Pegasus. Não voltou para o apartamento.Tinha a impressão de que apenas Pegs teria o dom de acalma-lá no momento. Além disso, não queria acordar Elizabeth e deixá-la ainda mais atordoada contando-lhe o sonho. Muito menos Joel. O garoto parecia exausto quando foi para cama. Já Pegasus não. Ele sempre estava com ela. Os dois tinham uma ligação fortíssima, e era como se ele a estivesse chamando para confortá-la

Abriu a porta que dava para o terraço com chaves que nem sabia que havia pego. Fechou-a assim que passou por ela, e foi direto para o lugar onde Pegasus estava.

Ainda era de madrugada e o ar era frio e carregado com o costumeiro cheiro de Nova York.

Imaginou que Pegasus estivesse dormindo, então deitaria ao lado dele e ficaria por lá, mas quando entrou no barraco de madeira se deparou com ele, deitado nos cobertores e almofadas que ela havia arrumando, mas não dormia, e sim encarava a porta, como se já a esperasse.

Emily sorriu e caminhou até ele, jogando-se no cobertor ao seu lado. Pegs ajeitou a asa no mesmo instante, impedindo que ela batesse fortemente a cabeça na parede.

- Obrigada. – Ela sussurrou, e deitou-se, apoiando a cabeça em seu dorso.

 Ele a afagou carinhosamente com o focinho e antes que pudesse perceber, Emily já havia dormido. Dessa vez não teve pesadelos.

Quando acordou Pegasus ainda estava dormindo ao seu lado. Ela viu por algumas frestas na madeira que já estava de manhã. Incrível. Não havia sentido frio nenhum ao lado de Pegasus.

Levantou-se cuidadosamente para não acordar o garanhão, e foi para o apartamento.

Ao passar pela porta ouviu a voz animada de Joel cantando. Espere... Joel cantando?

Foi até o quarto dele ver o que tinha de errado, mas lá ele não estava.

Caminhando para a cozinha, percebeu que sua voz vinha do banheiro. Provavelmente no banho, Joel cantava uma música que Emily reconhecia, pois várias vezes tentou fazer com que ela gostasse da banda. Como era mesmo o nome? Bu... Bu... Com certeza era Bu+algumacoisa. Na cozinha, Elizabeth havia preparado uma mesa de café da manhã.

Ovos e bacon, suco de laranja, com uma aparência natural muito boa.

Emily a encarou incrédula enquanto ela tirava da frigideira uma última panqueca e a colocava em um prato, que estava cheio delas. Ela o colocou na mesa, e pegou uma outra panela que estava no fogão a virou em cima do prato, derramando uma deliciosa calda de chocolate por cima. Terminando isso, ela jogou a panela na pia, que aliás já estava cheia delas, limpou a mão em um pano, e virou-se, finalmente vendo Emily.

- Bom dia! – Exclamou sorrindo. Não parecia mais abalada, muito menos perdida.

- Bom dia. – Emily falou sorrindo. – Não sabia que você conseguia cozinhar.

- Ah, sim. Eu só cozinho bem quando estou muito chateada, o que era o caso quando acordei. Me deixa mais animada. – Elizabeth explicou sentando-se a mesa. – Joel está cantando. Ele acordou muito alegre hoje.

Emily fez o mesmo e se sentou com ela. Percebeu que a amiga estava com suas roupas. Um short jeans velho que ela não usava a séculos, uma blusinha listrada, branca com azul, e uma jaqueta branca, bem fina com as mangas dobradas algumas vezes. Incrível como mesmo com roupas tão simples, Elizabeth conseguisse ficar tão bonita.

- Peguei suas roupas emprestadas. – Ela falou ao ver que Emily olhava para as roupas. – Espero que não se importe.

- Claro que não. – Emily balançou a cabeça sorrindo.

Nesse momento Joel entrou na cozinha. Estava com suas costumeiras calças jeans escuras, uma regata leve preta e tênis. Secava os cabelos com a toalha. Ainda cantava uma parte da música, com olhos fechados. “ - There’s so much longer so don’t try and fight. Your bodies waking walk to the light…”

- Bom dia. – As meninas interromperam. Ele não pareceu se irritar.

- Bom dias meninas. – Falou sentando-se a mesa com elas.

- Aquilo era Bullet for My Valentine? – Elizabeth perguntou.

Joel a encarou, incrédulo.

- Você escuta Bullet for...

- Tenho um primo viciado nesse tipo de música. Uma chatice. Acabo decorando todas as músicas... – Elizabeth balançou a cabeça negativamente.

Joel fechou a cara, mas logo sorriu novamente quando viu as panquecas.

- Em! – Exclamou. – Eu não sabia que você cozinhava assim!

- Foi a Liza. – Emily falou sorrindo.

- Irado... – Ele murmurou, encantado. Pegou uma panqueca e colocou no seu prato, depois com uma colher começou a juntar calda de chocolate das outras.

- Joel! – Liza e Emily gritaram juntas.

- Não enche! – Levou a colher a boca, e engoliu a calda com satisfação.

Os três comeram em completo silêncio. Talvez por que as panquecas, o bacon e os ovos de Elizabeth eram simplesmente maravilhosos, ou talvez por que não queria tocar em algum assunto ruim que pudesse estragar a manhã gostosa que estavam tendo. 

Emily resolveu não contar sobre seu sonho aos outros. Foi só um sonho, não há com o que se preocupar, não né? – Isso era o que sua mente teimosa pensava.
Tinha uma voz, lá no fundo, lhe dizendo para tomar cuidado, que os sonhos as vezes podiam ser mais do que só sonhos. Mas Emily a ignorou e tomou seu café alegremente.

Quando terminaram e arrumaram tudo, Emily trocou de roupa, afinal, ainda estava com seu pijama, e depois subiram ao terraço levanto algo para Pegasus comer.

Lá, finalmente, um deles resolveu tocar no assunto que tanto os incomodava.

Enquanto Emily afagava Pegasus, e ele comia o sorvete de chocolate – coisa que tinham sempre no congelador agora. – Joel e Elizabeth apenas observavam, e foi Joel quem falou primeiro.

- O que faremos a seguir, Em?

- Por que pergunta isso a mim? – Emily perguntou após alguns instantes em silêncio.

- Sei lá... – Joel deu de ombros. – Você é quem entende Pegs, talvez ele saiba o que fazer.

O garanhão levantou a cabeça, e olhou diretamente nos olhos de Emily por alguns instantes, depois voltou a enfiar o focinho no pote de sorvete.

- Ele acha que devemos tentar encontrar a filha de Júpiter. – Emily falou. – Barbara McCalister...

- Filha de Júpiter? Barbara? AHN? – Elizabeth gritou, os olhos arregalados.

- Não te contamos? – Joel virou-se para ela. – Barbara, aquela garota nova na nossa sala, é filha de Júpiter, e foi seqüestrada pelos Nirads, aqueles bichos que nos atacaram no hotel dos seus avós... 

 Emily arregalou os olhos der repente.

- Esquecemos da escola! – Exclamou, jogando os braços para cima. – E seus avós, Liza! Eles não sabem onde você está...

- Liguei para eles assim que acordei hoje. – Liza falou. – Disse que vim com você para cá e pedi que pagassem a passagem de volta do Riler.

Emily assentiu, mais calma.

Depois de mais um pouco de silêncio, acabaram resolvendo que iriam mesmo atrás de Barbara. Seguiriam a única pista que tinham dos Nirads. Desceriam para os bueiros. Iriam para os esgotos da cidade. Elizabeth não ficou nem um pouco satisfeita com a noticia. Na verdade, nenhum deles ficou.

Desceram para o apartamento e arrumaram suas coisas.

Joel apenas colocou uma jaqueta e as luvas e pegou aquela mochila que viviam carregando para todos os lados. 

Emily vestiu roupas parecidas com as de Liza. Uma bermuda jeans preta, regata verde claro, uma jaqueta fina preta e tênis. Certificou-se se estava com a corrente de Diana e guardou o livro de magia em uma bolsa. Lá, encontrou aquele medalhão, com a foto de seus pais. Olhou para elas alguns instantes, depois o fechou, deu um beijo e o guardou novamente na bolsa.

Elizabeth, apesar de ainda não fazer idéia de como usar, enrolou chicote que ganhara da mãe, o prendeu na cintura e amarrou o cabelo em um rabo de cavalo.

Estavam prontos.

Trancaram o apartamento. Subiram as escadas e Joel que estava a frente, abriu a porta.

Arquejou bruscamente e deu um passo para trás, pisando no pé de Elizabeth, quando viu o olímpico com Pegasus.

- Paelen? – Emily falou ao vê-lo,um pouco assustada.

E se os deuses haviam mandado ele para sequestrá-los e mandá-los de volta ao Olimpo?

Paelen os encarou com uma careta.

- Realmente desconfiam de mim? – Perguntou, muito ofendido.

Emily suspirou e passou por Joel, que a seguiu. Liza ficou na porta.

- Não veio nos buscar? – Joel perguntou hesitante.

- É obvio que não. – Paelen falou. – Diana pediu que eu viesse aqui para saber como vocês estavam.

- Vamos atrás da Barbara. – Emily falou imediatamente sem pestanejar.

- É claro que vão. – Paelen estava afagando Pegasus, que parecia extremamente calmo. Por isso Emily confiou nele. Se para Pegs estava tudo bem, para ela também estava.

- Vai nos ajudar? – Joel perguntou.

Mas para a infelicidade deles Paelen balançou a cabeça negativamente.

- Eu não posso. Os deuses estão de olho em mim.

- Por que? – Emily perguntou espantada.

- Sabem que sou amigo de vocês. Assim como Diana, Vesta, Trívia...

- Mas e o Pegs?

- Não vão fazer nada com ele. – Paelen afirmou. – Eles apenas querem os seus filhos... Júpiter está paranóico. Acha que os semideuses podem ser mais fortes que os pais.

- O que vão fazer com eles se os pegarem? – Joel perguntou.

- Vão querer tirar o poder deles. Trívia deveria usar magia negra para fazer isso. O problema é que, a única magia que pode tirar o poder deles, também vai lhes tirar a vida. Obvio que ela não queria isso, mas Júpiter ordenou, então...

Emily percebeu que Liza agora estava ao seu lado, com uma expressão nem um pouco alegre.

- Minha mãe que me matar?

Paelen a olhou com pena e assentiu muito levemente.

Passaram alguns instantes desconfortáveis até alguém falar alguma coisa;

- Como pretendem encontrar a amiga de vocês... Barbara? – Paelen perguntou.

- Bem... Sabemos que foram os Nirads que a pegaram. – Emily falou.

- Então vamos seguir a única pista que temos deles... – Joel continuou, logo depois Elizabeth, que parecia cada vez menos feliz.

- Esgoto... – Murmurou com nojo.

Paelen deixou escapar uma risada sufocada, e recebeu olhares mortais de todos, até de Pegasus.

- É melhor eu ir pessoal. – Falou, sorrindo torto. – Boa sorte para vocês.

E dando últimos tapinhas no focinho de Pegasus, Paelen levantou vôo com suas sandálias e logo desapareceu de vista.

Emily balançou a cabeça negativamente algumas vezes e voltou-se para os amigos.

- Vamos? – Perguntou.

- É, vamos. – Joel e Liza falaram juntos.

*¨*¨*¨*¨*

Obviamente, Pegasus não teria como descer por um bueiro da cidade como os outros, então Emily pediu que ele voasse para o chão pela lateral do prédio, onde pousaria em um beco para que ninguém o visse. Lá, ela tentaria uma magia de transporte para mandá-lo para baixo.

Quando Pegasus começou a descer, os garotos deixaram o terraço e pegaram o elevador.

Passaram pela recepção e encontraram com Pegasus no beco ao lado do prédio.

Eles parecia muito desconfortável ali. Também, não era pra menos, o lugar fedia a lixo e mofo. O chão era cheio de manchas e com vários sacos de lixo espalhados.

- Não se preocupe Pegs. Já vamos sair daqui. – Emily falou e trancou a respiração.

 Ela pegou o livro de feitiços da bolsa. Estava em sua versão pequena. Colocou a palma da mão por cima da capa, escondendo-o, e murmurou algo em latim. E assim, do nada, o livro ficou grande em suas mãos.

Liza arquejou, assustada, mas Joel já havia visto o truque. Emily abriu na página do feitiço, ao qual já tinha procurado, e após ler cuidadosamente, o entregou a Joel.

Enquanto o garoto o segurava, ela virou todas as páginas até chegar a capa de trás. No centro dela, havia um buraco retangular de apenas uns três centímetros. Encaixado nele, como uma jóia em uma caixinha, estava um giz. Um simples giz branco.

Joel ergueu as sobrancelhas, surpreso. Emily pegou o giz e olhou atenta para o chão.

Com muito nojo, abaixou-se cuidadosamente, cuidando para ao encostar as mãos no chão. Quando conseguiu ficar em uma posição segura, traçou um grande circulo no chão.

- Fique ali, Pegs. – Emily falou.

Pegasus caminhou e ficou parado no centro do círculo.

Então novamente Emily começou a desenhar no chão com o giz, mas desta vez fazia símbolos em torno do círculo. E os símbolos, a medida que ela ia terminando e começando outros, brilhavam em vermelho vivo. Assim que, todo o contorno do círculo estava com brilhantes símbolos, Emily se levantou, satisfeita com o trabalho.

- O que diabos é isso? – Joel perguntou quando ela colocou o giz de volta no lugar. Ele não havia diminuído nem um único milímetro. Não parecia nem ter sido raspado no chão sujo de um beco. Estava branco, como novo.

Emily ignorou a pergunta.

Fechou os olhos, ficando de frente para Pegasus. Esse feitiço com certeza era mais complicado do que os outros. Mas para ela não pareceu difícil. Trívia disse que isso aconteceria. Disse que havia dado a ela uma benção, e que qualquer feitiço que ela tentasse executar daria perfeitamente certo.

Assim, ela murmurou, de uma maneira tão baixa que os outros nem puderam ouvir, as palavras em latim que estavam escritas no livro.

Ela não tinha a mínima idéia de como conseguia falar tão perfeitamente aquela língua, mas tinha impressão que deveria ter algo a ver com a “Benção de Trívia”.

Quando terminou de falar, os brilho nos símbolos se intensificou, elas se levantaram do chão como lasers e esconderam Pegasus completamente. Joel arquejou.

- Emily, você tem certeza do que está fazendo?

- Absoluta. – Emily respondeu.

E assim, der repente, a luz dos símbolos cessou. Eles haviam desaparecido, e Pegasus também.

- O que você fez? – Liza exclamou assustada.

- Vamos! – Emily falou. – Temos que achar o bueiro para descer com ele.

Assim dito, Joel logo achou o círculo de metal no chão. Com muito nojo, abaixou-se como Emily fizera, e colocou toda sua força nele. No fim, acabou sendo muito fácil.

Logo que a tampa foi retirada, o nauseante cheiro de esgoto saiu.

Joel cambaleou para trás e quase deixou a pesada tampa cair no próprio pé.

- Mas que bosta! – Exclamou.

Elizabeth fez o mesmo, chegou a se inclinar para frente com a mão na boca. Mas Emily não. Ela não sentiu nenhum cheiro ruim. Sentia apenas alguma coisa se revirando no estômago. Não como enjôo, mas como um aviso...

- Não... – Ela murmurou. – Não há esgoto aqui em baixo!

Joel e Elizabeth a encararam. As faces retorcidas de nojo.

- É magia. – Ela falou. – Aqui, me dêem as mãos e fechem os olhos. – Os dois fizeram o que ela pediu, desconfiados. Ela fechou os olhos, e falou, alto e claro: – Liberum!

Então eles abriram os olhos. Não sentiam mais cheirou ruim algum. A não ser o de lixo e mofo que vinha do beco. Cuidadosamente aproximaram-se do bueiro, e olhando lá em baixo, viram Pegasus, em uma passagem, um túnel subterrâneo de terra.

Ele olhou para os três, e relinchou, alegre.

- Primeiro as damas. – Joel falou sorrindo.

Emily revirou os olhos e se posicionou para descer primeiro.

Joel segurou os pulsos dela, e ela segurou nos dele, para que não precisasse se apoiar no chão sujo. Quando ela pulou, Joel a soltou, e ela caiu em cima de Pegasus.

Elizabeth fez o mesmo. Na vez dele, Pegasus saiu de baixo e ele caiu no chão, em pé.

Emily o observou, impressionada.

- Prática. – Ele falou ao ver a expressão dela. – Fazia muito isso, em Roma.

- Você já morou na Roma? – Liza perguntou.

- Longa história. – Joel falou simplesmente.

Então pararam para olhar ao redor de onde estavam. O túnel era bem largo e ia reto, na esquerda e ma direita, até onde podiam enxergar, em uma curva, todo iluminado por tochas com fogo verde, presas a pedestais na parede de pedras escuras e grandes, dos dois lados. O chão era de terra batida, e Emily sentiu um calafrio, percebendo que era igual ao do lugar em que corriam, no seu sonho. Pelo menos não havia lava, nem um teto suficientemente alto para um dragão.

Emily subiu em Pegasus, e fechou a tampa do bueiro.

-Para que lado? – Joel perguntou.

O garanhão balançou a cabeça para a direita.

- Certo. – Emily falou, e puxou seu pingente o transformando em um arco. A flecha apareceu nele e ficou posicionada.

Elizabeth pareceu estar com medo.

- Temos que estar prontos para tudo, Liza. – Joel falou.

Ela assentiu e puxou o seu chicote. A pedra vermelha nele brilhou.

Emily sentiu ciúmes. Desde quando Joel a chama de Liza?

Cautelosamente começaram a caminhar.

A primeira surpresa não demorou nem ao menos cinco minutos. Assim que viraram a primeira curva depois de menos de cinco metros de caminhada, deram de cara com duas pessoas.

O susto foi grande, de ambos os grupos.

Ficaram em silêncio, observando uns aos outros incrédulos.

As pessoas a frente deles eram adolescentes. Um menino, e uma menina.

Ambos tinham cabelos extremamente negros e lisos e a pele muito pálida.  Os da menina eram longos, até a cintura e cheios de mechas verdes. Tinha uma franja no rosto, mas não chegava a esconder os olhos iguais aos do menino. Negros, tão  negros que escondiam as próprias pupilas. Ela vestia uma camiseta preta de mangas longas e uma calça de couro colada, que ficava por baixo de um coturno cheio de fivelas. Tinha uma adaga presa ao cinto.

O garoto tinha cabelos lisos como os dela, mas pareciam muito rebeldes, pois estavam arrepiados para todos os lados. Usava calças pretas comuns. Uma camiseta social preta e meio grande nele, os botões todos fechados, com uma gravata vermelha completamente largada e um par de tênis. Não carregava nenhuma arma... Mas o mais assustador de tudo, era que os dois eram idênticos.

Os mesmo narizes arrebitados, as sobrancelhas finas, a boquinha pequena e quase branca, orelhas pequenas e pontudas, e a mesma altura. Pareciam ter uns 14 anos cada um. E assim, depois de quase dois minutos encarando uns aos outros, a garota de cabelos negros e mechas verdes sorriu, olhando além deles.

- Pegasus! – Exclamou, com um sorriso forçado de dentes muito brancos e um pouco afiados.

- Menos, Zandaya. – O garoto censurou. – Se estão com Pegasus, suponho que sejam a famosa Emily. – Ele olhou para Emily com os olhos semicerrados.

- Joel... – A garota continuou.

Então o garoto olhou para Elizabeth, e deu um sorriso de dentes iguais aos da garota, branquíssimos e afiados, que fez ela se arrepiar dos pés a cabeça e corar violentamente.

- E você, a filha de Venus. – Falou ainda sorrindo.

A garota ao lado dele rolou os olhos.

- E vocês são...? – Emily perguntou, mas já fazia idéia de quem poderiam ser.

- Eu sou Zandaya Collins. – A garota falou. – E ele é Joshua Collins.

- Somos os gêmeos, filhos de Plutão.   


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Mandem seus reviews, digam o que gostaram e o que acharam que deve ser melhorado. São sempre vocês que me incentivam a continuar aqui...
Muito obrigada por lerem, e mais uma vez, me perdoem pela demora. Prometo que vou postar mais rápido dessa vez, ok?
Beijos, e até mais, meu amados leitores ♥