Ich Liebe Dich - One Song For You escrita por dastysama


Capítulo 6
Capítulo 6 - O Contador de Histórias


Notas iniciais do capítulo

Quero que prestem muita atenção nesse capítulo, tem vestigios por ele que serão decisivo para o final. Sim, existe mistério nesse livro.



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Comparado a aquela noite, o resto do fim-de-semana foi sem-graça. Resumindo-se apenas em terminar lições, estudar, fazer trabalhos. Ajudei Érico a treinar para um jogo que ele teria segunda-feira, basicamente eu fiquei no gol tentando pegar os chutes dele, na maioria eu fugia já que receber um na cabeça já estava de bom tamanho para mim.

O ruim foi notar que Megan havia chegado do seu serviço comunitário, ela parecia bem cansada. O que eu diria para ela? Ah eu não vi seu namorado fazer nada por que naquele momento eu estava com Bill Kaulitz, mas só para constatar ele estava em uma boate de strip tease. Não, essa é a pior desculpa do mundo, por isso tentei fugir dela a maior parte do tempo.

- Dasty! Oi! – gritou ela, quando me viu andando pela escola, tentando despistá-la, mas pelo visto o plano não funcionou.

- Ah, Oi Megan – eu disse – Como foi no serviço comunitário?

- Bem cansativo, meu pai me ajudou a doar alimentos e roupas para diversos orfanatos e asilos. Mas fico feliz que muitas pessoas não vão passar frio esse ano, isso me deixa muito feliz. E como foi sexta-feira? Se divertiu?

- Sim, me diverti muito. Foi bem legal – eu disse. Por favor, não puxe assunto. Por favor, não puxe assunto.

- E o Danny, se comportou? – droga! Ela puxou assunto.

- Ah, sim... Ele se comportou, eu não vi muito ele, na maioria das vezes eu... Estava perdida, muito grande a boate sabe? Mas... O Érico e o Jens estavam com ele...

- Que bom – disse ela, pelo visto não percebeu a insegurança em minha voz – Vou vê-lo nesse momento, até mais Dasty e muito obrigada.

Que raio de amiga sou eu? Eu não disse toda a verdade! Mas eu não quero machucá-la, ela está tão feliz! O Danny que tem que se explicar com ela, não eu. Ah droga, então por que me sinto tão culpada? Pelo visto Danny não falou nada de mais para ela já que vi os dois andando pelo campus no meio da neve. Eu não sabia se Danny tinha feito algo de errado, mas eu queria confiar nas palavras dele, acreditar que ele não mentiu, pois do mesmo jeito eu também não estaria enganando Megan. E há pouco tempo, eu tinha aprendido que mentir não leva a nada.

Jens insistia em perguntar quem era a pessoa que eu estava andando ontem à noite, eu disse que foi apenas um amigo que eu fiz, ele me ajudou a sair da boate e fomos até o Mcdonalds comer algo, apenas isso. Mas ele insistiu perguntando o nome, quantos anos, eu disse apenas que não sabia, que eu me esqueci de perguntar. Então ele parou de perguntar, mas ainda estava inquieto.

Falando nisso, Érico também havia me perguntando algumas coisas enquanto eu o ajudava no treino. Mas não foi tão direto quanto Jens, perguntou apenas se eu fiquei segura ontem, o que eu fiz e se a pessoa com quem eu estava era uma boa pessoa. Eu o assegurei dizendo que eu fiquei bem e que a pessoa era boa sim. Ele apenas disse que ia matar o Danny, novamente.

Mas foi o Danny que chegou mais perto da conclusão de ontem, afinal aquele cara podia ser chato e irresponsável, mas ele era bem esperto, mais do que eu pensava.

- Então você finalmente encontrou Bill Kaulitz, não é? – disse ele, antes de eu ir para a aula.

- Como você pode ter certeza? – eu disse, tentando ser cautelosa.

- Dasty, eu tenho uma irmã de treze anos que ama Tokio Hotel, ela tem milhares de pôsteres se eu não soubesse identificar um dos integrantes a certa distancia, eu seria um idiota.

- Mas você já é, isso ninguém pode negar – eu disse.

- Vou deixar essa passar – disse ele – Só por que ontem eu te levei em lugar ruim.

- Na verdade, não sei por que estou fazendo isso, mas tenho que te agradecer. Se não fosse sua estupidez eu nunca ia conhecer o meu ídolo.

- Ah, claro, foi um prazer – disse ele ironicamente – Mas como você o achou?

- Ele me protegeu de um pervertido quando você não estava e quando eu pedia sua ajuda. Ele é bem presente.

- Ah, claro, mas não será tanto quanto aquele dia. Ele é um famoso, não vai ter tempo para você.

Tudo bem, eu sabia dessa, mas foi como um baque para mim. É claro que ele não teria tempo para mim, ele tem shows, entrevistas, fotografias a fazer, e eu ainda pensava que ele iria me procurar? Como ele vai me achar? Ele nem sabe onde moro, meu nome completo, nem nada. Ele nunca vai cobrar as balinhas de mim.

- Eu sei, mas valeu a pena conhecê-lo. Mesmo que sege uma vez na vida, afinal ninguém ganha duas vezes na loteria.

O que Danny disse me atormentou o dia inteiro, tudo parecia tão sem-graça, tão comum, como se nada diferente ou especial pudesse acontecer no meu dia-a-dia. Mas eu mudei meu pensamento, afinal eu estava na Alemanha, isso já era algo diferente e especial. Estudar em outra escola, conceituada, em outro país e trabalhar numa maravilhosa biblioteca antiga também era algo diferente e especial. Mas por que eu achava que na minha vida ainda faltava um pouco de tempero? Há alguns dias eu achava tudo maravilho demais, tudo continua a me impressionar, mas não tanto quanto antes.

Quando cheguei na biblioteca, tinha pilhas e pilhas de livros para eu colocar em seus devidos lugares, na maioria eu já havia decorado onde fica cada um, por isso eu fazia meu trabalho bem mais rápido. Mas sempre que eu podia, eu passava novamente na sala de livros velhos, os olhava de relance e recomeçava a trabalhar. Eu odiava saber que aqueles livros não tinham utilidade, que ninguém os lia, tão sortudos os que sabem alemão, mas ninguém se interessava por aquela sala.

- Senhorita Orléans – disse a bibliotecária – A diretora está te chamando na sala dela.

Deixei o resto dos livros que faltava colocar no lugar em cima da mesa de Senhora Ingrid, saí da biblioteca e caminhei até a sala da Diretora, eu já tinha ido lá uma vez. Ela era uma diretora muito jovem, tinha cabelos bem pretos e compridos, pele branquinha e olhos azuis, ouvi falar que esse Colégio é bem antigo, e a escolha de diretor é passada de pai para filho.

Bati na porta majestosamente talhada da sala da diretora, ouvi alguém dizendo que eu podia entrar. A sala da diretora era enorme, com várias estantes de livros, um globo do mundo enorme e várias outras relíquias antigas em uma mesa comprida.

- Olá Diretora Helene Rosental, o que queria falar comigo? – eu perguntei me sentando.

- Olá Senhorita Orléans – disse ela – Eu a chamei por que tem uma pessoa querendo falar com você.

- Comigo? Quem seria?

- Será que não seria eu?

Eu virei para trás e gritei, sim eu gritei, eu não acreditava. Ali, na sala da diretora, havia um Bill sorridente olhando para mim, eu pulei da cadeira e o analisei da cabeça aos pés para ter certeza que tudo era real, não uma alucinação.

- Vim cobrar as balas que você está me devendo, viu?

- Mas... Mas como? Como você me achou?

- Você não se lembra? Você me contou em que Colégio estudava, e esse é um dos mais conceituados de Hamburgo, muito fácil achar.

- Senhorita Orléans, você fica dando informações para estranhos! – perguntou A Senhora Rosental.

- Não, de jeito nenhum!

- Não sou estranho – disse Bill – Sou amigo de Dasty, Bill Kaulitz, vocalista da Banda Tokio Hotel.

Senhora Rosental congelou, talvez por que ela não esperasse que meu amigo fosse tão famoso na Alemanha, ou talvez pelo choque de ter alguém famoso em seu gabinete. Ela apenas ficou em silencio e disse que eu poderia receber a visita dele, e ainda mostrar a escola para Bill, talvez ser famoso tenha suas vantagens. Antes de Bill e eu sairmos daquela sala, eu dei uma ultima espiada na cortinha roxa que ficava escondendo algo, já ouvi rumores sobre o que tem ali atrás, alguns dizem que é um cofre, outro um quadro misterioso, mas outros debocham, falam que é apenas um furo na parede.

- Você deve ser uma ótima aluna, para estudar em uma escola dessas.

- Na verdade não muito, acho que tive sorte. Muita sorte.

- Sorte – disse ele – Também foi sorte você me encontrar, não é? Já que você adora Tokio Hotel.

- Talvez não seja sorte – eu disse – Talvez tudo o que aconteceu, foi por que Deus queria que acontecesse, ele planejava isso.

- Deus? – perguntou ele – Eu não acredito muito nisso.

- Eu sei, você é ateu. Mas eu acredito.

- Por que acredita? – perguntou ele, virando-se de costas para me olhar.

- Bem... Vamos ver... Ah! Uma vez li na internet que vocês iam fazer um show no Brasil, mas era só rumor, ainda não sabia se era verdade. Mas mesmo assim eu acreditei que isso ia acontecer, mesmo talvez sendo uma mentira. O mesmo acontece com Deus, não tenho certeza se ele existe ou não, mas confio e acredito nele até o final, e acho que isso me faz uma pessoa melhor, me sinto bem.

Ele ficou me olhando pasmado, então sorriu, não disse mais nada. Eu contei para ele que trabalhava em uma biblioteca e que agora eu estava em horário de trabalho, mas se ele quisesse podia me acompanhar, mas seria algo chato para ele. Mas antes de voltar para a biblioteca, eu passei pela cantina e comprei um saco de balas de goma, aquelas que parecem gelatina, Bill quase pirou quando viu tudo aquilo.

- Você vai me ajudar a comer tudo isso! – disse ele já abrindo o saco.

- Bill, não come tudo ainda! – eu disse – Guarda na minha mochila, não pode entrar com comida na biblioteca.

Nós colocamos o saco de bala dentro da minha mochila e entramos na biblioteca, apresentei Bill para a Senhora Ingrid, e ele se ofereceu para me ajudar a colocar os livros no lugar certo, assim o trabalho termina mais rápido.

- Você gosta de trabalhar aqui? – perguntou Bill enquanto ele segurava a escada onde eu estava para colocar um livro na estante mais alta.

- Gosto sim, é bem calmo e eu fico perto dos livros, uma das coisas que mais gosto.

- Você deve ser bem intelectual, não é?

- Não, só gosto de ler. Algumas pessoas, por exemplo, gostam de cantar, não é? Eu gosto de ler.

- Sim, é verdade.

Terminei muito mais rápido que o esperado, Senhora Ingrid disse que ia até a livraria pegar os livros já com as capas concertadas e deixou a biblioteca aos meus cuidados. Resumindo: Bill e eu estávamos sozinhos.

- Bill, tenho que mostrar um negócio! – eu disse e o puxei pela mão, eu quase enfartei, a mão dele era magra e lisa, mas era algo bom, eu estava feliz de ele estar sem luvas. Eu o levei ao meu lugar secreto e que eu amava, a salinha dos livros velhos e esquecidos.

- O que é isso? – ele perguntou olhando para tudo aquilo.

- Eu adoro esse lugar, não sei por que. Mas não encontro utilidade para ele, todos esses livros tão... Sozinhos. E o pior que não posso lê-los, não sei alemão.

Ele ficou olhando para todas as estantes, depois foi até uma e pegou um livro e ficou analisando sua capa.

- Vou ler um livro para você – disse ele – Na verdade traduzir.

- Você vai traduzir para mim? – eu disse pasmada.

- Meu inglês não é ótimo, mas vou tentar fazer o máximo. Vou ler esse livro, parece ser legal, é de um escritor bem famoso na Alemanha, é do Friedrich Schiller.

- Qual é o nome?

- É a... Donzela de Orléans.

- Orléans? – eu perguntei – É o meu sobrenome, me chamo Dasty Orléans.

- Então vai ser esse mesmo.

Bill e eu nos sentamos no chão, encostados em uma estante, eu tirei a sacola de bala da minha mochila e coloquei no meu colo. A Donzela de Orléans era uma peça sobre a vida de Joana d’Arc, eu sempre gostei de história, por isso me deliciei com aquele livro. Eu estava um pouco longe do Bill, mas como ficar em uma mesma posição por muito tempo doía o corpo inteiro, nós íamos chegando mais perto. Quando meu ombro tocou o dele, meu coração acelerou.

- Que horas são? – ele perguntou.

- Cinco horas – eu disse olhando para o horário no meu celular.

- Ah, droga, já tenho que ir.

- É – eu disse desapontada – Você é um garoto muito ocupado. Mas pelo menos eu já paguei o que eu devia, as balinhas.

Grande coisa! Por causa das balinhas que ele veio até a mim, por que eu não o enrolei e pagava outro dia?

- Não, não pense que vai se livrar de mim muito fácil – disse ele se levantando – Tenho que terminar de ler o livro para você.

- É verdade – eu disse – É um livro magnífico, muito obrigada por lê-lo para mim.

- Não precisa agradecer, é o máximo que posso fazer para ficar na sua companhia por mais tempo. É bom se sentir uma pessoa normal, sem as outras pessoas gritando por você.

Eu não tive palavras, não consegui dizer nada e se eu abrisse minha boca, meu coração ia sair por ele. No mesmo momento Senhora Ingrid chegou e eu disse a ela que ia acompanhar Bill até ele ir embora. Para chegar à saída do Colégio, tivemos que atravessar um campus cheio de neve e isso me lembrou um episódio muito divertido.

- Ah, antes de ir, me passa o número do seu celular? – Bill perguntou.

- Por quê?

- Para marcarmos de se encontrar de novo.

Ele anotou meu número e eu o dele. Depois eu o vi ir embora, não, aquilo não fora um sonho ou ilusão. Bill Kaulitz de alguma forma se importava e gostava de mim. O mundo parecia ter ganhado aquela graça novamente, aquele dia eu me esqueci de tudo, até que eu tinha que voltar para a biblioteca. Eu fiquei deitada na neve, olhando o céu, aquele sonho tinha gosto gelado.


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