Acordei e não senti os braços do Gabriel me protegendo, um medo tomou o meu corpo e decidi descobrir logo onde raios ele estaria. Ao sair da barraca me deparei com ele observando uma árvore alta, com um formato diferente. Ela tinha um galho mais baixo, na horizontal, e seu cheiro exalava a distância. O balançar de suas folhas parecia uma dança que embriagava qualquer um que se aproximasse, me parecia que ela estava tentando seduzir meu Gabriel, sei que é um pensamento estranho e nada casual, mas foi o que me veio a cabeça. Então corri ao seu encontro e o abracei desviando sua atenção daquela sinistra criação da natureza.

- O que foi Flor? -Pela primeira vez achei meu próprio nome irônico.

- Eu não sei, essa árvore aí...

- O que tem ela?

- Ela é... Deixa pra lá.

- Nossa, outra dia que você acorda antes das seis.

- Pois é, acho que tem algo errado comigo.

- Sei... - Ele não consegui esconder um sorriso, aquele sorriso de quem sabia muito bem o que estava acontecendo.

- Então, o que vamos fazer hoje Gabriel?

- Viver...

- Nossa, quem costuma dar essas respostas intrigantes sou eu, não você.

- Pois é, tem alguma coisa mudando em mim.

- Isso está me assustando. Dá pra parar com isso?

- Certo, parei. Eu te amo.

- Certo, então... Que tal uma caminhada?

- Pode ser. Vamos subir a cachoeira?

- Não é perigoso?

- Não é não, Flor. Não precisa ter medo, eu estou com você.

- Então vamos... Vou só pegar uma garrafa de água.

Ele continuou com aquela criatura quase macabra, algo em mim dizia que aquilo não era uma simples árvore. Parecia que eu estava enlouquecendo.

- Prontinho, coloquei tudo que a gente pode vir a precisar nessa mochila. Vamos?

- Vamos sim, amor.

Começamos a subir pelas rochas, fiquei me questionando qual seriam aquelas formações geológicas, mas sabia que estava procurando qualquer coisa para me distrair do que realmente eu estava me questionando. Eu nunca fiquei tão cansada como naquela subida. Lá de cima dava pra visualizar a tal árvore e era como se ela estivesse nos chamando, realmente dava medo. E meu medo só aumentava cada vez que nos aproximavamos mais da ponta. Quando chegamos ao fim daquela ponte de pedra meu coração disparou, alguma coisa iria acontecer.