Lá fora estava tudo tranqüilo exeto por um grito de Edmundo que deveria estar no galinheiro ajeitando toda a confusão e Pedro se pegou torcendo intima e  mentalmente para que ele levasse pelo menos dois ovos na cara pra deixar de fazer tanta bobagem.O ta banco dos passarinhos ficava no topo de um pequeno monte de onde se podia ver grande parte da propriedade e,devido á quantidade de arvores frutíferas,vários passarinhos passavam por ali o dia todo,principalmente de manha pois sabiam que sempre teria alguém lá com algumas migalhas de pão.Lucia adorava o lugar desde pequena.

            Tio Arthur estava sentado no banco e,embora tivesse uma linda vista pela frente fitava o vazio.Parecia estar lembrando de algo que deveria ter acontecido a muito tempo;uma época distante.Susana tapou-lhe os olhos com as mãos e esperou momentaneamente.Pedro observou a cena afetado.Geralmente Susana fazia isso com pouquíssimas pessoas já que era mais reservada na questão afeto e ele era uma dessas poucas pessoas.E a que mais gostava da brincadeira.O tio entrou na brincadeira rápido como se ansiasse por isso há muito e finalmente tivesse conseguido fazê-lo.Como uma criança que vai ás ruas com a mãe e passa o dia pedindo um brinquedo que no final do dia lhe é dado como premio.

            -Helena meu amor! Você não sabe por quanto tempo eu ansiei por isso,por teu carinho,por teu beijo!-Ele respondeu.Ainda de olhos fechados.

Susana assustada retira suas mãos dos olhos do tio,que não percebe o movimento,e o olha assustada.Já haviam dito que ela era extremamente parecida com a tia,mas não imaginava que até a voz as confundiria.Percebendo não haver nada tapando sua visão o tio se virou sorridente encarando aquela que pensava ser sua esposa e irmã.Ao ver que se enganara o sorriso que antes estampava seu rosto sumiu e foi substituído por uma expressão de angustia.Ele se virou rapidamente ao ver que seus olhos enchiam-se de água e recuou dois passos para longe dos sobrinhos.Susana tentou consolá-lo colocando sua mão no ombro do tio mas Pedro deteve-na.Sabia que o tio precisava de um tempo. Susana se conteve e ambos esperaram o tio se recompor.Ele o fez instantes depois e se virou com um sorriso um tanto amarelo para os sobrinhos.

            -Me desculpe Susana.Eu... eu... eu realmente sinto muito.-Ele se desculpou sentindo seus olhos marejaram novamente-Eu fiquei muito abalado.Faz só dois anos que aquilo aconteceu e você minha querida e parece muito com ela.-Ele disse Acariciando o rosto de Susana com carinho.Os dois irmãos sabiam a que o tio se referia quando dizia aquilo.Se referia á morte de helena.O enterro fora realmente triste.Uma sala redonda de piso e paredes de madeira com banco do mesmo matéria dispostos á frente das paredes e um caixão de marfim no centro daquela triste cena.Várias rosas de xá cobriam o corpo da Jovem mulher ali deitada,morta.Somente o rosto se distinguia, pelos  belos cabelos castanhos dispostos da mesma forma de sempre,partidos no meio,já que tia Heena sempre fora branquíssima e depois da morte ficara quase transparente.Somente os parente e amigos mais próximos estavam ali.Lucia adormecera no colo de Pedro de tanto chorar.Eduardo consolava Cristina do lado de fora da sala e Susana levara Edmundo dali para que ele não presenciasse a cena do momento em que o enterro se consumasse embora também tinha a intenção de se poupar da cena com aquela tentativa.Tio Arthur,postado ao lado do caixão fazia-lhe juras de amor entre os soluços que dava e as lagrimas que insistiam em cair pelo rosto.Fora o pior dia de sua vida.O pior.