Guizos Ao Vento escrita por Rach Heck


Capítulo 15
Saudades de casa


Notas iniciais do capítulo

Bem, queria começar pedindo desculpas à quem lê, e ficou esse tempo todo curioso, e sem Guizos... Mas o fato é que eu estava, e ainda estou, magoada com o Nyah pelo que ele fez com esse mesmo post, alegando que já estava disponível, e quando fui ver, não estava, sendo que, passei a tarde inteira digitando com uma mão só, porque a outra estava enfaixada na época.
Ah, e nunca poderia esquecer, as boas vindas à Sarah Lautner, seja muito bem recebida por Gale, Nico, Josh, Sibila, Andalonte, Scylla, Percy, Annabeth, Thalia, Tyson, Quíron...
PS. UM RECADO IMPORTANTÍSSIMO E URGENTE NAS NOTAS FINAIS



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/161551/chapter/15

Um grito. O grito cortou o ar do penhasco e todos os monstros, menos Scylla e Andalonte, protegidos como que por mágica, viraram pó, e os meios-sangues, e mortais por parte das Caçadoras, sangravam. A ventania que veio com o grito era como lâmina e produzia lanhos profundos, que vertiam sangue, em alguns, muito sangue. Uma deusa à beira do penhasco gritava em meio às lágrimas. Ela tinha as mãos em garra na terra, e o rosto sumia e aparecia entre os joelhos encostados no chão. Se balançava para frente e para trás, ainda naquele grito agonizante. Ela cravava as unhas na terra com tanta força que, se fosse mortal, já as teria sangrando. Seu rosto estava banhado em lágrimas, e ela tinha o rosto de cor vermelha, de tanto gritar e chorar. Ameaçou se jogar do precipício, mas Andalonte a pegou no colo, e ela se aninhou ali. Alguns minutos depois, virou-se para o precipício, ainda soluçando, e sussurrou: Nico...

Após alguns minutos de queda livre, ele se entregou à vertigem e desmaiou.

Acordou em uma caverna, numa cama confortável com travesseiro de plumas e lençóis de algodão branco. Encarou o teto por alguns instantes, tentando se lembrar de algo, este brilhava com formações de cristais de diferentes cores, como branco, púrpura e verde. Levantou-se de súbito, e encarou-se com desprezo no espelho ao ver que vestia uma calça branca de cordões e camiseta com mangas, branca também. Por que Hades ele estava vestido assim? Seu cabelo era como uma massa negra, e após alguns minutos encarando-se no espelho, sem realmente se ver, com os pensamentos longe, foi que ele percebeu a caverna, tentando se lembrar mais uma vez o que acontecera.

A gruta era dividida em cômodos por cortinas de seda branca. Encostados em uma das paredes estavam um grande tear e uma harpa, Em outra, havia prateleiras onde se viam jarros de frutas em conserva bem arrumadinhos. Havia também uma lareira embutida na parede. Ervas secas pendiam do teto, mas Nico não sabia o nome de nenhuma delas. 

O garoto saiu da caverna, e a luz do sol fez a dor de cabeça dele aumentar, seus olhos ardiam, e suas costas doíam como se tivesse caído de costas em um ninho de escorpiões. Mas um cheiro agradável e adocicado invadiu seu ser, e o fez esquecer-se da dor. Olhou mais atentamente e viu que à esquerda havia um pequeno bosque de cedros, e à direita, um imenso jardim florido. Quatro fontes, com água jorrando das flautas de pedra dos sátiros, e mais a diante o gramado descia até uma praia rochosa. E nessa praia encontrava-se uma garota de vestido branco, de costas para ele, conversando com outra garota, talvez, mas esta outra sumiu em um relampejo prateado antes que Nico pudesse ver quem era. A garota de vestido branco virou-se e caminhou em sua direção.
- Enfim acordou, destemido. - A garota sorriu. Como era linda. Os olhos amendoados brilhavam de excitação. Deveria ter entre quinze e dezesseis anos, era difícil dizer. Seu vestido branco, estilo grego, sem mangas, tinha detalhes dourados e um decote redondo baixo, que valorizava seus seios fartos. Nico a encarou, atordoado. 
- Onde... Quem... O que... - Ele tentou dizer, as palavras se embaralhando em seus lábios.
- Acalme-se e descanse, destemido. Agora o perigo já passou. Você está seguro, sou Calipso, você está em Ogígia. - E foi a última coisa que Nico se lembrou, antes de acordar novamente na cama confortável da caverna.

Já era noite, e uma linda lua robusta e prateada brilhava no céu. O cheiro adocicado encheu os pulmões do garoto de olhos ardentes. Seu braço sangrava sob a atadura, e ele mais uma vez obrigou-se a lembrar o que acontecera. Dois olhos verde escuro. Sua cabeça pesou e tudo à sua volta rodou como num parque de diversões maléfico, Algo o segurou antes que seu corpo encontrasse o chão. Mas ele nada viu. Talvez fosse o mundo girando, ou enjoo, ou a dor de cabeça. Talvez sua febre estivevesse tão alta que ele estivesse delirando, econtrava-se ensopado de suor. Estava fraco.

Era dia novamente, mas Nico não poderia dizer quanto tempo se passou, era estranho. Aqueles olhos de um verde intenso preencheram sua mente ao abrir os seus. Depois de tanto, ou pouco, tempo, como eu disse, era estranho dizer, sem sonhar, ver aquilo que lhe era seu veneno, ou seu antídoto, fazia seu corpo queimar. Uma panela flutuou no ar. O garoto deu um salto, procurando a espada na bainha, mas estava com aquela maldita calça branca de cordões. Lembrou-se então da garota de vestido branco, e da forma como ela o olhara, e como sua voz fora a última coisa que ouvira. "Preciso sair daqui." Esse pensamento ecoou como ondas magnéticas no escuro. Ele se concentrou nas sombras, mas elas não vieram.
- Já está acordado, destemido?
- Não, sou sonâmbulo. - O garoto revirou os olhos. - Sabe onde estão as minhas... bem... roupas? 
- Não restou muito delas com a queda. - Calipso sorriu amigavelmente. 
- Queda? - Nico pareceu atordoado. - Você quer dizer que eu cheguei aqui pelado? - Seus olhos eram inexpressivos, mas ele estava envergonhado. 
- Não totalmente, mas devo dizer que essas são as suas únicas roupas. 
- E... Como parei aqui? - Ele disse, algo queimando em sua garganta.
- Caiu ali na praia, quase se afogou por estar desacordado, e quebrou alguns ossos. Por isso acho que deva descançar mais um pouco, destemido. 
- Estou bem, obrigado. - Disse, ríspido. - E o que exatamente é esse lugar? Lembro-me de você ter falado, mas não lembro o que.
- Aqui é Ogígia, minha ilha fantasma.
- Ah, você é Calipso. - Nico a encarou traiçoeiro. Lembrava-se da história de Calipso, filha de Atlas, e da história que Percy contara sobre ela. - Ahn... Por que eu não consigo ir embora?
- Se misturando às sombras? - Calipso percebeu então o que falara, e iria concertar, mas Nico foi mais rápido.
- Como você sabe? - O garoto indagou.
- Você fala enquanto dorme. - Ela hesitou, estava mentindo. Nico não falava enquanto dormia. Às vezes chamava por um nome, enquanto os pesadelos e as lembranças o envolviam. Mas nada além disso. Porém, ele deixou passar. Discutir não valia a pena. 
- Por que não consigo ir embora? - Ele a encarou, repetindo a pergunta. Procurou nela algo familiar, como os olhos estranhos que lhe invadiam. A queda e o baque contra a água o fizera esquecer o mais recente, ou seja, o que lhe causara o trauma. Lembrava-se de Percy, do Acampamento Meio-Sangue, de Bianca... Mas aqueles olhos que o invadiam não eram de nenhum deles.
- Ogígia existe por si só, em qualquer lugar e em lugar nenhum. Não existem sombras nesta ilha. Você não pode sair daqui assim.
- E como eu saio daqui?
- Não acho que seja uma boa ideia agora. Você ainda está...
- Como eu saio daqui? - Ele disse, entre dentes, o maxilar rígido, os olhos flamejando como fogo em brasa. Como um filho do Hades.
- Não posso deixar. - Os olhos do garoto se arregalaram. Que Hades aquela garota estava falando? - Você não entenderia.
- Olha, não me importa se eu entenderia ou não, mas eu preciso voltar. Alguém lá fora está esperando por mim. - Ele disse sem pensar, e sem saber quem o esperava. Por mais que sua mente mostrasse novamente aqueles intensos olhos verdes.
- Eu... Eu... - Calipso desabou em lágrimas. - Nunca agi assim. Mas você... Eu não consigo pensar em outra coisa, meu jardim está morrendo. E se você partir, tudo vai desmoronar.
- Do que você está falando?
- Os deuses mandam companhia para mim de tempos em tempos. Mil anos, aproximadamente. É difícil dizer, o tempo aqui é algo estranho. Mas não faz mil anos desde a minha última... Visita.
- Fazem cinco anos, na verdade. - O cheiro de cozido estava deixando Nico tonto de fome.
- Como você...
- Sou amigo do Percy. - Nico caminhou em direção à mesa, onde o cozido estava.
- Ah... - Calipso pareceu surpresa. - E como ele está? Se acertou com... Annabeth?
- Eles namoram... ahn... sério. - O garoto devorava um prato de cozido com ferocidade.
- Que... Bom... - Ela o fitava com admiração. - Mas entenda, não posso deixá-lo partir.
- Você está me sequestrando? - Ele disse com a boca cheia de cozido.
- Sequestrar é uma palavra muito forte.
- Usada em atos extremos, como não deixar que eu fique ao lado do amor da...
- Você não entende? De todos os outros que já estiveram aqui... - A filha do titã Atlas suspirou. - Você é diferente.
- Mas eu já sou o diferente de alguém, e esse alguém está me esperando. - Ele disse sem sentir, seu prato vazio de cozido pairou no ar, e o garoto caiu da cadeira. - O que...
- Criados invisíveis. - Ela suspirou novamente. - Uma noite. É tudo o que lhe peço. Uma noite. E se mesmo assim você quiser ir, partirá na aurora do dia.
- Tudo bem... eu acho. - Calipso dirigiu-se para fora da gruta, deixando o garoto sozinho com criados invisíveis e uma tarefa: descobrir como tomar banho. 

- Eu preciso da sua ajuda, Senhora, é está noite, como os seus domínios. - A garota sussurrou para o mar. A entrada e saída da ilha.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam do capitulo? Para quem morreu de saudades do Nico durante a estadia da Gale na Mansão dos Monstros, cá estamos, com um capitulo inteiro dedicado à ele...
Agora, o aviso importante... [:
Eu estava pensando em criar um tumblr para a fanfic, onde teríamos extras, as músicas, para que fique mais fácil o acesso de vocês a elas, e com muito menos preguiça, fotos, enfim, extras MESMO. Mas não sei, realmente queria a opinião de vocês...



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Guizos Ao Vento" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.