POV Bella

– Alice? Aqui é a Bella, preciso falar com você. – Falei rapidamente, pude ouvir sua respiração parar e depois retornar com o ar pesado. Fechei os olhos rezando para que ela não desligasse o telefone na minha cara.

Pelo menos ela não o fez e falou.

– O que você quer? – Sua voz era ríspida. Tremi sobre saber que ela realmente ainda me odiava, que nem o irmão.

– Só falar com você... – Falei logo depois suspirando. Ela riu irônica, fechei os olhos com mais força e me sentei no chão ao lado da mesa onde estava o telefone, deixando o fio esticado enquanto esperava sua resposta.

Mas apenas ouvia a sua respiração pesada.

– Já está falando, mas sabe... Eu não quero falar com você, nunca mais. Então nem precisa ligar novamente. – Falou e aquilo havia me feito querer chorar, mas me recusei a fazer tal ato.

– Não, por favor, espere! – Implorei. – Eu preciso da sua ajuda, preciso reencontrar com Edward e Anthony, preciso concertar as coisas com eles e com... Vocês. Realmente preciso, mas para isso tenho de ter alguma ajuda. – Falei aos prantos.

Novamente ela havia se calado.

– Você teve muitas chances para isso. – Murmurou.

– Eu sei. – Pressionei mais os meus olhos e ouvi-a suspirar pesadamente.

– Tudo bem, onde eu te encontro? – Falou com amargura em sua voz, mordi o lábio inferior sorrindo, mas logo percebi o que ela havia dito.

– Me encontra?

– Sim, se você acha que eu vou tratar com você sobre este assunto no telefone, está muito enganada, quero falar com você, olhando em teus olhos, para poder saber se está falando a verdade e se realmente está disposta a fazer a coisa certa e não magoar mais aqueles garotos que apesar de tudo, ainda te amam. – Avisou.

Assenti que nem idiota, mesmo sabendo que ela nunca veria meu ato.

– Tudo bem, onde te encontro? – Perguntei.

***

Suspirei pesadamente enquanto encarava o chão de cascalho escuro aos meus pés, apenas aguardando Alice aparecer, provavelmente ela iria me dar um bolo, talvez eu merecesse... Já fiz isso tantas vezes com ela.

– Olá, Swan. – Ouvi uma voz de sinos falar ao meu lado enquanto se sentavam ao meu lado, mirei meus olhos em direção a pessoa que havia se sentado e sorri um pouco ao perceber que era Alice.

Seus, antes cabelos curtos repicados, agora estavam caindo em suas costas como cascatas, o tom escuro ainda predominada em seus cabelos, mas Alice continuava baixa, talvez ainda mais baixa que eu, mas não deixava de usar roupas de marcas famosas como usava agora.

Suas feições miúdas estavam marcadas de maquiagem, eu apenas não enxergava seus olhos azuis claros que estavam cobertos por um óculos escuro.

– Olá, Cullen. É bom rever você. – Falei.

– Queria poder dizer o mesmo. – Retirou os óculos e me encarou com a testa franzida e os olhos frios. O silêncio predominava entre nós duas naquele momento.

Suspirei e encarei os cachorros que corriam alegremente na grama a nossa frente.

– Então... – Olhei para ela.

– Então... – Incitei-a a continuar.

– Então, o que você gostaria de falar comigo? – Perguntou cruzando os braços a sua frente e encostando as costas no encosto do banco de madeira.

Suspirei.

– Você sabe o que eu gostaria de falar.

– Sim, eu sei. – Afirmou. – Mas me explique como posso ajudar. – Falou contra a sua própria vontade.

Encostei-me ao seu lado e mordi o lábio inferior com força ponderando por onde começaria, mas estava difícil saber como falaria, Alice apenas suspirou revirando seus olhos enquanto aguardava. Cruzou as pernas e ficou lançando um pé nervosamente.

– Só me ajude a encontrar o Edward e Anthony, preciso falar com eles. – Sussurrei no máximo só para ela ouvir.

Alice apenas suspirou pesadamente e ficou em silêncio para logo depois se pronunciar com um pouco de raiva.

– Eu já sabia disso, não sou burra, mas... Como você espera que eu faça você reencontrar aqueles dois, principalmente Edward que quase nem suporta ouvir teu nome, Swan.

Ela tinha razão neste aspecto, seria difícil ele me reencontrar, principalmente depois de ontem em meu apartamento.

– Eu reencontrei com ele ontem. – Falei, e ela me olhou assustada.

– Como?

– Está surda ou o que? – Perguntei arrogantemente, logo depois balancei a cabeça com o que eu havia dito, merda, velhos tempos não, por favor, agora não.

Fechei os olhos.

– Calma, eu ouvi. Está certo? Mas... Como? Ele te odeia. – Ela falou com tanta certeza que parecia que fagulhas de vidro perfuravam meu sistema nervoso.

– Eu sei que ele me odeia, não precisa jogar isto em minha cara. – Rosnei em sua direção, ela se encolheu, mas logo voltou a sua postura.

– Desculpe-me. – Ironizou. – Só falei a verdade. – Revirei os olhos. – E eu já sabia, ele me telefonou avisando e ele me falou tudo, tipo... Tudo. – Falou com raiva e sem sorriso. – Ele está certo em achar que você é uma vagabunda, uma vadia, por ter falado aquelas coisas assim tão descaradamente.

Senti meus olhos arderem por seus xingamentos, mas me aquietei rapidamente e olhei suplicante a sua direção.

– Estava nervosa. – Falei.

– Isso não lhe dá direitos de falar assim tão mal quanto você falou de seu próprio filho. – Cruzou os braços arrogantemente, estava ficando enraivada, isso era visível.

Levantei os braços e abaixei a cabeça, deixando meus cabelos castanhos caírem em meu rosto. Ela apenas suspirou mais uma vez e me encarava como se quisesse me estrangular.

– Eu sei. – Suspirei. – Eu sei. – Repeti.

– Se o sabe, por que o fez? – Perguntou, levantei o9 rosto e abaixei minhas mãos, colocando-as em meu colo.

– Não sei.

Assentiu e se levantou, olhei desesperada a sua direção.

– Vamos andar, já estou ficando com a minha bunda quadrada de tanto ficar sentada apenas ouvindo-te. Sendo que eu poderia estar fazendo algo de muito melhor do que aqui, tipo indo buscar meu sobrinho. – Falou e se virou andando.

Levantei-me do banco e corri em sua direção e observei o seu rosto calmo enquanto ela me deixava acompanhá-la, mas logo uma dúvida se plantou em minha mente.

– Você disse que iria buscar o seu sobrinho... Seria Anthony, não? – Perguntei e ela assentiu colocando os óculos em seus olhos. – Então... Se você está aqui, quem foi buscá-lo? – Perguntei meio preocupada.

– Agora você se preocupa, não é mesmo? – Ironizou mais uma vez. – Edward e Tânia. – Falou simplesmente enquanto caminhava, travei em meu lugar.

Ele tinha achado alguém.

Olhei para baixo e com a respiração acelerada, minhas mãos passaram a suar, lógico, naquela carta ele disse que queria alguém que não o fizesse sofrer, talvez essa Tânia fosse essa pessoa... Senti meus olhos arderem ao pensar isso.

– Isabella? – Ouvi a voz distante de Alice me chamar, mas me sentia tonta demais para poder respondê-la. – Bella? – Tentei olhar para cima, mas a tontura tomou mais conta de mim até que eu apenas senti meu corpo leve caindo em direção ao chão e por fim a escuridão tomando conta de minha visão.

***

Pressionei meus olhos antes de abri-los aos poucos, focalizando algumas coisas a minha frente. Como uma luz branca que era tomada aos poucos por um teto igualmente branco, logo vinha paredes de um tom pastel claro, com uma pequena faixa de madeira, olhei mais a minha volta vendo os móveis de aparência rústica, mas confortável.

Logo reconhecia aquele local, levantei-me apressadamente, mas logo me arrependi quando me senti tonta por causa do ato.

– Calma, não se agite muito, ainda está meio fraca pelo desmaio... – Ouvi a voz grave de um homem falar, era familiar. Levantei a cabeça e sorri envergonhada ao encarar quem era. Carlisle.

– Desculpa... – Falei.

– Não tem com o que se desculpar. – Sorriu doce, mas seus olhos eram tristes enquanto me encaravam.

– Como...?

– Alice me chamou. – Falou como se lesse meus pensamentos. Assenti, mas logo me preocupei, onde ela estava, olhei ao meu redor, mas nada encontrei de seu sinal. – Ela está lá embaixo com Esme e Jasper. – Simplesmente murmurou e sorriu um pouco de lado.

Aquele ato havia me lembrado tanto Edward...

– Se precisar de algo, estaremos lá embaixo... É só descer. – Levantou-se e caminhou em direção a porta branca a puxando e logo passando por ela, me deixando deitada na cama do quarto de hóspedes da casa deles.

Suspirei pensando nas últimas 72 horas que eu me encontro em NY novamente. Nessas últimas horas já havia reencontrado tantas pessoas importantes que passaram por minha vida... Levantei-me da cama, apenas ficando sentada nela.

Ouvi passos vindos em direção ao quarto em que me encontrava, olhei para a direção da porta e Alice havia emergido através de lá, cruzou os braços me olhando.

– O que aconteceu lá? Queria atenção da minha família novamente? – Perguntou e eu franzi a testa.

– Que...? Você acha que eu fingi o desmaio? – Perguntei indignada.

– Isabella Marie Swan, eu te conheço desde quando você ainda estava nas fraldas, eu sei que você ainda é aquela mimada, miserável que arrancou o coração do meu irmão junto com o do próprio filho. – Rosnou.

Fechei os olhos, mas logo os abri, levantei da cama e andei em sua direção.

– Eu não tive total culpa disso. – Falei em mesmo tom ao seu. Ela revirou os olhos e me empurrou.

– Lógico que não, imagina. – Falou sarcasticamente. – Quem vai colocar também nessa história? Charlie, Renée? Eu, Jasper? Emmett, Rosálie? Carlisle ou Esme? Vamos, fale quem colocará nessa história? Ou vai dizer que é realmente uma vadia e fugiu porque estava grávida de outro? – Enraivada falava sem parar. Sem pensar, levantei minha mão e estapeei seu rosto branco.

Ela colocou sua mão em cima de sua bochecha que estava avermelhada, ela me olhava por de baixo de seus cílios.

– Saia daqui. – Murmurou com a voz entrecortada.

– De bom grado. – Avisei e pequei a minha bolsa que tinha visto por cima da cadeira e marchei para fora do quarto, descendo as escadas, mas no último degrau havia me deparado com Esme e Carlisle me encarando.

Junto com mais duas pessoas que eu havia ficado surpresa ao ver, eles estavam lindos, mas os olhos tão rancorosos me encaravam sordidamente.

Estava na cara, nunca seria perdoada por eles, por nenhum deles.