A Foragida escrita por Andressa Rosa


Capítulo 6
Pelo O Que Você Vive?


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui esta outro capitulo insano. kkk Vamos lá!



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Um herói é aquele que faz o que pode.

(Romam Rolland)

* - *


POV/ BELLA


Eu sentia frio, muito frio. Batendo os dentes, eu me sentei. A neve que estava em cima de mim se espalhou ao meu redor se ajuntando com o chão feito dela mesma. Olhei em volta, aquele lugar um dia tinha sido uma floresta, mas agora ela estava totalmente escondida em baixo da branquíssima neve. Apoiei a minha mão no chão para poder levantar, enquanto ela afundava, eu senti algo sólido tocando os meus dedos, agarrei seja lá o que for e puxei.


Respirei um pouco mais aliviada quando percebi que era a minha mochila. Olhei dentro dela e constatei que tudo estava ali. Me levantei e levei a mão para o bolso de trás buscando a minha varinha – eu poderia simplesmente aparatar – mas não a encontrei. Respirei fundo tentando me acalmar e mentalizei a minha casa, eu tinha aparatado muitas vezes sem a minha varinha, essa só seria outra vez. Ordenei-me a ir para lá, a imagem do meu lar estampada em minha mente, contudo, eu não senti o familiar puxão para dentro do meu umbigo. Temendo de frio e raiva, eu chutei a neve que me rodeava.


Inferno!... não, o inferno era quente demais para mim usar como uma palavra de raiva.


Céus, onde eu estou?! Enfiei a mão novamente dentro da minha mochila e peguei o meu arco. Fucei na minha alvejada e tirei de lá uma flecha que eu também havia produzido. Ela não tinha quase nada de mais, o seu diferencial era uma pequena corda prateada amarrada na sua ponta, essa corda é especial porque nunca tem um fim. Sim, parece loucura, mas quem disse que magia deve ser algo racional? Armei o meu arco e apontei para uma direção qualquer.


– Se finque em uma árvore da civilização mais próxima – A minha flecha, com o pequeno pedaço de corda, voou só por alguns centímetros na direção onde eu havia a lançado, então fez uma curva e foi para o leste. Sem perder tempo, segurei a ponta da corda.


Pensando que eu deveria sair dali só para saber como eu tinha vindo parar nesse lugar, eu dei o primeiro passo segurando o fio prateado.


Não faço a mínima idéia de quanto tempo se passou, mas a neve que se juntava na minha cabeça se tornava, a cada passo, ainda mais insuportável. Tentei pedir para o elemento água afastasse aquela neve de mim, entretanto, eu não o sentia. Como um dia me explicou Eric, eu deveria ter entrado em uma espécie de hibernação. Mas por quanto tempo? Por quantas horas? Céus... por quantos dias? O problema dessas bizarras hibernações era que os meus poderes simplesmente desapareciam, somente depois de tempos variados eles voltavam. Foi por causa disso que eu não pude aparatar, sem os meus poderes ampliados, eu sou apenas uma bruxa que precisa da sua varinha.


O problema é que enquanto isso, eu sou apenas uma humana, uma humana perdida e tremendo de frio.


A cada passo dado eu sentia os meus pés se afundarem, eu tentava me lembrar de como eu vim parar aqui, mas era como se algo estivesse bloqueando a minha cabeça. Forcei ainda mais a minha mente, mas eu só conseguia sentir uma irritante dor nela, com raiva, desisti temporariamente. Meu ânimo subiu subitamente quando vi uma enorme casa a alguns metros de mim, a minha flecha estava fincada em uma árvore bem perto dela. Um vacilante sorriso se formou em meu rosto. Finalmente eu sairia dali.


O meu sorriso sumiu no exato momento em que eu senti o repugnante cheiro de vampiros.


Sentindo uma inesperada onda de adrenalina, eu forcei os meus ouvidos a captarem o menor ruído que fosse e então, pé ante pé, eu me aproximei da árvore. Atenta a qualquer movimentação dentro da casa, eu arranquei, com os meus dedos incessíveis, a minha flecha – eu não poderia deixar pistas. Ao tempo de uma batida do meu coração, eu voltei para dentro da floresta coberta de neve. Com o súbito calor que invadiu os meus músculos, eu comecei a dar uma leve corrida, sempre seguindo em frente.


Meus instintos impulsionavam cada passo, eu não sabia o que esperaria indo naquela direção, mas, ainda sim, eu senti que deveria ir para lá. Sentindo o peso da neve nos meus pés subindo e descendo, me fez lembrar os meus tempos de treinamento da Secrets. Treinamentos esses que mais me deixavam na beira da morte do que me fortaleciam.



Flashback on

O sol que pendia em cima da minha cabeça era cruel, eu o sentia queimando e pegando para si cada gota de água que o meu organismo tinha. Eu via estrelas, mas sabia que elas eram da minha cabeça, apenas outra coisa que o insensível sol estava fazendo a mim. Cada passo, um novo ponto brilhante, cada passo... um novo tipo de dor.

Sim, aquela grande estrela era desalmada, mas era nada se for comparada ao meu tirano instrutor de dois metros de altura. Ele berrava ofensas para mim de dentro do seu pequeno jeep preto, a sua cicatriz o fazia ainda mais intimidador, nem o monstro mais cruel desse mundo me faria sentir mais medo do que eu sinto por ele.

O deserto do Arizona era muito maior do que eu imaginava, cada segundo a mais da corrida que eu fazia nele comprovava isso. Eu arfava, mas não me atrevia a parar, pois sabia que havia coisas piores do que aquilo, coisas como o meu desgraçado professor.

Ergui o meu olhar e vi o que mais parecia um pesadelo: muito mais areia. Foi nessa olhada que eu tropecei, minha mente registrou apenas eu de peito aberto na escaldante terra arenosa. Eu tentei levantar... céus, eu juro que tentei, mas não consegui. Eu não tinha mais forças, o calor vindo debaixo de mim queimava a minha pele exposta, ainda sim eu não tive um fio de energia para me impulsionar.

Virei a minha cabeça minimamente para o lado, tentando ver o meu homem da cicatriz. O que aconteceria agora? Eu estranhamente não escutava o barulho dos seus gritos ou do motor do carro. Soltando um soluço impossível de controlar, eu me dei conta que ele havia me deixado ali.

Com uma raiva que mataria muitos, silenciei a minha fraqueza e, como os joelhos bambos, eu me levantei. Eu terminaria a minha tarefa... eu não daria aquele prazer para eles. Eu honraria a morte do meu pai e da minha mãe vivendo. E, pela a morte deles, eu jurei que mataria aquele desgraço.

Voltei para a minha corrida com se tivesse acabado de começá-la.


Fim Flashback



Coloquei as minhas mãos na minha cabeça e comecei a sacudi-la tentando dissipar a imagem daquele militar horrendo. Me obriguei a continuar correndo, mesmo com as mãos enroscadas e apertadas em meu cabelo. Por que eu? Então, como na minha lembrança, eu tropecei em algo e o meu corpo caiu de peito aberto no solo que antes estava apenas debaixo dos meus pés.


Mas, diferente das minhas lembranças, seja lá o que for que eu tropecei, rosnou.


Esquecendo tudo o que me atormentava, eu virei de barriga para cima e me levantei. Eu estava prestes e arrancar a minha espada de dentro da minha mochila quando eu vi quem era o meu inimigo. Eu não pude acreditar no que via. O que ele estava fazendo aqui? A minha confusão me fez até eu abaixar a minha guarda. Como...?


– Edward? – É, eu ainda não estava crendo. Será... não, ele não poderia ter me trazido até aqui. Seja ‘aqui’ o lugar que for.

– Bella? – Também parecia descrente. O seu cabelo e as suas roupas estavam cobertos de neve, como se estivesse totalmente enterrado nela. Se eu fosse humana eu estranharia isso, mas como eu não sou... Mesmo assim, o que esse vampiro está aqui? Será que ele...

– Você está me seguindo? – Perguntamos ao mesmo tempo. O diferente foi o tom de desprezo dele do meu de incredulidade.

– É claro que não! – Foi irritante o som das nossas vozes saindo ao mesmo tempo outra vez.

– Para! – Eu estava perdendo tempo – Por favor, onde estamos? – Por favor, que seja perto de casa... por favor, que seja perto de casa... por favor, que seja....

– Alaska – Franziu as sobrancelhas.

– O que?! – Eu berrei sem conseguir me conter. – Alaska?! Que maravilha, era disso que eu precisava... agora eu só tenho que atravessar um pais inteiro. – Eu comecei a andar de um lado para o outro. Quando a porra dos meus poderes voltarão?!

– Para com esse teatro – Ergui a cabeça levando um susto, eu tinha me esquecido que Edward estava ali – Você acha que esta enganando quem? Você é a mais deprimente das humanas... me seguir... que patético! – A voz dele era como facas. Nem a minha espada poderia ter me cortado mais fundo. Reverti àquela dor em raiva. Quem ele acha que é para falar assim comigo?

– Você se acha demais. Eu, até segundos atrás, nem sabia onde estava e agora você vem dizendo que eu estava te seguindo. Te seguindo?! Ah... – Virei às costas para ele e voltei para a minha caminhada. Eu não preciso de vampiro algum. Eu sou Isabella Swan, eu sempre me virei e sempre vou me virar.


Exatamente 2 segundos depois ele estava ao meu lado.


– Você está falando serio? – Ele parou na minha frente com as sobrancelhas erguidas.

– Não, eu só estava te seguindo – Minha voz saiu mais cruel do que eu podia imaginar que um dia seria, dando uma estreitada de olhos para o vamp, eu o contornei. Voltei para a minha caminhada com o queixo erguido. Era tão irritantemente estranho não saber o que se passava pela a sua cabeça. Afinal, o que ele estava fazendo no Alaska?

– Se o que você diz é verdade, o que vai fazer agora? – Apertei os meus dentes quando percebi que estava me acompanhando. Ignore-o – minha mente dizia, mas a minha raiva e o meu sentimento de impotência não me deixaram ficar de boca fechada.

– Não te interessa – Pelo o canto do olho eu o vi apertar os punhos. Por que esse vampiro idiota não simplesmente vai embora?

– Eu já fiquei aqui tempo demais, estou voltando para Forks... você quer uma carona? – Eu não acreditei no que tinha escutado. Ele realmente esta me oferecendo ajuda, ou só quer cortar a minha garganta e beber o meu sangue? Não, beber o meu sangue não... se ele realmente quisesse isso ele teria feito na primeira oportunidade.

– Não – Fui categórica. Mesmo ele não me oferecendo um grande perigo, nem a pau iria confiar em um vampiro.


Quase pulei de felicidade quando vi uma precária e pequena estrada, coberta de neve, na minha frente. A poucos metros de mim, e consequentemente de Edward, estava parado um volvo prata.


– Pare de ser cabeça dura – Deu um leve toque no meu ombro. Os meus olhos voaram para lá na mesma velocidade em que ele tirou a sua mão.

– Eu já disse não – Arrumei melhor a minha mochila nas minhas costas. Eu teria uma caminhada muito longa.

– E vai fazer o que? Caminhar até Forks? – O vampiro estava exaltado. Por que ele não simplesmente vai para o seu carro então some da minha frente? É tão difícil fazer isso?

– E se eu for? Qual é o problema? – O encarei em um desafio mudo.

– Eu só estou querendo ajudar. Vamos, pare de ser orgulhosa – A sua expressão se suavizou, então eu não entendi mais o porquê de fazer toda aquela cena. Céus, e como os seus olhos, sendo dourados ou negros eram lindos! Minha mente se nevoou e eu me peguei pensando: é só uma carona!

– Tudo bem – Assenti com cabeça sentindo o meu orgulho morrer aos poucos.


O vampiro deu um rápido aceno de cabeça e correu até o seu carro. Eu via no seu rosto muita confusão, parecia que nem mesmo ele estava entendo o que fazia.


Levantei as sobrancelhas quando o vi abrindo a porta do carro para mim. Tirei a minha mochila, dei uma boa olhada nele e incrédula entrei. Quando será que ele foi transformado? O vamp deve ser bem velho, pois não é normal dos garotos de hoje terem atos de cavalheirismo. Ajeitei a minha mochila no meu colo desconfortavelmente... Ele não é um humano, Bella, para ter atos de um – Minha mente foi, como sempre, cruel. Coloquei o cinto e então apertei as minhas mãos no meu colo. Eu ainda estava com frio, muito frio. Edward, que acabara de entrar no carro, percebeu isso, pois ligou o aquecedor.


– Obrigado – Sem olhar para ele, eu encostei a minha cabeça no vidro da janela.


Seria uma viagem muito, mais muito, longa.



POV/ EDWARD



Observei Bella. Ela ainda estava na mesma posição de quando entramos no carro: sua cabeça encostada na janela, suas mãos levemente entrelaçadas em cima da sua mochila e o seu olhar se perdia nas paisagens em nossa volta. Mas eu sabia que ela não as via realmente, a pequena ruga entre as suas sobrancelhas comprovava isso. Estava concentrada em algo. Mas em quê? No que essa humana está tão preocupada? Não saber as respostas para as minhas perguntas fez retornar a minha mente os motivos de eu ter vindo para cá.


Eu busquei ajuda com Carlisle, mas ele tinha tantas respostas quanto eu. Sentido um sentimento de impotência e raiva me dominar, quis apenas esquecer tudo aquilo... Eu quis nunca ter posto os meus pés naquele precário colégio. Resolvi pegar o meu carro e sumir no mundo, quando, e apenas quando, eu soubesse as minhas respostas, voltaria. Alice, como sempre, previu o que iria acontecer, então deu a dica para eu vir a nossa casa no Alaska, frisando, é claro, que Tânia não estaria aqui, e sim em Paris. Sem conseguir pensar em um lugar melhor, eu dirigi até aqui.


E lá estava eu, tão perdido quanto antes. Vir para o Alaska não me ajudou em nada, decidindo tentar uma última vez, fui para dentro da floresta e repousei de baixo de uma árvore. Os meus pensamentos voavam e, numa hora que eu não me recordo, começou a nevar. A sentia me cobrindo, mas não me importava, eu sou um monstro e monstros não sentem frio, nem calor, nem nada.


Sem aviso algum, eu senti algo bater nas minhas costelas e cair. Não conseguindo frear a minha natureza selvagem, eu me levantei rosnando pronto para atacar seja lá o que for. Mas então lá estava ela: um dos motivos da minha fuga... um dos motivos das minhas incansáveis dúvidas. A humana parecia cansada e confusa, sem me conter, eu tentei ler a sua mente novamente, mas encontrei apenas a minha própria frustração. Depois da minha decepção vieram as dúvidas e então as acusações. O que ela está fazendo aqui? Estaria mentindo para mim? Eu fora seguido? Uma parte do meu mostro se descontrolou e jogou tudo o que eu pensava nela.


Bella virando as costas para eu me fez duvidar de tudo o que eu tinha certeza. Eu me senti horrível, eu me senti... um monstro pior do que já sou. Eu podia simplesmente a deixar ir, mas não consegui. A minha consciência pesada foi mais forte. Então, jogando fora todos esses anos de privações com humanos, eu ofereci ajuda a ela. Ter uma humana dentro do meu carro era uma loucura, mas se tornou uma questão de honra quando ela negou.


Depois que a humana aceitou, algo que me deixou mais confuso do que feliz, a realidade voltou a pesar. Haverá uma humana dentro do seu carro por muitas horas, você será capaz de controlar o seu tão maligno monstro? – Eu pensava nisso desesperadamente enquanto abria a porta do carro para ela e então ligava o aquecedor. Bella é só uma humana, será que ela sente o perigo que está correndo? Acho que não. Já estava anoitecendo, nenhum perigo eu corria pelo o sol. Só espero chegar antes que ele nasça.


Escutei um leve farfalhar vindo da humana de pensamentos misteriosos, vi, pelo o canto do meu olho, ela apertando as mãos em punhos e a sua pequena ruga se transformar em uma franzir.


– O que você está pensando? – Eu me arrependi das minhas palavras no mesmo instante em que elas saíram.

– Eu estou tentando me lembrar de como eu vim parar aqui – Sua voz soava frustrada. Então a garota realmente estava falando a verdade? Mas como alguém simplesmente vem parar num lugar assim, do nada?

– Que dia é hoje? – A pergunta dela me fez levantar levemente a minha sobrancelha.

– Hoje é quinta-feira. Por quê? – Dei uma leve olhada para Bella quando a vi se mexer de sobressalto. Inferno, o que ela está pensando?!

– Eu estou aqui há três dias?! – Colocou as mãos no cabelo com uma psicopata. – A policia toda deve estar atrás de mim!

– O que? Você está no meio do Alaska há três dias e nem sabia onde estava? – Eu estava descrente.

– Eu... eu só acordei agora – Apoiou os cotovelos na sua mochila então repousou a sua cabeça nas suas mãos.

– Bella, tente se lembrar da última coisa que você fez – Comecei a ficar preocupado. Será que ela tem um novo tipo de sonambulismo?

– Eu me lembro de ligar para Ang, então eu fui até a casa do... – Ela levantou a cabeça de uma vez, então socou a sua mochila – Aquele... aquele filho sem mãe... filho do cão... aquele desgr... – Bella murmurava ofensas para ela mesma. Parecia que a humana havia se lembrado de tudo. Mas tudo o que?

– Até a casa de quem? – Não vou negar, eu estava curioso. Me surpreendi vendo a humana me encarando profundamente, sustentei o olhar dela. Parecia que Bella estava testando a sua confiança em mim.

– Você promete não contar a ninguém? – Seus olhos ainda estavam fixos nos meus, demonstrando que ela poderia confiar em mim, eu dei uma lenta assentida de cabeça – Você lembra do professor de Biologia? – Meio confuso, eu novamente acenei com a cabeça. O que ele tem haver? – Bem, eu não gostei muito dele, parece que aquele cara desprende algo maligno, então eu resolvi investigar a sua casa. Eu me lembro de chegar lá, e daí aqui acordo eu, no meio do nada, afundada na neve. – Eu estava em dúvida se acreditava nela ou se a chamava de maluca.

– Você deve me achar uma louca – Bella soltou um riso sem humor. Lembrando o olhar que ela mandou para mim, eu me decidi.

– Eu acredito – A humana levantou as duas sobrancelhas, assustada – E acho melhor você procurar a polícia. Isso parece um sequestro – Me senti estranho em falar da policia, nós vampiros nunca vamos a uma, indicá-la então, era quase uma hipocrisia.  

– Polícia... – Bella soltou um riso de escárnio – Eu prefiro resolver as minhas coisas sozinha – Ela encostou novamente a cabeça na janela – Polícia... – A humana falou aquilo do mesmo jeito que uma pessoa fala de um pedófilo.


Vendo que ela estava muito confusa e com até mesmo raiva, eu resolvi deixá-la quieta. Continuei dirigindo normalmente. Já tínhamos saído do estado quando eu escutei um leve ressonar, olhei para o lado e vi o porquê daquele carro estar tão quieto: Bella estava dormindo. Percebi que a humana estava toda encolhida de frio, então, com a minha agilidade de vampiro, eu tirei o meu casaco – o qual eu nem sei o porquê de eu estar usando – e coloquei em cima dela. Eu queria que ele estivesse quente, mas sabia que aquilo era impossível para monstros como eu.


Não consegui controlar o meu sorriso de canto de boca quando vi ela se aconchegar nele e soltar um leve suspiro. Sonhar... uma dádiva dos humanos. Mas no que será que ela sonha? No que será que a humana pensa? Perguntas... perguntas e perguntas... Será que um dia elas seriam respondidas?


– Parem! Por favor, parem! – Olhei assustado para Bella. Fiquei mais assustado ainda quando percebi que ela estava dormindo. Será essa a resposta das minhas perguntas?

– NÃO! ME SOLTEM! Por favor, me soltem! – Desesperado, eu vi Bella se debater contra algo invisível para mim.

– Bella, acorda! – Cutuquei o ombro dela. Senti meu desespero se transformar em pânico quando eu vi ela se afastar de mim com um soluço.

– Bella! Acorda, é só um sonho! – Parei o meu carro no acostamento, tirei o cinto de segurança, então agarrei os seus ombros e comecei a sacudi-la. Por que ela não acorda?!

– BELLA! – Finalmente parou de se sacudir e os seus olhos abriram em um estalo. Mas o que me fez se afastar dela em choque, foi ver que os seus globos oculares estavam completamente brancos. Aquelas íris da mesma cor da neve olhavam para mim como se vissem apenas o meu monstro interior, então, segundos, minutos ou horas depois, Bella começou a piscar continuamente até a cor deles voltarem.


Que porra foi essa?! – Peço que me desculpem pelas as minhas palavras, mas não havia outra frase mais adequada para a situação.


– Está tudo bem com você? – Resolvi, antes de tudo, ver como ela estava.

– Estou bem... A minha cabeça só está doendo um pouquinho. – Bella olhava para fora enquanto apertava, inconscientemente, o meu casaco.

– Você estava tendo um pesadelo – Resolvi quebrar o silêncio tenso que se formara enquanto colocava o carro de volta a estrada.

– Não, eu estava tendo uma lembrança – Sua voz tinha um tom inexpressivo.

– O que? Bella, como assim? – Céus, quem é ela?!

– Por favor, esqueça tudo isso e não conte a ninguém – Ainda não olhava para mim, mas a sua voz tinha um tom tão alquebrado algo que me fez sentir vontade de protegê-la de tudo e de todos. Cara, o que eu estou pensando?!

– Tudo bem – Continuei dirigindo sem mais nenhum comentário meu ou dela.


Na velocidade em que eu dirigia, nos já havíamos percorrido a metade do Canadá. Passar pela a fronteira foi muito fácil... afinal, o que alguns dólares não resolviam? O céu estava escurecendo e Bella ainda não tinha proferido palavra alguma. Bella... Por que ela me intriga tanto? Por que essa humana não é tão humana? Uma hora ela se mostra forte e audaciosa e em outra tem pesadelos e até soluça como se fosse somente uma criança prestes a chorar. E, inferno, e por que eu me preocupo tanto com isso?


Escutei um bocejar, sem demonstrar a minha ansiedade, eu olhei para Bella disfarçadamente. Ela é só uma humana, uma humana que tem sentimentos, uma humana que ri, uma humana que tem pesadelos, uma humana que sente frio e calor, uma humana que tem os pensamentos misteriosos e, raios, é uma humana que tem um monstro pensando nela o tempo todo.


– Vamos parar em algum lugar para você comer e descansar. – Como eu penso desesperadamente, ela é uma humana e humanos precisam de coisas que monstros como eu não precisam.

– Mas e você? – Tentei não demonstrar a minha surpresa por deixar um furo tão grande como aquele sair junto da minha frase.

– Não estou com fome, eu comi alguma coisa antes – Tive de pensar rápido.

– Ah – Ela tinha um leve tom de sarcasmo – Então não precisa, eu não trouxe dinheiro – Bella continuou a olhar para fora. A humana realmente acha que eu deixaria uma mulher pagar a conta? Que raios ela pensa que eu sou?

– Eu faço questão de pagar – Fui firme na minha resposta. Minha mãe não passou vários anos da sua vida à toa comigo.

– Pague para si mesmo. Eu não gosto de depender dos outros. – Humana orgulhosa. Vai ficar com fome apenas pelo o seu ego.

– Eu insisto – A encarei, entretanto ela não voltou o olhar para mim.

– Pode insistir, mas não fará diferença alguma – Bella suspirou e se ajeitou melhor no lugar.

– Você pode me pagar depois – Apostei as minhas fixas nessa última opção. É claro que eu não aceitaria o dinheiro, mas ela não precisa saber disso.


Bella ficou bastante tempo em silêncio, tempo até de mais.


– Tudo bem – Não consegui conter o meu sorriso – Mas só jantar, nós podemos se revezar no volante enquanto um descansa – Meu sorriso se apagou. Nunca. Pensei bem antes de responder, qualquer palavra errada e começaríamos do zero novamente.

– O.K. – Pensei ver um pequeno sorriso no rosto de Bella, mas tão rápido apareceu, apagou. Então eu não sei dizer se foi apenas a minha imaginação.


Atravessei a ponte do rio Peace e parei em um hotel um pouco a frente, nem sei que cidade era aquela, eu só queria chegar logo em casa. Estacionei e, antes de eu completar a volta no carro, Bella já tinha saído dele, sem me dar nenhuma chance de abrir a porta para ela. Fiz uma careta e a acompanhei até a entrada do hotel. Deixei à humana olhando o hall daquele lugar e fui até a recepcionista.


– O restaurante esta aberto? – A garota humana dali me encarava como se tivesse um problema mental. Ela pendeu a cabeça para o lado e me olhou como se tivesse me avaliando. Evitei qualquer contato com a sua mente.

– Senhorita, por favor, o restaurante está aberto? – Fiz a minha segunda tentativa, mas ela teve tantos resultados quanto primeira. Me sobressaltei ao ouvir uma alto estralo, resultado da batida que Bella deu no pequeno balcão com o seu punho.

– Garota, o restaurante esta aberto? – Ela tinha uma voz impaciente e raivosa. Mas o que...?


A humana que trabalhava na recepção começou a balançar a cabeça afirmando descontroladamente. Os seus olhos estavam arregalados e ela se pendia para trás, tentando se distanciar de Bella.


– Vamos, Edward? – Sem me dar tempo de falar ou fazer qualquer coisa, Bella já tinha tomado a frente e estava caminhando rumo ao restaurante que ficava um pouco atrás da recepção. Dava para vê-lo logo quando se entrava no lugar.

– O que foi aquilo? – Perguntei quando me ajuntei a ela.

– Eu só estou com fome – Bella deu uma leve sacudida de ombros.

– Posso ajudá-lo? – A recepcionista do restaurante se dirigiu a mim como se Bella simplesmente não estivesse ali ou se quer existisse.

– Mesa para dois – Fui até mesmo educado.

– Dois? – Levantou as sobrancelhas sensualmente para mim. Aquilo me deu nojo.

– É, dois, ou você não sabe contar? – Bella explodiu novamente.

– Me acompanhem – A recepcionista deu um olhar de desprezo para a humana de pensamentos indecifráveis e entrou restaurante à dentro. Vi a garota ao meu lado rolar os olhos.


A mulher humana que trabalha no restaurante com certeza não foi com a nossa cara, pois o restaurante estava vazio e ela nos levou para a única mesa que ficava a centímetros da cozinha.


– Eu estava pensando em um lugar melhor – Tirei uma nota de cem do meu bolso e dei uma leve piscada. Foi como se eu tivesse colocado gasolina nela. A humana nos conduziu mais fundo no restaurante e nos mostrou uma mesa perto da janela e que teria uma boa visão do resto do restaurante.

– Obrigada – A agradeci, então puxei uma cadeira para Bella. Controlando uma gargalhada, eu vi a minha acompanhante lançar um olhar provocador para a recepcionista e se sentar. A humana lançou um olhar de fúria para Bella e saiu marchando dali.

 – Acho bom eu tomar cuidado com o meu prato, irritar as pessoas que trarão a sua comida nunca é bom. – Bella deu uma leve risada.

– É sempre assim? – Me surpreendi com a sua pergunta

– Assim o quê? – Franzi o cenho.

– Quando você sai, é sempre assim? – Ela se ajeitou na cadeira, então voltou a me encarar divertida.

– Eu não saio muito – Me esquivei da pergunta e fiquei feliz quando uma garçonete veio até a nossa mesa trazer o cardápio. Ela entregou primeiro a mim, eu o peguei e alcancei para a humana na minha frente.

– Eu não vou querer nada, obrigado – Observei Bella olhar o menu.

– Ravióli de Cogumelos – Estendeu o cardápio. A garçonete o pegou sem olhar para a minha acompanhante.

– E para beber? – Eu sentia os olhos dela em mim. A jovem dos pensamentos enigmáticos levantou uma sobrancelha.

– Bella? – Eu não bebo nada a não ser sangue.

– Uma coca-cola – A garçonete deu uns rabiscos no seu caderninho e voltou a me encarar.

– Você não vai querer nada? Nada mesmo? – Notei que humana tentou deixar a voz mais lasciva, mas parecia um cachorro com dor.

– Não – Nem levantei o meu olhar, pois eu não queria correr o risco de ver o que passava na mente dela.

– Tudo bem, mas caso mude de idéia é só me chamar – Graças a algo, ela saiu dali.

– Isso foi... horrível! – Bella lançou uma olhada para algo em cima do meu ombro – Você é mal – A mais-estranha-que-o-normal-humana balançou a cabeça concordando com ela mesma. Eu franzi as sobrancelhas sem entender.

– A garota... ela, você sabe, ela deve estar hipervelitando a essa hora – Eu deixo os humanos assim? Mas então por que Bella também não fica desse jeito?

– Ei, eu me esqueci de perguntar antes, mas o que você estava fazendo no Alaska? – A minha acompanhante me fez esquecer as minhas indagações anteriores.

– Eu só queria ficar um pouco afastado do mundo – Eliminei a parte em que um dos motivos era ela.

– É, eu sei o que é isso. – Eu senti um pequeno tom de tristeza na voz dela. O que Bella passou para ser assim? Ela, às vezes, parece tão triste e então, essa tristeza desaparece, como se já fosse treinada a guardá-la dentro de si.

– Bella, você... – Comecei a indagá-la, até que fui interrompido.

– Aqui – A garçonete novamente se intrometeu. Deixou o prato na frente de Bella e então encheu os copos que tinha trazido.

– Você, realmente, não quer nada? – Por que essa praga de humana não explode?! Ela é retardada, é?

– Não, obrigado – Controlei a minha voz.

– Se você mudar de idéia é só me chamar – Felizmente, ela foi embora.


Observei com um interesse divertido Bella encarar o seu prato e então, hesitante, levar um pequeno pedaço daquela comida até a sua boca. Mastigou devagar, perguntando para o seu cérebro se gostava do gosto ou não, creio que a resposta fora positiva, pois logo ela estava se servindo de mais.


– Por favor, – A humana mantia a cabeça abaixada – Pare de me olhar comendo. É constrangedor –

– Me desculpe – Falei apressado, então mirei o meu olhar para a janela. Observei que Bella ainda estava tensa. Tomei uma decisão rápida.

– Eu vou fazer uma rápida ligação para a minha família e já volto. Tudo bem? – Aquilo foi à primeira coisa que veio até a minha cabeça.

– Claro – A vi relaxar na cadeira


Me levantei sem rodeios e me dirigi para fora do restaurante que já começava a se encher. Eu iria até o hall, mas a visão da recepcionista ali me fez mudar de idéia, então me dirigi para fora do hotel. Sem saber o que fazer direito, eu peguei o meu celular e, antes que eu conseguisse me refrear, liguei para a minha casa.


– Oi, Ed – A voz da baixinha soou no segundo toque.

– Oi, Alice. Eu só liguei para avisar... –

– Que você esta voltando, é eu sei. Ela é linda, não é? – A anãzinha me interrompeu

– Alice... – A repreendi.

– Ta bom, Ed. Eu vou avisar a mamãe... maninho, você tinha que ver o estado de nervos que ela ficou quando você saiu – E a tagarelice da baixinha começa...

– Tchau, Alice –

– Tchau. Ah, conte até vinte antes de entrar, assim Bella vai ter tempo... – Desliguei.


Contrariado, eu contei até vinte e então entrei. Passei pela a recepcionista sem que ela me notasse e me dirigi a Bella. O seu refrigerante estava pela a metade e o seu prato estava quase no fim.


– Demorei? – Me sentei na frente dela.

– Não – Deu uma última garfada então limpou a sua boca com o guardanapo. Olhando para fora, bebeu o resto do seu refrigerante

– Acabei – Anunciou repousando o seu copo.

– Tem certeza? – Fiquei preocupado. Nossa viagem tinha sido longa e teríamos ainda um enorme pedaço a percorrer.

– Eu creio que sim – Balançou a cabeça.


Ergui a mão chamando a garçonete que não se mancava.


– Por favor, guarde a nota – Bella se levantou – Com licença, eu vou ao toalete – Empurrou a sua cadeira e caminhou para a direção oposta a que eu estava sentado. A observei dar uns passos, mas então tive que desviar o olhar quando a garçonete chegou.

– Mudou de idéia? – Ela mordeu os lábios, feliz em ver que Bella não estava ali.

– A conta, por favor – Eu queria ser breve.

– Aqui – Me estendeu um pequeno caderno. O peguei, evitando tocá-la, olhei o preço e depositei uma nota 2 vezes a mais do valor total.

– Já trago o seu troco – A garçonete deu um sorriso que, creio eu, deveria ser sexy.

– Pode ficar com ele – Me levantei e a contornei. Controlando a minha expressão de nojo, eu fui esperar Bella no hall. Pelo o menos, a humana que trabalhava lá não falava.


Esperei exatamente 13 minutos olhando a mesa em que eu estava sentado antes e dando voltas no mesmo lugar. Por que ela está demorando tanto? Isso é normal dos humanos? A garota dali me olhava quase babando no seu balcão.


– Está... está procurando a moça que veio junto com você? – Olhei para o local onde a hesitante e fraca voz vinha. Levantei uma sobrancelha quando vi que era a recepcionista.

– Sim – Ela parecia que iria se derreter só por ter escutado a minha voz. Patético.

– Ela...ela saiu a 15 minutos – Sua voz saiu um pouco mais forte. Espera...

– O que? – Eu acho que não entendi direito.

– Ela não tem cabelos castanhos e esta usando uma blusa de mangas comprida preta e jeans? – A humana apertava as suas mãos em cima do balcão. Assenti me inclinado para frente.

– Então, ela saiu faz uns quinze minu... – Antes que ela terminasse, eu já estava fora do hotel.


Inferno! O que Bella esta pensando? Cadê ela? Sem perder tempo, eu fui até o meu carro. Mas garota dos pensamentos indecifráveis não estava lá. Girei em torno de mim tentando imaginar para que direção ela tivesse ido. O que Bella tem na cabeça? Por que saiu do restaurante?


E, céus, onde ela está?



POV/ BELLA


Enquanto eu caminhava pelas as pequenas ruas daquela cidade fingindo ser guiada, o meu trajeto com Edward voltava a minha cabeça. As perguntas que ele fazia para mim tinham um ‘q’ de preocupação, isso e algo que eu vi nos olhos dele me fizeram ter confiança naquele vampiro de cabelos acobreados. Não sei se foi o certo, mas eu contei para ele as minhas dúvidas sobre o novo professor de biologia. O novo professor... fora ele quem me trouxe até aqui? Será que ele me viu invadindo a sua casa e fez isso como uma lição? Eu tenho quase certeza que sim.


Ele é forte, rápido e, odeio admitir isso, talvez mais poderoso que eu.


O cara simplesmente me apagou e trouxe-me até outro estado. Tudo sem eu ter a mínima chance de resistir. E se Edward não tivesse aparecido, como seria tudo? Eu devia uma ao vampiro leitor de mentes. Então nossa conversa acaba e eu pego no sono. Como eu me odeio por isso. Eu não sonho, eu tenho pesadelos. Claro que eu teria pesadelos, por que algo seria bom para mim? O diferencial para eu era que os meus pesadelos eram apenas lembranças vívidas.



Flashback


Eu dormia no meu pequeno quarto, claro que não tranquilamente, eu tinha sido criada para sempre estar atenta a tudo. A minha simples roupa já estava em mim, os meus sapatos também, o meu cabelo, embora desconfortável, estava preso em um alto rabo de cavalo. Pronta para a guerra: é assim que eu estou.

E as minhas precauções hoje foram recompensadas.

Escutei passos no corredor, eles eram cautelosos e silenciosos. Com o meu coração acelerado, eu saltei da minha cama sem fazer barulho algum, arrumei a minha coberta como se eu realmente estivesse ali em baixo e fui para o canto parede, lugar esse que ficaria atrás da porta depois da mesma aberta. Olhei em volta e encontrei nada que eu pudesse fazer de arma. Aquilo teria de ser feito com os meus próprios punhos.

Me preparei para o ataque. A porta, com trancas automáticas, abertas apenas com complicadas senhas, abriu-se sem ruídos. Observei um soldado se infiltrar no meu precário quarto e se dirigir, com uma sofisticada arma em punho, para a minha cama. Ele estava de costas para mim. Aquela era a minha única chance. Pulei nas costas dele, tampei a sua boca com uma mão e, como a ajuda da outra, girei o seu pescoço em um angulo inumano. Saltei das costas do homem e, mesmo ele sendo o dobro do meu tamanho, amorteci a sua queda.

Escutando mais passos no corredor, eu arrastei aquele soldado até a minha cama, tirei a arma dele passando a sua alça pela a sua cabeça, o ergui com um pouco de esforço e o ajeitei lá. Como dava para ver de longe que aquela coisa enorme não era eu, dobrei os joelhos dele até a sua barriga e então o cobri com o meu cobertor. Ajeitei a futurística arma nas minhas pequenas mãos e fui para o meu esconderijo.

O novo soldado deve ter notado que algo estava errado quando viu a porta do meu quarto aberta, ele entrou no pequeno lugar agarrando o seu radio comunicador. O homem também se dirigiu até a minha cama e, antes de ele perceber que não era a arma X – 4.863, eu segurei a minha proteção como se fosse um taco e então girei na cabeça dele. Para o meu desespero, ele só levou a mão para lá e começou a se virar. Sem perder tempo, eu bati novamente com muito mais força.

Dessa vez funcionou.

O arrastei para a parte escura do quarto e, por não ter escutado mais passos, sai dali. Mal pisei na luz dos corredores e a visão do meu instrutor me golpeou. Sentindo a adrenalina me invadir, eu tentei engatilhar a minha arma, mas antes que eu conseguisse fazer o que eu queria, algo picou o meu ombro. Levei a mão para lá e arranquei seja lá o que for.

Meus olhos se arregalaram quando vi que era um dardo.

A última coisa que eu vi foi o meu professor, com o seu rosto destruído por uma cicatriz, sem expressão alguma. Acordei sendo levemente sacudida, olhei em volta e me desesperei quando me vi sendo levada por dois soldados, um segurava os meus pés e o outro agarrava os meus pulsos. Me debati tendo me soltar, porem tive sucesso nenhum.

– Parem! Por favor, parem! – Apelei. Eu odiava implorar, mas que escolha eu tinha? Girei a minha cabeça tentando saber para onde estavam me levando, entretanto, a única coisa que eu vi foi um homem de jaleco e os dois soldados. Olhei para o céu, pela a posição da lua, deveria ser 1:00 da madrugada. O vento gelado brincava com os meus cabelos.

O meu medo não me deixou sentir frio.

Segundos depois e eu vi para onde estava sendo levada. O lago da base se aproximada de mim desesperadamente, a sua aparência suja e o mato ao redor dele me descontrolou. Além das águas sujas e escuras, o que teria ali dentro?

– NÃO! ME SOLTEM! – Berrei apavorada – Por favor, me soltem! – Novamente, comecei a me debater. Nós finalmente paramos, eles me puseram a força de pé, um soldado prendeu as minhas mãos para trás enquanto o outro me amarrava com pesadas correntes de aço. O cara de jaleco se aproximou de mim e pôs a sua mão no meu ombro.

– Você só terá que se soltar das correntes – Soltei um soluço sem conseguir me controlar e, infantilmente, tentei me afastar dele.

O ultimo cadeado foi preso, com um estralo, na altura do meu pescoço.

– Por favor – Murmurei sentindo lágrimas se ajuntarem nos meus olhos. Dando um pequeno salto, me virei para eles, mas antes que eu pudesse implorar novamente, um chute acertou a minha barriga me mandando para dentro do lago.

Sentindo as escuras águas me aplacarem, a única coisa que eu conseguia pensar era no meu tirano professor me chutando.


Fim Flashback



Eu não consegui me soltar e aquela foi uma das vezes que eu morri. O elemento água me ressuscitou e, até hoje, vive dentro de mim. Quando eu finalmente acordei daquele sonho maldito, lembro de ver um imponente tigre da montanha, ele tinha olhos duros e inteligentes, e a sua luminosidade prata tomava conta de tudo. Era a alma de alguém. Depois de voltar ao ‘normal’ eu percebi que era o espírito de Edward que eu estava vendo. Sem revelar nada, eu apenas pedi para ele nunca contar aquilo para ninguém. Pelo o tom de voz do vampiro, eu acho que o ele cumprirá a sua promessa.


Não sabia o que pensar quando ele propôs para eu jantar e descansar. O vamp estava preocupado comigo, ou só estava tendo manter as aparências? Resolvi, primeiro, apontar para a sua falha. A resposta dele foi evasiva, mas me deixou surpresa. Ele estava preo... É claro que não! Você, às vezes, imagina demais. – Percebeu o carinho da minha mente? Expliquei para Edward que eu não tinha trazido dinheiro e me senti ofendida quando ele se ofereceu para pagar. Eu sempre me virei sozinha, então quem ele acha que é para querer mudar isso?!


A sua proposta para eu pagar ele depois e a minha barriga roncando me fizeram, relutantemente, aceitar. É claro que eu quitaria a minha divida depois, eu sei que ele não vai querer o meu dinheiro, mas quem disse que eu ligo? Paramos em um pequeno hotel, eu tinha acabado de abrir a porta quando percebi no que eu estava agarrada, um pouco assustada, eu joguei o casaco do Edward no banco do motorista. Quando ele veio parar em mim?


Deixando aquele assunto para depois, eu acompanhei o vampiro leitor de mentes até o hall do hotel. Fingi observar a precária estrutura dali enquanto Edward conversava com uma humana. A expressão zumbi retardada dela me irritou. Acabei logo com aquele ‘enrolê’ e tomei a frente para o restaurante. Cara, eu estou morrendo fome e ela, sem um pingo de noção, me atrasa daquela maneira? É ou não para se estressar?


Quando eu pensei que aquilo havia passado, a fase dois do joguinho: E ai, vamp? Quer transar comigo?, começa. A garçonete, fase três do joguinho, praticamente tinha uma placa na testa escrita: Hallo... eu quero dar! Ela me deu nojo. Sim, eu sabia que não era culpa inteiramente delas, vampiros foram criados para atrair seres humanos, e não era nada mais do que o normal isso acontecer. Mesmo assim... urgh!


Depois de chegar o meu prato, eu avancei mais faminta do que eu imaginava para cima dele. Na segunda garfada, eu percebi que Edward estava me olhando comer. Aquilo era horrível. Expus isso e, me deixando mais a vontade, o vamp deu uma saída. Graças à perda dos meus poderes, eu não pude escutar o que ele foi fazer e muito menos o ver chegar. Decidindo que eu não tomaria mais tempo, eu bebi os meus últimos goles do meu refrigerante.


Foi ai que eu vi ele.


Richard O’Neill – O cara era procurado pela a América do Norte inteira. Os seus crimes, que contam desde assaltos a estupros e assassinato eram conhecidos por todos. Mas ali estava ele, andando tranquilamente pelas aquelas calmas ruas, provavelmente procurando a sua próxima vitima. Controlando a minha raiva, eu menti para Edward falando que iria para o banheiro.


Aproveitando a sua distração, sai do hotel sem ele me notar. Me odiei pela a recepcionista ter me visto passar. Deixando aquilo para ultimo plano, eu comecei a andar uns metros distantes daquele cara. Fingi ficar assustada quando ele me viu e, agindo como uma verdadeira humana, eu mudei de rua atraindo a sua atenção.


Estava feito: eu seria a próxima vitima.



POV/ NARRADOR


Enquanto a jovem Bella era conduzida até uma viela sem saída, o vampiro Edward seguia, desesperadamente, o cheiro dela.


Edward nunca fora muito bom em se guiar apenas pelo o seu faro, mas ao sentir o cheiro de outro humano, tão fresco quanto o de Bella e no mesmo caminho, ele aprimorou esse dom de um tanto, que conseguiu cobrir o mesmo caminho feito pela a foragida e o seu criminoso em um terço do tempo original.  A Arma X correu até o fim da rua onde estava e se encostou à parede com uma falsa expressão apavorada, em seu campo de visão, o criminoso seguia, lentamente, até ela.


O vampiro de cabelos acobreados depois de sentir o cheiro da garota mais forte, contou os segundos para logo poder chegar até ela, entrementes, Bella também contava os segundos para Richard chegar perto o suficiente. A foragida não se contia de vontade de matar aquele homem horrendo, mas ela jurava para si mesma que se controlaria e o jogaria na frente de um posto policial mais próximo. Ele pagaria, sofrendo aos poucos, tudo o que fez. Swan tinha certeza que ele rezaria para o dia da sua execução chegar.


Ela sabia que teria que contar apenas com a sua experiência em lutas, pois os seus poderes, infelizmente, ainda não tinham voltado. A Arma X sentiu tanto nojo da voz do criminoso que não se controlou, então, para a surpresa e desespero dele, a foragida aplicou-lhe um soco certeiro no seu nariz. Sentindo o sangue guinchar do lugar ferido, ele nem percebeu como chegou o próximo. Richard perdeu todo o ar quando sentiu a pequena mão, em forma de punho, se afundando na sua barriga.


Edward finalmente chegou até onde o cheiro de Bella estava maior. Ele não sabia o que fazer quando viu a Arma X – 4.863 se esquivar de um débil soco e então proferir um chute nas costelas do humano.


– Tampe o nariz! – A foragida gritou dando uma rápida desviada de olhar para Edward. Ela sabia que ele acabaria a encontrando, só não pensou que seria tão rápido.


Richard, com a sua verdadeira expressão de maníaco, aproveitando a situação, tirou um pequeno canivete do bolso e, o agarrando firme, ele se lançou para cima de Bella. Ela se desviava com destreza, mas novamente se distraiu com a presença de Edward, então, não saindo do caminho a tempo, a pequena lamina rasgou a sua blusa e penetrou fundo no seu ombro.


A foragida explodiu. Ela pegou a mão do criminoso que estava com a arma e, ao mesmo tempo, agarrou o pescoço do mesmo. Bella o conduzia, a passos rígidos, até a parede. Sem piedade, ela bateu a cabeça dele no concreto até fazê-lo apagar de vez. Enquanto isso, Edward se apoiava na parede lateral tentando se controlar. Que aroma é esse?! – Pensava com a garganta pegando fogo. Sabia que o cheiro vinha de Bella e por isso, e só por isso, ele tentava controlar o seu maligno monstro interior que o impelia para beber cada gota do sangue dela.


Vamos, experimente só uma gota – A voz suave e persuasiva do monstro dizia. Edward caiu de joelhos no sujo chão apertando o próprio pescoço.


Bella largou o bandido, o qual desceu deslizando pelas as sujas paredes e então parou em um angulo estranho no também imundo chão, e foi até Edward. Ela sabia que algo estava errado. Enquanto corria até ele, a foragida rasgou o resto da sua manga e então amarrou no seu ombro, usando apenas a sua mão esquerda e os dentes. Sabia que aquilo faria somente um estancamento provisório, mas ela não podia perder tempo se preocupando com isso.


– Edward! – Se ajoelhou ao lado dele, mas isso pareceu piorar. O vampiro leitor de mentes estava fazendo o que ela tinha pedido: prendendo a respiração. Entretanto, o estrago já estava feito, o cheiro já estava gravado, o pequeno delírio do gosto dele já estava instalado no fundo da sua garganta. Mas ele precisava de mais, ele precisava não apenas do cheiro. Edward precisava do sangue.


Ele queira berrar para ela sair dali, mas não tinha ar o suficiente. Ela esta do seu lado, você não terá outra oportunidade dessas – Seu perverso monstro sussurrava para o vampiro. Porém, Edward se recusava a fazer aquilo, mas doía... E como doía.


– Edward, olhe para mim! – Bella pegou o rosto do vampiro e, contra a vontade dele, o forçou a encarar-la. – Pelo o que você vive? Você pode viver para ser um monstro... Mas você também pode viver para ser o vampiro que ajudou uma humana desconhecida, o vampiro que abriu a porta para ela, o vampiro que a tirou de um pesadelo, o vampiro que se preocupou com ela. – A voz da foragida era como a voz de uma mãe falando com o seu filho que insiste em cometer os mesmo erros. Edward já havia largado a garganta e olhava-a hipnotizado. – A decisão é sua – As palavras de Bella ecoavam nos ouvidos do vampiro.


Mas não seria tão fácil vencer o seu monstro, disso ele tinha certeza.



POV/ EDWARD


Eu não sabia que lugar era aquele, mas ele me parecia familiar. Com um susto eu percebi que fora aqui onde eu matei o meu primeiro humano.

– Isso mesmo, e você lembra o quão foi bom? – Uma versão mais alta, mais musculosa e mais bonita de mim saiu das sombras. Sem me controlar, eu dei um passo para trás. – É claro que lembra – Sua voz era um mistura de algo que eu sabia que era perigo, mas ao mesmo tempo convidativa.

Os olhos cor de rubi dele brilhavam no escuro.

– Foi tão fácil! Ele correu, mas em milésimos de segundos nós o alcançamos. Eu queria brincar mais um pouquinho, mas você ainda era apavorado demais, então só estraçalhamos a garganta dele. E quanto sangue aquele humano tinha, parecia até uma cascata! – Ele deu uma risada sinistra e sensual, então começou a andar em volta de mim.

– Lembra-se do gosto? O humano estava um pouco bêbado, mas mesmo assim... – Agora o outro Edward estava rodeado as minhas costas, fazendo um esforço supremo, eu continuei a olhar para o nada na minha frente.

– E todos aqueles outros humanos... Ah! A nossa vida era muito boa, mas então acabou. Puft! De uma hora para outra. E desde então eu tento te convencer a se unir a mim novamente – Agora ele estava na minha frente, de súbito parou e se virou para mim.

– Mate-a! – Sua voz antes era divertida, mas agora tinha um tom de comando e de raiva.

– Não – O meu ‘não’ foi fraco e débil. A batalha estava perdida... nós dois sabíamos disso, mas eu era teimoso demais para aceitar.

– Ninguém vai sentir falta dela! E o aroma... Ah! O aroma – Respirou profundamente como se realmente pudesse senti-lo. – Pense nos maravilhosos gostos dos humanos que matamos – Sem permissão, todos aqueles humanos que eu matei, os quais eu bloqueava na minha mente, voltaram. Em desespero, coloquei as minhas mãos na minha cabeça. – Agora saiba que eles eram nada... Nada! Absolutamente nada perto do gosto dela. Vamos, a humana esta do seu lado, será muito fácil. Podemos quebrar o pescoço dela antes, assim ela não sentira nada, caso você esteja com pena... Edward, por que você não a mata? – As palavras dele me fizeram sentir nojo de mim mesmo. Eu era aquilo?

Não, eu não era.

– Porque eu não sou um monstro – Ergui a minha cabeça e fiz como que a minha voz saísse firme e enojada. Agora foi ele quem deu um passo para trás. O sorriso do outro Edward se apagou por um instante, contudo, logo estava de volta.

– Pare de mentir para si mesmo! Você quer mais do que tudo o sangue dela. – Levantou a sobrancelha como se me desafiasse a contradizê-lo.

– Sim, eu quero – Continuei firme. Eu não iria cair no joguinho dele.

– Então por que não o prova? – A sua expressão estava surpresa.

– Porque é errado – O belo rosto dele se fechou.

– Errado... Errado!... ERRADO! – Explodiu, mas eu permaneci no mesmo lugar, observando, calmamente, o outro vampiro. – Errado para quem? Quando éramos somente nós dois não havia o errado. Nós éramos livres... livres para fazer o que quiséssemos. – Se acalmou e aquele sorriso irritante voltou. – Se junte a mim e teremos tudo àquilo de novo – Sua mão se estendeu para mim.

A encarei por um bom tempo. Como um dia eu pude ser daquela maneira? Como eu pude ser algo tão cruel e digno de pena?

– Não – Ergui a minha cabeça e os meus olhos dourados encontraram os vermelhos dele. – Eu não serei um monstro novamente – Avancei para cima do meu diferente eu – Agora eu sou livre, eu tenho uma família, eu tenho uma vida... Eu tenho honra! – Vi ele se encolher em frente dos meus olhos, ou seria eu crescendo? – Eu vivo pela a vida, enquanto você vive pela a morte. Você foi um erro meu, mas nunca mais será! – Me abaixei e o agarrei pelo o pescoço. Quase magicamente, uma grande jaula se materializou na minha frente. Sem hesitar, joguei-o lá dentro. Tranquei a porta com um cadeado que também tinha aparecido do nada.

– Eu estarei a aqui. Você sabe que sangue de animais nunca irá sustentá-lo. Então eu me reerguerei. – O outro Edward falava escondido nas sombras do canto mais afastado de mim.

– Nunca – Cheguei perto das grades e praticamente cuspi nele.

Mas rápido do que os meus olhos poderiam acompanhar, o meu outro eu se levantou de um pulo e se aproximou de mim – É o que veremos – Então, antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele encostou o seu longo e pálido dedo na minha testa.

A escuridão se abateu na minha mente.

– Edward! – Uma voz berrava a centímetros de mim enquanto eu sentia ser balançado para frente e para trás. Fiquei momentaneamente perdido.


Até que encontrei um par de olhos castanhos como chocolate. Eles estavam desesperados.


– Bella? O que houve? – Tentado fazer tudo a minha volta parar de rodar, coloquei uma mão na minha cabeça. Eu sentia falta de alguma coisa; o que era? Não faço idéia. Enquanto a minha mente vagava, eu senti braços me rodeando, de tão surpreso que fiquei, não me movi.


Um estranho, mas aconchegante calor tomou conta de mim.


– Você simplesmente apagou – O tom de Bella agora estava aliviado e não desesperado como antes. O pescoço daquela estranha humana estava a centímetros da minha boca, então percebi que era da costumeira ardência dentro da minha garganta que eu estava sentindo falta.


 Se não fosse o forte coração pulsante dela batendo contra o meu peito, eu poderia confundi-la com Esme ou Alice de tão reconfortante e natural que era. Claro que o seu aroma ainda estava ali, o seu doce aroma. De súbito, Bella tirou os seus braços de volta de mim, parecia que ela tinha se dado conta do que estava fazendo. Senti como se estivesse faltando algo depois que aquele gostoso calor se afastou.


– Temos que levá-lo para uma delegacia – Começou a se levantar envergonhada. Então as dúvidas se explodiram dentro da minha cabeça, sem conseguir me conter, agarrei o braço dela. Bella lançou-me um olhar assustado e se agachou novamente ao meu lado.

– Você sabe o que eu sou? – Não desviei os meus olhos daquelas orbes castanhas. A humana dos pensamentos misteriosos deu uma rápida e forte assentida de cabeça. Larguei o seu braço como se tivesse levado um choque.

– E mesmo assim você entrou em um carro comigo e até adormeceu ao meu lado! – Eu estava em choque. Nem sabia o que mais me perturbava: se era ela saber o meu mais profundo segredo ou se era ela saber disso e mesmo assim não ter um pingo de auto-preservação.

– Eu não sou o que aparento ser – Sem outro comentário, ela ficou de pé e estendeu uma mão para mim. Apenas a olhei. Como assim ‘não sou o que aparento ser’?

– Por favor, vamos falar disso depois, agora precisamos levar o desgraçado ali – Apontou para trás – Para algum posto policial – Percebi que eu nunca arrancaria respostas dela antes disso. Eu poderia me levantar sem a ajuda da humana, mas resolvi aceita-la como se fosse uma forma de pacto: Eu ajudo, ela me conta.


Caminhei até o moribundo e fiz menção de fazer outras perguntas para Bella assim que o vi amarrado por uma enorme corda. De onde ela veio?!


– Depois – Com se estivesse lendo os meus pensamentos, a estranha humana antecipou a resposta para a minha pergunta. Acenei derrotado e peguei o sujeito nos braços como se ele fosse uma simples pluma. Havia um fino filete de sangue descendo da sua testa, então o mantive o mais longe o possível do meu corpo.

– Posso, ao menos, saber quem ele é? – Perguntei irônico para Bella. Ela rolou os olhos.

– Esse é Richard O’Neill – A humana lançou um olhar de desprezo para ele.

– O estuprador assassino? – Voltei a olhar o rosto daquele homem e, quase que automaticamente, lembrei de Carlisle comentar sobre ele e alguma ou outra matéria na televisão.

– O próprio – Outro olhar, agora de raiva e nojo. Decidi não fazer mais perguntas ou comentários.


Caminhamos em silêncio até o meu carro. Era tarde, mas, mesmo assim, tomamos cuidados para não aparecermos. Isso só nos atrasaria.


Equilibrando o criminoso em uma só mão, eu tirei a minha chave do meu bolso e joguei para ela. Meus olhos se estreitaram assim que Bella a pegou no ar com extrema agilidade. O que essa humana esta escondendo? Sem ter uma resposta para a minha dúvida interna, a vi abrindo o porta-malas, então, sem piedade alguma, joguei-o lá dentro. Fechei a porta com um baque. Meio desnorteado, eu percebi que Bella não estava mais ali. Pensativo, eu novamente estreitei os olhos percebendo que ela já estava sentada no banco do carona.


Como ela chegou até ali tão rápido? Por que eu não escutei barulho algum? Inferno! Tentando segurar por mais alguns minutos as minhas dúvidas, eu me dirigi à porta do motorista. Me acomodei no banco e, com um rápido olhar, percebi ela colocar a chave na ignição. Um simples borrão. Se eu não tivesse concentrado nela, eu, com certeza, pensaria que a minha chave estaria ali o tempo todo.


Vasculhei a minha mente até se lembrar onde ficava a delegacia mais próxima. Como um mapa, a minha mente desenhou o percurso, e então, mergulhados em um silêncio tenso, comecei a dirigir. Eu contei os segundos até chegarmos lá. Parei o meu carro rente ao meio-fio, com uma ponta de felicidade, eu percebi que uma pequena luz provinha de dentro do pequeno posto policial.


Bella desceu do carro sem cerimônias e foi logo para o porta-malas, comprimindo os lábios, eu retirei a chave e fui até ela. Permiti a visão do criminoso desacordado e, mais uma vez desnorteado, olhei a humana tocar as cordas e então elas sumirem como se nunca tivessem existido. Minha boca automaticamente se abriu. Mas Bella foi mais rápida.


– Por favor, deixe as perguntas para depois. – Controlei a minha expressão, mesmo tendo várias dúvidas sobre a minha sanidade rodando por todo o meu ser – Deixe o motor ligado e as portas abertas – Franzindo as sobrancelhas, fiz o que me foi pedido. Rapidamente voltei para o seu lado.

– Agora faça exatamente isso: leve-o até a porta e então deixe o resto comigo – A voz de Bella tinha um tom de comando que qualquer oficial invejaria. Sem saber ao certo o que ela planejava, tirei o ainda inanimado corpo de dentro do meu carro e, sem hesitar, acompanhei a humana até a porta da delegacia.

– Solte o corpo dele – Me agachei e o deitei no chão, a minha vontade era de simplesmente largá-lo, mas acho que com o pescoço quebrado ele não poderia ter o julgamento que merecia.

– Espere aqui fora que eu já volto – Me deixando na escuridão das ruas com um moribundo homem criminoso e um motor de carro ligado, Bella entrou porta à dentro.


“Por favor!” – Escutei a voz da humana como se ela estivesse ao meu lado, o seu tom mostrava medo e desespero.

“O que houve? Sente-se aqui” – Uma forte e máscula voz atendeu Bella. Ele estava visivelmente tentado acalmá-la.

“Eu... – Um soluço – Eu estava voltando do meu trabalho quando um cara... – Uma fungada – Um cara me agarrou. – Uma pequena pausa – Ele começou a me arrastar até que outro cara apareceu. Eles... – Uma série de soluços – Eles começaram a lutar. Eu queria... eu juro que queria fazer alguma coisa. Mas eu estava tão apavorada! – Um assou de nariz – Eu não vi como, mas o cara que me agarrou caiu desmaiado”. – Bella parou a sua narrativa como se não conseguisse mais prosseguir. Cara, ela poderia ser uma atriz.

“O que houve, então?” – O homem, certamente um policial, a incitou a continuar.

“Nós o trouxemos até aqui” – A humana tinha uma voz quebrada.

“O que? Ele está ali fora?!” – Uma movimentação, provavelmente o humano se levantando.


Passos ecoaram ficando cada vez mais próximos de mim. Rapidamente, Bella e o policial apareceram na porta. O humano me deu uma rápida olhada e então se ajoelhou ao lado do criminoso desgraçado. Os seus olhos se arregalaram quando ele percebeu de quem se tratava. – Eu... Eu preciso de um depoimento dos dois – O policial se agachou e pegou o assassino no colo com uma forte expressão de nojo. Bella deve ter afetado o cérebro do cara, pois ele até agora não acordou.


Pensando em Bella, olhei para ela como se pedisse: E agora? A humana desviou rapidamente os olhos para os humanos e então os voltou para o meu rosto. Novamente me surpreendendo, Bella correu até a mim e circulou os seus braços em volta da minha cintura e começou a se sacudir como se soluçasse desesperadamente. Olhei para a humana sem entender nada, foi quando ela voltou a sua cabeça para cima e piscou para mim.


Foi impossível não entender dessa vez.


Sem perder tempo, comecei a afagar as suas costas com uma mão enquanto a outra fazia carinho nos castanhos cabelos de Bella. Ergui a minha cabeça e olhei para o policial que nos observava ainda com o criminoso no colo. Lancei um olhar de pena para a humana e voltei os olhos para ele. – Já entramos – Falei por cima dos soluços de Bella. O humano lançou um olhar de compaixão para a garota nos meus braços e se virou para entrar na delegacia.


No terceiro passo dele, Bella se separou de mim e agarrou a minha mão, rebocando-me até o meu carro.


Fechamos as nossas portas quase em sincronia e, sem a minha mente processar tudo direito, eu pisei no acelerador. Não ousei olhar para trás. A humana arfava ao meu lado até que, inesperadamente, explodiu em uma gargalhada nervosa.


– Se um dia as coisas se ajeitarem, eu serei atriz – Ela assentia para si mesma. Uma risada escapou de mim contra a minha vontade.


O estranho foi quando o riso cessou.


– Vai me falar agora? – Minha curiosidade não me deixou ser menos direto. Bella ficou em silêncio como se travasse uma briga interna. Eu estava pronto para repetir a minha pergunta quando ela virou se supetão para mim. A humana misteriosa se aproximou atravessando a linha de espaço individual. Sua delicada mão se ergueu e repousou no meu rosto. Dúvidas internas sobre mim e ela assolaram todo o meu consciente.

– Desculpe – Pelo o que? Eu quis perguntar, mas estava hipnotizado pelos os seus olhos. O que você está fazendo? O que você é? Por que está se desculpando? O que raios está pensando?!


Minhas perguntas foram apagadas por uma escuridão. Por segundos eu senti nada, absolutamente nada.


Abri os meus olhos e vi Bella deitada no banco do motorista. Seus olhos estavam fechados e a sua respiração era leve e ritmada, tudo mostrando que ela estava dormindo. Olhei para o banco de trás e agarrei o meu casaco que tinha jogado ali antes, peguei-o e coloquei em cima dela.


Depois de sairmos do restaurante, ela apenas insistiu em me fazer falar de quanto fora à conta. De mau agrado, eu disse. Bella também se ofereceu para dirigir, mas depois de breves desculpas de que eu ainda não estava cansado, a humana se virou e agora provavelmente está sonhando. Estranhei ainda estarmos tão atrasados em relação à estrada. Ficamos o que... 30 minutos dentro do restaurante? Depois disso apenas seguimos viagem. Eu devo estar andando muito devagar. Pelos os meus novos cálculos, eu teria um horário apertado, mas conseguiria chegar a Forks sem revelar o monstro que sou.


Suspirei e olhei para as estrelas. Outro dia se foi, mais um para a minha cruel eternidade.



POV/ BELLA


 Fingindo dormir, eu sofria.


Aquela era a segunda vez que eu apagava a mente dele e colocava informações falsas. Na pobre cabeça do vampiro ao meu lado, se passava a estória que eu formulei de última hora: eu jantei, discutimos por causa da conta, ele me revelou o preço, me ofereci para dirigir, ele me deu uma desculpa e então eu virei para o lado e agora estou aparentemente dormindo.


Eu sabia que aquilo era o melhor, mas então por que eu me sinto tão mau? Novamente, para Edward, eu sou apenas uma humana que não sabia a sua verdadeira natureza. Verdadeira natureza... Alguma coisa aconteceu com ele depois que o vamp me encontrou, seja lá o que for, parece o ter ajudado a viver. Nenhuma lavagem cerebral apagaria aquilo, disso eu tinha certeza.


Pouco antes de ele voltar, eu senti um choque passar por mim: era os meus poderes voltando. A primeira coisa que eu fiz foi jogar um feitiço Incarcerous no desgraçado desmaiado, só por precaução. Depois foi a vez de me desesperar por ver Edward totalmente apagado ao meu lado. Ele tinha morrido? Não, isso não é possível. O misto de sentir os meus poderes voltando, de lutar com um assassino e de ver que eu poderia ter matado um ser – não diretamente – mas matado, me fez berrar de medo e angustia.


A única coisa que eu via na minha frente era a cabeça do vampiro, tão diferente de todos os outros que eu vi ou enfrentei, balançando molemente devido ao balanço que eu empunhava ao agarrar os seus ombros e sacudi-lo numa vã esperança de fazê-lo voltar. Meu queixo começou a tremer. Uma das poucas criaturas que havia sido gentil comigo estava indo embora, tudo por minha culpa. Como alguém igual a eu tem o direito de pisar na mesma terra que pisa um ser como ele? Um ser que pôde ter passado por muitas coisas ruins, mas que agora tinha uma não-vida e uma família. Lembrei da arco e das minhas flechas especiais na minha mochila. Um único comando, uma única direção ordenada, e a minha ridícula existência talvez se acabasse.


Como se estivesse repreendo a minha linha de pensamentos, o vamp acordou.


Céus, ele acordou! Não contendo a minha felicidade, eu o abracei. Tomei cuidado para não abraçá-lo como muita força, pois eu poderia quebrá-lo ao meio ali mesmo. Edward é um ser tão frágil, um ser que de alguma maneira, por mais que eu queira que não, está ligado a mim. Com um sobressalto eu percebi que ainda tinha os braços ao redor dele. Ao olhar para o belo rosto do vampiro na minha frente eu jurei para mim mesma que nunca mais tentaria ler os seus pensamentos e que, na medida do possível, eu o protegeria.


Nem que seja de si próprio.


Edward estava confuso e fazia muitas perguntas, perguntas essas que eu nunca poderia responder com sinceridade. Como forma de me esquivar dele, eu impus o desgraço moribundo entre nós. Eu sabia que não seria uma desculpa que duraria muito, mas teria que ser o suficiente. Entrando no modo estratégia, eu nos guiei a levar o criminoso para uma delegacia e sair de lá sem sermos vistos. Sim, eu poderia ter confundido a mente daquele policial, mas eu não tinha tempo. E, alem do mais, qualquer coisa envolvendo o governo me dava náuseas.


Então chegou a vez das perguntas do vampiro gentil. Apenas guiada pelas as minhas juras, eu limpei a sua mente e implantei uma estória que não o deixaria como problemas ou traria riscos. Era errado, mas, vez ou outra, o errado é o certo, por mais estranho que isso seja.


Eu escutei um suspirar e o carro parar, desistindo fingir que estava dormindo, eu levantei a cabeça para olhar em volta. Edward tinha uma cara de raiva, por um instante eu quase invadi a sua mente, mas lembrando da jura que eu fiz, resolvi saber o que estava acontecendo pelo o jeito antigo.


– O que houve? – Para melhorar a minha atuação, eu passei a mão nos meus olhos.

– São duas horas da manhã e tem um fila enorme de carro para passar pela polícia da fronteira. Pelo o pouco que eu pude entender, eles estão procurando algum criminoso foragido. –


Por estar olhando pela a janela, Edward não me pôde ver fazendo uma expressão de pânico.



POV/ NARRADOR


Se a foragida prestasse bastante a atenção a sua volta, teria visto a sombra do cara que a havia levado até o Alaska e que tinha feito uma ligação ‘anônima’ para a organização a qual trabalhava. O homem estava encostado casualmente em um grande poste de iluminação olhando, divertido, o desespero do seu alvo.


Antes ele estava como ainda mais raiva do que tinha sentido até o momento. Era para ela ter sofrido mais na neve do Alaska, era para a aberração ter sentindo uma pequena parte do que a esperava. Aquilo tinha sido apenas uma amostra do que ela ainda enfrentaria por ter entrado no caminho daquele perverso ser. Mas então lá estava ele: o vampiro maldito. Isso não estava nos seus planos, mas quando se deu conta do que iria acontecer, já era tarde de mais.


Aceitando que ela tinha muita sorte, ele aprontou outra para a foragida. Sim, a desgraçada poderia sair fácil daquela, mas o homem cruel estava se divertindo de mais para pensar em algo mais a sua altura. Foi nesse momento que ele teve a sua mais genial idéia até aquele momento.


Não ficando ali tempo o suficiente para ver como o seu alvo se sairia, ele fechou os olhos e tateou o ar até achar o lugar perfeito, depois de achá-lo, o homem o impulsionou o ossudo dedo para baixou e, diante dos seus olhos, uma fenda estava aberta. Dando uma última olhada para a tão odiada mulher, ele pisou dentro daquele outro lugar. O seu pé não encontrou o asfalto, mas sim um chão de terra. Ele terminou de atravessar aquela fenda e ela, instantaneamente, fechou atrás de si.


O homem, tranquilamente, caminhou até a sua casa.



POV/ EDWARD

   

– Vire aqui – Bella estava sentada ereta no banco, o meu casaco amontoava-se no seu colo, e apontava para a parte lateral da rodovia. O que? Ela esta brincando?

– Porque eu faria isso? – Perguntei em um tom traquilo. Ela estava dormindo até agora, então apenas deveria uma parte do tão misterioso cérebro humano pregando uma peça nela.

– Você quer chegar logo em casa, não quer? – A humana ao meu lado parecia desesperada. Como ela soube?

– É, eu quero – Franzi as sobrancelhas.

– Então vire aqui. – Por um milésimo de segundo, eu encontrei os castanhos olhos de Bella. Algo escondido ali me fez considerar o que ela pedia. Balancei a minha cabeça desviando o olhar. Eu deveria estar maluco.

– Bella, ai simplesmente não tem estrada. É impossível – Voltei a minha cabeça para a janela; cara, a fila ainda estava mais do que enorme.

– Tem sim. Eu já viajei muito por aqui e sei que exatamente aqui do lado tem um pequeno desvio. Se não acredita em mim, olhe – Se inclinou ainda mais para trás me dando uma grande visão da pequena vegetação do lado norte de Vancouver.


Não acreditando no que via, eu forcei ainda mais a minha visão super desenvolvida de vampiro. Inacreditável, mas ali realmente tinha uma pequena estrada.


– E então, acredita agora? – Bella parecia estar forçando um tom debochado, apenas aquelas poucas horas com ela, e eu já consigo saber que algo a esta preocupando.

– Vai demorar ainda mais quando a policia nos ver e então parar-nos. – Eu ainda não tinha intimidade o suficiente para perguntar o a preocupa, então resolvi mostrar outro tópico.

– São duas horas da manhã. Eu sei que isso é estranho, mas pode confiar em mim, os policiais ali não nos irão verão. – Apontou para frente. Refleti sobre o que ela dizia alguns instantes. Faltava poucas horas para o dia amanhecer, e eu teria muitos problemas.


Mas é como Ian Smuts disse: “Quando tiver dúvida, opte pelo mais atrevido”


Não acreditando no que eu estava fazendo, eu acelerei e girei o meu volante. No exato momento em que as rodas do meu carro tocaram naquele novo tipo de terreno, eu quis parar. A qualquer momento alguma sirene tocará e os oficiais humanos nos deterão.


– Não ouse parar – A voz de Bella me despertou. Olhei pelo o retrovisor e quase não acreditei quando vi que tudo estava estranhamente normal. Parecia que nós nunca tínhamos estado naquela fila.

– Apenas siga a trilha, ela logo nos levará novamente para a rodovia – A humana encostou a cabeça no banco e destravou os ombros eretos. Ela fechou os olhos e murmurou algo. Uma... oração? Não, não deve ser. Bella não faz o estilo religiosa. Céus, como eu posso afirmar isso?! Eu acabei de conhecê-la!


Suspirei e voltei os olhos à trilha, iluminada apenas pelos os faróis do meu carro, à frente.


Não demorou muito e a rodovia principal já apontava na minha frente. Voltei para ela continuei o resto do nosso caminho em solo estadunidense.



POV/ BELLA


Minha respiração finalmente havia se normalizado. A visão daqueles supostos civis andando em volta de alguns policiais me apavorou. Me apavorou porquê eles eram agentes treinados da Secrets. Um simples alongamento levando os braços unidos pelos os dedos acima da cabeça, um dedo, um simples dedo da mão esquerda erguido: vá pela a direita, que eu confiro à esquerda. Depois disso foi um fechar de olhos que levou exatamente 3 segundos: não a deixe escapar, mate-a se for necessário.


Sim, parece um absurdo, mas eu fui treinada daquela maneira. Aqueles agentes foram instruídos para ‘viver’ entre os civis, então, gestos como esses podem parecem absolutamente normais aos olhos de alguns, mas eu sabia apenas pela a postura rígida e os músculos mal escondidos que não era. Não era mesmo.


Edward, naquele momento, corria um risco até mesmo maior do que eu. Aquele pensamento de que eu havia posto outro ser nos meus problemas me encheu de raiva, raiva de mim, mas ainda mais raiva do desgraço que tinha me posto nessa confusão. Eu juro, céus, eu juro pela a minha vida, que eu pegaria o FDP que está fazendo isso comigo.


Pensando ligeiro, instrui o vampiro ao meu lado. É, eu sabia que ele não faria nada sem questionamentos, mas, naquele instante, não tinha tempo para responde-los. Sim, foi golpe baixo expor o fator horas para ele, mas que opção eu tinha? Meu plano foi até mesmo simples: comandei o elemento terra a abrir um pequeno desvio e joguei um feitiço para confundir os outros seres que nos rodeavam. Apenas, e somente apenas, depois que Edward seguiu o que eu falava e nos tirou do perigo, foi que pude finalmente relaxar.


Naquele silêncio estranho dentro do carro, eu pensei em tudo o que tinha acontecido comigo. Apertando os punhos, eu tracei uma nova meta: eu viveria apenas para cumprir as minhas promessas.


Custe o que custar.


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