A Foragida escrita por Andressa Rosa


Capítulo 5
As Coisas Mudam


Notas iniciais do capítulo

Bem gente, não tenho nada pra falar... Vamos lá!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/161249/chapter/5


Perdoar outras pessoas é fácil

O difícil é perdoar a si mesmo.

(Autor Desconhecido)

* - *



POV/ EDWARD

– Edward! – Esse já era o segundo berro que Alice dava para me chamar. Contrariado, eu me levantei do chão para me arrumar. Aonde eu vou? Para inferno dos adolescentes humanos. Os adultos chamam aquilo de colégio.


Ser um monstro imortal é uma merda, mas ser um monstro imortal com cara de adolescente é uma merda maior ainda.


Guardei o meu livro na estante em minha frente. A música que eu estava escutando eu já havia desligado, Rosalie tinha vindo no meu quarto duas vezes para reclamar dela. Chega dar vergonha morar junto de uma vampira que não tem um gosto musical decente.


Suspirei e peguei a minha muda de roupa que estava em cima do meu sofá. Alice a tinha separado ontem à noite; essa era a sua brincadeira predileta: vestir as suas bonecas que andam, falam e reclamam, e muito, com ela.


Tirei a minha camiseta e olhei para a floresta antes de vestir a outra. Forks pode ser chata, mas essa é a minha casa predileta. Ela tinha várias paredes de vidros, o que dava uma ampla visão da floresta em volta, aquilo dava uma pequena sensação de conforto, sensação essa que eu nunca senti nas outras casas que temos espalhadas pelo mundo.


Parei de pensar bobagens e terminei de trocar de roupa, vai que a pintora de rodapé vampira reclama novamente? Peguei a minha mochila que já estava pronta desde a noite anterior. Espera, quem foi que arrumou a minha mochila? Estranho, eu não lembro de ter tocado nela. Deve ter sido a Alice.


Desci as escadas com o mesmo animo de alguém que está indo para a forca.


– Se anime, Edward – Esme me abraçou pelos os ombros.

– É, Ed, você está parecendo uma criança humana indo para o maternal – É claro que Emmett não poderia perder essa.

– Vamos todos no meu carro? – Cortei a onda de zoação para cima de mim.

– Pode ser – Jasper deu de ombros.

– Beleza, eu vou pegar as minhas... – Comecei a caminhar para o porta-chaves que ficava na cozinha

– Estão aqui – A baixinha estendeu as minhas chaves.

– Obrigado, vamos? – Mudei o meu caminho e me dirigi à porta que levava até a garagem.

– Espere, Rosalie ainda não desceu – Alice rolou os olhos.

– Que pena, pois eu estou indo – Sim, eu não estava nos meus melhores dias.

– Não se atrevam a irem sem mim! – Rose gritou do andar de cima.

– Tchau, mãe. Tchau, pai – Acenei para os meus pais e fui para a garagem. Como eu disse uma vez: Rosalie que se explodisse.


Abri a porta do meu carro e, menos de dois segundos depois, Rosalie já estava acomodada no banco de trás.


– Aprenderam com se faz? – Perguntei debochado para os meus irmãos. Alice, encolhida entre o Jasper e Rosalie, soltou uma risada.

– Próxima parada: Forks Hight School! – A toquinho de amarrar jegue era a única feliz ali dentro.


Balancei a cabeça, desgostoso, e liguei o carro, esperei o portão subir e então comecei o meu caminho para a penitência diária.


 E lá vamos nós de novo – Pensei amargamente. Só espero que as coisas estejam um pouco menos entediantes e primitivas do que a 80 anos atrás. E olha que se tratando de Forks, é bem possível que continue a mesma coisa de sempre.


Mas não estavam. Com eu sei disso? Apenas por ver uma moto passando por nós a mais de 100km/h. Caramba, nós estávamos no meio da cidade! E se tivesse uma velhinha atravessando a rua? Loucura ou não, pelo o jeito, os padrões de Forks estão subindo. Aquela moto deveria custar caro, muito caro. Se eu fosse eu humano, rapidamente teria perdido ela de vista.


Emmett assoviou – Algum milionário fugindo da policia veio morar para cá ou o turismo de Forks está bem melhor. Vocês viram aquela Ducati?! – Isso não é muito frequente, mas todos nós concordamos com o ursão. Pegamos a rodovia principal e rapidamente chegamos ao colégio.


Adolescentes no ápice da puberdade: chegamos.


Quando abrimos a porta do carro, foi como se tivessem acendido refletores em nós. Todos os alunos que estavam no estacionamento nos olhavam.


– Por favor, tentem ser iguais aos humanos – Alice murmurou num tom que só nós vampiros podíamos escutar.

– Ser igual a animais selvagens... Pode deixar – Emmett fez um sinal de positivo

– Emmett... – A baixinha tinha um olhar de fúria

– Relaxa, Alice – Jasper passou o braço em torno dos ombros da pigmeu. Ela logo abriu um sorriso.


Emmett, vendo os olhares dos humanos homens para a sua vampira, também a abraçou. Que beleza, agora eu sou um único pedaço de carne para as humanas selvagens. Maravilha.


– Ei, essa não é a moto que passou por nós? – Emmett apontou para o único veiculo decente do estacionamento, tirando o meu carro, é claro.

– É – Eu confirmei. Beleza, então era um adolescente o maluco andando a mais de 100 quilômetros por hora. Que evolução!

– Vamos entrar, ainda temos de passar na coordenação – Rosalie nos despertou.


Há a historia de um profeta que abre o mar com um cajado, foi mais ou menos assim que eu me senti naquele momento: prestes a atravessar um mar de adolescentes. Emmett foi o meu cajado. O tamanho do vampiro foi o suficiente para encantar ao mesmo tempo de amedrontar os jovens dali. Eles nos abriam caminho como se fossemos as pessoas mais importantes do mundo.


Como precaução, eu fechei a minha mente para tudo e todos, me concentrei apenas nos meus desanimados pensamentos. Ninguém merece ver as fantasias que esses humanos fazem com nós dentro das suas mentes.


Finalmente chegamos à frente de uma sala que eu presumi ser minúscula. Naquele colégio chamavam aquilo de coordenação. Com um suspiro eu abri a porta, deixei os meus irmãos passarem e depois entrei.


– Ele demorará muito a chegar? – Nos deparamos com uma jovem apoiada na bancada, conversando com a secretária.

– Tenha paciência, querida – A velha senhora estava sendo até mesmo carinhosa com a garota. – Ah! – Ela nos viu – Eu posso ajudá-los? – A secretária sorriu para nós, ignorando a garota, a qual bufou e foi para o canto da sala.

– Nós somos os novos alunos, viemos aqui para pegar os nossos horários – Eu assumi a liderança.

– Ah, sim, só um segundinho – A senhora começou a procurar algo.

– Oi, tem algum Jacob ai? – Olhamos para a garota.

– Não, desculpa – Alice tomou a frente – Oi, Bella! – A baixinha fingiu que só a tinha visto agora.

– Oi, Alice – Lançou um olhar para o restante do bando.

– Ah, desculpe, esses são os meus irmãos: Jasper, Edward, Emmett e Rosalie – Alice apontou para cada um de nós. A jovem encarou o Emmett e a Rosalie abraçados e depois o Jasper e a Alice. Ela levantou as sobrancelhas.

– Somos adotados – Emmett sussurrou.

– Ah! – Balançou a cabeça, então sorriu – Eu sou Bella, a nova vizinha –

– Da onde você a conhece, Alice? – O ursão olhou para a baixinha.

– Eu fui ontem de noite à sua casa, mas eu acho que você e a sua namorada estava reformando o quarto – A garota respondeu pela a Alice. Então era ela a motorista da moto! Emmett sorriu sacana, Rose parecia um pouco envergonhada. Cara, eu nunca tinha visto Rosalie envergonhada. Essa jovem já tem pontos positivos comigo.

– Aqui – A secretária pigarreou – Vocês querem que eu chame alguém para lhes mostrarem o colégio? –

– Não, muito obrigado – Sorri para a senhora e peguei os papeis que ela havia deixado em cima do balcão. A velha parecia hipnotizada.


Dei um aceno para a garota que olhava divertida para a outra humana e acompanhei os meus irmãos para fora da sala. Eu estava distribuindo os horários quando escutamos alguém nos chamando, olhamos para a porta da coordenação.


– Pensei que vocês nunca iriam olhar... enfim, a velha tarada me pediu para dizer para vocês que ela precisa que o seu pai ou a sua mãe venha aqui amanhã. – A jovem riu e fechou a porta.


Dei de ombros e passei a olhar os meus horários, comparei-os com os da Alice, afinal, éramos apenas nós dois que estaríamos no 3º grau, enquanto o restante estava no 4º. [N/A: Não faço a mínima idéia de como funciona os colégios lá. Me desculpem] Isso aí, um ano a mais de tortura. Percebi que teríamos somente duas aulas juntos: Espanhol e Física. Combinamos de nós encontrarmos no intervalo e depois nos separamos.


Aulas onde sabemos mais que os professores: lá vamos nós.



POV/ BELLA

Eu sabia que tinha que sair dali, mas não sabia como. Eu corria desesperadamente pelos os corredores da Secrets, se eles fossem parte de um labirinto, com certeza seria mais fácil de sair dali. Afinal, labirintos tinham saídas.

Eles estavam me alcançando.

Com as entranhas retorcidas pelo o medo, eu continuei a correr. Eu havia descoberto todo o plano alguns segundos atrás, a obrigação de Jully era me levar até a sala de experimentos. O que fariam lá? Me matariam. Eu tinha passado dos limites, eu era oficialmente uma ameaça. E ameaças para aquele país deveriam ser destruídas.

Jully é uma boa pessoa, ela foi a única que me tratou com se eu fosse um ser dentro daquela base, e o seu coração era tão bom que ela não fora capaz de fazer aquilo comigo, então me contou tudo e me ordenou a fugir. E aqui estou eu: tentando escapar.

Virei num corredor e corri desenfreadamente nele, eu estava na metade quando tive uma visão dos guardas a alguns metros de onde eu estava, eles estavam vindo pelo corredor que cortava o meu horizontalmente. Cheguei a derrapar com a parada brusca que eu dei, girei e comecei a voltar por onde eu tinha vindo.

Eu dei dois passos quando o meu caminho mais a frente foi bloqueado, ofegando eu girei. Tinha que dar tempo. Mas não deu. Eu nem tinha dado o primeiro passo quando a outra entrada foi bloqueada.

Eu estava cercada.

 Parei onde eu estava e me concentrei. “Fogo, por favor me ajude!” – Não fazia muito tempo que eu havia descoberto aquele poder, acho que apenas eu sei dele. Abri os olhos, fechei as minhas mãos em punhos e as cruzei na frente do meu peito, então com fúria eu descruzei e as abri. Em cada mão minha estava uma bola de fogo.

Foi até mesmo divertido ver aqueles soldados recuarem. O meu divertimento durou muito pouco.

– Pare! – Eu podia estar lá no inferno brincando de ciranda-cirandinha com o capeta e ainda assim eu reconheceria aquela voz de trovão.

De dentro da multidão de soldados, saiu um homem de quase dois metros de altura, com o rosto deformado por uma enorme cicatriz. Ele vinha com Jully e uma arma. Esta arma estava apontada para a cabeça da minha única amiga ali dentro.

– Solte-a! – Apontei uma bola de fogo para ele.

– Renda-se – Ele nem deu bola para a minha ameaça, ao contrario, ele destravou a arma mostrando que estava nem ai para mim.

– Fuja, Bella – Jully mexeu apenas os lábios.

Mas eu não podia fazer aquilo com ela.

Abaixei os ombro e a cabeça. “Fogo, obrigado” – As chamas sumiram das minhas mãos. Mais rápido do que eu julgava possível, eu estava rodeada. Algum soldado prendeu os meus pulsos nas minhas costas e me jogou de cara no chão. Não me importei, eu apenas olhava para aquele homem desgraçado.

E ele, olhando nos meus olhos, atirou na cabeça de Jully.

O som daquele tiro ecoava na minha cabeça enquanto eu via o corpo sem vida de Jully cair no chão. Os olhos vidrados da minha amiga me olhavam. O sangue começou a se espalhar pelo chão. Eu ofegava descontrolavelmente.

– NÃO! – Berrei. Então, tudo o que eu guardava dentro do meu ser, se desencadeou.

Um clarão me rodeava, mas parecia que eu ainda podia ver o corpo inerte de Jully no chão. Ela morreu por minha culpa. O clarão se intensificou. Fechei os olhos com força sentindo algo dentro de eu morrer. Ela morreu por minha culpa.


– Não! – Urrei sentando na minha cama.


Abracei os meus joelhos e comecei a tremer. Todos os dias eram assim, todas as noites o mesmo pesadelo. Por que ainda era tão real? Por que ela foi me avisar? Se tivesse apenas seguido as ordens, ela ainda estaria viva. Mas não está – Minha consciência foi cruel. Com as pernas tremendo eu me levantei e fui para o meu banheiro.


Ao entrar dentro dele, joguei boa quantidade de água no meu rosto. O que eu vi no meu espelho me deu nojo. Ela morreu por sua culpa – Ele dizia. Com um grito de dor e raiva eu soquei a mão no vidro refletor, rachando-o em vários pedaços. Ela morreu por minha culpa – Pensei enquanto olhava a minha mão, perfurada pelos cacos de vidro, se auto-regenerando.


Olhei para os pedaços do espelho espalhados pelo chão do banheiro.


– Reparo – Automaticamente, todos os pedaços começaram a se re-ajuntarem na sua moldura oval que ainda estava pendurada na parede.


Parecendo um zumbi, eu me despi e entrei no chuveiro. Todas as manhãs fazendo a mesma coisa. Senti a água fria batendo nas minhas costas, foi somente ai que eu realmente acordei. Soltei um ofego e mudei a temperatura da água.


Hora de me recompor


Terminei o meu banho e me arrumei para ir para o colégio pensando a mesma coisa: era eu quem deveria ter morrido, só eu.


Me assustei quando vi que já estava em frente da porta que levava até a minha garagem, notei que na minha mão estava até a chave. Abri a minha porta e me dirigi até a minha moto, só quando eu já tinha montado nela e aberto a porta da garagem, foi que eu percebi que não tinha pegado a minha mochila e o meu capacete. Suspirando, eu desci do meu veiculo e entrei novamente na minha casa.


Encontrei a minha mochila jogada no chão da cozinha, o meu capacete estava alguns metros distante dela. Como eles foram parar ali? Dando de ombros, eu peguei a minha bolsa, coloquei-a em cima do balcão, a abri e então comecei a esvaziá-la.


– Accio Espada – A mesma voou para fora da minha mochila – Accio Arco – Ela também. – Accio Cesto – Esperei ele sair – Accio Varinha – Acabou.


Fechei a minha mochila que agora estava tão leve.


Peguei o meu arco, o cesto e a minha espada e subi para o meu quarto, abri o meu assoalho e os escondi lá dentro. Desde que eu comecei a morar nessa casa, eu faço isso. Desci novamente as escadas, peguei a minha mochila, o meu capacete e coloquei a minha varinha dentro da minha meia, ali não era o lugar mais confortável, mas era o mais prático. Tranquei aporta e montei na minha moto. Eu estava atrasada.


Sem perder mais tempo, eu parti dali.


Eu não estava indo tão rápido quanto eu gostaria de ir pelas as estradas, mas se tem uma coisa que eu aprendi, foi: não importa onde estiver, respeite as regras. Se bem que seguir todas as regras é impossível. Nem o Obama consegue fazer isso!


Rapidamente cheguei ao colégio. É, eu acho que corri bastante, pois ainda está cheio de alunos no estacionamento. Parei na minha vaga de sempre e desci da minha moto. Sim, eu era a única a andar de moto por ali. Também, quem seria o louco de andar de moto nesse frio todo que Forks faz? Só eu mesmo. A pirada gostosa, como dizem os jovens humanos desse colégio.


Você quer ver algo aterrorizante mesmo? Algo que vai deixar você sem sono à noite? Algo que te arrepiará até o seu ultimo pêlo? E fará tremer todos os seus ossos? Basta você dar uma olhada nessas pervertidas mentes masculinas humanas. Pode ter certeza, se você ficou com medo vendo o filme ‘O Massacre Da Serra Elétrica’ você terá um enfarte vendo o que eu vejo quase todos os dias.


Ignorando as cantadas idiotas, eu entrei no colégio. Tinha dado o terceiro passo, quando uma Ângela ofegante parou na minha frente.


– Po... por favor.... me diga o que... você fez! – O que?

– Ang, eu não entendi – Ela ergueu o indicador, mostrando para eu esperar um pouco. A minha amiga colocou as mãos nos joelhos enquanto tentava normalizar a respiração.

– Pronto? – Pedi quando ela conseguiu se endireitar.

– Sim. Agora, por favor, Bella, me diga o que você fez – Ela fez os clássicos e manjados olhinhos do gatinho do Shrek.

– Com assim “o que você fez”? Eu não fiz nada. – Franzi as sobrancelhas

– Então por que estão te chamando na coordenação? – Ang ficou confusa.

– Céus, Ângela, me ajude a lembrar – Meu coração disparou. Coisa que não era comum


Alguns minutos depois...


– Desisto! Você vai ter que inventar uma historia lá na hora que souber – Minha amiga me olhou pedindo desculpas.

– Valeu... vou indo então, guarda isso para mim, por favor? – Entreguei o meu capacete para ela. Ang deu uma triste e rápida assentida de cabeça e eu, sem conter o meu desapontamento, dei um rápido aceno com a mão e virei as minhas costas para ela. Forca: lá vou eu.

– Bella! – Ângela gritou.

– Sim? – Me virei um pouco contente por ela ter interrompido a minha caminhada.

– Lembre: seja lá o que for... –

– Negue! É, eu sei – Completei a frase dela. Bati duas vezes no meu peito com o meu punho e depois mostrei o clássico ‘v’ com os dedos. Paz e amor na veia.


  O pouco caminho que eu tinha que percorrer até chegar à coordenação foi feito com a minha mente trabalhando a mil. O que eu fiz?!... Por que eu estou tão preocupada? Por que vai que chamam os meus pais? E aí... que pais? Será que vendem alguns pela a internet? Acho que não. Sim, eu sempre poderia mexer na mente da velha falsa ruiva, mas depois de ver como os seus pensamentos haviam ficado ainda mais desconexos depois da ultima vez que eu os havia modificado, eu não achava muito seguro repetir a dose.


Como se os meus pés pesassem chumbo, eu finalmente cheguei até o meu destino.


– Oi – Despertei a velha

– Oi, Bella. Como vão os seus pais? – O.K. Sem pânico. Tentei achar o motivo para eu ter que vir até ali, mas a única coisa que a senhora fazia era tentar lembrar se já tinha visto os meus pais em algum filme.

– Vão bem, obrigada – Dei um sorriso falso. Eles estão passeando na terra dos 7 palmos.

– Ah, bom, vamos ao que interessa: eu preciso que você mostre a escola para um novo aluno – Será que ela vai se incomodar se eu fizer a dancinha da vitória aqui dentro?

– Tudo bem – Controlei a minha expressão. Fingi desinteresse.

– O nome dele é Jacob Black. Eu acho melhor você esperar aqui. – Me expôs um sorriso e me apontou para uma cadeira no canto da sala.


Assenti com a cabeça e fui me sentar no local indicado. Sem perder tempo, peguei o meu celular. O que? Eu tinha que comemorar.


Ang, respira, está tudo bem. Falo com você depois – Sim, eu sou um horror escrevendo um torpedo. Mas fazer o quê? Para eu é mais rápido assim do que ficar procurando abreviações. Guardei o meu celular e continuei esperando.


Muitos e muitos minutos depois...


– Ele demorará muito a chegar? – Me apoiei no balcão. Segundos após eu senti a porta ser aberta e o cheiro de vampiros dominar todo o local. Fingindo que eu não os tinha visto entrar, continuei a olhar para secretária.

– Tenha paciência, querida – A coroa até tentou ser gentil comigo. 5...4...3...2...1:

– Ah! – Ela finalmente viu os vampiros. Cara, eram 5 pessoas a mais naquele ovo e ela demorou todo esses tempo para percebê-los? A coisa está feia.

– Eu posso ajudá-los? – A velha me ignorou e eu, agindo como uma típica adolescente normal, bufei e voltei para a minha cadeira. Disfarçadamente, acompanhei a conversa deles.

– Oi, tem algum Jacob ai? – Aproveitei que a secretária estava procurando algum papel. É claro que eu sabia que ali não tinha nenhum Jacob. Mas eu precisava confirmar se algum deles me reconheceria, tirando a vampira anãzinha, é claro.

– Não, desculpa – A vampira que eu conheci ontem tomou a frente – Oi, Bella! – Será que ela acreditou que eu acreditei que ela só havia me visto na hora em que eu falei? Cara, isso ficou confuso!

– Oi, Alice – Olhei para o resto do bando.

– Ah, desculpe, esses são os meus irmãos: Jasper, Edward, Emmett e Rosalie – Conforme Alice ia falando, ela apontava. Levantei as sobrancelhas e olhei os casais. Não esqueçam: eu acabei de conhecê-los, então para eu deve ser nojento saber que eles namoram os seus irmãos.

– Somos adotados – O vampiro que parecia um armário sussurrou para mim.

– Ah! – Fingi que havia acabado de entender tudo. Divulguei o meu sorriso de aeromoça – Eu sou Bella, a nova vizinha –

– Da onde você a conhece, Alice? – O teto se dirigiu ao chão. Sim, eu sou mal.

– Eu fui ontem de noite à sua casa, mas eu acho que você e a sua namorada estavam reformando o quarto – Aproveitei para tentar tirar sarro com a cara do vampiro, mas ele apenas sorriu de um jeito estranho para mim, sua namorada foi quem ficou com vergonha.

– Aqui – A velha arranhou a garganta. Será que ela engasgou?


Parei de acompanhar a conversa tão descaradamente, abaixei a cabeça e fingi que mexia em algo dentro da minha mochila. Vi pela a mente deles a secretaria com uma cara muito bizarra, fui ver com os meus próprios olhos. Cara, você tinha que ver a cara de safada dela. Não consegui esconder um sorriso. Os vampiros sem mais delongas saíram.


– Pai dizer aqui deles vir – Ela continuava a encarar o vazio. Sua mente estava pior que um filme pornô. Levantei da minha cadeira e resolvi quebrar o galho dela.


Os vampiros ainda estavam bem perto da porta, eles olhavam para alguma folha, provavelmente para os horários que tinham acabado de receber.


– Hey! – Eles nem se viraram. Vampiros surdos? Essa é nova. Os chamei novamente, felizmente para eles, os vampiros olharam. Felizmente para eles? Isso mesmo, porque tirar o meu tênis e atacar na cabeça de um era algo muito rápido e fácil de se fazer.


– Pensei que vocês nunca iriam olhar... enfim, a velha tarada me pediu para dizer para vocês que ela precisa que o seu pai ou a sua mãe venha aqui amanhã. – Ri e voltei para dentro da sala.

– Oi... – Passei a minha mão na frente do rosto a secretária. Estalei os dedos.

– Sim? – Ela piscou os olhos.

– Eu vou indo. O cara não deve vir hoje – Fui pegar a minha mochila.


Eu a estava colocando nas costas quando a porta da coordenação foi novamente aberta.


– Oi, eu sou Jacob Black – Um garoto moreno, bem alto e de curtos cabelos pretos, se dirigiu para a velha senhora. Eu ouvi o coração dela se acelerando. Que nojo!

– Que bom que você tenha chegado, tem gente aqui impaciente – A falsa ruiva apontou a cabeça para mim e foi procurar os horários do garoto. Velha desgraçada!

– E ai? Sou Bella Swan – Estendi a mão.

– Jacob Black – Ele a apertou. O mais apropria seria dizer que ele a escondeu. Céus, que mão gigante! – Você estava me esperando? – Ergueu as sobrancelhas

– Serei a sua guia. – Como se essa escola fosse muito grande.

– Aqui está – A secretária estendeu um pequeno papel. O garoto se virou para ela.

– Obrigado – Sorriu para a secretaria. O coração da velha parou.

– Vamos? – Indiquei com a cabeça a porta. Aquilo não era muito bom para a minha sanidade. Ele assentiu e me seguiu caminho a fora.

– Posso ver? – Apontei para a folha na sua mão.

– Claro – Me entregou.


Dei uma rápida conferida. Seria fácil para ele encontrar as salas. Olhei novamente, teríamos 2 aulas juntos: Inglês e Educação física. Devolvi a folha.


– Aqui é muito fácil encontrar tudo. O seu horário indica o numero da sala a qual você deve ir, perceba que em todas elas há números gigantes em cima da porta – Apontei para a sala de biologia, nela tinha um grande 3 branco. – Viu? –

– É bem fácil mesmo – Acenou com a cabeça.

– Temos Inglês e Educação Física juntos, você deu sorte que a aula de Inglês é a que antecede o intervalo, então você pode ir comigo – Sorri para o novato.

– Obrigado – Devolveu o sorriso. Tocou o sino.

– Qual a sua primeira aula, mesmo? – Fiquei confusa.

– Ham – Olhou na folha – Bioquímica, sala 7 –

– Já estamos no corredor, vamos, eu te levo até lá – Comecei a andar. O garoto rapidamente estava do meu lado. Dei uma discreta olhada para ele. E notei, sentindo o meu ego de caçadora se desmoronar, que, a cada passo dele, eu dava dois. O garoto era enorme.

– Não precisa, você não tem de ir para a sua aula? – Ele parecia preocupado.

– Que nada. É aula do Banner, é uma dádiva poder perder o seu começo tendo uma desculpa – Ergui as mãos para o alto dramaticamente. Jacob riu.

– Chegamos – Parei na frente da porta que estava aberta. Sorriu para mim e fez menção de entrar. Agarrei o seu braço – Essa professora é fogo, pelo o menos finja que esta prestando atenção na aula. O esporte preferido dela é colocar alunos para fora. Cuidado – Sussurrei.

– O que você está fazendo parado ai na porta? – A voz de cacatua da professora soou.

– Boa sorte – Soltei o braço dele, dei um sorriso e sai caminhando para a minha classe.


Banner, lá vou eu.


– Acha que isso aqui é um parque para você chegar na hora que quiser? – Essas foram as suas primeiras palavras. Gentil ele, não? [N/A: Eu não faço idéia de qual aula o Banner dá, então resolvi que seria historia nacional.]

– Eu estava cumprido ordens de superiores, Senhor – Imitei um soldado, até a mãozinha na cabeça eu fiz.

– Que ordens são essas? – Me olhou satisfeito por achar que iria me pegar mentindo.

– É confidencial, Senhor – Espacei as pernas, coloquei as minhas mãos para trás e ergui o queixo. A sala estava num silêncio tenso.

– Você acha que me engana com essa historia, Swan? – Ficou de pé

– A Senhora Banner dormiu de calça jeans, Senhor? – Continuei olhando séria para o infinito.

– O que? – Ele ficou momentaneamente confuso.

– É que elas são difíceis de abrir, Senhor – Algum aluno acabou não aguentando e caiu na risada. Os outros, para desespero do professor, o acompanharam.

– Desculpe, mas a minha historia é verídica, Senhor – Respondi a sua pergunta anterior. A coisa está ficando feia.

– Já chega! – Bateu a mão na sua mesa.

– Violência não leva a nada, Senhor. – Olhei para a mão dele espalmada e voltei a encarar o espaço interminável – Conversa é sempre o melhor caminho, Senhor – Alguns alunos já tinham até caído da cadeira.

– Permissão para sentar, Senhor – Eu estava até prevendo ele pegar a sua cadeira e lascando na minha cabeça.

– Sente-se agora, Swan! – Saliva voava da boca dele.

– Obrigada, Senhor! – Bati continência e marchei até a minha mesa. Parei ao lado dela, tirei a minha mochila e sentei duramente na cadeira, fiquei até com as costas retas, eu estava totalmente rígida, o meu olhar se perdia na minha frente.


Só deu para eu escutar o barulho da porta batendo. Relaxei na cadeira.


– Bella, essa foi demais – Ângela, que estava sentado do meu lado, segurava a barriga de tanto que já estava rindo. Expus um sorriso pequeno, modesto.

– Oi, povo – Falei por cima das outras vozes – Essa foi melhor do que a da semana passada? – Comecei a estralar as juntas dos meus dedos. Um péssimo hábito.


O pessoal da minha sala estava bastante dividido, os poucos que conseguiam acalmar a risada davam os seus votos. O que eu fiz semana passada? Bom...



Flashback on: 

– Chega! – Exclamei levantando da cadeira. Os alunos que estavam concentrados nos seus livros me olharam assustados.

– Senhor Banner, eu preciso falar isso. Está a tanto tempo preso dentro de mim que eu acho que vou explodir! Eu realmente preciso desabafar com o senhor – Coloquei a mão em cima do meu coração e o encarei com olhos sofridos. O homem estava sem reação.

– Sei que vai ser difícil para o senhor aceitar isso, mas eu não consigo mais me segurar – Andei uns passos na direção dele esticando o meu braço.

O professor Banner se inclinou ansioso para frente, o resto da sala nem respirava.

– Eu... eu sinto tanta vergonha de falar isso – Abaixei a cabeça e o meu débil membro superior direito.

– Fale, Swan – O homem se levantou, sua voz estava séria e ansiosa. Aquilo estava saindo melhor do que eu havia pensado.

– Tudo bem, eu vou falar – O senhor Banner apoiou as mãos na sua mesa se inclinando para frente, o resto da sala fez a mesma coisa, mas sentados.

– Eu preciso ir ao banheiro, estou muito apertada – A mão dele escorregou o fazendo quase bater a cabeça na mesa. Mas, pelo o visto, ele não se importou

– O que? – O cara não tinha entendido.

– Eu estou muito apertada, até tentei me segurar, mas eu preciso livrar isso de dentro de mim – A sala finalmente saiu do seu estado de zumbi e algumas risadas não controladas surgiram no ar.

– O que o senhor pensou que eu estava dizendo? – Ergui a sobrancelha.

– Nada, pode ir – Se sentou transtornado. O resto dos alunos não conseguiram mais segurar a risada.

Eu saí da sala mordendo os lábios para não rir, já fora dela eu pude escutar ele gritando como os alunos para eles ficarem quietos. A minha vingança está só começando, senhor Banner.


Fim Flashback

O porquê de tudo isso? Bem, ele fez uma coisa que nunca deveria ter feito: ele mexeu com a minha amiga. E ninguém sai imune depois que faz isso, ninguém, Malfoy que o diga. O que aconteceu? Vamos voltar a duas semanas atrás.


Flashback on


– Isso é o cúmulo! – O professor Banner bateu com o seu livro na minha mesa, seus olhos furiosos estavam em Ângela, a qual se encolhia.

– Esse é o segundo bimestre que estamos estudando isso, e só a senhorita que ainda não entendeu! Acho que eu preciso olhar no seu histórico para conferir se você não tem algum problema mental! – Ângela estava à beira de lágrimas. Quem ele pensa que é para falar assim e humilhar os seus alunos? Ele é só um professorzinho de merda dando aula em um fim de mundo.

Foi com esse pensamento que eu fiquei de pé.

– Quem apoiava os Vietcongs na vergonhosa guerra do Vietnã? – Falei no mesmo tom que ele se diria a Ângela.

– O que? – Ele estava desnorteado com a minha súbita revolta.

– O que foi a Doutrina Trumam? Quais são os valores seguidos pelo os Iluministas? Qual era o objetivo principal da OTAN quando foi criada? Por que na era colonial as colônias do norte se desenvolveram mais que as colônias do sul? Qual foi a rede terrorista responsável pela a queda das torres gêmeas?Quando a ONU foi criada? Você ao menos sabe o significa as cores da... – Eu berrava no rosto dele.

– Chega! – Sua cabeça estava tão atordoada, que as respostas simplesmente fugiam da sua mente. Eu não podia ter pedido outra coisa.

– São 16 anos dando aula e você não sabe essas respostas? – Me inclinei para cima dele – ISSO É O CÚMULO! – Bati a minha mão na mesa fazendo um alto som.

– Chega – Começou a suar. O meu professor bem que tentou manter a pose, mas eu via, a cada segundo, ela se ruir.

– Eu vou solicitar da coordenação um atestado de exame mental do senhor, porque não é certo nós estarmos tendo aula com um atrasado mentalmente – Minha voz parecia uma faca de tão cruel que era.

– PARA FORA! Vá direto para a sala do diretor – O cara finalmente explodiu.

– Com prazer, acho que vou aprender mais com a secretária do que com o senhor – Virei às costas para ele e me encaminhei para a porta.

Banner,Banner... se prepare, pois a guerra agora é oficial.   


Fim Flashback 


Eu tinha pegado dois dias de suspensão, nada demais. Feio ficou para o senhor Banner, o qual teve uma boa conversinha com o diretor, afinal, a melhor aluna do colégio não teria feito tudo àquilo à toa.


 O professor retornou para a sala com uma expressão assassina, ele lançou um olhar de fúria para mim e gritou o numero da página do livro para abrirmos, então se virou para o quadro. É, eu não vou ser a aluna do mês. Como se eu me importasse.


Passei o restante da aula o encarando divertida, eu percebia pela a sua mente que ele estava percebendo o erro que cometeu. O homem sabia de três coisas: 1 - eu não iria parar 2 - a sua vida seria um inferno até o final do ano 3 - ele precisava fazer algo. Eu sorri por dentro. As coisas vão ficar mais interessantes, então? Eu não poderia ter tido uma noticia melhor.


O resto das minhas aulas foram como sempre: entediantes. A minha próxima aula, graças a algum deus, era a última antes do intervalo. Dei um tchau para Ang, que me acompanhava pelos os corredores, e entrei na sala. Eu sempre sentava sozinha, tirando as aulas que eu tinha com a Ângela, não sei o porquê, mas, para mim, é extremamente incomodo as mentes dos humanos. Eles sempre tinham segundas intenções quando chegavam perto de mim, Ang, como sempre, era a exceção, sua mente demonstrava que ela apenas queria a minha amizade. Essa garota tem bom coração.


Joguei a minha mochila em cima da mesa e me acomodei na cadeira, uns instantes depois e o professor de Língua Inglesa chegou. Eu até que gostava dessa aula, o professor não era o dos melhores, mas eu gostava da matéria, e isso já é um avanço. Abri a minha mochila e enterrei a minha mão dentro dela tentando achar o meu livro. Desistindo de tentar achar pelo o tato, eu a peguei e coloquei no meu colo, então enfiei a minha cabeça dentro dela. Usar feitiços indetectáveis de extensão às vezes só atrapalha.


– Pessoal, esse é o novo aluno. Se apresente e arrume um lugar para sentar – Levantei a minha cabeça e dei de cara com o Jacob laçando um olhar irritado para o meu professor, que agora estava virado para o quadro. É, eu o odeio até hoje por causa disso.

– Oi, eu sou Jacob Black – Deu um sorriso mostrando os seus branquíssimos dentes. Ouvi por toda a sala suspiros mal contidos. O observei olhar perdido para a sala até que me encontrou ali, curvada sobre a mochila, o encarando.


Jacob soltou um suspiro de alivio e, sem mais delongas, veio até a minha carteira. As garotas da minha sala me olharam querendo me matar, e os alunos olhavam Jacob querendo matar ele. Quanto drama!


– E aí? Como esta sendo o seu primeiro dia de aula? – Sorri para Jacob enquanto ele se arrumava ao meu lado.

– Pior do que eu imaginava – Encolheu os ombros.

– Relaxa, é só o primeiro dia. Depois piora, pode ter certeza – Assenti para mim mesma. Céus, e como piora.

– Valeu por me animar – Jacob enrugou o rosto. Apertei os lábios escondendo um sorriso.

– Se a conversa dos dois já acabou, será que dariam licença para eu começar a aula? – A voz do nosso professor soou.

– Mas é claro! Eu estava mesmo explicando para o novato o quanto é legal as suas aulas e, céus, seria um martírio para eu atrapalhá-la – O olhei com olhos inocentes. Ele me mandou um olhar cético e começou a explicar o conteúdo.

– Boa, eu não poderia ter pensado numa melhor – Jacob murmurou.


Pisquei para ele e voltei a olhar para o homem que se dizia educador.


A aula passou mais rápido do que eu julgava possível, antes mesmo de eu me dar conta do que o professor estava explicando, o sinal tocou. Até cheguei a levar um susto. Balançando a minha cabeça, eu arrumei os meus materiais na minha mochila.


– Você sabe o número do seu armário? – Me virei para Jacob que também arrumava as suas coisas.

– Ah, – Ele se virou para mim – acho que é 157 – O garoto olhou para cima, tentando se lembrar – Isso, 157. – Assentiu para si próprio.

– Bom, é perto do meu. – Me levantei – Agora vamos, senão passaremos o intervalo aqui dentro – Passei a alça da minha mochila pelas as minhas costas. Empurrei a minha cadeira para trás e contornei a de Jacob, o qual rapidamente ficou de pé. A sala estava quase vazia.


Guiei o garoto em silêncio pelos os corredores apinhados de adolescentes, até que finalmente chegamos ao nosso destino.


– Aqui está o seu – Apontei para a caixa metálica, grudada em outras, com o numero 157 gravado em cima.

 – Eu vou até ali no meu, já volto – Apontei para frente, Jacob assentiu e começou a mexer no pequeno botão da senha. Como se eles funcionassem.


O meu armário é o162, é até mesmo perto do dele. Girei o botão formando o meu código, tirei a minha mochila, a coloquei lá dentro e então o fechei. Levei um susto quando vi Jacob ali parado. Pareceu até cena de filme. Sinistro.


– Ãh... vamos? – Ignorei o arrepio que eu senti.

– Claro – Exibiu um sorriso caloroso, o qual eu comecei a perceber que era comum em seu rosto.


Sabe quando uma estrela de Hollywood começa a desfilar no glorioso tapete vermelho e todas as pessoas se desdobram para acompanhá-la? Bem, foi assim que eu me senti.


– Parabéns, você é o novo pedaço de carne da parada. Agradeça aos Cullen por também terem chegado hoje, pois se não, meu colega, você ia ver o que é um pesadelo na vida real – Murmurei para Jacob. Eu acho que vi uma pequena sombra passar no olhar dele.


Não demorou muito e chegamos à mesa em que eu sento todos os dias. No começo sentava apenas a Ângela ali, mas depois que eu resolvi sentar junto com ela, aquela mesa não tinha mais espaço.


– Gente, esse é Jacob Black, ele não está tendo um dia muito bom, então peguem leve – Comecei a minha frase olhando todos os que estavam ali, mas terminei-a encarando as garotas.

– Oi, Jacob – Lauren deu uma secada nele enquanto enrolava uma mecha do seu cabelo. Só faltou o chiclete para ela ser uma vadia completa. Vi pelo o canto de olhos Ang rolar os olhos.

– Vamos lá pegar algo para comer? – Me virei para Jacob, o qual deu uma rápida assentida de cabeça, ele até parecia aliviado por ter um motivo para sair dali.


Caminhamos para a fila do lanche que estava anormalmente pequena, claro que com todos os olhares voltados para nós, e entramos nela. Muitos ainda nos encaravam descaradamente quando, de repente, os Cullen chegaram. Sim, tinha adolescentes para todo o lado virando a cara de um lado para o outro, indeciso em quem escolher para ser a pessoas pela a qual choraria a noite por ter sido ignorado por ele ou ela. Nem preciso comentar o quão patético é.


– É para hoje – Cutuquei a garota que estava na minha frente, ela segurava a bandeja no peito enquanto olhava hipnotizada para o armário da família Cullen. Olhando-a com desprezo, a contornei.

– Aqui – Estendi uma bandeja para Jacob, ele balançava a mão na frente da cara da garota. Ela parecia nem notar.

– Obrigado – O garoto riu contornando a jovem e pegou a bandeja que eu alcançava.

– Por que eles estão assim? – Jacob pegou um pequeno pote com pudim e olhou para mim. Tirei o pote dele e coloquei onde ele havia pegado.

– É sério, você não gostar nadinha do que vai te acontecer depois de comer isso ai. Ah, sobre eles, sei lá, deve ser os hormônios – Balancei os ombros e peguei uma maçã.

– E por que você não está desse jeito? – Ele levantou as sobrancelhas.

– E por que você não está desse jeito? – Foi a minha vez de levantar as sobrancelhas.

– É, você me pegou – Jacob riu enquanto pegava um pedaço de pizza, ele parou e me mostrou ela como se pedisse uma autorização. Eu balancei a cabeça aprovando, o garoto sorriu e a colocou dentro da sua bandeja.


Eu peguei um suco de laranja e Jacob uma soda, pagamos e então voltamos para a mesa. Ela estava apinhada de gente, apenas no lugar onde eu sentava, na frente de Ang, era o que estava vazio. Lancei um olhar para o garoto que acabaria sentando do meu lado, o jovem, que eu nem sei o nome, me olhou com os olhos brilhando.


– Você pode dar, fazendo um favor, um espaço para o novato aqui? – Sorri para ele, e o humano com graves problemas de espinhas, mal se contendo, pulou para fora da cadeira. – Obrigada – O jovem parecia que iria ter um infarto.

– Senta aí, Jacob – Coloquei a minha bandeja sobre a mesa. Percebi que ele olhava o garoto que havia pulado da cadeira com a sobrancelha erguida, mas pareceu logo ignorá-lo, e sentou-se do meu lado.

– E então, quais são as novidades? – Perguntei quando percebi que todos estavam encarando o novato. Nem terminei de falar e uma enxurrada de vozes tomou a mesa. Suspirei e mordi a minha maçã. E “O Drama E As Alegrias Da Juventude”, a novela mais entediante do mundo, começa.


Fiquei feliz quando vi que os adolescentes já estavam indo para as suas salas. Tomei o ultimo gole do meu suco e me voltei para Jacob. O observei até com certa estranheza: ele olhava para os outros da mesa escutando atentamente as conversas, de uma forma que me fez acreditar que ele nunca tivesse escutado humanos na puberdade conversando.


– Você sabe na onde fica a sala da sua próxima aula? – Ele parou de olhar Jéssica que falava animadamente e se virou para mim.

– Sim, eu passei na frente dela antes, acho que sei como chegar lá – Jacob balançava a cabeça enquanto falava. Ele estava mais interessado na Jéssica falando o quanto o novo professor era bonito do que em mim. Deixei essa passar.

– Tudo bem, eu vou indo para a minha sala, te vejo na Educação Física – Me levantei pegando a minha bandeja com a metade da minha maçã e a pequena garrafa vazia do meu suco. Acenei para Ângela e sai sem que ninguém mais me notasse. Contornando as mesas, eu joguei o que sobrou do meu lanche no lixeiro e coloquei a bandeja em cima do balcão indicado.


Andei desanimadamente até o meu armário e peguei a minha mochila, ainda desanimada, eu fui para a minha sala de Biologia. Joguei a minha bolsa em cima da minha carteira habitual, cruzei os meus braços em cima da mesa e então repousei a minha cabeça neles. A noite passada não tinha sido à das melhores e o cansaço havia me batido só agora.


Enquanto eu tentava ter uns minutos de descanso antes dos outros adolescentes chegassem, a minha mente rodava: quem tinha sido o ou a desgraçado (a) que me atacou ontem? Por que me atacou? Seria um dos meus antigos inimigos? Não, nenhum deles tinha poder o suficiente para fazer o que havia feito. Essa conclusão só me levava ao mesmo lugar de onde eu estava: quem ele ou ela era?


Foi com a minha cabeça ainda cheia de perguntas, que eu escutei os outros alunos entrando na sala. Vendo que eu não teria mais sossego, eu levantei a minha cabeça e puxei a minha mochila, com uma preguiça enorme, e peguei o meu livro de biologia. A sala rapidamente foi ficando cheia, a conversa deles entravam, contra a minha vontade, nos meus ouvidos. Apoiei os meus cotovelos na mesa e então coloquei as minhas mãos nas minhas orelhas.


Cadê a porra do professor para colocar em ordem isso aqui?!


Segundos depois e um cara de uns 30 e poucos anos atravessou a porta da sala, ele tinha um andar sério e o seu rosto tinha um olhar centrado, mas tudo isso se perdia no momento em que se colocava os olhos em seus compridos cabelos castanhos claros presos em um rabo-de-cavalo rente a nuca. Ele carregava a sua pequena maleta na mão esquerda, o seu braço direito não parecia muito bom.


No momento em que ele tirou casaco, eu soube o porquê. O seu ombro esquerdo estava todo enfaixado, era com se ele tivesse levado um tiro... ou uma flechada. As minhas entranhas se retorceram no momento em que ele começou a me encarar. O novo professor só desviou os olhos de mim quando o vampiro de cabelos acobreados entrou na sala. Resolvi tentar agir ‘normalmente’. Eu não podia levantar suspeita.


Acalmei o meu coração e lancei um sorriso para o vampiro. Ele viu o mesmo e desviou a cara. Strike 1. O leitor de mentes olhou para a sala e parecia não querer entender que a única carteira vaga era a do meu lado, vi que ele trancava o maxilar enquanto vinha na minha direção. Ele sentou do meu lado sem olhar para minha cara. Strike 2.


– Oi – Tentei novamente ser simpática. Evitei olhar o novo professor. O meu visinho somente acenou com a cabeça e continuou a olhar para frente. Strike 3, tá fora.

– Beleza, eu desisto. É isso que dá tentar ser legal com as pessoas – Eu não queria admitir, mas eu fiquei magoada com aquilo. Eu era lixo, era?

– Eu sou James Chamfort, o novo professor de Biologia até o fim desse ano. Não me perguntem o que aconteceu com o seu antigo professor. – A sua voz era altiva e um pouco arrogante, ela me deu arrepios. Por que eu fui denunciar o senhor Molina?! – Abram na pagina 118 – Ele se virou e começou a pendurar um cartaz na frente do quadro.

– Desculpe – Eu quase saquei a minha varinha devido ao susto que eu levei. Levando mais tempo do que se julgaria necessário, eu percebi que era o vampiro leitor de mentes quem estava falando. Dei uma rápida olhada para ele e virei o meu rosto para o quadro.

– Eu sei que agi como um idiota, mas parece que todos nessa escola estão tentando, de alguma maneira, chegar perto de mim e da minha família. – Assenti com a cabeça sem olhá-lo. A explicação dele até que tinha algum sentido, mas eu não tenho sangue de barata.

– É, eu acho que mereço – Ele sussurrou. Sim, você merece. O senhor Chamfort começou a sua explicação.


Aguentar um vampiro que fica te encarando a aula inteira, não é fácil, nem um pouco.


Eu via pela a mente do vamp, que ele estava tentando acessar a minha. Sua frustração por não conseguir saber o que se passava pela a minha cabeça para parecia dar mais ânimo para ele. Um pouco desconfortável e, até certo ponto irritada, eu joguei os meus cabelos para o lado e olhei para frente.


O problema era que tinha um suposto suspeito de ter feito tudo o que tinha acontecido comigo ontem à noite bem ali, a centímetros de mim. Sentindo repugnância e – eu odeio admitir isso – um pouco de medo, eu desfoquei os meus olhos e comecei a pensar em um plano.


Um plano pra tirar a minha dúvida e, caso ela seja fundada, para matá-lo.


Voltei à realidade, sem conseguir pensar em plano algum, e comecei a arrumar os meus materiais, fechei o zíper da minha mochila e fiquei de pé. No instante seguinte o sino tocou. Não querendo ficar nem mais um segundo na companhia daquele professor, eu sai, quase correndo, da sala. Respirei de alivio quando atravessei a porta e, com um pouco mais de tranquilidade, fui para a minha próxima aula.


Sem nenhuma novidade, essa matéria dada foi uma chatice total. Apoiei o meu cotovelo na mesa e repousei a minha cabeça na minha mão, meus olhos viam nada na minha frente e o meu cérebro vagava livre em busca de um plano. Resumindo, foi dessa maneira que a minha aula de Espanhol passou. O bom foi que a senhora Fernadez nem ligou, bom para ela, é claro. Depois que você aprende todas as línguas oficiais ou não do mundo, bem, espanhol chega a ser uma ofensa.


Suspirei de alivio quando o sinal indicando o fim daquela aula soou. Finalmente, a última aula!


Com um pouco mais de ânimo, eu me dirigi ao ginásio daquele colégio. Sim, fingir que sou uma fraca e desastrada humana era o ó. Fui diretamente para o vestiário feminino, ele ainda estava meio vazio, pelas as minhas contas, tinha apenas 2 garotas ali dentro. Com rapidez, eu tirei o meu uniforme de dentro da minha mochila e entrei em um banheiro.


Ninguém merece ver essas jovens olhando para os meus seios e tentado medir com os delas, e claro, as conversas delas era algo que eu sempre quero muito evitar. Basicamente, elas eram sobre garotos, garotos... hum, garotos e, ah, claro, garotos. De vez em quando elas falavam dos defeitos delas mesmas. É, eu sei, essas humanas são muito estranhas.


Terminei de colocar aquele uniforme horrível, composto de um short cinza e uma blusa de mangas curtas branca, calcei o meu tênis e amarrei o meu cabelo em um alto rabo de cavalo. Anime-se, essa é a última aula – Foi com esse pensamento que eu forcei um sorriso no meu rosto e sai de dentro do banheiro. Coloquei a minha mochila dentro de um daqueles armários precários e parei na porta do vestiário. Só de fazer esse pequeno percurso, a minha falsa alegria acabou. Carrancuda, eu sai.


– Oi, Bella! – Me virei assustada e dei de cara com Jacob. Como eu me esqueci que essa aula eu teria com ele?!

– Ah, oi, Jacob – Forcei um sorriso no meu rosto.

– Algum problema? – Como foi que ele percebeu?

– Sempre tem, esse só é um pouco mais complicado. – Torci a minha boca.

– Mas se tudo na vida fosse fácil, que graça teria em viver? – Deu de ombros. Pensei sobre as palavras dele um instante. Havia razão ali. Abri um verdadeiro sorriso.

– Obrigado, Jacob – Fui sincera.

– O que as mulheres no mundo fariam sem mim? – Olhou para cima, debochando.

– Morreriam? – Entrei na brincadeira.

– É isso aí – Piscou o olho.


Eu soltei um riso que há muito tempo não soltava e me encaminhei, com Jacob ao meu lado, até o nosso professor de Educação Física. Observei que muitos dali não gostaram da nossa caminhada. Como se eu me importasse com o que eles acham.


A tortura do hoje se chamava Badmilton. Olhei para aquelas raquetes sentindo que hoje o meu teatro teria de ser ainda mais patético. Primeiro foi uma garota de cabelos pretos, ela olhava para aquela raquete como se ela fosse algo venenoso, para jogar contra ela o nosso professor mandou o Jacob. Cara, que crueldade. Por que o ‘crueldade’? Porque só do jeito de ele pegar a raquete dá para saber que jogar aquele esporte não era um problema. Observei, até certo ponto divertida, Jacob ganhar todos os dali. Os garotos estavam morrendo de raiva.


A minha felicidade acabou no exato momento em que eu fui chamada para jogar com o novato.


Caminhei hesitante até o meu professor e peguei, temerosa, a raquete que ele me estendia. Muitos jovens dali estavam debochando de mim. Claro que a Swan nunca irá ganhar do aluno novo, ele parece um profissional! – Isso era o que eles sussurravam ou, no caso das garotas, falavam em voz alta sem o menor pingo de piedade.


Dei um fraco sorriso para Jacob e me encaminhei para o lado oposto ao dele. Ele me retribuiu o sorriso e, sem mais delongas, lançou a pequena ‘peteca’. Eu podia ter pego, é claro, mas, querendo manter o meu disfarce, eu avancei só depois que ela já estava no chão.


As risadas dos outros alunos me encheram de raiva. Eu não gosto, nem um pouco, de que debochem de mim.


Foi com esse pensamento que eu agarrei a minha raquete com mais força. Espacei as minhas pernas, me agachei um pouco e fiquei atenta. Eles agora iriam saber o que é jogar. Jacob novamente sacou a peteca e eu, sem perder tempo, avancei para cima dela e rebati. Acho que o novato não esperava isso, pois quase não conseguiu pegá-la. A peteca voou devagar para o meu lado da rede, ela vinha alta e fácil. Ergui a minha raquete e avancei para cima dela e então, sem demonstrar que há segundos atrás eu havia deixado-a cair, eu lancei ela para o outro lado.


A peteca chegou ao chão sem dar chances ao Jacob.


Ele se ajeitou e me lançou um sorriso. O jogo de verdade começava agora. Saquei a peteca e depois de uma infinidade de rebatidas e ataques, foi que ela caiu do meu lado. Jacob a lançou novamente e tudo recomeçou, por causa de um pequeno deslize dele, o ponto foi meu. Foi uma das poucas vezes que eu me senti suar, o jogo estava indo longe. Aquilo estava legal.


A nossa diversão acabou com o toque do sino.


Derrapei e quase cai na quadra, céus, eu havia esquecido completamente que ainda estávamos na escola. Jacob aproveitou para marcar o seu ultimo ponto, empatando o jogo. Fui até o final da quadra e peguei a pequena peteca para levar ao professor. Vocês não têm idéia do susto que eu levei ao ver todos ali parados, olhando a mim e ao Jacob como se fossemos aberrações.


– O que deu neles? – O novato chegou ao meu lado e sussurrou para mim.

– Eu não sei – Murmurei de volta. Cara, aquilo me lembrava tanto à batalha de Hogwarts.

– Professor! – Balancei a raquete na frente da cara dele. Graças a algo, ele rapidamente se despertou. Humanos...

– Vocês já pensaram em fazer alguns testes para a liga estadual de Badmilton? – O humano com problemas de peso pendeu ansioso para cima de nós. Até parece.

– Claro, no final desse ano – Sorri para o nosso professor. Me virei para Jacob. – Saia daqui o mais rápido que você puder – Sussurrei, então larguei a minha raquete e a “peteca” no chão e corri para o vestiário feminino.


Quando Jacob seguiu o meu conselho e seguiu para vestiário masculino, foi que os murmúrios começaram. Idiota! Não era para chamar a atenção para cima de você. Foi me amaldiçoando que eu troquei de roupa. Peguei a minha mochila e, tentando ao máximo não ser vista, sai do ginásio. Segui caminho até o meu armário, peguei o meu capacete e, finalmente, segui o fluxo de alunos que iam saindo do colégio.


Parei ao lado da minha moto, eu estava prestes a subir nela quando vi o novo professor sair de dentro do colégio e se encaminhar para um Corolla preto. Vi ali a minha chance. Coloquei o meu capacete, montei e manobrei a minha moto. Deixei o meu suspeito passar por mim e pus-me a segui-lo. Sim, aquele não era o melhor plano do mundo, mas me ajudaria um pouco.


Tentei manter uma distancia aceitável, mas ele corria, e muito, com o seu carrinho. Ele seguiu pela a rodovia principal de Forks até que virou em uma pequena trilha, se o suposto humano não tivesse entrado nela, eu não a teria visto. Segui até aquele trecho e virei para dentro dele.


Foi aí que eu quase tive um infarto.


– Por que você está me seguindo? – Eu derrapei e quase perdi o controle da minha moto. O carro do novo professor estava ali parado, como ele ao seu lado, sua voz era até mesmo calma devido às circunstancias. Eu estaria fazendo um escândalo. Mas, caralho, como eu pude ser tão descuidada? Como eu deixei ele me encurralar?!


Tirei o meu capacete sentindo o meu coração na garganta. E agora?! Minhas mãos começaram a tremer. E se ele me matar? Sua idiota, não tinha um plano mais otário para seguir? – Minha mente me xingava. Pense, Bella, Pense!


– E então, por que estava me seguindo? – Ele encostou a mão direita no seu carro, se apoiando.


E AGORA!?


– É que eu não entendi o que o senhor passou... – Enrolei o meu novo professor. É claro que ele não acreditou. Por que, uma vez na vida, algo seria fácil para mim? Eu sou Isabella Swan, ou seja, complique!

– Não minta para mim – Sua expressão oscilou por um instante e a sua calma se transformou em fúria. Mas rápido do que uma piscada, seu rosto demonstrou calma novamente. Parecia que ele estava só brincando comigo. Senti arrepios.

– Tudo bem, eu confesso. – Respirei fundo. Pensa, Bella! Foi nesse desespero que uma lâmpada desses desenhos idiotas se ascendeu em cima cabeça. – Eu perdi uma aposta e, como pagamento, eu teria que te seguir para falar para as outras garotas onde você morava. – Forcei um olhar constrangido.


O meu suspeito de novo inimigo ficou um bom tempo me encarando. Tentando não entregar o meu disfarce, eu coloquei os meus punhos dentro do meu capacete, eu não o deixaria ver as minhas mãos tremendo. Não mesmo. Se passou um segundo ou um ano, eu não sei, mas no momento em que ele abriu a boca para dar o seu veredicto, eu quase desejei que ele continuasse apenas me olhando.


– Vá para a sua casa, e avise para as suas colegas que eu não quero que isso se repita – Me lançou um ultimo olhar, que eu não consegui decifrar, e entrou no seu carro.


Eu via o veiculo do meu novo professor longe, mas mesmo assim eu não conseguia me mexer. Ele... ele acreditou? Ele acreditou?! Ou só esta brincando comigo? Se ele queria me colocar medo, conseguiu. Acalmei-me alguns instantes depois e agarrei o meu capacete com tanta força que quase o quebrei. Agora eu estava com ódio. Muito ódio. Mas esse ódio era dirigido a mim mesma. Como eu pude ser tão fraca, tão débil? Eu estava parecendo uma principiante.


E com diz o meu carrasco de dentro da Secrets: Se principiantes não se tornarem um dia profissionais, eles morrem. No sentido figurado, ou não.


Coloquei novamente o meu capacete, manobrei e voltei com a minha moto para a rodovia principal. O trajeto até a minha casa foi feito com a minha cabeça flutuando. Era à hora de eu pensar em um novo plano. Não seria com essa derrota que eu perderia a guerra.


E não seria mesmo, disso eu juro.



POV/ EDWARD


Se tiver algo pior do que viver eternamente como um monstro, é viver eternamente como um monstro e ter de ir a um colégio de humanos. Eu não desejo isso nem para o meu pior inimigo. Não vou ser hipócrita, bem, talvez deseje.


Eles estavam no começo do 2º semestre do 3º ano do ensino médio, e mesmo assim havia alunos que sabiam menos que as crianças humanas do primário. Se a situação é precária? Muito. Chega a dar vontade de rezar apenas para pedir algumas horas de sono. Dormir, isso é uma dádiva. Claro que monstros não a teriam.


Eu não sabia o que era pior: se eram as aulas, ou a troca delas. Andar nos corredores se tornava algo cada vez mais irritante. As humanas me olhavam com desejo e malicia. Eu queria saber se elas continuariam a me olhar assim depois de verem o que eu realmente sou. Provavelmente continuariam a olhar da mesma maneira. Os humanos serem assim me enojava. Eu não me lembrava de ser daquele jeito, mas, como dizem: os tempos mudam. E, pelo o que eu pude notar, para pior.


Eu e a minha família combinamos de nos encontrar, aturar tudo aquilo sozinho não era algo que nós queríamos, então resolvemos enfrentar juntos. Guardei os meus materiais no armário indicado no meu horário e, farejando discretamente o ar, fui procurar dos meus familiares. Eles estavam parados em frente do armário da Alice – eu vi o numero quando peguei o horário dela – pelo o tom irônico de suas vozes, eles já estavam comentando com foram essas primeiras e torturantes aulas.


– Oi – Cumprimentei o resto do bando, mas uma garota que passava ali do lado acenou para mim. Será que ela realmente pensou que eu estava falando com ela? Acho que sim. Claro que Emmett viu, sua gargalhada falava por si só.

– Emmett, cale a boca. Você esta assustando os humanos – Alice falou irritada entre os dentes. Quando um bando de adolescentes passou por ali, ela sorriu, quando eles foram embora, sua cara se fechou.

– Foi mal – Emmett se calou. Ele sendo sensato? Fujam para as colinas, que o mundo vai acabar!

– Vamos logo para o refeitório, nós estamos chamando a atenção ficando aqui parados – Jasper, como sempre, foi calculista. Deve ser horrível para ele conviver com esses humanos para todo o lado; imagine a comida que você mais ama espalhada as centenas ao alcance da sua mão, você sente o seu cheiro delicioso e até o seu gosto no fundo da garganta, mas você não pode pegá-la. Entendeu com ele se sente?

– Então vamos – Rosalie tomou a frente e rebocou Emmett junto com ela. Jasper pegou a baixinha pela a mão e foram atrás do primeiro casal.

Nem vou falar como eu me senti sendo comido pelos os olhos humanos. Será que essas humanas não entendem?! Eu nunca terei nada com elas. O máximo de envolvimento que eu poderia ter com elas seria afundando os meus dentes em sua garganta e então tirando cada gota de sangue que flui pelo o seu corpo. Romântico, não?


Sendo sincero: entrar naquele refeitório apinhado de jovens foi nada fácil.


Novamente os refletores estavam em cima de nós. Tentei controlar a minha expressão de nojo quando alguns dos pensamentos deles entraram, contra a minha vontade, dentro da minha cabeça. Elas e ele não têm respeito algum por si próprios? Era até mesmo bizarra a cena deles girando a cabeça olhando de um lugar – o qual eu não tive interesse de saber o que era – e para nós. Procuramos uma mesa afastada e vazia, e quando encontramos uma, contornamos todos os humanos petrificados em nosso caminho e nos sentamos nela.


– Não seria melhor nós irmos pegar algo para “comer”? – Alice olhou preocupada em volta e fez aspas com os dedos ao dizer comer.

– É, vamos chamar muita atenção se ficarmos todos sem ir pegar algo. – Tive que concordar com a baixinha.

– Mas não precisamos ir todos, não hoje – Alice lançou um rápido olhar para Jasper, o qual só eu vi. “Não está sendo fácil para ele”.

– Tudo bem, Alice e Jasper ficam aqui e Emmett e Rosalie venham comigo. – Me levantei da cadeira, Rosalie ia começar a protestar, mas algo que eu nunca havia visto na mente dela surgiu: bom senso. Ela percebeu que Jasper não estava muito bem, então, contra tudo o que eu imaginava, a loira se levantou e acompanhou a mim e Emmett sem fazer qualquer reclamação.


É, não foi muito fácil não fazer caretas ao ver as comidas humanas. Como eles conseguem comer aquilo? Ainda bem que não havia mais ninguém na fila, pois a cara que Rosalie fez ao sentir o cheiro de um potinho com algo que eu acho que se chama pudim, foi constrangedora. Peguei uma das bandejas em cima do balcão e coloquei apenas um pedaço de algo mole e triangular, acho que se chama pizza, nela. Aquilo também tinha uma cara repugnante. Emmett pegou o mesmo, Rose optou apenas para um suco, usando como desculpa o quase termino do intervalo. Eu peguei a primeira coisa engarrafada que eu vi e nem me dei o ânimo de ver o que Emmett pegou a mais.


Pagamos e, quase felizes, voltamos a nossa mesa.


Cutuquei a minha comida até ver o refeitório quase vazio. Eu não queria ter de enfrentar os corredores cheios de adolescentes novamente. O primeiro dia de aula sempre parecia o pior, prova disso foi eu quase arrancar cabeça de um professor quando ele mandou apresentar-me para a sala. Eu dei uma profunda olhada para o educador e, sem proferir nenhuma palavra, fui até o final da sala onde eu me sentei em uma carteira vazia. Eu não tinha vindo ali para fazer amigos, então por que me apresentar?


 – Vamos? Acho que esperamos até de mais. – Emmett pegou a garrafa de Rosalie e a colocou dentro da sua própria bandeja e então se levantou. Rapidamente todos nós estávamos de pé.

– Na saída nos encontramos todos na frente do meu carro – Eles assentiram para mim. Sem perder mais tempo, eu joguei o que tinha dentro da minha bandeja dentro de um lixeiro e a empilhei em cima de outras, então cada um foi para um lado.


Andei até o meu armário, peguei a minha mochila e fui para a minha próxima tortura, a qual se chamava Biologia.


Parei na frente no batente da porta já estava aberta e dei uma leve batidinha. Inacreditavelmente, o professor dali a escutou, seus ouvidos eram bons... bons até de mais. Ele se virou rapidamente para mim, a sua postura mostrava que havia algo de errado. Nem fiz questão de saber o que ele pensava. Deveria se apenas problemas de professores com alunos.


E esse sentimento piorou quando ele sorriu para mim. Havia algo de maligno naquele ato.


– Pode se sentar – Eu olhei em volta procurando uma carteira vazia, várias humanas sorriam para mim, e eu as ignorei. Quase sai da sala quando percebi que havia apenas um lugar vazio, e esse era ao lado da humana que Alice conhecia. Travando o maxilar de raiva, fui até a carteira dela.

– Oi – Era por causa disso que eu estava raivoso. Agora que ela pensa que é amiga da baixinha, eu garanto que essa humana vai tentar se aproximar de nós. Sem conseguir pensar em mais nada para afastá-la, eu resolvi ignorá-la. Para começar, dei um rápido aceno de cabeça olhando para o professor.

– Beleza, eu desisto. É isso que dá tentar ser legal com as pessoas – Levantei a sobrancelha quando notei pelo os eu tom de voz ela realmente estava magoada pela a minha reação. Seu idiota prepotente, o que Esme acharia disso?


O professor se apresentou, mas eu nem dei bola. O que eu estava sentido? Era... era remorso? Não, monstros não têm sentimentos. Mas então, por que eu estou me sentindo tão mal?! Olhei para a garota, ela parecia... triste. 


– Desculpe – Foi o máximo que eu consegui pensar naquele momento. A humana deu uma rápida olhada para mim e voltou o seu rosto para o quadro.

– Eu sei que agi como um idiota, mas parece que todos nessa escola estão tentando, de alguma maneira, chegar perto de mim e da minha família. – Por que eu estou dando explicações? O meu pedido de desculpas deveria bastar. Mas então por que ele não tirou esse peso na consciência que eu estou sentido? A observei assentir sem me olhar. Foi ai que eu percebi que ela estava fazendo a mesma coisa que eu fiz com ela.

– É, eu acho que mereço – Eu sussurrei para mim mesmo. O professor começou a falar qualquer coisa que eu nem fiz questão de acompanhar.


O meu interesse era em saber o que a garota sentada ao meu lado estava pensando. Então, pela a primeira vez desde que eu cheguei nesse colégio, eu abri a minha mente para a entrada dos pensamentos dos outros daquele ambiente. Os pensamentos mais supérfluos e indecentes penetraram na minha cabeça, eu aos poucos fui os afastando e varrendo-os da minha mente. Me concentrei na jovem e busquei o que se passava pelo o consciente dela.


Um vazio. Uma parede. Absolutamente nada.


É impossível ela não estar pensando! Franzi as sobrancelhas e me foquei ainda mais. Ninguém havia sido imune ao meu poder, e não seria aquela humana a primeira. Novamente, só encontrei o vácuo. Girei na minha própria cadeira e comecei a encará-la. Não podia ser verdade. As minhas mãos se fecharam em punhos, o que ela esta pensando? Eu nunca senti tanta necessidade de ler a mente de alguém como eu queria ler a dela.


Acho que garota percebeu a intensidade do meu olhar, pois jogou o seu cabelo para o lado. A jovem adquiriu um leve tom rosado no rosto. Apertei ainda mais os meus punhos tentando me controlar para não pular em cima da garota e arrancar, nem que seja contra a vontade dela, o que se passava na sua cabeça.


Soltei um ofego quando ela, ainda sem me olhar, arrumou o seu material na sua mochila e se levantou. Eu estava pronto para voar em cima dela e jogá-la no chão quando, inesperadamente, o sinal, avisando o término daquela aula, soou. Me surpreendi ao constatar que eu ainda estava no colégio. Contra a minha vontade, eu apenas olhei a humana se afastar, levando consigo os seus misteriosos pensamentos.


Não me reconhecendo, eu fui para as duas últimas aulas, as quais eu tinha junto com a anãzinha vampira, seguindo a humana pelos os pensamentos dos os outros mortais. O que eles pensavam quando a via me enojava. Com eles podem ser tão sujos e cruéis? Quase eu desisti do que eu estava fazendo, mas eu precisava, nem que fosse por uma pequena dica, saber o que ela estava passando pela a sua cabeça.


Entrei na sala que eu teria aulas de Física, parei um pouco de persegui-la e fui me sentar junto da baixinha, a qual sorriu para mim. E eu sabia o que aquele sorriso significava.


– Alice, por favor, conte, seja lá o que for, depois – Ela abriu a boca, mas novamente a fechou. Ótimo, a vampira entendeu o meu recado. “Ed, o que foi?” Parecia preocupada.

– Eu não sei... ainda – E sem mais delongas, voltei a procurar a garota dos pensamentos emblemáticos.


Eu trocava de mentes de acordo como ela andava. Eu não conseguia, às vezes, escutar o que ela estava falando, mas logo eu trocava de mente e ouvia, ao menos, o final da frase. Ela parecia... aérea. A garota andava e se desviava dos outros humanos normalmente, mas quando eu conseguia pela a mente de alguém ver os seus olhos, eu via que eles estavam longe. Apertei as minhas mãos em baixo da carteira sentindo, novamente, aquela ansiedade de saber o que ela estava pensando.


 Mas eu a perdi.


Tentei mudar novamente de mente, mas algo me bloqueou e acabava de surgir ali outra cabeça que eu não conseguia entrar. Mudei para o consciente de outro humano e vi que o professor de biologia era quem eu não conseguia acessar os pensamentos. Voltei desesperado para a realidade.


– Eu acho que estou perdendo o meu poder – Falei num tom que só ouvidos muito apurados conseguiriam ouvir.

– O que?! – O professor lançou um olhar devido à altura da voz da Alice. Ainda bem que ele pensou que ela estava falando a matéria. Um problema a menos.

– Ed, eu ouvi mal, ou você falou que acha que esta perdendo os seus poderes – A baixinha falou depois de parar de fingir que escutava a explicação do professor.

– Eu tenho quase certeza, há dois humanos nessa escola que eu não consegui ler as suas mentes. – Dois humanos... nunca, no mundo inteiro, alguém havia sido capaz de esconder os seus pensamentos de mim, e agora eu acabo encontrando dois de uma vez. Um mal estar desconhecido me atingiu. O que raios havia de tão errados com o povo dessa cidade?

– Você se esforçou? – A anãzinha também estava chocada.

– É claro, Alice – E como.

– Ed, eu não sei o que dizer! Quando chegarmos em casa, vamos falar com Calisle, talvez ele saiba o que esta acontecendo – Eu realmente queria ter fé nas palavras de Alice, mas eu sabia que o meu pai teria tantas respostas quando eu.


Terminei aquela aula e fui para a outra parecendo um zumbi.


– Edward, vamos – Alice me cutucou. Olhei para elas com as sobrancelhas franzidas.

– Qual é a minha próxima aula? – Eu estava com tantas perguntas na minha cabeça.

– Ed, acabou as aulas. Hora de irmos para casa – O olhar de preocupação havia voltado. Assenti e me levantei. Nem os meus materiais eu havia tirado. Sobre o que foi aquela aula? Não faço idéia.


Eu e a baixinha nos encaminhamos até o estacionamento para encontramos os outros. O que se passava na mente dos humanos ali presentes eram apenas alguns ruídos no fundo da minha cabeça. Mas um pensamento me chamou a atenção. Era a secretária, ela estava indo falar com o diretor sobre alguma prova que todos os novos alunos teriam que fazer amanhã. Ela serviria para medir os nossos conhecimentos. Se não estivesse tão enervado com a situação, eu gargalharia. Como se não soubéssemos mais que os professores.


– Teremos que fazer uma prova amanhã para saberem o nosso nível de aprendizado – Murmurei para Alice inclinando a cabeça para o lado.

– Nós precisamos avisar para o outro aluno novo, eu tive uma aula com ele. Ele me pareceu um garoto legal. – Eu quase não acreditei no que estava ouvindo.

– Você está brincando, não é? – Passei a minha descrença para a minha voz

– Por que estaria? – Me encarou – Ah não! Ele já está indo – Alice olhava para um Wolksvagen Rabbit preto que saía do estacionamento.

– Empresta a sua chave – Ela estendeu a mão para mim.

– Não – Falei como se fosse algo obvio.

– Dá logo! Eu só vou avisá-lo e já volto. – Ela arrancou a chave do meu bolso – Vão indo de a pé que eu pego vocês pelo o caminho – A vampira correu até o meu carro.


Pronto, sobrou par mim – Pensei quando vi o resto dos meus irmãos vindo na minha direção.


– Cadê a Alice? – Jasper olhou para os lados, procurando-a.

– Cadê o carro?! – Rosalie interrompeu a minha tentativa de resposta.

– Alice pegou o carro para falar com o aluno novo. – Recebi olhares confusos – Amanhã teremos uma prova para testar os nossos conhecimentos, e ela quis avisar ele. – Dei de ombros como se eu não me importasse muito.


Jasper foi o primeiro a explodir.


– E você a deixou ir sozinha? – Ele agarrou os seus loiros cabelos.

– Alguém tinha que falar com vocês – Manti a calma. Pelo o tamanho do escândalo, até parece que a Alice está indo de encontro com um assassino.

– E como vamos para casa? – Rosalie não estava com uma cara muito boa.

– Vocês estão parecendo humanos. Jasper, a Alice sabe se cuidar. Rosalie, você não vai nem suar – Dei as costas para eles e fui para a saída do estacionamento.


Não demorou muito e eles já estavam no meu encalço.


– Não vai reclamar, Emmett? – Eu tinha quase me esquecido que ele estava ali.

– Ãh... não, eu estou pensando na prova – Ergui as sobrancelhas. Emmett pensando? Isso sim é algo assustadoramente novo.

– Relaxa, garanto que não vai ser nada de mais – Do jeito que os humanos dessa cidade são retrógrados, eu não tinha dúvidas sobre a minha afirmação.

– Não, não estou pensando sobre o que caíra na prova, eu estou pensando o porquê dos humanos não usarem mais aquele aparelho que eu não lembro o nome para tirar cópias das provas. Elas ficavam com um cheiro tão bom... – Depois de ouvir a declaração do ursão, eu até poderia pedir o raios significava aquilo, mas resolvi não me estressar por tão pouco. Então apenas permaneci em silêncio.


Continuamos caminhando sem mais conversas; Alice estava demorando e Jasper também havia notado isso. Contudo, nossas preocupações foram esquecidas quando um Volvo prata familiar parou ao nosso lado. Escutamos uma pequena e rápida movimentação dentro do carro, então o vidro do passageiro desceu.


– Querem carona? – A pequena vampira perguntou sorrindo.

– Você demorou – Comentei contornando o carro, indo para o lado do motorista.

– Ele corre bastante, já estava bem longe quando eu o alcancei – Ela encolheu os ombros e então virou-se para trás – Oi, meu amor – A baixinha lançou um radioso sorriso para Jasper. Ele bem que tentou resistir e ficar bravo com ela, mas, por fim, retribuiu o sorriso e deu um pequeno beijo em sua vampira. Eu nem precisava prever o futuro para saber que isso iria acontecer. Alice sempre conseguia o que queria.


Voltei os meus olhos para a estrada e comecei a dirigir. Quando os meus pensamentos não tiveram mais nada como o que se preocupar, foi que os olhos castanhos da garota misteriosa voltaram para a minha mente. Depois dos olhos dela veio a imagem do professor de biologia. Eu precisava falar como Carlisle.


      Eu, realmente, não sei o que eu faria se perdesse o meu poder. Ler mentes é o que me tornava especial e, só de imaginar não tê-lo, eu sentia tudo desmoronar.



POV/ NARRADOR


“Repugnante”. Era essa palavra que definia o dia daquele homem.


Ele sentou-se em sua poltrona – uma das poucas coisas que a sua casa provisória tinha – e repousou a cabeça. Como ela conseguia viver daquela maneira? Como ela conseguia sorrir verdadeiramente? E, inferno, como ela conseguia deixar tudo para trás?! – Essas perguntas rodeavam a cabeça dele, e, com elas, o homem sentiu ainda mais ódio da foragida.


Por um momento, ele sentiu que ela havia descoberto tudo, mas não, claro que não, a desgraçada era uma arma ultrapassada, e nunca teria descoberto. O homem se inclinou para frente apoiando os seus cotovelos em seus joelhos. Coisas que ele evitava pensar, para não atrapalhar a sua missão, voltaram à sua mente.


Se ela não tivesse fugido, ele nunca teria sido criado. Se ela não tivesse destruído toda aquela base, a primeira cobaia teria sido o suficiente e a sua vida poderia ter sido normal. Mas não era... afinal, ele é a famosa arma A – 5.624 e 5.623 pessoas tinham passado antes dele.


5.623 pessoas tinham morrido antes dele.


Com raiva, o homem se levantou e sentiu toda a casa tremer. Ele precisava se controlar. Mas não conseguiu. A lembrança da garota o seguindo e quase descobrindo o seu esconderijo o preencheu. Ela havia sido patética, mas mesmo assim ele tinha sido descuidado demais. Sem aviso, as janelas da casa explodiram em milhões de cacos.


Ele apertou os punhos com força e respirou fundo. O seu plano estava dando certo e isso já era ótimo. Com um sorriso, prometeu a si mesmo a guardar toda essa sua raiva pra ela. O homem, com um pequeno comando da sua mente, viu todos os pedaços de vidros espalhados no chão se levantarem e se fixarem no mesmo lugar que estavam antes. Satisfeito, ele novamente se deu conta de que ela nunca seria páreo para ele... A foragida nunca seria tão forte quanto ele. Com outro sorriso maligno, o homem se dirigiu para o seu quarto. Ele tomaria um banho e depois faria o seu habitual relatório para a Secrets.


Isabella Swan ou, como diriam os seus superiores: arma X – 4.863, que se cuide, pois a sua morte está cada vez mais perto.



POV/ BELLA


Um cara chamado Mahtma Gandhi um dia disse que você nunca sabe que resultados virão da sua ação, mas se você não fizer nada, não existiram resultados.


Fechei o zíper da minha mochila. Dentro dela havia tudo o que eu julgava necessário, necessário para eu dar uma visitinha ao meu novo professor. Á pouco tempo a trás eu dei um telefonema a Ângela falando que eu não poderia ir a casa dela hoje. Tudo estava pronto. Até mesmo eu.


Arrumei a minha mochila nas minhas costas e aparatei.


Senti sendo puxado para dentro do meu umbigo e antes daquela situação se tornar insuportável, eu me materializei na estrada que eu havia estado há horas a trás. Agora tudo estava escuro, poucos carros passavam na rodovia as minhas costas, o silêncio de dentro da floresta me fez sentir arrepios. Algo de ruim estava por ali.


Eu entrei na mata e comecei a segui o cheiro que vinha da pequena estrada. Quando mais eu avançava, mais o cheiro aumentava. Até que eu cheguei a uma cabana. Céus, ela estava no meio do mato. Como alguém pode morar em um lugar desses? Com um ofego, eu percebi que se objetivo era se esconder, esse era o lugar perfeito. Guardei a minha varinha no meu bolso traseiro, tirei a minha espada e avancei cautelosamente.


Olhei bem para a cabana e, falando sério, eu realmente não me surpreenderia se algum animal selvagem saísse pela a janela.


Andei pela a borda da mata e me expus no pequeno campo limpo atrás da casa. Me encostando a parede lateral, eu fui andando. Parei ao lado de uma janela e espiei para dentro. Ali era o seu quarto e, não sei se sentindo alivio ou desespero, percebi que ele não estava ali. Me prevenindo, eu me abaixei e passei daquela janela. Poucos metros depois e eu encontrei outra.


James estava ali.


O meu novo professor estava debruçado em algo, chegando mais perto do que uma pessoa normal se atreveria, eu percebi que era uma mesa. Ele estava escrevendo algo. A aula de amanhã? Não faço idéia. Cautelosamente, eu tirei a minha mochila.


– Accio porção verossímil – Peguei no ar o pequeno vidro da porção da verdade, o qual eu tinha pegado antes de sair.


Essa dúvida acaba agora – Pensei enquanto avançava para a porta. Deixei a minha mochila ali mesmo – Eu a pegaria depois. Segurando a minha espada em uma mão e equilibrando o pequeno frasco nessa mesma, eu estendi o meu braço livre para a precária porta.


Então tudo se apagou.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Foragida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.