Draco se encostou em meu ombro e eu comecei a acariciar seu cabelo, aquele Draco para mim era um Draco novo, totalmente inesperado, pela primeira vez ele havia tirado a mascara fria e indiferente que sempre usa, só não sabia por quanto tempo isso iria durar. 

- Draco - chamei me virando para ele. 

- Sim? 

- O que vai acontecer conosco agora? Eu lancei um Crucio e sumi com a varinha de Amico e você passou por cima de uma ordem dele, talvez com você não aconteça nada por ser um Co...Malfoy e Sonserino, mas e eu? 

- Eu sei o que eu sou Mady, não precisa ficar receosa em falar sobre isso. E eu não sei o que vai acontecer, mas tenho certeza que não será muito grave, Snape não deixaria. 

- Snape? Foi o Snape que matou meu avô! Por que ele não deixaria? 

- Não sei, só acho que ele não deixaria... E tem mais, você é muito poderosa, não vão querer matar você, vão a querer no lado deles. 

- Mas eu não vou! Nunca seria uma Comensal, nem sobre a Maldição Imperius! E quando perceberem isso vão querer me matar. Vold... 

- Xiiii! 

Bufei. 

- Você-Sabe-Quem vai vir atrás de mim, ou pior, atrás da minha família, para poder me ameaçar como fez com você! 

- Calma Mady, ninguém virá atrás de você agora, eles devem está receosos com o que você fez hoje, falando nisso, o que foi aquilo? 

- Eu não sei... Simplesmente senti alguma coisa crescendo em meu peito e então apareceu a luz. Não tenho ideia de como fiz aquilo. 

- Mas ninguém pode saber disso, todos tem que achar que você pode fazer aquilo quando quiser, assim você vai ficar livre por um tempo, entendeu? 

- Sim, é isso que eu vou fazer... 

- Agora acho melhor eu voltar para o meu dormitório, tem muito vermelho e dourado aqui... Me dá repulsa.

Ri, esse sim era Draco Malfoy. 

- Ok, nos vemos depois? - perguntei. 

- Sim, claro.. Até mais. 

- Até - respondi com um breve aceno enquanto ele saia do meu quarto. 

Deitei em minha cama que ainda estava com seu cheiro, peguei meu travesseiro e o abracei bem forte, tentando colocar seu cheiro em mim... 

- É... Mady? - perguntou desconcertado - Eu não sei como sair daqui - admitiu. 

- Ah, claro, eu te mostro o caminho - falei corando por ter sido pega nessa cena constrangedora. 

- Mady? 

-Sim? 

- O que você estava fazendo cheirando seu travesseiro? - perguntou com um sorriso maroto nos lábios. 

Corei ferozmente, queria achar um buraco para enfiar minha cabeça, mas como não tinha apenas peguei meu travesseiro e joguei nele. Saímos do meu quarto com ele rindo as minhas custas e eu emburrada. Mostrei o caminho para fora do Salão Comunal e nem me despedi. 

Voltei para meu quarto e caí na cama, de repente percebendo o quanto eu estava exausta, meus olhos estavam se fechando quando escuto alguém chamando meu nome e vindo para meu quarto. 

- Mady? Você está ai? - Gina perguntou batendo na porta. 

- Não!

- Então quem que está me respondendo? - perguntou rindo. 

- É apenas um holograma, a verdadeira Mady sumiu. 

- Deixa que ser idiota garota! Vou entrar. 

Ela entrou no quarto e se sentou na minha cama. Seu sorriso logo sumiu e deixou no lugar uma atmosfera tensa. 

- Mady... 

- Eu sei Gina, eu deveria ter lançado a Crucciatos em você, não deveria ter jogado no Amico, não deveria ter sumido com a varinha dele... Eu sei disso tudo! Mas eu não consigo, eu nunca iria te machucar e eu nem sei como eu consegui lançar uma Crucciatos nele, muito menos como consegui sumir com sua varinha ou onde ela está agora. Eu não sei o que eu fiz, não tenho a mínima ideia... 

- Eu sei Mady, mas você tem que aprender a se controlar, eles vão querer te matar agora, ou pior, querer que você fique do lado deles, você tinha que ver a confusão que ficou quando você saiu com o Malfoy... Falando nele, o que foi aquilo? Por que ele entrou na sua frente? E o que você fez? Cadê ele? 

- Eu sei de todos os riscos Gina! E eu não sei porque Draco se jogou na minha frente. Eu o ajudei e depois ele foi embora - omiti a parte em que ele desabafou e mostrou ser apenas um garotinho muito pressionado - E sabe, eu desculpei ele, pela m-morte do meu avô, percebi que ele não teve culpa. 

- Desculpou? - perguntou incrédula. 

- Sim, ele me salvou, e não foi a primeira vez! Acho que ele tem crédito para eu poder desculpá-lo. 

- Tudo bem Mady, mas cuidado, ele é um Sonserino... 

- Eu sei Gina, só quero dar um voto de confiança entende? 

- Eu sei, acho muito bom da sua parte o desculpar - falou sorrindo. 

Dei um sorriso. 

- Bom, agora vou sair, acho melhor você não aparecer pela escola hoje, espere até amanha, aí a gente ver o que faz. Eu trago alguma coisa para você comer.

- Obrigada Gina. 

- Nada, é para isso que serve os amigos - ela disse saindo. 

Fiquei o resto do dia imaginando o que iria acontecer comigo. Tinha muito medo, sabia que não seria uma coisa boa, talvez me torturassem até eu enlouquecer assim como os pais de Neville, ou talvez me castigariam como era os castigos de antigamente, aposto que o Sr. Filch iria adorar... ou pior, me obrigariam a ser uma comensal ou por meio de ameaças ou pela maldição Imperio, mas provavelmente eu iria conseguir resistir, a não ser que lançada por um bruxo poderoso, como Voldemort. Estremeci com a ideia, isso não podia acontecer... Eu não me tornaria uma comensal! Nem sobre Imperio! 

Mas tarde Gina me trouxe comida, conversamos um pouco tentando relaxar, mas a tensão no ar era palpável então desistimos. Ela foi para seu quarto quando Lilá Brown entrou, elas não se falavam desde que Lilá começou a namorar Rony e mesmo após o término elas não voltaram a ser amigas. Eu também não ia muito com a cara dela, então falávamos somente o necessário. Mas parece que hoje ela se esqueceu disso porque veio toda animada falar comigo. 

- Mady! O que foi aquilo? Você precisa me ensinar! 

- Não sei o que aconteceu Lilá - murmurei entediada. 

- Claro que você sabe, foi você que fez! Você lançou uma Crucciatus sem usar a varinha! E depois ainda sumiu com a varinha do Carrow! 

- Eu não sei como eu fiz aquilo! - exclamei. 

- Ok, se você não quer falar, mas eu vou descobrir! - gritou indo em direção ao banheiro. 

Fechei as cortinas da minha cama, talvez assim ela não me perturbasse. Acabei dormindo com uma pergunta na cabeça: 

O que aconteceria amanha?