Paralisei e ao mesmo tempo Amico parou de se contorcer, então um medo me inundou, o que eles fariam comigo agora? Usariam Crucciatus em mim até a morte? Ou tentariam um Império para eu servir a Voldemort? 

- Dumbledore! - Gritou um trêmulo Amico - o que você pensa que fez? Sua vadia. Você vai aprender a se por no lugar. Crucio. 
Fechei os olhos e esperei a dor chegar, aquela dor que eu já estava acostumada, mas ela não veio. Então abri os olhos e o que eu vi me espantou, eu não senti nada pois alguém havia se posto em minha frente, disposto a aceitar aquela dor e essa pessoa era ninguém menos que Draco Malfoy. Ele se contorcia no chão e era visível o esforço que fazia para não gritar. 

- Garoto intrometido! Insolente, como ousa entrar na frende dela? - Berrou Amico ainda torturando o Draco. 

- CHEGA! PARA COM ISSO CARROW! - Gritei fazendo com que os objetos ao meu redor tremessem - É A MIM QUE VOCÊ QUER TORTURAR, DEIXA ELE EM PAZ! 

- Isso é para ele aprender a não passar por cima das minhas ordens! - Então aconteceu algo que até hoje não consigo explicar, uma forte luz branca saiu de mim em direção a Draco, a luz o envolveu e ele rapidamente parou de se contorcer depois a luz se esticou para Amico se tornando amarela, a luz bateu nele como se fosse uma parede e ele foi jogado para trás caindo em sua mesa, a luz tirou a varinha das suas mãos e aos poucos foi sumindo, sem deixar rastros, nem dela e nem da varinha. 

Me levantei com a ajuda de Draco, percebendo que com a força da luz eu acabei caindo. 

- Nunca. Mais. Faça. Isso - falei ofegante - Ou se não não será apenas sua varinha que irá sumir. 

Mesmo não entendendo o que havia acontecido eu precisava falar isso, precisava que ele se sentisse acuado e com medo para poder sair da sala e exclarecer algumas coisas com o Draco e se eu não fizesse isso ele iria atrás de mim e dessa vez com mais pessoas, pelo menos assim eu teria algum tempo de paz. Ajudei Draco a se levantar e fui o apoiando em direção ao Salão Comunal da Grifinória. Ele estava fraco e mais pálido que o normal, eu não conseguia entender o motivo dele ter feito isso por mim, mas agora o mais importante era cuidar dele, depois esclareceria minhas dúvidas.

Murmurei a senha para a Mulher Gorda e fui direto para o meu dormitório, o deitei em minha cama percebendo que ele havia desmaiado e o fiz engolir uma poção que meu avô havia me dado uns dias antes de morrer, me lembro perfeitamente do que ele havia dito. 

- Mady, Hogwarts passará por tempos obscuros onde eu não estarei aqui para te ajudar e você terá que se cuidar pois será perseguida por ser uma Dumbledore. Então eu vou te dar essa poção para que você use quando precisar. Ela ira ajudar a desfazer os efeitos de uma Crucciatos pois nesse tempo as Maldições Imperdoáveis serão comuns em Hogwarts. Mas não tenha medo, eu sempre estarei com você, aqui - falou apontando para o meu coração. 

- Vovô, o que vai acontecer? - Murmurei com água nos olhos. 

- Haverá tempos em que o Mal reinará sobre o Bem, minha querida, mas lembre-se o Mal nunca vence e se ainda não houve um final feliz é porque ainda não acabou. Agora volte para seus amigos, e não se esqueça que eu te amo e nunca a deixarei só. 

- Também te amo vovô - falei o abraçando. 

Meu avô sempre me ajudaria, mesmo depois de morto, como ele havia dito. Draco acordou murmurando palavras desconhecidas. 

- Está tudo bem? - Perguntei preocupada. 

Assentiu olhando ao redor com cara de interrogação. 

- Você está no meu dormitório - esclareci. 

- Na Grifinória? - Perguntou engasgando. 

- Sim, nada mais justo, já que quando eu precisei você me levou para seu dormitó... - Me interrompi no meio da frase corando e lembrando do que quase haviamos feito nele - Ah, e obrigado por ter me ajudado mais uma vez. 

- Não há de que - murmurou com desdém. 

- O que há com você Malfoy? - Perguntei irritada - Primeiro você discute comigo por ter ajudado na morte do meu avô, depois me ajuda a sair da Floresta Proibida, depois me beija e fica me perseguindo durante um mês inteiro e agora se joga na frente de uma Crucciatos que era para mim! 

- É só que, que... Eu só queria recompensar pelo que aconteceu com seu avô, achei que seria uma boa maneira. - Falou no mesmo tom de sempre. 

- E porque você iria querer se desculpar? Você é um Malfoy e um Comensal da Morte, seguidor de Vold... Você-Sabe-Quem! Porque iria querer recompensar uma Dumbledore? A neta de um dos piores inimigos do seu Lord? 

- Eu não sei! Eu só não queria que você sofresse mais uma Crucciatus! Droga, eu gosto de você, não ta vendo? Eu estava tentando te dizer isso o mês inteiro mas você foge de mim. Eu não queria ser um Comensal da Morte! Eu fui obrigado! Eu não queria participar da morte do seu avô, mas ou eu fazia isso ou era minha mãe que morreria! Você não sabe como é viver com esse peso nas costas, eu não aguento mais!- Despejou tudo de uma vez e pela primeira vez ele estava sem aquela mascara de frieza e arrogância e eu percebi que ele era apenas um garotinho com medo e que foi obrigado a crescer rápido demais, apenas um garoto que se sentia pressionado por todos exatamente como eu me sentia.

Então em uma atitude impensada o abracei pois eu o entendia, sabia como era ser assim, e nesse momento ele parecia apenas um garotinho indefeso, e esse era o verdadeiro Draco Malfoy. 

- Eu sei como é se sentir pressionado, e eu te perdoo Draco, ouviu? Eu não te culpo pela morte do meu avô, eu faria o mesmo em seu lugar pois o que mais me importa é minha família - murmurei em seu ouvido tentando o acalmar. 

- Me desculpa Mady? Por eu ter sido um idiota? Me ajuda? Eu preciso dessa sensação que apenas você me trás, essa sensação aconchegante que eu só sinto perto de você. Seja minha amiga? - Implorou. 

E naquela hora, vendo o verdadeiro Draco, o garotinho frágil e indefeso eu só pude assentir e murmurar um "sim" a suas súplicas. 

- Obrigado.