Eu estava atordoada, Madame Pomfrey cuidava rapidamente da batida em minha cabeça, alguns bruxos traziam feridos para o cuidado de Madame Pomfrey e seus ajudantes, outros carregavam os mortos em combate para outro canto do Salão. Familiares desesperados choravam perto de seus parentes mortos, alunos corriam para todos os lados, buscando sobreviventes.

Draco estava ao meu lado, não tirava os olhos de mim desde que Voldemort falara que eu deveria ir junto a Harry, ele achava que se piscasse eu poderia sumir.

Depois de Madame Pomfrey acabar com o ferimento, corri até os Weasleys, todos reunidos ao redor de alguns corpos. Draco foi atrás.

- O que...

- Ah, Mady! – Gina me interrompeu, chorando, enquanto me abraçava. Por sobre seu ombro, eu podia ver os corpos de Tonks e Lupin ao lado do de Fred, todos pálidos e imóveis.

Arfei, tentando controlar minha imensa vontade de chorar, eu precisava ser forte, por todos, mesmo quando seus sentimentos me invadiam e intensificavam a dor.

Gina soluçava, me abraçando com força e murmurando palavras incompreensíveis, dentre elas recusas sobre eu e Harry irmos a encontro de Voldemort.

Draco nos fitava, sem saber o que fazer, ele parecia querer ajudar, querer me ajudar. Eu sentia isso. Dei um sorriso fraco em sua direção, ainda abraçada a Gina e ele assentiu minimamente.

- Gina... – escutamos a voz hesitante de Hermione e logo Gina se soltou de meus braços, correndo para a garota, que deixava lágrimas silenciosas escaparem.

Me voltei para Draco e ele me estendeu a mão, a qual eu peguei rapidamente, buscando a força e o conforto que ele me trazia apenas pelo toque.

Vi Ron ao lado de seus irmãos, olhando o corpo sem vida de Fred. Procurei Harry com os olhos e o achei em um canto afastado, visivelmente abalado.

- Draco... – murmurei hesitante, o olhando suplicante. Ele assentiu.

Fui em direção a Harry, o abraçando com força, enquanto ele deixava escapar um soluço desconsolado.

- Eu tenho que acabar com isso – ele murmurou baixo, a dor presente em sua voz.

O abracei com mais força, eu sabia que só acabaria quando ele fosse ao encontro de Voldemort, mas ele não iria sozinho.

- Snape mandou eu lhe entregar isso – me afastei dele o suficiente para pegar o pequeno frasco no bolso interno de minhas vestes.

Ele assentiu, pegando-o para si.

- Você quer...

- Não, você tem que ver isso sozinho – o interrompi, olhando intensamente em seus brilhantes olhos verdes – Confie em mim.

- Também tem a ver com você, Mady – ele murmurou, incerto – Sobre seu avô.

- Não, o que quer que tenha nesse frasco, só diz respeito á você – respondi – Eu sempre confiei nas decisões de meu avô e ele decidiu confiar em Snape, sei que nesse frasco tem o porquê dessa atitude, mas você tem que descobrir sozinho, Harry.

Ele assentiu, um pouco menos relutante, e saiu do Salão Comunal.

- Mady... – Draco me chamou, hesitante.

Me virei para ele, deixando um sorriso pequeno escapar ao pensar que ele poderia não estar vivo agora.

- Você não está pensando em ir até ele, não é?  - ele perguntou e eu imediatamente fechei o sorriso, suspirando pesadamente.

- Eu preciso fazer isso – murmurei cansada, sabia que ele não concordaria.

- Não precisa não! – ele falou um pouco mais alto, parecia nervoso.

- Draco – me recusei a gritar também, eu não discutiria com ele novamente – Se eu não for, ele matará a todos.

- Não me importo! – ele falou, exasperado – Mady, eu não me importo com os outros, só me importo com você – ele suavizou a voz – Eu não posso deixar você ir de encontro a sua morte! – ele tentou se controlar novamente – Nós podemos fugir, ele nunca nos acharia, Mady!

- Eu não posso deixar isso acontecer  porque eu me importo – falei – Eu me importo com eles, meu avô morreu tentando proteger esse castelo, eu não posso abandoná-lo assim! Não posso abandonar isso tudo, não posso abandonar os Weasleys, a Armada, ao Harry... Eles são meus amigos Draco, eu me importo com eles assim como me importo com você e como sei que você se importa com sua família.

Ele ficou quieto, o olhar perdido e machucado.

- Eu não vou deixar você se entregar assim – ele murmurou, decidido.

- Você não pode me impedir – o respondi, determinada.

- Então é assim? – ele me olhou angustiado – Assim que tudo termina, com você morta?

- Draco, é o único jeito de...

- Único jeito de que!? Que droga, Dumbledore! – ele se exaltou – Você vai morrer!  Como isso pode ajudar em algo?

- Eu tenho que fazer isso – minha voz falhou, eu tremia – Eu preciso garantir que todos ficaram bem, que você ficará bem!

- E como você pretende fazer isso morta? Como pretende fazer isso se ao menos estiver aqui? – ele me puxou pelos braços, sacudindo – Como eu ficarei bem sem você, Madeleine?

Deixei um soluço escapar, impotente.

- Você está me machucando – murmurei, fraca – Por favor...

- Eu não vou aguentar ver você se entregar assim – ele me soltou, se afastando – Não vou...

- Draco! – tentei o chamar de volta, não tinha forças para segui-lo – Não...

Me sentei no chão, deixando algumas lágrimas escaparem e sentindo que alguém me abraçava, era Luna.

- Eu tenho que fazer isso, por que ele não entende? – murmurei mais para mim mesmo, e a garota apenas assentiu, me abraçando mais forte e me deixando chorar – Eu preciso fazer isso, Harry precisa de mim...

Enxuguei inutilmente minhas lágrimas, me levantando do chão, quando olhei para o relógio novamente, o tempo estava acabando, precisava encontrar
Harry.

Luna me olhou impotente assim que eu sai de seus braços e eu lhe lancei um fraco sorriso, enxugando as lágrimas.

Encontrei Harry na porta do Salão, falando com Neville.

- Está pronto? – perguntei, indo ao seu encontro.

Harry se virou para mim, assentindo e me estendendo a mão.

A segurei, determinada, e ele colocou a capa de invisibilidade sobre nós dois.

Suspirei, tentando não pensar em Draco e, junto com Harry, caminhei até a orla da floresta.