A lua brilha solitária na escuridão e eu sinto o meu peito se afundar a cada palavra que ela me fala, eu precisava de coragem, mas a única coisa que consegui foi quebrar o coração da única menina que eu já amei – mesmo eu sempre tendo dito que amava a Carly, isso nunca foi verdade – e por consequência o meu também.

Eu vejo a silhueta dela ao longe e relembro os momentos em que a tive em meus braços, poucos momentos confesso, mas ainda assim momentos maravilhosos.

Quando eu fiz aquela aposta tudo o que eu queria era de um pouco de coragem para contar a Sam sobre aquele sentimento que já me rondava a tempos, nos meus planos eu contava a ela sobre isso, lhe explicava tudo e nos ficaríamos bem, mas infelizmente nem tudo sai como desejamos, eu novamente tive medo, fui fraco e não contei a ela sobre a aposta.

Chego em casa com lágrimas nos olhos e sem vergonha as deixo finalmente cair, seguindo para o único lugar que me faria – não totalmente – bem.

Olho para a imensidão negra e ela parece imitar o vazio do meu peito, a cidade está silenciosa ao contrário da minha cabeça que me julga e tenta achar respostas e soluções para o meu problema tudo ao mesmo tempo.

Eu não poderia desistir da Sam, ela é a única que me conhecia de verdade, a única que me faz sorrir só por respirar, a única que me faz de tonto, a única que me fazia arriscar e errar. Sam é única pra mim e eu não poderia desistir dela, porém ela não queria mais me ver e eu não sou bom para ela, mas...

 O que é sem bom para Sam? Ser corajoso? Ser eu mesmo? Acho que na verdade nenhum desses era bom, Sam a pesar da máscara e pose de durona era só mais uma menina que precisava de carinho e de verdades, então o que ela realmente precisa é de alguém que não quebre o coração dela, que não minta para ela. Uma única coisa que eu não fui capaz de fazer.

No final de tudo eu lutei tanto para merecê-la quando eu na verdade já a tinha para mim, sem erros e sem apostas, apenas por estar ali ao lado dela.

Deixo o meu corpo cair no chão e deito-me observando os primeiros raios do sol, tudo sempre foi tão simples, porque eu fui complicar? Agora eu tenho o meu coração partido e a dor só aumenta cada vez que eu lembro que a perdi e que eu também quebrei o coração dela.

Ouço o barulho de passos, mas não mexo o meu corpo, cada movimento aumenta a dor.

- Então? – ouço Carly perguntar.

– Eu a perdi. – falo segurando minhas lágrimas, que estavam querendo voltar ao meu rosto já seco.

– Você só a perdeu porque foi estúpido. – Carly fala exaltada.

Eu sei que fui, mas mesmo assim as palavras dela acendem em mim outro sentimento, um além da dor.

– VOCÊ TAMBÉM TEM CULPA NISSO. – grito levantando-me, afinal é verdade, ela também estava envolvida na aposta.

– MAS NÃO FUI EU QUE A DEIXEI IR, EU NÃO SOU O NAMORADO DELA. – ela grita e corre para longe de mim.

E mais uma vez eu fui estúpido, mais uma vez eu errei e deixei uma importante pessoa da minha vida ir para longe, eu estava magoado e nervoso, eu não sabia o que fazer.

O que fazer? Como suportar essa dor? Como consertar isso? Como pedir desculpas a Carly? Como fazer a Sam sorrir de novo? Como fazê-la me amar novamente?

As perguntas rondavam a minha cabeça, mas nenhuma resposta parecia certa, o céu clareava cada vez mais e os primeiros barulhos do transito já começava, mas os meus olhos cansados e o meu corpo pesado não pareciam se importar com nada disso e novamente deixei-me cair no chão com a certeza de que em algum momento faria a Sam sorrir novamente e que eu não erraria dessa vez.