Amigos escrita por camila_guime


Capítulo 11
Amigos coloridos em evolução


Notas iniciais do capítulo

Nossa! Agora eu vim dápido!
hehehe
Boa Leitura!



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Cap. 11

Eles se prepararam e depois saíram todos de uma vez da casa de Alan e Vanessa. Vickie e Stark foram para rumos opostos. Danilo ficou para levar Rachel para casa. Os anfitriões se despediram dos últimos amigos e tornaram a entrar na casa. Vanessa levava as peças de roupas encharcadas para a área de serviço enquanto Alan terminava de secar o excesso de água do pátio. Depois, reuniram-se na sala de estar.

— Ótima tarde, não? – Comentou Alan despejando-se no sofá.

— Ótima mesmo! Você ficou bem feliz, não foi?

Vanessa sentou-se no chão, perto de Alan.

— Sim. Você não? – Alan ainda tinha um sorriso bobo e jovial brincando em seu rosto. — Eles são ótimos!

Vanessa viu-o fechar os olhos por um instante, descansando, e aproveitou o momento de tranquilidade para se esgueirar para cima do sofá, escorregando-se do lado de Alan, que se ajeitou para que coubessem ali. Aninharam-se um com o outro, e pela primeira vez em tempos desfrutaram da pequena paz, simplesmente, sem falar ou fazer algo que pudesse estourar aquela frágil bolha de quietude que havia se formado ao redor.

(...)

Rachel ia encolhida no banco de trás do carro de Danilo, o que já era um lugar incomum de ela ir. Tinha o rosto encostado e virado para a janela, braços cruzados e estava muito calada. Seus planos para depois da casa de Alan haviam ido por água abaixo depois da situação constrangedora com sua lingerie. Esperava que o assunto evaporasse da mente de todo mundo como ela queria que acontecesse na sua.

Por que todos eles ficaram abobalhados com o que caiu de sua bolsa? O que? Ela não parecia do tipo que...? Que tipo ela parecia? Ninguém achava que ela era crescida suficiente? Ou que tivesse potencial para ser uma Rachel... Diferente? Uma Rachel menos criança e “fofa” como costumam vê-la? Até Danilo a via assim? Bem... Esse não era um pensamento lá muito confortável... Não com tudo aquilo que Danilo a fazia sentir! Será que, para ele, ela não estava no mesmo nível?

— Rae? O que há com você? – Perguntou Danilo de repente.

Rachel descolou a testa do vidro úmido e se voltou para ele.

— O que?

— Você está calada demais.

— Eu não tenho nada não, Dan... – Mentiu sentindo-se pequena.

Danilo diminuiu muito a velocidade e saiu da avenida principal, fazendo rota por ruazinhas sem movimento. Parecia até que ele estava preste a parar em qualquer lugar, andando como se conferisse as casas ao lado.

— O que você está procurando? – Perguntou Rachel.

— Não estou procurando... Só quero alongar o tempo... – Disse dando um sorrisinho pelo retrovisor. Rachel corou. — Você disse que tinha mais uma surpresa... Ainda tem?

“NÃO”! Ela teve vontade de dizer, mas sentiu a vergonha tornar ao rosto pelo constrangimento da peça íntima.

— Eu... Na verdade... – Rachel tentou pensar numa fuga rápida, mas se viu sem criatividade. — Ah, não... Não mais.

— Hm... É uma pena. Seja lá o que fosse! – Danilo pensou que pudesse animá-la, mas Rachel ainda ficou calada. — O que você tinha planejado? Adoro suas ideias.

Rachel olhou pelo retrovisor.

— Nada não Dan.

— “Nada não” não costuma ser sua resposta habitual, ainda que realmente não seja “nada”. – Danilo analisou. — O que estragou seus planos?

— Nada estragou meus planos – mentiu. — Só não acho que seja mais uma boa ideia!

— Então diga qual é! E se eu achar uma boa ideia? Ainda é meu aniversário, e eu posso querer mais esse presente! – Ele jogou.

Mas Rachel bem sabia que “surpresa” era e corou brutalmente... Se ele fizesse ideia do que ela tinha planejado...

— Você não ia querer... – Rachel murmurou. — Foi uma ideia estúpida!

Danilo se preocupou.

— Você não tinha planejado que pulássemos de bang-jump ou que escalássemos um iceberg, tinha?

Rachel deu um risinho.

— Não. E como é que se escala um iceberg?

— Não sei! Você disse que foi uma ideia estúpida! – Danilo brincou. Rachel conseguiu dar uma risadinha mais real.

— Não tem a ver com esportes radicais. – Rachel falou.

— ÓTIMO! Tive uma ideia! Você me deixa adivinhar! Assim você se poupa de contar de fato... – Pela cara, Rachel ainda não parecia muito conformada. — Vamos lá! – Encorajou. — Se não era algo cheio de adrenalina, era... Era mais romântico?

Rachel riu de vergonha, mas acabou acenando que sim com a cabeça.

— Bem... Eu acho que imaginei sendo sim!

— Hm... Isso é bom! – Danilo deu um sorriso aproveitador. Uma ideia quase absurda passou por sua cabeça quando lembrou do vexame com a lingerie, mas definitivamente não quis pensar muito naquilo. — E outra pista? Ia ser... Divertido?

Rachel apertou os olhos, sentindo o rosto queimar.

— Talvez, provavelmente, dentre outras coisas... – Confidenciou.

— Hm... – Danilo fez de novo. A ideia absurda não lhe saía da cabeça. Mas... Rachel? Planejando uma coisa ousada dessas? A Rae? — E o que mais seria? Seria num ambiente aberto? – Perguntou apreensivo.

— Não. Pelo menos não nos planos...

Danilo sentiu o braço arrepiar. A essa altura a ideia absurda começava a não parecer mais tão absurda assim, ainda que lhe custasse crer que Rachel pudesse estar planejando...

— A gente já fez isso antes? – Perguntou ele, sem saber direito se deveria ter feito ESSA pergunta.

Rachel demorou a responder, e o fez tornando a olhar para fora da janela.

— Não.

Danilo levou mais de dois segundos para conseguir engolir direito.

— Hm... Isso me deixa em dúvidas! – Disse para tirar o resto do ar dos pulmões. — E se é romântico, divertido, num lugar fechado, uma coisa que a gente nunca fez antes...

Rachel tornou a olhá-lo pelo retrovisor, apertando as mãos sobre o colo e mordendo o lábio, nervosa. Estava claro, e ela sabia que ele já tinha em mente o que era.

— Rae... Você não pode me ajudar nem um pouquinho? Eu não sei se...

Rachel viu o pescoço de Danilo levemente arrepiado, e o jeito como ele apertava o volante demonstrava que ele estava nervoso. Rachel teve que reunir coragem para ter a conversa por mais um tempo.

— Eu sinceramente acho que você tem uma ótima ideia do que eu tinha pensado... – Confidenciou. — Ainda mais depois do desfecho de hoje! – E mordeu o lábio mais forte.

— O desfecho? Na casa do... Não! Está falando do episódio da...?

Danilo viu Rachel fechar os olhos, envergonhada enquanto assentia com a cabeça, e dava a ele um calafrio esquisito.

Danilo teve que frear o carro e se virar para trás para vê-la melhor.

— Estamos falando da mesma coisa? – Perguntou surpreso.

— Eu não sei! Acho que sim! Do que você está falando?

— Eu não tenho certeza, depende do que você realmente tenha pensado! – Danilo disse nervoso.

— Mas você pode chutar! Vamos lá! Facilite as coisas, Dan!

— Seria mais fácil se você falasse!

— Não, não seria! Diz o que você pensou! – Empolgou-se Rachel aproximando-se de Danilo, que recuou meio acanhado, o que era raríssimo.

— Ah, não, não, não... – Negou-se Danilo. — Não posso dizer o que eu pensei... Poderia deixar você... Sem graça...

— Não mais que eu já estou!

— Então você está concordando com o que eu pensei que fosse?

— Bem, suponho que sim, se eu estiver certa sobre o que pensou!

— Eu só não achei que você pensasse nisso também! – Confidenciou Danilo.

— O que? Você também pensa nisso? – Rachel acabou por sorrir.

— Claro. Quer dizer... Sim. – Danilo franziu o cenho, confuso. — Mas a final, estamos falando da mesma coisa, certo? Então vamos dizer ao mesmo tempo, sem confusão, sem enrolação e sem constrangimentos?

— Tudo bem, e caso estejamos errados, calamos a boa e esquecemos o que o outro disse!

— Mas se acertamos...

— A gente pensa no que faz depois! – Alcançou Rachel. — No três, ok?

— UM...

— Dois...

— Sexo? – Cochicharam os dois ao mesmo tempo.

Danilo virou-se subitamente, recostando-se no banco, dando uma palmada na testa, enquanto Rachel tapava a boca com as mãos e recaia sobre seu assento.

Seguiram-se uns minutos em que ambos permaneceram absorvendo a informação. Danilo teve que se fazer falar, antes que Rachel pensasse que ele tinha ficado estranho pela declaração.

— Sério Rae? Você realmente tinha... Pensado...

— Eu disse que era uma ideia estúpida! Eu falei que... – Começou a tagarelar. — Eu não sabia por onde começar com isso, e nem sabia na verdade se faria alguma coisa a respeito. Nem imaginei que falaria disso assim, sei lá! Eu pensei que tinha tudo em mente, mas acho que não tinha nem o princípio e, é claro, foi uma baita de uma viagem da minha cabeça, por que é claro que...

— Eu quero. – Danilo interrompeu de repente. Virando-se de volta para trás. — Quer dizer... Eu quero falar disso com você Rae... – Corrigiu.

Rachel dessa vez não sentiu o rosto esquentar.

— Nossa! – Suspirou nervosa. — Isso é realmente...

— Um pouco esquisito?

— É. Talvez. Um pouco calmante no fim das contas.

— Meio constrangedor?

— É um pouco.

Rachel ficou quase hiperventilando enquanto sentia a pele do rosto assada. Danilo não parava de encará-la e era aquele olhar detonador de novo.

— Danilo, você poderia... Poderia voltar a dirigir?

— Ah, sim, claro, eu acho que sim, com certeza! – Balbuciou voltando-se para frente e dando a partida.

Levou mais um tempo até que ele falasse de novo.

— Para onde agora? – Quis saber.

— Acho que... Para minha casa... – Rachel disse temendo desapontá-lo. — É que já ficou tarde, está anoitecendo sabe...

— Sim, entendo, é claro. Nem estava percebendo! Eu... Sinto muito pela situação ridícula na casa do Alan, agora que você falou... Em pensar que aquilo poderia ser a...

— DAN! – Rae cortou. — Agora realmente não é boa hora pra lembrar!

— Sinto muito!

— Eu realmente preciso botar a cabeça no lugar agora! – Disse Rachel se desfazendo no bando traseiro do carro.

(...)

Vickie comprou esquadros novos e pincéis novos antes de ir para casa. Era engraçado que, contudo, mesmo com a discussão com Stark, ainda tivesse um sorriso bobo estampado no rosto até chegar a casa. Ficar com amigos era mesmo restaurador!

Mas quanto ao Stark... Queria realmente que as coisas de fato mudassem. Gostava tanto dele, de lembrar dele, e pensar sobre ele... Mas era tão irritante quando começavam a se alfinetar! Por que ele simplesmente não entendia que a última coisa que ela queria era competir com ele? Como e quando exatamente começavam a fazer isso? Onde estava a parcela dela de culpa?

Vickie depositou a chave do quarto sobre a mesa de cabeceira e guardou os objetos novos, depois, largou-se sobre a cama, sentindo o corpo dolorido finalmente depois da brincadeira do dia. Definitivamente não tinha jeito para esportes! Fechando os olhos por um momento, lembrou-se de quando chutou Stark sem querer, foi engraçado, mas sentia uma peninha dele agora... E foi pensando no seu dia, que não reparou exatamente a hora que pegou no sono, e quase não distinguiu realidade de sonho...

Levantava-se da cama para atender ao telefone. Na verdade era uma mensagem, de Stark. Ele parecia muito animado, e queria que ela corresse até a casa dele. Era uma supernotícia, e também uma surpresa!

Vickie chegou lá em vinte e cinco minutos. Stark a esperava na porta da casa, e logo a alcançou na calçada.

— Você não vai acreditar no que eu consegui! – Disse depois de abraçá-la.

— O que? Você criou um computador que fala e pensa sozinho? – Brincou.

— Não. Mas isso já não existe? – Stark riu.

— Não sei, não entendo do seu mundo da informática!

Stark a levou para dentro, e brilhando num canto da sala, um amontoado de aparelhos eletrônicos que, mesmo Vickie, que não entendia nada daquilo, soube de imediato o que era.

— NÃO! Está de brincadeira! Isso é seu?

— Comprei hoje! E sabe o que isso significa? – Disse Stark parando ao lado dos aparelhos de som, de disco... Enfim, tudo que um Dj precisa pra tocar.

— Significa que...

— Que eles me chamaram pra tocar lá constantemente agora! – Anunciou Stark, animadíssimo. — Permanentemente! Posso até virar sócio de lá!

— Mas que maravilha Star! – Vickie saltou e abraçou Stark, como sempre, acabando erguida do chão.

Stark aproveitou que carregava Vickie e a tirou de perto dos aparelhos sem dar a entender o medo de ela bater em alguma coisa... Sentou-a depois no sofá, e em seguida voltou para os aparelhos.

— Você tem que escutar uma coisa... E me dizer o que acha! – Falou Stark, seu tom tinha mudado de repente, e Vickie não deixou de perceber isso.

Stark mexeu em algumas coisas que Vickie não fazia ideia de como funcionavam, e então de repente, uma música começou, Stark voltou a sentar ao lado dela.

— É nova também? – Vickie perguntou. Seu tom também mudara por reflexo do som, que era tão profundo e envolvente já no início, que a fez sentir tanto quanto ouvia.

— É. Mas já estava trabalhando nela há alguns dias...

Costumava ser assim: Stark pensava numa musica, Vickie qualificava. Era finalmente uma coisa que tinham em comum de verdade, quer dizer, sem discórdias. Gostavam do mesmo tipo de som, e em geral, Vickie admirava todos que Stark fazia, mesmo quando era um simples remix... Stark tinha o coração no lugar, e toda música que tocava mostrava isso, e muito bem. E aquela não tinha ficado atrás, pelo contrário, era uma das músicas mais intrigantes, envolventes e sedutoras que ele já tinha feito.

Vickie não percebeu quando fechou os olhos, e acabou sendo levada para outro lugar em sua mente. Era difícil dizer no que exatamente pensava, era muito subjetivo. Mas a hipnose era extremamente prazerosa.

Stark levava um semi-sorriso no rosto, satisfeito por notar que Vickie tinha gostado. Sempre que ela gostava muito de uma música, não tinha palavras para descrevê-la, só ouvia. Mas o melhor de tudo, era que ela não sabia, mas Stark fizera aquela música pensando nela, procurando decodificá-la no som. Sons inorgânicos, mas que exprimiam melhor e mais profundamente o tipo de sentimento que queria passar do que uma orquestra inteira. “A batida refletia a força de Vickie, a intransigência, a teimosia”, Stark pensava. “O som principal, sua jovialidade, sua sedução e sua feminilidade. O som secundário, muito mais sutil, lembrava suas fraquezas, seus segredos”. Enquanto o som terciário, bem lá no fundo, mostrava a Vickie que Stark via: delicada, inteligente, atraente, cuidadosa, amiga e divertida. Sim, era a música perfeita.

Vickie ainda divagava em algum lugar em sua mente, Stark não sabia qual era, mas a fazia sorrir também. E sem que Vickie pudesse prever, sentiu a mão de Stark tocar-lhe no pescoço, fazendo-a entreabrir os olhos, sorrindo de leve.

— Ela é fantástica! – Sussurrou semi-acordando do transe da música.

— Ela é sim... – Stark concordou, mas não exatamente sobre a música.

E então, Stark trouxe Vickie para mais perto, e a beijou de leve, esperando que ela correspondesse primeiro, o que não tardou a acontecer, na verdade. Vickie o abraçou, aproximando-se mais, e permitindo que Stark a enlaçasse pela cintura; seus braços eram compridos e quase podia segurá-la por inteiro, o que era uma sensação ótima de aconchego. Vickie pulou para seu colo, aninhando-se da forma mais confortável possível.

Stark era bom pra ela, a fazia bem, e isto não se podia negar. Stark, nessas ocasiões em especial, diferentes de quando estavam em grupo, não era nem um pouco distinto do que ela gostaria que fosse, ou seja, correspondia à Vickie do jeito certo, a satisfazia. E por outro lado, Stark poderia dizer o mesmo, não só por Vickie correspondê-lo, mas por gostar dela de um jeito que não gostava de outras garotas. Tudo que ela fazia era bom, tudo agradava. Ele gostava de gostar dela!

Vickie sentiu o aperto em sua cintura se prender mais, mas com apenas um braço desta vez, pois a outra mão de Stark subiu para sua nuca, quase do tamanho inteiro do pescoço dela, praticamente, dando-lhe calafrios. Em correspondência, Stark sentiu o aperto da mão de Vickie em seu ombro e a outra em seu cabelo, tirando-o de órbita.

A hipnose da música pareceu fazer efeito de novo, agora sobre os dois, e logo não tinha como discernir o que se passava na mente de cada um. Como se cores distintas se mesclassem anuviando tudo ao redor, e dentro deles mesmos. Sim, eles eram assim: uma amizade colorida em evolução.

As costas de Stark cederam, perdendo a força e recaindo sobre o sofá. Vickie acabou, então, deitada sobre ele, o que continuou tão confortável quanto antes, por que sabia que Stark não a deixaria cair. Além do que, ter Vickie tão perto assim fazia Stark se sentir inebriado, e, para falar a verdade, ele não permitiria que ela caísse dali.

Mas por via das dúvidas, ou por pura resposta ao calafrio que subiu por ela, Vickie agarrou-se à cintura de Stark, não tendo ideia do que aquele toque causou, mas sentiu o aperto de Stark a comprimir um pouco mais, puxando-a mais para cima. E os lábios de Stark encontraram o pescoço dela.

Vickie de fato estava a ponto de perder os sentidos, pois nunca havia sentido tanta coisa junto. Não sabia se era certo ou errado, ou como aquilo nunca tinha acontecido antes, mas não podia negar que adorava sentir Stark beijando-a e tocando-a de um jeito tão...

Stark estava quase alucinando. Vickie era demais para ele. Ou melhor, era na medida certa! Adorava a sensação de poder segurar quase sua cintura toda, ou sentir seu peso leve comprimido sobre ele, ou sua boca na pele dele... Estava de fato indo para além da hipnose, e já não estava certo se isso ainda tinha a ver com a música, que agora tocava mais alto, enchendo a sala com o som.

Vickie se sentiu sendo agarrada e virada para o lado, para logo depois ter o peso denso de Stark sobre si. Não suportou segurar um suspiro que lhe escapou por baixo do fôlego, encantando os ouvidos de Stark. E nesse ritmo, logo Vickie se viu acolhendo-o e abraçando-o por inteiro, enquanto sentia-se desfeita e quase surreal. Era como se sua pele se tornasse ultra-sensível e ela pudesse sentir desde o mínimo fio de cabelo dele até a ponta de seus pés. Ela também gostava de gostar de Stark.

Mas alguma coisa a despertou com um clique, algo que ela não soube identificar, mas que a fez segurar o rosto de Stark, arrancando os lábios dele de cima dela.

— Stark...

— Hum?

— Eu não sei se...

— Se? – Ele incentivou.

— Se... – Vickie tentou pensar melhor no que ia dizer. Olhou e reparou neles dois, e seu coração doeu só de se imaginar se afastando dele. — Se...

— Algo de errado? – Stark se preocupou.

— Não sei se vou estar pronta pra que todo mundo saiba...

Stark apoiou-se nos cotovelos, permitindo a Vickie uma longa e lenta respiração. Não tinha certeza do que lia nos olhos dela, mas se a conhecia bem, estava só preocupada.

— Se você estiver com medo ou se... Não estiver certa...

— Não. Não é isso! – Vickie atalhou, ficando corada. — Não é nada disso, - garantiu beijando-o rapidamente. — Só não sei se vou querer que eles saibam...

Então Stark entendeu o que exatamente ela não queria que os outros soubessem, e que dava uma pista do que ela queria realmente agora.

— Eles não precisam saber. – Stark sorriu. — Ninguém precisa. Pode ser um ótimo segredo! – Brincou mordiscando o pescoço de Vickie, fazendo-a rir.

— Adoro segredo! – Correspondeu tornando a abraçar Stark...

Vickie rolou para o lado e de repente se viu abraçando um dos seus travesseiros. O desapontamento do que sentiu em seus braços a fez acordar. Acordar e perder a sensação prazerosa de ter estado nos braços de Stark. Levantou-se furiosa e notou que tinha dormido de roupas e sapatos. Então, decidiu que ia tomar um banho, um belo de um banho, e se controlar para parar de lembrar e pensar nele. Tinha acabado, e ela não podia ficar querendo voltar a trás sempre!

(...)

No dia seguinte, numa manhã especialmente silenciosa, Alan despertava. De novo na mesma semana sentia uma preguiça incrível, que praticamente pregava seu corpo no colchão. Porém, um detalhe súbito foi percebido: ou estava sonhando ou aquele dia era uma grande exceção! Vanessa estava de bruços, do seu lado na cama, dormindo um sono aparentemente pesado.

Quantas vezes aquilo aconteceu naquele ano? Bem... Alan não conseguia mensurar. Ela ainda estaria de folga? Não era da estirpe de Vanessa se atrasar ou faltar seus treinos. Mas ainda assim, mesmo correndo o risco de ela brigar com ele por não tê-la acordado, Alan não interferiria, não ia desfazer aquele milagre! Nunca mais tinha visto Vanessa tão tranquila.

Então, pela primeira vez em tempos, levantou-se satisfeito e se arrumou para voltar ao hospital. E lembrando-se de lá, fazendo uma avaliação mental, acreditou que tinha uma boa notícia a dar a uma de suas pacientes!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Bem, eu disse a Jéss que eu ia dedicar esse cap. a um pouquinho sobre o casal preferido dela!
Tudo certo Jéss?
Espero que tenham gostado!
Mila.



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