Sai da casa da Milena sem rumo. Ainda não conseguia entender como ela não podia ter gostado de transar comigo.

Admito que não era um cara muito experiente, mas nunca reclamaram. Passei em um bar e bebi todas que tinha direito.

Boa parte do tempo fiquei tentando encontrar onde havia errado. Não tinha como aceitar o que a Milena disse.

Cheguei em casa e fui tomar um banho frio. Não estava bêbado, mas já me sentia um pouco tonto.

Joguei-me na cama e liguei a televisão. Já era tarde e não tinha nada de interessante. Eu precisava me distrair de alguma forma, mas não sabia como. Por mais que quisesse dormir, o sono não vinha.

Resolvi ler, sempre dormia quando lia ainda mais do jeito que eu me encontrava. Peguei um jornal qualquer que estava na sala, nem sei de quando era, mas era só pra eu pegar no sono mesmo, não me importava se era recente ou não.

Foi folheando esse jornal que acabei vendo um anuncio de acompanhantes. Eu sabia muito bem que tipos de acompanhantes eram essas. Garotas de programa.

Inicialmente continuei folheando aquele maldito jornal e nada de sono. Não conseguia tirar as palavras da Milena da cabeça, dizendo que não sentiu nada nas vezes que transamos.

Nessa hora eu tive um estalo vamos assim dizer. Fiquei aquele tempo todo tentado descobrir o que eu havia feito de errado pra Milena dizer que não curtiu transar, quando na verdade o problema não era meu, era dela. Claro, como não pensei nisso antes.

Quem não curtia sexo era ela, logo o problema estava nela e não em mim. Mas eu queria ter certeza disso.

Voltei algumas folhas do jornal e decidi tirar a prova dos nove. Depois de uma rápida seleção pelos anúncios liguei pra uma das acompanhantes e disse que estava interessado nos serviços dela. Não demorou muito até que ela chegasse à minha casa. Estava sozinho, o que me deu uma liberdade maior. Sei que não é algo bonito de se ouvir, mas nunca fiquei tão feliz por minha avó ter adoecido e minha mãe ter ido passar a noite com ela no hospital.

Abri a porta pra moça educadamente. Ela era bonita, devia ter no máximo uns 22 anos. Era loira, tinha olhos castanhos claros e a pele era levemente morena.

 - Boa noite, você é o Fábio?

 - Eu mesmo. Seu nome é Fernanda certo?

 - Exato, a não ser que você queira outro.

 - Seu nome é o que menos me importa agora. Temos coisas mais importantes pra fazer não acha?

 - Concordo plenamente, mas como o combinado, 50% do pagamento é agora e o restante quando acabarmos.

- Claro, vem aqui.

Levei a moça até o meu quarto e peguei a primeira parte do pagamento e dei pra ela. Ela conferiu na minha frente e antes que ela dissesse qualquer coisa joguei ela na cama e mostrei que o restante do dinheiro estava na minha carteira.

 - Agora sim. Podemos começar. – disse ela me chamando com o dedo.

Não fui nem um pouco carinhoso, atencioso ou qualquer coisa do tipo. Eu era assim com a Milena e de que valeu? Praticamente ela me chamou de broxa.

Quanto mais eu lembrava das palavras dela, mas eu queria mostrar naquela transa que eu era normal e a única problemática era a Milena.

A garota gemia como uma louca, gritava e isso só me incentivava mais. A Milena era tão quietinha nessas horas, pensava que era o jeito dela, mas agora sabia que não.

Segurei-me ao máximo pra não gozar logo, já que estava pagando queria aproveitar o máximo de tempo possível. Segurei até que por um bom tempo, até que não deu mais.

Assim que terminei sentei na cama e peguei o restante do pagamento e joguei sobre a garota. Ela se vestiu, conferiu o dinheiro mais uma vez e saiu do meu quarto indo em direção a porta da sala.

 - Foi um prazer fazer negócio com você Fábio. – disse quando saiu.

Eu nem do nome dela lembrava. Fui pro meu quarto e dei um jeito na bagunça que acabei fazendo. Tomei outro banho e capotei na cama. E ao contrário do que cheguei a pensar, estava sem o menor arrependimento.

Acordei no dia seguinte com o telefone de casa tocando. Olhei no identificador e vi que era a Milena. Não atendi.

Me arrumei como de costume e fui pro trabalho. Não me lembrava das vezes que transei com a Milena, mas também não lembrava direito da transa com a garota de programa. Pra falar a verdade se ela passasse do meu lado não a reconheceria, pois mal me lembrava do rosto dela.

Aquele dia a Milena me ligou diversas vezes e eu não atendi nenhuma. Estava magoado pelas coisas que ela disse.

Ela me mandava torpedos, e-mails, mas eu não respondia nada. Cheguei a me sentir culpado algumas vezes, mas não dei o braço a torcer.

No dia seguinte ao acordar vi um bilhete da minha mãe em cima da mesa da cozinha. Ela saiu bem cedo pra ficar com a minha avó no hospital e não tinha hora pra voltar, mas havia deixado o café pronto.

Tomei meu banho e fui tomar o café pra sair. Enquanto comia a campainha de casa tocou. Estranhei pela hora, mas pensei que podia ser a minha mãe que esqueceu a chave. Quando abri a porta tive uma surpresa. Era a Milena.

 - Só assim pra eu poder falar com você né?

 - O que você está fazendo aqui a essa hora?

 - Primeiramente eu posso entrar?

Abri mais a porta e dei espaço pra ela, que se sentou no sofá.

 - Precisamos conversar Fábio.

 - Não é uma boa hora Milena, daqui a pouco vou sair pra ir trabalhar e você devia fazer o mesmo.

 - E vou, mas antes temos que conversar. Senta aqui, por favor.

Fiz o que ela pediu. Ela se virou pra mim e começou a falar.

 - Te devo desculpas. Eu não devia ter falado daquele jeito, foi impensado, peguei você de surpresa.

 - Você me chateou muito. Me senti o pior cara do mundo, um inútil.

 - Você não é inútil, você é o melhor cara do mundo – disse segurando meu rosto me fazendo olhar nos olhos dela. – Eu que não soube te mostrar isso, mas vim até aqui exatamente pra consertar isso tudo.

Ela sentou em cima de mim e tirou a blusa, ficando apenas de sutiã. Começou a beijar meu pescoço e morder a minha orelha.

 - Milena, você ficou louca? O que deu em você?

Foram palavras complicadas pra pronunciar, porque eu estava ao mesmo tempo surpreso e deliciado com aquilo tudo.

 - Eu disse que vim aqui pra consertar tudo e é o que vou fazer.

Ela tirou minha camisa e me beijou daquele jeito que eu gostava tanto. Em seguida levantou e me levou pro meu quarto. Jogou-me na cama e voltou a ficar sobre mim. Abriu o botão e o zíper da minha calça tirando em seguida. Pouco depois fez o mesmo com a dela.

Eu não pude me segurar mais. Virei ela na cama e fiquei por cima dela. Podia ver que a calcinha dela já estava bem úmida e então a tirei e joguei longe.

 - Não sei o que deu em você, mas estou gostando e muito. – disse enquanto a beijava com urgência.

 - Não diz nada, só mostra.

Quando ela disse isso eu não pude mais me conter e penetrei-a com força, acho que até mais força do que esperava. Ela gritou, mas não era um grito de dor. Foi a primeira vez que senti que estava dando prazer pra Milena.

Aquela foi a nossa transa mais demorada, tanto que quando acabamos olhei no relógio e tomei um susto. Era quase hora do almoço.

 - Fiz você perder a hora, desculpa. – disse ela com aquele olhar de menininha.

 - Você perdeu a hora também. Quar saber? Dane-se, faria tudo de novo.

Ela sorriu e deitou com a cabeça no meu peito. Não demorou muito até pegar no sono.

Olhei pra ela que parecia um anjo dormindo. Ela não merecia o que eu havia feito com ela. Foi a primeira vez que verdadeiramente senti remorso e culpa pelo o que havia feito com ela dois dias antes.

Mas já dizia o ditado, o que os olhos não vêem o coração não sente. Nunca mais trairia a Milena, mas ela também nunca saberia o que eu havia feito.