– Eu sei muito bem que você está louca para saber se eu beijo tão bem quanto o Fred. – Sussurrou e piscou para mim.

– Eu não sei do que você está falando, Katerina! – Disse desesperada. – Podemos, por favor, voltar pra dentro da tenda?

Maldita! Gorda! Vadia! A cadela maldita sorria para mim, a escuridão da cor dos seus cabelos... Seus olhos piscando para mim como dois grandes faróis. A boca vermelha e os dentes perfeitos, se exibindo num sorriso-sem-vergonha...

– Vamos perder a cerimônia. – Gritei desesperada. – Dá para voltarmos pra dentro agora?

– Assuma que quer me beijar. – Ela visivelmente se divertia com a confusão nos meus olhos. – Assuma que não consegue não pensar em borrar o meu batom vermelho...

– Tudo bem, Katerina. – Suspirei me arrependendo do que faria, antes mesmo de fazê-lo. – Vocêémuitoatraenteeeuadorariatebeijar.
 

Cuspi de uma vez só e vi o sorriso vitorioso no rosto da morena. Deslumbrante e vitoriosa. Que ódio! Ela se aproximou bastante, fazendo-me prender a respiração. Podia sentir o hálito quente e o cheiro de batom trouxa. Sua mão quente procurou pela minha e agarrou-a. Logo em seguida fomos engolidas por nós mesmas e cuspidas novamente dentro da tenda. Afastei-me da figura sorridente sem dizer uma palavra. Meu Merlin foi por tão pouco!

PV Fred W

– Mas ela quer falar com você! – Gritei com a ruiva, que não desgrudava do pescoço de Harry/Barny.

– Problema dela. – Riu. – Eu não quero falar com ela. Não sei se sabe, mas preciso "me despedir" de... Barry.

O Harry ruivo me deu um olhar que dizia "não-posso-fazer-nada", então saí bufando e pisando duro.

– Fred... – Meu gêmeo me puxou pela manga. – Ouvi Ron dizer que vocês vão caçar... Caçar o que? Vai me abandonar? Logo agora que eu preciso de suas orelhas? Tô mouco cara, você não pode partir sem mim.

George cuspiu as palavras rapidamente, atropelando as frases, parecendo desesperado com a perspectiva de ser abandonado por mim. Por um lado, Mione. Por outro, meu irmão gêmeo com sua orelha decepada... Era fácil resolver racionalmente. Não podia deixar George sozinho. Mas lá no fundo sabia que sofreria imensamente se deixasse de acompanhar minha castanha e alguma coisa acontecesse com ela. Não era como se estivesse sozinha, Harry e Rony, por mais que desengonçados e meio lesados, eram confiáveis para cuidar da minha pequena...

– Então? – Perguntou-me o minhoca-mouca. – Snape decepou sua língua?

– Deixa de palhaçada, George. – Revirei os olhos. – Eu não te deixaria.

– Mas Hermi–

– Ela vai ficar bem. – Bati no ombro do meu reflexo quase-idêntico à minha frente. – Eu não me separaria de você, Minhoca.

Antes de me afastar, vi o sorriso de satisfação no rosto do meu gêmeo e soube que havia tomado a decisão certa. Agora me restava apenas à parte mais difícil, me despedir da minha Mione.

Olhei em todas as direções procurando por Hermione, e tudo que encontrei foi uma Katerina sozinha. Ron dançava com Lilá, Harry com Ginny, e opa... Viktor Krum sorria, conversando animado com uma Hermione completamente sem-graça. Revirei os olhos. “O que esse brutamonte está fazendo aqui?” Caminhei até eles e enlacei a cintura de Hermione.

– Krum! – Sorri ironicamente. – O que faz aqui?

– Fred... – Hermione me repreendeu e eu ignorei-a.

– Fleur me convidou. – Disse com uma careta.

Fez careta provavelmente com raiva porque Hermione agora tinha um namorado. Um namorado de verdade... Porque na última vez que se viram, Hermione tinha uma “coisa” com Ronald. Mas era uma coisa estranha demais para ser considerada um relacionamento.

– Licença. – Disse com um aceno de cabeça e puxei Hermione pra longe.

Paramos junto ao altar. Hermione fitou-me por alguns minutos antes de abrir a boca.

– Quando começa a cerimônia?

– Não importa agora. – Revirei os olhos. – Precisamos conversar.

– Realmente precisamos. – Disse com a voz irritadiça. – Como pôde me deixar sozinha com aquela louca? Ela tentou me agarrar, sabia?

– Ela... Ela tentou? – Perguntei boquiaberto. – Se eu pudesse acertar um feitiço naquela cadela legimens nesse momento, acertaria...

– Espera aí... – Abaixou a cabeça, parecendo envergonhada. – Então quer dizer que aquela maldita sabia o tempo todo tudo o que eu pensava?

– Provavelmente. – Respondi revirando os olhos. – Ela é experiente...

– Que cadela! – Gritou irritada.

Gargalhei. Alguns convidados olhavam para o ataque de nervos da castanha.

– Ela não fez nada, certo? – Perguntei com medo. – Conhecendo aquela garota como conheço...

– Não, Fred. – Riu. – Não precisa enciumar.

– Preciso sim. – Disse convencido. – Ela já provou do beijo de uma linhagem inteira de Weasleys...

– Você quer dizer... Até mesmo Bill? – Perguntou assustada.

Ri da expressão da garota e afirmei com a cabeça.

– E até Ron?

– Até mesmo a caçula ela já provou.

– Ginny? – Gritou. – Você está brincando!

– Não. – Ri alto, me divertindo com a reação dela. – Claro que a Ginny não gosta de lembrar-se disso e nem comentar. Foi há pouco tempo atrás... É uma história confusa. Eu acho que foi à força... Mas ninguém sabe certamente.

– Eu preciso de distância daquela mulher louca! – Ela disse parecendo desesperada. – E preciso ter uma conversinha com essa Weasley sem-vergonha que é a sua irmã caçula.

Dei os ombros. Se Ginny escolheu não contar o “segredinho”, agora sofreria com a consequência. Ficamos calados por um momento e senti os braços finos enlaçando minha cintura. Abracei-a de volta e ficamos quietos por alguns instantes.

– Me desculpa. – Ela disse primeiro. – Sei que odeia que eu seja tão pessimista...

– Eu te entendo. – Suspirei. – Por mais que quisesse ser otimista como antes, não dá. Mad-Eye... As orelhas do George... Até mesmo a coitada da Edwiges! Eu também tenho um medo imenso de te perder, pequena.

Vi as bochechas da castanha ficarem vermelho-violeta. Ela sorriu.

– Eu só queria que entendesse... – Hesitou. – Não é por mal, meu ruivo.

– Eu tomei uma decisão importante. – Suspirei. – Será a coisa mais difícil do mundo ficar longe de você... Mas preciso ficar com George.

Hermione suspirou aliviada, embora parecesse um pouco triste. Não consegui diferenciar as expressões em seu rosto.

– Sabe, eu realmente me senti mal depois que discutimos. – Pausa. – Ajeitei a “Fiji” e está pendurada lá na minha janela. Se qualquer coisa acontecer, conjuro o Accio.

Hermione não entendeu direito o que eu quis dizer. Sorri com a sua cara de confusão.

– A minha bolsa de acampamento. – Gargalhei. – Mamãe colocou um feitiço de expansão há uns anos atrás pra que eu pudesse guardar a uma barraca lá dentro. Então me lembrei e pensei que poderia ser útil. Juntei todas as minhas coisas e de George, tudo que achei necessário. E coloquei um nome na mochila, para que fosse mais fácil conjurar o Accio.

– Fred! – Ela exclamou parecendo assustada.

– Sempre o tom de surpresa. – Revirei novamente os olhos.

Ela apenas riu, sem palavras.

– E tem outra coisa... – Sorri.

– Ei, agora não. – Ela se virou para o outro lado. – Começou a cerimônia.