– Então eu os declaro unidos para toda a vida.

O bruxo de cabelos em tufos ergueu a varinha sobre as cabeças de Bill e Fleur e uma chuva de estrelas caiu sobre os noivos, envolvendo em espirais os seus corpos agora entrelaçados. "Será que um dia seremos nós dois?" Espero que sim. George me lançou um olhar significativo e puxamos uma salva de palmas, os balões dourados no alto estouraram: flutuaram no ar aves do paraíso e minúsculos sinos de prata que somaram seus cantos e tinindos à zoada geral.

– Senhoras e senhores. - Disse novamente o bruxo de cabelo engraçado. - Por favor, queiram se levantar!

Todos levantamos; ele acenou a varinha. As cadeiras se ergueram no ar e uma pista de dança reluzente e dourada surgiu no centro da tenda.

– Legal. - Ouvi Ron dizer sem ânimo e puxar Lilá para se sentar.

Revirei os olhos: que irmão mais novo sedentário meus pais me deram!

Hermione ainda olhava admirada para Fleur e Bill, como se quisesse correr até eles naquele mesmo momento. Toquei seu ombro e ela virou-se para mim, os olhos disfarçadamente úmidos e os lábios trêmulos - como se estivesse prestes à uma crise de choro.

– Temos de ir cumprimentá-los. - Deu as costas, na ponta dos pés.

Olhava por todos os lados, procurando Bill e Fleur.

– Teremos tempo depois. - Sussurrei sob a curva de seu pescoço.

A castanha suspirou e cedeu, virando-se novamente para mim.

– Me concede essa dança, madame? - Estendi o braço, tentando parecer elegante. Sem hesitar, Hermione agarrou meu braço e cambaleamos ritmadamente para a pista de dança.

– Mi, preciso te dar algo.

– Friederich! - Grunhiu. - Eu já supliquei milhares de vezes para que parasse com todos esses presentes, não se lembra?

Fiz uma careta, tentando parecer magoado - pois estava realmente magoado - e Hermione entendeu. Respirou fundo e continuou dançando.

– Eu só tinha boas intenções ao fazê-lo. - Tirei do bolso uma corrente de ouro. - Mas se não quiser levar, tudo bem...

Minha voz parecia bem mais baixa e embargada do que nunca. Hermione ergueu os olhos castanho-vivos - ainda úmidos - e me encarou por alguns segundos.

– Me desculpe. - Ela pareceu sem graça. - Não deveria ter sido tão grossa.
– Tudo bem.

– O que é? - Perguntou pegando o cordão de ouro da minha mão. - É lindo.

– Não por uma questão estética. Por mais que seja bonito, na verdade ia dá-lo ao George... No caso de ir embora com vocês. - Respirei fundo, desejando que a despedida em si não se aproximasse nunca. - Mas como vamos nos separar, eu enfeiticei para que possamos nos comunicar às vezes. Olha, não me entenda mal. Sei que estará ocupada com a caça e tudo mais, mas assim como me preocuparia com George, me preocupo com você. Talvez um "estou ok" por semana, se não for pedir muito...

Quando terminei de explicar-me e olhei novamente para Hermione - hesitante em relação à sua reação - um filete brilhava escorrendo em sua bochecha.

– Mi... - Parei a dança e apenas abracei-a. - Eu disse algo errado? Fiz algo errado? Por favor, não chora!

– Fred... - Suspirou e aproveitei para secar suas lágrimas com a ponta dos dedos. - Você é incrível!

"O mesmo tom de surpresa..." Pensei em silêncio, sentindo alívio por não receber nenhuma bronca.

– Eu te amo, ruivo idiota. - Me deu um soco forte no ombro.

– Ei! - Gritei feito mulher, fazendo-a rir. - Eu te amo mais, sua CDF!

Saímos da pista de dança e fomos até o lado de fora da tenda.

– É lindo. - Hermione contemplou o céu estrelado. - Lembro-me do dia em que dormimos no topo da colina.

Gargalhamos juntos.

– Quem me dera ter um vira-tempo. - Suspirei. - Viveria e reviveria aquela época para sempre...

Hermione parecia mais abalada que o normal, mais triste que o normal. E infelizmente, dessa vez palhaçada alguma animaria a minha pequena CDF.

– Deixa eu colocar o cordão em você. - Puxei o cordão de ouro das mãos pequenas e frias de Hermione. - Vai ficar lindo.

Pisquei pra ela, na tentativa de dar o meu sorriso mais maroto - e acho que funcionou, pela forma que a garota gargalhou sem parar antes de me dar as costas. Hermione suspendeu a trança para que eu pudesse colocar-lhe o cordão. Virou-se para mim com um sorriso: agora sim parecia um pouco mais animada.

Puxei meu cordão de dentro das vestes e com um feitiço não-verbal, gravei quatro palavras nele. "Eu te amo, Granger." Em menos de segundos, minha mensagem desapareceu, dando lugar à outras palavras. "Ruivo boboca. Prefiro o George."

Olhei-a desafiadoramente e ela caiu na gargalhada, logo em seguida correndo para dentro da tenda. Seguida de perto por mim. Meu plano era agarrá-la pela cintura e nunca mais soltar, mas antes que pudesse fazer isso, ela trombou em alguém - igualmente "grande" - e as duas pessoas foram ao chão.

Ouvi as gargalhadas ecoando, e elas vinham de Hermione e... Nath. Ok, Anne... Essas mulheres temperamentais e suas mudanças de nome... Vou mudar meu nome para Ricardo Lúcio e quero ver se elas vão gostar...

Bill e eu socorremos as duas desajeitadas. Elas ainda riam, ou melhor, gargalhavam. Hermione quase engasgando-se de tanto rir. Eu perdi alguma coisa?

– Eu conheço você! Do trio de ouro... - A ruiva disse, quase sem rir. - Sempre estudando, ou cercada de Ron e Harry...

– Eu acho que... - Hermione parou bruscamente.

Encarou Bill, encarou Anne. Fez uma daquelas caretas que fazia quando estudava para uma prova muito difícil.

– Mas você não tinha morrido? - Disse com espanto.

– Uou, você é rápida! - Riu a ruiva, parecendo feliz por ter sido reconhecida por Hermione.

– Você andava cercada de dois gêmeos. Os Kaulitz e os Weasley... - Hermione sorriu. - Não havia uma só garota em Hogwarts que não sentisse inveja...

– Jura? - Anne ergueu as sobrancelhas, parecendo assustada.

– Principalmente eu. - Suspirou a castanha. - Sempre fui apaixonada por certo ruivo, mas não conte nada ao George...

Dei um peteleco na cabeça da castanha e ela riu - mesmo fazendo uma careta. Abracei-a por trás.

– George? Sei... - Apertei-a nos meus braços. - Deixa só a Angelina ouvir isso. Ela vai te dar uma vassourada e você vai perder a memória pra sempre.

Bill e Anne riam assistindo-nos discutir. Tom provavelmente havia sumido pelos arredores da tenda com alguma prima veela de Fleur.

– Ei, nós estamos indo dançar. - Bill pegou a ruiva baixinha pelo braço. - Vamos?

– Agora não. - Sorri. - Valeu e divirtam-se!

Os dois afastaram-se e encarei a garota á minha frente: incrivelmente maravilhosa e deslumbrante! "Como você conseguiu a mais bonita das mais bonitas, Fred?" Perguntei-me e sabia que sorria. Eu amava Hermione com cada parte do meu ser; mas o incrível era ser correspondido por ela.

– Pelas calças de Merlin, Fred. - Disse escondendo o rosto. - Pare de me encarar.

– Não estou encarando.

– O que está fazendo então? - Parou com as mãos na cintura.

– Estou apaixonado. - Vi o rosto de Hermione tomar um tom escarlate. - Acontece!

– Idiota. - Deu-me outro soco no ombro.

Gemi de dor. Não é que a baixinha parecia mesmo mais forte?

– Me ame menos, por favor? - Brinquei e Mione lançou-me um olhar fatal.

– Impossível, Fredelícia. - Fez careta. - Felizmente impossível.

Puxei a castanha pra mim e beijei-a de forma exagerada. Segurei-a pela cintura e atrapalhei com carinho sua trança - Hermione pareceu não se importar. Ficamos por um bom tempo ali; curtindo o momento. Por mais que eu me negasse, nunca havia dado-a um beijo com tamanho gosto de despedida... Era aquilo que queria pelo resto da minha vida, mas a perspectiva de não vivermos um futuro juntos deixou-me arrepiado. Puxei Hermione mais ainda para mim, abraçando-a de forma protetora. Queria que o resto do mundo se explodisse, só queria abraçá-la para sempre, sem me importar com nada mais. Beijei-a novamente, com toda urgência e vontade que meu corpo sentia pelo corpo dela. Hermione derreteu-se em meus braços e eu sabia: era com ela que eu queria passar o resto da eternidade. Só com ela.