Jeremy me puxou para fora, me arrastando para perto das árvores ao lado da escada para o estacionamento.
– Jer? - Chamei irritada
– Nós tínhamos um acordo.
– Eu não disse nada a ele.
– Mas disse ao seu maldito segurança e ele contou, então foda-se.
– Aonde é que nós vamos?
– Foder a vida do seu namorado.
– Eu não tenho um namorado.
– Ainda, e eu vou me certificar que não tenha, pelo menos ele.
– Jeremy!
– Cala a boca.

– HEY! - O grito alto me fez virar e eu vi Matt andando em nossa direção - Aonde você pensa que está levando a Ash? - Ele perguntou irritado
– Isso não é da sua conta.
– Ah é sim. - Ele disse ainda irritado obrigando Jeremy a me soltar - Você é um filho da puta maldito, e vai ficar longe dela, me ouviu?
– Obrigue-me.
– Com todo o prazer. - Ele disse e socou Jeremy.
– Matt! Pare de bater nas pessoas!
– Esse desgraçado merece apanhar até morrer.
– Mas você não é um assassino!
Ele fez cara feita para mim e depois me puxou escada abaixo. - Vou te levar para casa e vou ficar lá com você até seus pais chegarem.
– Por que?
– Porque eu não confio nesse cara.
– Aonde vocês vão? - Jimmy perguntou nos seguindo pela rua
– Para a casa da Ash.
– Amh, o Syn… - Ele começou, mas Matt cortou sua frase
– É bom ele nem pensar em aparecer.
– Cara, releva, ele não sabia e…
– Não saber não é motivo para xingar a Ash.
– Com todo o respeito Ash, mas até eu estava pensando que você era meio vadia, antes, claro, de saber o que aconteceu.
– Tudo bem Jimmy.
– Entra no carro. - Matt disse abrindo a porta e eu obedeci.
– Cara, ele só quer pedir desculpas…
– Pensasse antes de falar. - Matt respondeu batendo a porta com força.
– Ele não sabia!
– Problema dele! Agora eu vou levar a Ash para casa, e ele que nem pense em…
– Matthew! Seja racional!
– Racional? Aquele filho da puta xingou minha irmã de vadia! Não ligo se ele pensou que ela fosse uma, se pensava, que ficasse só pensando, não viesse falar nada, principalmente na minha frente.
– Matt, ele estava ferido cara! Você sabe disso! E quando ela terminou sem mais nem menos, você ficou defendendo-a mesmo antes de saber.
– Ela não chamou ele de… Gigolô, por exemplo, mas não é isso que importa eu sabia que ela estava fazendo aquilo pro bem de todo mundo, mesmo que eu não entendesse, e convenhamos que xingar alguém de vadia nunca vai fazer bem para ninguém!
– Matt! Eu sei que você está com raiva, e com ciúme também, mas…
– Que ciúme? Você surtou?
– O Matt, desde que eles pensaram em se pegar, você fica em cima para não acontecer, você é o irmão mais velho mais ciumento do mundo.
– Sou mesmo! E não vou deixar esse…
– Ele é seu amigo! E eles se gostam seu retardado! Vai deixar a garota triste?
Ele fez careta e deu as costas a Jimmy, entrando no carro e arrancando.
Matt acelerou pelas ruas até a minha casa, onde paramos e entramos, sentando em um dos sofás da sala.

Ele ficou batendo os pés ritmicamente no chão, enquanto eu olhava para minhas unhas.
– Ash? - Chamou finalmente parando de bater os pés.
– Sim?
Ele respirou fundo - Desculpe, não é da minha conta e… Se você quiser falar com ele…
– Não quero. - Respondi dando de ombros - Já faz tempo que eu não quero.
Matt sorriu fraco, um pouco triste. - Eu queria que vocês se entendessem, de verdade, não quis ser filho da puta… Se você gosta dele…
– Sei disso Matt. Mas quer saber? - Perguntei me levantando - Foi tudo uma perda de tempo.

Ele franziu a testa e eu respirei fundo, andando para a cozinha e pegando um copo d’água, ergui os olhos para a janela e gritei de susto, deixando o copo cair no chão.
Matt correu para dentro da cozinha e viu Jeremy na janela.
– EU MANDEI VOCÊ FICAR LONGE. - Gritou irritado me puxando para trás.
– Só vim conversar.
– Sei, conversar. - Matt disse irônico - Vá se foder Gray, ninguém te quer aqui, e se tentar fazer qualquer coisa contra a Ash ou o Syn, você vai apanhar feio.
– Isso é uma ameaça? - Perguntou sorrindo irônico.
– É! - Matt disse cortante e me puxou de volta para a sala.
Sentei no sofá, sentindo o coração disparado, me assustava facilmente.

Depois disso, fomos para o quarto e Matt praguejou e xingou até a última geração da família de Jeremy, quando eu o acalmei, conversamos amenidades até bem tarde, quando dormimos.

Acordei e esfreguei os olhos, rolando para o lado e saindo de cima do corpo de Matt, que ainda dormia profundamente.
Assim que abri os olhos, me assustei, e só não gritei, porque ele tapou minha boca.
– Desculpe, não queria te assustar. - Sussurrou.
Bati em seu braço com força.
– Sai da minha casa agora! - Respondi raivosa, também sussurrando.
Ele deu um meio sorriso triste - Só queria conversar.
– É? Mas a vadia que fez você perder tempo não quer conversar. - Disse me levantando e andando até a porta do quarto e abrindo-a - Não me interessa como você entrou, saia!
Brian respirou fundo e veio andando até mim, parando na minha frente. - Se você quiser conversar alguma hora, eu vou…
– Sai! - Eu disse entredentes e ele respirou fundo de novo, virando e saindo do meu quarto.
Esqueci que Matt dormia e bati a porta com toda a força que consegui, acordando-o.
– Hm? Que foi Ash? - Perguntou confuso.
– Desculpe.
– Por que bateu a porta? - Perguntou sentando na cama e esfregando os olhos.
– Brian.
Ele fechou a cara, depois rolou os olhos - Saquei. Vem dormir vem.
Concordei e deitei ao seu lado na cama, vendo o garoto ao meu lado deitar e abrir os braços, me aconcheguei em Matt e fechei os olhos, queria dormir, sinceramente queria, mas não estava conseguindo, então peguei o violão e saí do quarto.


Andei até o lado de fora e sentei na calçada, apoiando as costas em um poste, comecei a tocar a música que saía da minha mente.

Da play, da play na música! kkk' [Don't say good bye - The veronicas]

http://www.youtube.com/watch?v=gz4__GhQOiA

I'm Lying here
Estou deitada aqui
Thinkin' 'bout you
Pensando em você
No More tears
Sem mais lágrimas
Fighting for you
Lutando por você
So Don't throw it in my face, in my face
Então não jogue isso na minha cara, na minha cara
I know what I did to you
Eu sei o que eu fiz para você
And don't make me feel guilty
E não me faça sentir culpada
Keep blaming me
Continue me culpando
I still want you
Eu ainda quero você.

Senti que meus olhos marejaram, mas continuei tocando a música, com toda a maldita dor no coração.

All Cried out
Chorei tudo
Pleading with you
Suplicando com você
I’m dying now
Estou morrendo agora
Don't say that we're through
Não diga que nós acabamos
I'd rather you hate me than break me
Eu preferiria você me odiando do que me quebrando
You’re all I ever knew
Você é tudo o que eu conheço
Now hold on cause
Agora, se segure porque
I'll try to save us
Eu vou tentar nos salvar
Im still in love with you
Eu ainda estou apaixonada por você
(Still love you still love)
(Ainda amo você, ainda amo)

Ouvi passos próximos, mas os ignorei, dedilhando a música de olhos fechados


Ohhh
Ohhh

Don't say goodbye
Não diga adeus.
Don't Don't say goodbye
Não, não diga adeus.

Abri os olhos, cantando os últimos versos, encontrei os olhos castanhos na altura dos meus.
Não conseguia vê-lo direito, pois além de estar de noite, o poste estava para o lado oposto, criando uma sombra em nós dois, mas ainda assim, era possível identificar um meio sorriso em seus lábios.
– Alguma verdade nisso? - Perguntou baixo.
– Era. - Respondi me levantando e ele fez o mesmo.
– E você resolveu cantar uma música, que não tem nada a ver, no meio da noite? Logo após me expulsar da sua casa?
– Sim, e falando nisso, como você entrou lá?
– Janela da cozinha.
– Vândalo.
Ele sorriu e deu um passo para frente, ficando muito perto de mim.
– Foi o jeito que eu encontrei de te ver.
– Não devia nem ter procurado.
– Ash…
– Não! - Eu disse um pouco mais alto do que deveria e baixei o tom de voz - Não Brian.
– Desculpa, de verdade, eu não…
– Não queria me chamar de vadia? Falar que o tempo que ficamos juntos foi perda de tempo? Não vi ninguém te obrigando a falar isso.
– Você tem que entender! Eu fiquei puto! Você terminou comigo e já estava andando por aí com o Gray. PORRA ASH! - Gritou segurando o cabelo - Eu amo você! Eu não consigo… Eu tinha que ser um idiota, me entende? Eu tinha que mostrar que não estava ligando, enquanto parecia que eu ia morrer, ta me entendendo?
Eu ia retrucar, juro que ia, mas depois do “eu amo você” esqueci disso.

Brian me encarou por longos segundos enquanto eu pensava, até que ele perdeu a paciência e me empurrou contra o poste, colando o corpo no meu, apoiando a testa na minha e respirando fundo.
– Me desculpa Ash?
– Eu…
Ele passou o nariz pelo meu, de olhos fechados, o rosto meio escuro e meio claro, parecendo contorcido, entre dor e alguma outra coisa.
– Por favor. - Sussurrou contra minha boca e eu, inevitavelmente, abri os lábios, deixando-o se apoderar deles.
Fui abraçada pelos braços fortes que tanto sentia falta, inebriada pelo cheiro e pelo gosto dele, o beijo era urgente, ele me apertava contra o corpo e o poste, apertando minha cintura, provavelmente deixando marcas vermelhas, e eu correspondia, agarrando seu cabelo e pescoço, cravando as unhas em sua pele.
Separamo-nos por falta de ar, ele voltou a apoiar a testa na minha, de olhos fechados e ofegante, levando uma mão ao meu rosto e acariciando-o de leve.
– Brian?
– Sim?
– Eu não queria, de verdade… - Disse e meus olhos marejaram - Sinto muito, eu…
– Sh! - Ele disse e colocou um dedo sobre meus lábios - Ash, eu sou o filho da puta cem por cento errado dessa história. Você fez isso por mim, e eu fui um idiota que mereci apanhar o que apanhei, e merecia mais ainda.
Sorri - Não merecia.

Ouvi um barulho alto e me virei assustada, vendo os pedaços do meu violão na calçada.
– Voltou pro seu namoradinho assassino? - Jeremy perguntou entredentes.
– Como é? - Brian perguntou confuso - Gray, você mesmo já me inocentou no tribunal.
– No tribunal, não sei como você dorme a noite Haner, como é matar um cara?
– Eu não matei ninguém! - Ele disse irritado - Você sabe.
– Não, eu menti, menti porque tinha um trato com a Ash, que por sinal, muito bem colocado mais cedo, é uma vadia.
– Olha aqui Gray… - Brian começou irritado, andando para cima dele.
– Vai me matar também?
– Eu não matei ninguém! - Disse nervoso
– Tem certeza disso?
Brian parou e ficou em silêncio - Você…
– Eu menti seu idiota! Já falei isso! Será que além de assassino também é burro?
– Jeremy! Vá embora! - Eu disse puxando Brian para trás.
– Depois do teatrinho de “ninguém pega nessa arma” você achou mesmo que alguém ia querer tirá-la de você Haner? Maluco, armado, bêbado e drogado… Achou que alguém ia mesmo tentar te pegar sem um colete a prova de balas?
– Eu não… Eu não matei ninguém. - Ele disse sem mais convicção.
– Será que não? Você não lembra?
– JEREMY! - Gritei entrando entre eles - Vá embora!
– Pelo menos seu violão eu destruí. - Disse cínico - Depois eu te conto detalhadamente sobre seu assassinato Haner.

Brian o olhou enfurecido, Jeremy subiu a rua cantarolando uma música animada e, assim que ele virou a esquina, Brian me olhou de forma desesperada.
– Você acredita em mim, não acredita?
– Acredito.
Ele me abraçou e enterrou o rosto na curvatura do meu pescoço, brinquei com seu cabelo, enquanto o mesmo me apertava contra seu corpo.
Ficamos assim um tempo realmente longo, a porta da frente se abriu e Matt saiu por ela, a cara amassada pelo sono.
– Ash? Tudo bem? O que aconteceu? - Perguntou grogue.
– Jeremy. - Disse baixo brincando com os cabelos de Brian.
Ele olhou para o chão - Isso é seu violão?
– Era. - Disse encarando o braço, a maior parte inteira do violão.
– Filho da puta.
– Deixa pra lá Matt.
– Syn? - Matt chamou e ele se soltou de mim para olhar o amigo. - Tudo bem com você?
– Você acha que eu matei o cara Matt?
– Que? Não! Sai dessa, o Gray já te inocentou no…
– Mas preso ou não, se eu tiver matado…
– Não! - Eu disse alto cortando a fala dele - Você não matou ninguém.
Brian me encarou de forma perdida. - Ninguém pode me garantir isso, eu não lembro do que aconteceu Ash.
– Mas você não…
– Eu posso muito bem ter matado o cara.
– Você não é assim!
– Mas eu estava bêbado e drogado. - Disse e suspirou, encostando no poste e fechando os olhos.
Ok, eu pensei que a parte de “drogado” era só invenção do Jeremy.
– Relaxa Gates, você não fez nada. - Matt disse colocando uma mão sobre seu ombro - Vai pra casa dormir, a gente se vê amanhã no churrasco.
Franzi a testa e o olhei confusa - Churrasco? Você não ia viajar?
– Vou, mas vamos fazer um churrasco de comemoração da formatura. - Matt respondeu sorrindo - Esqueci de te contar mana?
– Aham.
– Opa, mal aí.

Brian respirou fundo e desencostou-se do poste, vindo em minha direção e me beijando longamente, ouvi a porta da frente se fechar, Matt tinha entrado, ele ia me irritar depois.
– Escuta… - Brian disse quebrando nosso beijo - Eu parei com isso, sabe, de drogas, depois daquela noite.
Sorri e concordei com a cabeça - Bom.
– Então…
– O que?
– Me aceita de volta?
Ri - Claro que aceito!