Escolhas - Fred e Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 66
...Then I turn to mud ...


Notas iniciais do capítulo

" O suicídio ocorre quando em vida, há coisas piores que a morte."



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SESSENTA E SETE:


[N/A: Olá gente bonita! Bom, finalizando nossa maratona comemorativa, eu vou agradecer a todos leitores, fantasmas ou não, por acompanhar a fic. Eu comecei escrevendo para mim mesma, não me importando com o tamanho dos capítulos, ou a qualidade deles, mas conforme os meses foram passando eu cresci junto com a fic, e agora, sempre que escrevo, escrevo pensando em vocês, me preocupando em escrever algo de qualidade, usando recursos incomuns, ampliando meu vocabulário, e as vezes estudando para criar situações mais verossímeis. E mesmo sem pedir, tenho meu trabalho reconhecido.

A escrita é a minha fuga da realidade, assim como para muitos de vocês a Leitura é o seu escapismo do cotidiano.

Se um capítulo meu, fez com que você, algum dia se sentisse bem, se alegrasse, passasse por uma catarse, ou tomasse por base e reflexões para a vida, para mim valeu a pena.

Não vou citar nomes dessa vez, mas quero que saibam que cada um de vocês me faz feliz.

Então deixe-me retribuir essa felicidade na forma dessa história louca que jorra 24h por dia da cabeça dessa estranha escritora que vos fala.]


[N/A2: Cara, eu chorei quando vi que a fic estava com 202 leitores, sério! Na real eu fui escrever a Nota ali de cima e comecei a chorar de novo...]


Snape estava inegavelmente morto. E isso me chocava.

Não sabia o que pensar. Sim, eu sabia que ele era um comensal, ele matara Dumbledore, e traíra a todos, mas eu simplesmente não conseguia ficar feliz ou aliviada com sua morte. Um imenso pesar havia se instaurado em minha alma. Sua morte havia me abalado mais do que qualquer outra.

E de novo eu me pergunto: Como Dumbledore pode ter se enganado tanto com alguém?

Agora nós estávamos nos dirigindo à sala de Dumbledore para acessar as memórias de Snape, não sabíamos que nelas continha de tão importante, mas certamente deveria ser visto o quanto antes. Eu atravessava o corredor agora apressada, e meu peito se comprimia cada vez mais; eu não achava o meu ruivo em parte alguma do castelo.

Enquanto corria disparando feitiços ao vento, eu vi pelo canto de olho do outro lado do corredor dois ruivos duelando com um comensal encapuzado. Saí correndo para ajudar.

Jatos de luz voavam em todas as direções e o homem que duelava com Percy caiu para trás rapidamente. Então seu capuz escorregou e revelou-se uma enorme cabeleira listrada... aquela cabeleira listrada que eu havia visto, há muito tempo atrás, quando comensais nos cercaram naquele pequeno bar trouxa e eu decidi deixá-lo vivo.

[...]

– Acho que agora ele é Ministro. – Harry bufou, provavelmente lembrando da morte inesperada de Scrimgeour horas antes. – Talvez devêssemos matá-lo.

– Não, se não daremos motivo para nos perseguirem, poderão usar isso contra Harry, acabando com os últimos focos de resistência contra Voldemort.

– Você está certa. – Rony murmurou esquecendo-se de ficar bravo comigo e vice-versa.

– Vamos apagar a memória dele. – Harry decidiu sabiamente.

[...]

– Olá Ministro! - Gritou Percy, mandando uma azaração que derrubou sua varinha. – mencionei que eu estou saindo do ministério?

– Você está fazendo piadas, Percy! - gritou Fred enquanto o Comensal da Morte que ele estava combatendo caiu com o peso de três estuporações.

O ministro então caiu no chão, há uns quatro metros agora de nós e era possível ver pequenas erupções por todo o corpo; ele parecia estar se transformando em algum tipo de ouriço do mar. Fred olhou para Percy , divertindo-se.

– Você realmente está brincando Percy!Eu acho que nunca vi você brincando desde que...


[N/A3: Música do capítulo: http://www.youtube.com/watch?v=EqWLpTKBFcU&ob=av2e– The scientist Coldplay ]


E então, quando eu estava há uns três metros dos ruivos, e eu já começava a sorrir aliviada no momento em que nossos olhares se encontraram, o ar explodiu.

O mundo tinha se partido, e eu senti-me voando através do ar, tudo que eu podia fazer era segurar o mais firme possível aquela viga de madeira que havia caído sobre meu peito, e proteger minha cabeça com os braços. Escutei os gritos e berros dos outros que não tinham a menor noção do que tinha acontecido a eles... O ar frio anunciou que parte do castelo tinha sido explodida, destroços de um corredor que tinha sofrido um ataque terrível e algo quente e pegajoso em minha testa que estava dolorida, bem como o resto da minha cabeça. Sangrava muito com certeza.

Em meio aquela tontura terrível, e o ecoar latejante dolorido em minha orelha eu me levantei, completamente sem equilíbrio, tirando os pedaços de parede de cima de mim e tendo minha mente tomada pela imagem mais recente antes de ser atolada em destroços.

Verdejantes olhos vívidos.

E por eles procurei. Soluçante desde aquele instante, sentindo meu peito se fechar em agonia, lágrimas, sangue e reboco se misturava, e de meus lábios tentavam escapar palavras de desespero, mas o nó em minha garganta era tão forte que eu sequer conseguia pronunciar uma sílaba que fosse.

Um horrendo lamento chegou aos meus ouvidos que causava uma agonia que nenhum ardor ou maldição poderia causar, e ao longe sobre as pedras, três ruivos ali estavam, enquanto ao meu lado um moreno assustado se erguia dos destroços, segurando em minha mão e me levando pelo corredor.

“Não! Não! Não!”. Alguém gritava. “Não! Fred! Não!”

Percy chacoalhava seu irmão, enquanto Rony se ajoelhava ao lado dele, e os olhos de Fred estavam fixos, mas sem enxergar, e o fantasma de seu ultimo sorriso ainda estava gravado em seu rosto.

Aquele nome foi como um chute nas costas: tirou-me o ar e fez com que eu caísse de joelhos ao lado do corpo inerte dele. Sangue escorria de algum ponto entre seus cabelos, formando uma poça que se formava dentre os destroços.

– Fred? – chamei-o.

Ele muito embora tenha continuado olhando para o teto.

– Fred... Não tem graça... – O desespero agora percorria cada capilar do meu corpo, desde meu peito até a ponta dos meus dedos. – Fred! Você prometeu...

Tudo ao meu redor havia ficado cinza e minha tristeza transbordava, não cabendo tudo apenas em uma alma, cercava-me como uma névoa venenosa. Nada importava, debrucei-me sobre o peito do meu ruivo, sempre o sacudindo incansavelmente.

A imagem de Fred que até horas atrás me inundava como um parasita, aos poucos era substituída por esse novo Fred.

O Fred corado, suado, vermelho, ofegante, sorrindo, piscando-me ladino, a cada segundo que passava ia ficando mais cinza, e em seu lugar eu agora via aquele corpo pálido, gélido, inerte, ensanguentado e com olhos vazios.

Seus tão belos olhos vívidos e vorazes, agora vazios e vidrados.

Como o céu que desabada sobre ti, englobando-te na mais profunda e densa solidão, que te restringe os movimentos, imobilizando-te na mais agonizante dor.

E melancolia.

E tristeza.

E amargura.

E impotência.

E tudo que queres é gritar.

Gritar até dissolver o bloco de infelicidades acumuladas no seu peito.

E quanto mais tentas sair, mais fundo te enterras em ti mesma. Como se afundaste em um poço sem fim, abarrotado de uma lama gélida, que se condensa ao teu redor, adentrando teus pulmões a cada inspiração, ardendo em teus olhos, entrando por tuas narinas.

Uma lama que te causa a mais refinada ojeriza - , infestada de vermes e podridões fétidas de tua alma que vão da lama pra ti, e de ti para a lama: uma osmose asquerosa.

Até que tu te transformas em lama.

Não mais tens alma. Não mais és humana. Apenas matéria orgânica em decomposição.

Não se vive, sobrevive, apodrece-se em vida, enquanto se aguarda pela gentil visita da morte.

Novamente, as palavras me são falhas. Tudo me parece ínfimo perto da minha dor, vão, vago, inútil.

Surpreendo-me com a rapidez em que a alma definha.

Chegaram a se passar dois segundos?

Duvido.

E ainda assim, observei minha alma tornar-se lama e abandonar meu corpo, enquanto eu me transformo em apenas uma casca vazia, uma estrutura à base de carbono sem sentido, impregnada com dor e amargura.

– Me desculpe. – segredei ao ruivo em minha frente – eu te amo... Você sabia não sabia? Eu te amo... eu te amo...

E o arrependimento.

E a dor.

Sem saber, eu havia lhe rejeitado seu último pedido. Ele havia morrido sem ouvir, uma última vez, que eu o amava.

Meu peito agora era mergulhado em nitrogênio líquido, e larvas de caos e desgosto roíam-me por dentro, devastando cada músculo, cada osso, cada nervo, cada pedaço de mim.

Os flashes coloridos cessaram. A meia hora havia acabado e os comensais se retiravam. Mortos eram recolhidos. Familiares choravam.

Afastei-me de Fred. Suspensa na lama que me cercava, fui para longe, ninguém me seguiu.

Não suportava ver Jorge debruçar-se sobre o corpo do irmão e chorar como uma criança de três anos. Não suportava ver o senhor e a senhora Weasley sofrerem. Não suportei ver Rony perder uma segunda pessoa na batalha. Não suportei ver todos os amigos de Fred chorarem por ele.

Não suportei ficar perto de seu corpo sem vida. Vê-lo morto, abafava sua imagem lívida e corada. Eu precisava me afastar para poder lembrar como ele era.

Não suportava seu silêncio. Eu precisava lembrar como era sua risada.

E eu não suportava o fato de ser minha culpa.

Se eu tivesse matado o ministro, ele não estaria lutando ali, e ainda estaria vivo. Se eu estivesse lutando ao seu lado, talvez eu conseguisse salvá-lo. Se eu o tivesse incluído na caça as Horcruxes, ele não estaria ali, e sim a salvo comigo.

Minhas escolhas o mataram.

Ponto final. Intransitivo, sem argumentos, sem complementos. Eu o poderia ter salvo.

Mas eu o matei.

– Parece-me aflita, senhorita Granger. – uma voz mansa soou atrás de mim.

Eu havia ido até o escritório de Dumbledore sem sequer perceber, e agora, o velho me olhava com seu típico olhar por cima de seus olhos meia-lua dentro da moldura dourada de seu quadro.

Eu até então não chorava, apenas escorriam-me lágrimas dos olhos enquanto eu estava inerte, presa em um bloco denso de lama.

Mas ouvir sua voz me fez desatar a chorar. Amargura e dor pingavam de meus olhos, enquanto eu inspirava ódio e exalava inconformismo.

– E-ele... – não consegui verbalizar o que tinha ocorrido – Fred...

– Eu entendo, e sinto muito não poder lhe dar um abraço de consolo. – ele mantinha a voz calma e sincera, tão real que era como se o próprio estivesse ali.

– Professor isso dói... – eu solucei fortemente.

– Vai passar... – ele disse movendo-se no quadro, como se tentasse sair do quadro para vir me abraçar.

– Não! Não vai! – eu bradei – Foi minha culpa! Eu sou um monstro...

– Senhorita, pode me fazer um favor? – ele disse em um tom gentil, não demonstrando alteração perante meu surto de melancolia.

Acenei positivamente com a cabeça, minha garganta estava muito apertada para deixar passar qualquer fonema e os soluços intermitentes tão pouco ajudavam.

– No armário da direira, na minha mesa, tem um fundo falso no chão – dirigi-me até onde ele me descrevia – pegue essa cesta.

Retirei de uma espécie de compartimento subterrâneo uma familiar cesta de palha escura, antiga, trabalhada de modo rústico, onde eu uma vez suspeitara que o próprio Dumbledore a havia feito.

Sentei-me na cadeira do diretor e apoiei a cesta sobre a mesa.

– Abra-a. – Dumbledore disse, e a textura de sua voz, afagava meus cabelos sujos e emaranhados.

Abri cuidadosamente. Lá havia agulhas de tricô, inclusive o par azul claro que eu usara na ocasião em que tinha passado a tarde tricotando com ele, havia o par de meias que eu o havia presenteado, uma engenhoca que fazia um barulho semelhante a de um relógio, um grosso álbum de fotos com turmas de inúmeros alunos e professores, uma foto da sua família, uma foto dele com Snape e uma caixa de madeira.

– Você lembra quando veio até mim, questionar-me sobre profecias?

Assenti.

– Pois bem, algo que não lhe disse na época para não preocupar-lhe foi que, às vezes, a pessoa que pode influenciar diretamente no seu futuro também tem visões. – Não sabia onde queria chegar. Sentia-me mal, deprimida, com muita vontade de simplesmente me jogar de cabeça pela janela. – Eu tive um sonho senhorita. Sonhei que com medo de como poderia ser usado caso caísse em mãos erradas, eu destruía o que há dentro dessa caixinha, mas isso, interferiria no seu futuro.

Encarei a caixinha sem muito interesse.

– E o que há aqui? – perguntei ainda soluçando ocasionalmente.

– É o meu presente para você. Uma escolha deve ser feita. Entre dois amores, entre dois inocentes. – ele recitou abrindo um sorriso triste. – Eu estou lhe dando o poder de Escolha. Muito embora eu não saiba se eu fiz bem não destruindo o que há ai, eu lhe darei essa última chance. Você é uma bruxa brilhante, sei que não me decepcionará.

– Obrigado senhor. – eu disse ainda chorosa. – senhor, o que eu posso fazer, para não sentir tanta dor?

– Não há nada que amenize a dor da morte que alguém amado. Talvez possa te reconfortar acreditar que Fred está feliz em algum lugar...

– Não me reconforta. Sou egoísta demais para isso. – disse ríspida, agora mais controlada.

Ele apenas riu, como se esperasse essa posição de minha parte.

– Acho a senhorita de extrema astúcia e sabedoria. Sempre a admirei. Sabe esta cesta?

Assenti novamente.

– É a cesta onde guardo as coisas mais importantes para mim, os meus tesouros, e desde a tarde em que nós passamos juntos eu fiz questão de guardar a meia que me destes como uma de minhas relíquias pessoais. – Dumbledore disse sorrindo, logo em seguida se contorceu em sua moldura até mostrar as meias que usava por baixo de suas magníficas vestes. Eram as que eu havia feito. – você é especial, e eu me orgulho de ter sido seu professor.

Em um movimento infantil, carente e choroso andei até o quadro do diretor e abracei-o.

Sim, eu era ridícula por ter ido procurar ombro amigo em um quadro, mas tudo que eu precisava agora era falar com ele. Doía não poder sentir seu delicado e ameno abraço, e sentir o cheiro de alcaçuz de sua barba.

Depois disso enfiei a minha caixinha no bolso e votei a guardar a cesta em seu esconderijo.

– Ah, senhorita, se você precisar, peça à sala precisa, ela irá lhe mostrar o que você quer.

Assenti novamente, dando-lhe um rápido tchau e saindo porta fora.

Mal saí, vi Harry indo em direção à sala de Dumbledore.

***

Vencemos.

Não sei exatamento sobre os detalhes, de como harry derrotou voldemort e o bem triunfou sobre o mal, apenas sei quantos mais eu perdi.

– 13 grifinórios. eu conhecia todos. 7 corvinais. 4 eram meus colegas de runas. 6 da Lufa-Lufa. conhecia 3. 2 Sonserinos. Conhecia os dois. Tonks. Lupin. - eu recitava baixinho, enquanto por incrível que pareça, algumas pessoas riam felizes.

Como alguém conseguia rir após uma guerra como aquela?

Eu começei a me deslocar para sair dali, estava enjoada, e decidira que chegara a hora. O mundo estava a salvo, Voldemort destriudo. Eu não tinha mais propósito, iria para a sala precisa, e lá me mataria.

Não sei como.

Não me importa.

Tecnicamente eu morri no instante em que fred esvaziou seus olhos, apenas iria dar um fim à consciência do meu corpo.

Assim que cheguei ao salão principal para ir ao corredor sul, tentar acessar a sala precisa, vi-o, do outro lado do salão, estendido aos pés de sua mãe.

Ele estava morto. Sem brilho nos olhos. Meu mundo inteiro havia morrido com ele.

E tal agonia voltou a espremer-me a garganta, uma risada longe ecoou e eu começeia tremer. A dor era física, pior do que qualquer tortura que já sofri. Prefiro passar mais dois anos delirando do que sentir um décimo da dor que sinto agora.

– Não, Não, Não! – berrei sem notar. – Fred não!

Eu desabei no chão com mais intensidade, ninguém me notou. Um amargo estava em minha boca, minha barriga se contorcia, e em meu peito, era como se uma mão gélida de ferro atravessasse minha carne e meus ossos espremendo meu coração. Nunca havia chorado assim. Eu soluçava e me atrapalhava na hora de respirar, aquilo estava me sufocando eu parecia me engasgar com minha própria dor que transbordava e escorria por todos meus poros, descontroladamente. Eu precisava vê-lo. Precisava que ele me abraçasse. Mas isso não iria mais acontecer. O corpo sem vida de Fred jazia aos pés de sua família.

Eu nunca mais estaria com ele.

Nunca mais faríamos guerra de comida.

Nunca mais jogaríamos video-game.

Nunca mais cantaríamos Red Hot Chilli Peppers.

Nunca mais sentiria sua pele na minha.

Nunca mais iríamos passear pela londres trouxa.

Nunca mais sentiria seu toque.

Nunca iríamos completar a nossa biblioteca.

Nunca mais eu iria acorda de madrugada e ficar observando-o ressonar ao meu lado.

Dor infernal que é ter que substituir o plural pelo singular. Dor infernal é separar o 'nós' violentamente, matando o 'ele' e deixando apenas um lesado, infeliz, e atrofiado 'eu'.

Uma vez primeira pessoa do plural, você não sabe o quão insuportável é, voltar a ser simplesmente a primeira pessoa do singular. O eu, era a pior coisa que eu poderia me tornar.


– Vem Hermione. – senti algo quente, vivo, me tocar e me exaltei, assustada, triste, dolorida, amargurada.

Era Jorge quem me erguia pelos ombros.

– Não... – eu contorcia o rosto em choro negando com sucessivos acenos de cabeça. – Não Fred. Não. Ele prometeu que tudo ficaria bem. Ele... Não...

Ele foi me arrastando pelos corredores. Enquanto eu sentia um vazio esmagador me tomar o peito em um lapso de descontrole.

– Eu preciso ficar com ele. Não Jorge, por favor. – implorei.

Quando me dei em conta, estávamos em frente à sala precisa. E antes que Jorge pudesse fazer algo me desvencilhei de seus braços e pedi a sala precisa, com a urgência que nunca antes havia pedido.

Preciso vê-lo.

Pedi uma única vez, e quando abri os olhos uma porta simples havia aparecido. Mais uma vez lutando contra os braços fortes de Jorge e arranhando-o para que ele me soltasse, impulsionei-me contra a porta e entrei em um grande salão vazio, onde bem no centro havia um espelho. Era trabalhado em prata e pedra, com inscrições em línguas mortas, cravejada com alguns tímidos cristais.

Com a visão embaçada e os olhos inchados pude ver o ruivo atrás do espelho, sorrindo tristemente para mim.

Aquilo simplesmente me quebrou por dentro, e quando notei, estava ajoelhada em frente ao tal espelho. Ainda soluçando ergui minha mão tocando o vidro frio. Fred se agachou ficando em minha frente e botando sua mão contra a minha. Eu podia fingir que apenas uma janela nos separava. Meu coração pulsava forte em meu peito e a cada inspiração a dor era insuportável, como um paciente terminal que tem suas últimas alegrias. Mistura-se euforia, decepção, ira, agonia, tristeza, dor e principalmente desespero.

Senti Jorge se ajoelhar no meu lado.

– O que você vê? – ele disse com a voz embargada.

– Eu vejo... – um forte soluço irrompeu. Minha careta de dor aumentou ao ver o ruivo que eu tanto amava em minha frente abrir um fraco sorriso – O mesmo que você.

Mal respondi e outra crise de soluços me atingiu. Notei que Jorge deixava algumas lágrimas escaparem. Eu gritava e grasnava em desespero, agonia, angústia, queria tê-lo ali, sentia-me culpada, queria morrer.

O meu mundo, estava preso do outro lado do espelho.

– Desculpa Fred... me desculpa... – eu chorava sacudindo os ombros fortemente, tentando perifericamente consolar o gêmeo que também estava em prantos ao meu lado.

– Hermione, eu preciso ver como está minha mãe. – Jorge murmurou.

Desviei os olhos de Fred e foquei no ruivo ao meu lado. Assenti com a cabeça.

– Eu vou lá daqui a pouco, só tenho que resolver uma coisa.

Ele nada respondeu, apenas colocou a mão contra o espelho e murmurou: “Não vai ser a mesma coisa sem você, parceiro do crime”.

Saiu, deixando-me com minhas angustias e dores.

– Eu não te disse, mas eu te amo.

O reflexo ruivo do outro lado sorriu como se dissesse: “Está tudo bem”

– Eu não te disse, mas você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, você foi meu melhor amigo, quem sempre me apoiou, nunca me machucou, sempre me protegeu, sempre me deixou livre, e ainda assim, eu não disse que te amava hoje. Você vai poder me perdoar algum dia? Sem você, eu me transformei apenas em matéria orgânica, carbono. – eu repremi um soluço – então, eu não vou dizer adeus, por que assim que isso acabar, eu ficarei contigo de um jeito ou de outro. Eu não vou viver aqui sem você... Eu te amo.

Ele apenas ficava ali, do outro lado do espelho, me observando amorosamente.

Reprimi as lágrimas e ajeitei minha postura, senti a caixa de Dumbledore no meu bolso.

– Algo que deveria ser destruído, mas que não foi, para que eu pudesse escolher. – murmurei comigo mesma, confusa.

Girei a caixinha em meus dedos, sem saber que girava ali meu futuro, brincava literalmente com meu destino.

Eu sequer sabia que ali, não apenas estava o meu destino, como o destino do mundo bruxo.

Não apenas o destino do mundo bruxo, como também o destino de alguém que eu amaria muito, e ainda não conhecia.

Dentro daquela caixa, estava a minha Escolha.



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Notas finais do capítulo

Vocês não sabem como doeu para mim escrever esse capítulo, estava revisando ele aqui pra poder postar, e acho que eu tenho uma noção de como a J.K se sentiu quando matou ele.
Imagine pegar um filho, derrubar uma parede em cima dele, e deixá-lo morrer sangrando. É como eu estou me sentindo.
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SÉRIO, ESPEREM PELO PRÓXIMO CAPÍTULO POR FAVOR! EU ESCREVI TODA ESSA FIC, SÓ PRA PODER ESCREVER O PRÓXIMO CAPÍTULO.
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Por hoje é tudo pessoal ")
*Malfeitofeito*