Escolhas - Fred e Hermione escrita por penelope_bloom


Capítulo 67
.Escolhas.


Notas iniciais do capítulo

SEM JURAMENTO, POR QUE HOJE EU VOU FAZER COISAS BOAS SIM!
Um capítulo para lavar a alma de todas as minhas leitora fiéis e lindas que me aguentaram até aqui. Não sei como dizer o quão especial vocês são.
Demorei por que achei que tava ficando uma bosta... na real não ficou muito bom,mas foi o melhor que eu consegui. E eu só consegui postar hoje por que fim de semana eu fui no shinobi, um evento de Anime aqui de Curitiba e mal parei em casa...
em fim: Aproveitem.
(Escrevi ou vindo Secrets do One Republic... SIM, NADA A VER! -mas eu amo essa música) *u*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/159992/chapter/67

SESSENTA E OITO:

[N/A: Essa vil escritora que vos fala, mal sabe colocar em palavras a felicidade que sentiu ao receber tantos reviews. Sério. Fiquei feliz até com as bombas,  avadas, xingamentos à minha mãe e os mais sinceros votos que eu morra engasgada com leite. Sinto muito que vocês tenha sofrido tanto, e espero que não tenha causado problemas maiores, caso algum pai os tenha visto chorando, ou como no caso de uma leitora em especial que gritou no meio da sala de aula.... (fico imaginando essa cena kkk). Até os nossos amados fantasminhas brotaram para opinar *U*...  E algo que me deixou ligeiramente perplexa: muitos de vocês acertaram o que tinha dentro da caixa, embora tenham passado longe nas alternativas da Mione, entre quem salvar... Mas enfim... aproveitem!]

[N/A2: Vou dedicar o capítulo também à Bella Weasley que fez niver :D. E Cara, agora eu tenho que confessar, ano passado, depois que eu li o Fred morrendo pelas mãos da nossa Diva J.K (A propósito, fiquei muito feliz, vomitando o arco-íris para ser mais exata, com as correlações que alguns fizeram entre eu e ela) eu sonhei com esse capítulo. Aqui, começa de fato a minha história. Peço desculpas se essa fic já está muito longa e cansativa, mas antes de mais nada, eu escrevo para mim. Aos apaixonados que tiverem peito – e cabeça – para me acompanhar, dou-lhes novamente as minhas boas vindas, e peço que segurem o máximo de ar que puderem em seus pulmões, pois daqui para a frente a coisa vai ficar feia.]

Era áspera. Como se um segredo incômodo quisesse machucar meus dedos, como um aviso para que eu queimasse aquela caixinha, desse as costas e nunca mais olhasse para ela.

Mas eu confiava em Dumbledore, e ele confiava em mim.

Ele correu riscos para não destruir o que ali dentro havia, só para que eu pudesse escolher entre dois inocentes.

Como se abrisse então a boca de uma naja adormecida, abri tal caixa que não era maior que metade do meu punho.

Confusão.

Choque.

Esqueci-me de como se respirava.

Engasguei-me em um ataque de tosse.

Quis sair correndo até o quadro de moldura dourada e perguntar-lhe o que diabos significava aquilo.

Até onde eu sabia, nós havíamos destruído todo o estoque daquilo em nossa visita ao ministério quando estávamos no quinto ano.

Senhoras. Senhores. Animais superdesenvolvidos que eventualmente leiam esta narrativa.

Acreditem ou não, em minhas mãos agora pendia um vira tempo.

Esquálidas areias dentro da ampulheta repousavam como se cochilassem, esperando para serem desfrutadas. A singela estrutura de prata parecia que iria espatifar-se

Hesitante, toquei na corrente de prata e mal o fiz fui sugada novamente para dentro de mim, em uma sensação tão ruim quanto Desaparatar, só que dessa vez foi como se eu deixasse de existir.

Minha garganta ficou áspera como se me enfiassem areia goela abaixo, meu sangue parecia ficar mais denso em minhas veias, dando a sensação que iriam explodir a qualquer momento, e por fim, senti meu cérebro ser colocado em um liquidificador com gelo e limão, e batido, causando-me dor inimaginável.

Uma escolha deve ser feita. Entre dois amores, entre dois inocentes. Entre os de sangue por ele considerado sujo, a última treva será plantada. A última parte deverá ser expurgada para que a história não se repita. A escolha feita com o coração alterará os rumos naturais, mas mesmo assim alguém que se ama lhe será tirado. Uma vida pela outra, a morte não parte de mãos vazias.

“Uma noite tão bela, ainda há esperança para um futuro feliz, com crianças, uma bela tarde no parque, uma cesta de piquenique em uma toalha xadrez.” O rosto malvado voltou a ponderar.

“Solidão. Para proteger quem ama, esse é o caminho a ser seguido... Você sabe que nunca vai acabar... sua sina é a tristeza.” A voz meiga e suave sombriamente se mesclou à voz rude e ambos começaram a falar ao mesmo tempo.

“Está tão perto... Tão perto...” ambos sussurravam repetidamente, formando um chiado agonizante, e suas vozes gélidas e ásperas, quase ofídicas, serpenteavam pelos meus ouvidos, gerando-me arrepios que iam da base da minha coluna e deslizavam escamosas até as articulações do meu maxilar.

O rosto simpático abriu um sorriso calmo.

“Há anos eu não presenciava uma indecisão tão interessante como essa” ele dizia de modo acolhedor e reconfortante “sua agonia me diverte tanto” seu tom de voz era macio e felino.

“Quem é você?” eu disse começando a ficar irritada. Afinal quem era(m) ele(s) para me aterrorizar com palavras assim? Por que eles faziam questão de implantar palavras sem sentido que semeavam dúvidas e incertezas? Por que eles me deixavam tão confusa?

Ambos os rostos sorriram.

Em um movimento elegante, longilíneo e alongado onde ele esticou os braços, desenhando longamente um arco acima da cabeça onde o encontro de suas mãos se deu com uma palma estrondosa.

Ele abaixou as mãos em forma de concha na frente do peito, com os cotovelos quase na mesma linha dos ombros e com um sorriso malicioso em ambos os lábios.

“Meu nome é Jano.”

Após dizerem, as mãos foram abertas e dali um pássaro saiu voando.

Um pardal, de tamanho regular que voou diretamente na minha direção. Por algum motivo fiquei aterrorizada, mas sem poder sair do lugar, até que finalmente o pássaro se chocou contra meu peito e se fundiu em minha pele. Se tornando parte de mim...

E eu notei que já havia vivenciado àquilo.

“Que palhaçada é essa afinal?! O que diabos isso quer dizer?” eu disse exasperada, ofegante.

“Se deixar que Fred morra como está escrito em seu destino, tudo acabará bem. Você terá uma longa vida, com filhos, mas jamais será feliz.” A voz bondosa me disse, como se eu nunca o tivesse interrompido.

Mas você pode trocar a vida de Fred... pela vida do seu filho. Quem vai ser?”

Avancei até ele, com o intuito de levantá-lo pelo colarinho até que me desse explicações, mas quanto mais eu avançava, mais distante ele ficava. Um vento frígido me englobava e parecia me prender em um bloco denso de gelo, impedindo-me de movimentar-se.

“Hey! Esperem!” gritei começando a me desesperar.

“Adeus Hermione.”

E assim eles se foram, deixando-me sozinha, caída nomeio da sala precisa, em frente aquele curioso espelho, fitando o ruivo que eu tanto amava.

Delírio?

Estaria eu finalmente louca?

Com a morte dele, eu perdi minha sanidade?

Quis chorar, mas a única coisa que conseguia fazer era observar, enquanto ao lado do meu ruivo surgia no espelho um garotinho cheio de sardas, com um sorriso largo que brincava distraidamente ao lado do Fred. Um de seus dentes de leite havia caído e ele parecia ser terrível. Como o pai.

Eu estava grávida?

Tinha jeito de ser o tipo de garoto que trás cachorro escondido para casa. O tipo de garoto que se quebra inteiro subindo em árvore para roubar as goiabas do vizinho. O tipo de garoto encrenqueiro, que defende os amigos não importa o que. O tipo de garoto que seria filho do Fred.

Nunca quis ter filhos.

Mas aquilo era diferente. Ver o que seria um pedaço do Fred fez com que eu voltasse a soluçar.

Essa era no final a minha escolha.

Eu teria que escolher entre o Fred e o meu filho.

Segurei o mais firme que pude o vira-tempo entre meus dedos, e ali, de joelhos no mármore frio eu decidi que não me curvaria ao destino.

Não escolheria.

Dentes trincados e coração apertado, um instinto desconhecido fez com que eu protegesse minha barriga enquanto lentamente girava a ampulheta em meus longos e gelados dedos. Era como se uma pessoa escrevesse meu destino e eu então, em um ato de rebeldia a desafiasse, e resolvesse ficar com final alternativo.

Girava e girava e girava.

A areia escorria.

E eu esfacelava tudo que tinha sido escrito para mim, criando uma nova trama e alterando tudo ao meu redor.

Escorria e escorria e escorria.

...

Certo, este é o ponto em que eu recapitulo tudo que já ocorreu em minha vida até aqui. Sou uma nascida trouxa que entrou na escola de magia e bruxaria de Hogwarts. Meu melhor amigo é um bruxo que teve seus pais assassinados pelo ‘Hitler’ do mundo bruxo, Voldemort. Voldemort perdeu seus poderes por causa do meu melhor amigo e agora que está de volta está a um passo de dominar o mundo bruxo e instalar o caos na terra, ele ainda é protegido da morte devido às suas sete Horcrux. Desde que Voldemort matou Dumbledore – nosso antigo diretor – e assumiu o controle de Hogwarts e de todo mundo bruxo, eu Harry e Rony Viajamos pelo mundo destruindo Horcruxes.

Eu era apaixonada pelo meu outro melhor amigo, Rony. Depois de muita coisa acontecer, eu fiquei amiga do irmão dele, Fred. Acabei ficando amiga até demais... Tão amiga que hoje eu sou sua namorada.

Ou costumava ser. Hoje ele foi morto. Uma parte do castelo explodiu e ele teve sua cabeça esmagada por destroços.

É eu sei, não é lá muito romântico.

Hoje é então, o dia em que tudo acaba. Finais homéricos com certeza. Das duas uma, ou conquistamos o tão almejado final feliz, e esta narrativa se tornará uma bela Odisseia contemporânea, onde todo e qualquer sofrimento por mim protagonizado será recompensando e eu terei meu final feliz, ou aqui se imortalizará uma nova Illíade, em que no final da luta, bem como os troianos caíram, nós também cairemos, mas ao invés das espadas dignas de espartanos, enfrentaremos as mais profundas trevas dos comensais déspotas.

Abri os olhos e deixei o vira tempo pender novamente em meu pescoço. Desviei os olhos do espelho e corri porta a fora. Ouvi explosões e correria no fim do corredor, um pedaço da parede despencou ao meu lado, atingindo meu braço arranhando-o profundamente. Os ataques comensais começavam a atingir o castelo com mais vigor, sobrepondo-se aos feitiços protetores que ainda protegiam o castelo.

Era como se Hogwarts soubesse que eu não devia estar aqui, como se soubesse que eu era um corpo estranho a essa época e o simples fato de eu estar aqui pudesse destruir a tudo e a todos completamente.

Eu estava no passado.

Eu era sem dúvida o ser mais mesquinho e egoísta do mundo bruxo.

Comecei a chorar novamente, perguntando-me se o melhor a fazer não era entrar novamente na sala precisa e simplesmente me matar. Segurei meu braço ferido junto ao corpo e murmurei um feitiço para cauterizar o corte que se estendia do ombro até o pulso.

Ergui-me rapidamente, esgueirando-me pelo corredor, decidida a causar menos danos possíveis.

Eu tinha que me achar, e conversar comigo... Eu saberia o que fazer.

Depois de muito trabalho e desvios longos para que não me vissem fui até o sétimo andar, onde aquela sala precisa àquela altura já deveria estar em chamas. Agachei-me em um ponto cego e ali aguardei.

Segundos que se transformou em minutos, que mais me pareceram horas e concretizaram-se como séculos. Eu estava fria, calma como uma víbora, imóvel como um réptil, mas que em meu âmago era dominada por um pranto e um pesar horrendo.

“Agora, em algum lugar do castelo, ele está vivo.” Uma voz tentadora sussurrava em minha cabeça.

Antes que você diga algo do gênero: “Sua idiota, está fazendo o que ai? Vai ajudar o Fred!”

Quero deixar claro uma coisa: eu saí do paraíso, e voltei ao inferno. E se eu destruísse o paraíso e o transformasse em inferno por causa do meu egoísmo, a culpa seria totalmente minha. E eu não queria uma legião enfurecida de bruxos atrás de mim.

Se Fred continuasse morto, tudo acabaria bem. Quem sabe eu não acabasse com Rony e ele criasse o filho de Fred como se fosse dele. Voldemort seria derrotado e o bem triunfaria sobre o mal.

Mas eu não quero viver assim.

Eu deixei para trás a paz, e voltei ao inferno que era essa guerra, eu voltei para as piores horas da minha vida por ele.

Assistirei as pessoas que amo morrer novamente, por ele.

Sentirei a agonia da guerra corroer meus ossos novamente, por ele.

Destruirei um futuro de harmonia por ele.

Carregarei esse fardo para o resto da vida por ele.

Eu literalmente, figurativamente, metaforicamente e realmente vim buscá-lo no inferno.

Então, pense melhor antes de me chamar de idiota.

Um grande ruído irrompeu, a porta se abriu, uma confusão de fumaça se fez, cuspindo vassouras e pessoas.

Aguardei. Assim que vi aquela descabelada ser arremessada contra a parede saquei minha varinha.

- Accio Hermione. – sussurrei.

Felizmente a Hermione do passado tossia demais, não conseguindo gritar por ajuda, veio sendo arrastada como que por cabos invisíveis até a dobra do corredor onde eu estava.

 Tampei-lhe a boca e com tom de urgência comecei a sussurrar.

- Você tem que confiar em mim, haja o que houver, não tente mudar nada me ouviu? – falava atropeladamente.

- O que... Como você... Como eu...

- Me escuta! – eu sacudi a mim mesma – Você vai ter que confiar em mim... Em você..

Ela ainda tossindo muito consentiu, vi Harry e Rony levantarem, eu tinha pouco tempo.

- Não conte a ninguém que eu estive aqui, e faça exatamente o que eu vou dizer. Você entende a urgência disso? Se não fizer exatamente o que eu disser, Fred vai morrer.

Era o que eu precisava, a Hermione em minha frente tentou disfarçar o choque, mas eu me conhecia, seu ímpeto foi de sair correndo, abraçar o ruivo, e ficar ali com ele, até que tudo acabasse.

- O que eu devo fazer?

- Você vai fazer tudo que tiver, vai agir de acordo com suas ideias, vocês vão ver Snape morrer. É inevitável.

- Snape? Como...

- Não importa! – eu me irritei. – o importante é: quando estiver voltando ao castelo, Harry deve assistir as lembras de Snape na sala de Dumbledore. Ele e Rony não podem, sob hipótese alguma passar pelo corredor leste do salão entendeu? Dê um jeito que eles entrem pela janela do corredor sul. Livre-se deles e venha ao meu encontro, pegue a capa da invisibilidade e me espere às 02:00 em frente a escadaria do primeiro andar. – eu inspirei rapidamente, a fumaça agora começava a se dissipar e Harry e Rony sentiam a falta de Hermione. – Entendeu?

- Tirar Harry e Rony de perto do salão principal e sumir de vista assim que Snape morrer. Entendi. – ela disse séria, com um ar de resistência muito grande. – Prometa-me que vai salvá-lo.

- Eu não vou falhar. É uma promessa. – e então me lembrei de algo importante, e voltei a segurar seu pulso. – Lilá vai morrer daqui a pouco, saiam daqui o mais cedo possível, não precisa parar para ajudar Dino e Parvati, Pirraça cuidará deles. Fenrir Grayback vai atirar o corpo dela e de mais alguém das escadas e vai matá-la. Você tem que impedir.

Seus olhos castanhos se arregalaram e foi o que bastou para que o instinto de proteção tomasse conta dela. Levantou-se como uma leoa furiosa pronta para matar.

- Posso salvar mais alguém? – perguntou.

Neguei com um aceno de cabeça.

Ela apenas saiu dali correndo, inventando uma desculpa qualquer convincente e seguindo seu rumo.

De longe, refiz seus passos. Como forma de precaução prendi meus cabelos e fiz um rápido feitiço, deformando meu rosto.

Finalmente, Harry, Rony e Hermione chegaram à escada. Discretamente passei correndo também escada acima. Trelawney ainda estava do outro lado do corredor, ao lado de Luna com alguns comensais que haviam invadido o castelo.

Escutei o grito agudo de Lilá ao longe. Não demorou para que a loira viesse correndo ao lado de um garoto que eu agora reconheci como sendo da Corvinal.

O homem quase gigantesco corria como se fosse um lobo, trotando com um sorriso cruel nos lábios e um divertimento sádico nos olhos, sua boca já vermelha com sangue de sabe-se de quantos mais amigos meus.

Lilá chegou perto da escada, o garoto da Corvinal estava com um pedaço da perna faltando, quase branco e desfalecendo, Lilá o amparava mal conseguindo lançar feitiços para manter afastado o homem de feições lupinas.

Ela então torceu o pé, e se desequilibrou indo abaixo em queda livre, o garoto tentou segurá-la, mas apenas conseguiu cair junto.

“Aresto Momentum” eu mentalizei o mais forte que pude e consegui amortecer a queda da loira. Ouvi a Hermione do passado ordenar que Rony protegesse Lilá. Fenrir, porém, absorto no êxtase do momento não notou a companhia e se lançou contra os corpos que ele achava ser presa fácil, acabou ele por tornar-se caça.

Contudo o mesmo se repetiu. Rony preocupado com Lilá, Harry fora atirado contra a parede e a Hermione, quando prestes a ser devorada pelo lobisomem foi salva por uma bola de cristal certeira e maciça que acertara a cabeça do lobisomem.

Rony e Lilá trocaram um beijo daqueles, apaixonados enquanto Rony quase chorando murmurava que não sabe o que faria se algo tivesse acontecido à ela.

Voltaram a trocar um beijo desesperado e intenso.

- HEM-HEM – a Hermione do passado disse irônica. – desculpe, mas tem uma guerra acontecendo aqui...

Rony mais vermelho que seus cabelos se separou de Lilá, desculpando-se e dizendo que tinha que ir. A Hermione do passado conversou com a Trelawney e a Luna rapidamente, e quando finalmente o trio tomou rumo ouviu-se Harry dizer ao longe:

- Desnecessário...  já estou evoluindo da fase de candelabro... Mais um pouco e eu vou segurar mais vela do que o céu de Hogwarts em véspera de Natal! – ele imitou Rony.

Vi os três soltarem uma rápida risada, Hermione foi a primeira a parar de sorrir e olhar em direção ao salão, apreensiva, perguntando-se provavelmente se podia confiar em mim, nela. Chegou à conclusão que era óbvia tanto para mim, quanto para ela. Se havia alguém que ela confiaria a vida de Fred era ela mesma.

Assim que me certifiquei que tudo estava bem, saí dali, e fui para o tal corredor, aguardar, observar oculta até que a hora chegasse. Dali podia ver o salão principal e assisti sem fazer nada a todo o terror que se instalou.

Era o inferno.

Fiquei mais do que feliz quando vi Lilá passar de relance pela escada, com Creevey nos ombros, vivo, e logo em seguida matar o comensal que os perseguia.

Dois continuariam vivos. Muito embora os dois estivessem muito feridos e se encaminhassem para a enfermaria improvisada na cozinha, mas felizmente, logo estariam fora de combate.

O tempo se passou e eu vi o momento em que quatro comensais cercaram Tonks, pareciam ser velhos inimigos, pois eles riam de um jeito cruel e divertido, todos ainda com máscara.

Do outro lado do salão Lupin viu a situação em que Tonks estava e tentou correr entre a multidão.

Era óbvio o que iria acontecer.

Tonks seria morta, Lupin não chegaria a tempo e depois seria morto.

“Não é pra interferir, você vai bagunçar demais tudo aqui, não é pra interferir, você não pode ajudá-los é melhor assim, não é para interferir...” meditei com força, mordendo os lábios.

Coisas terríveis aconteceram com bruxos que mexeram com tempo.

Minerva quando me confiou o vira-tempo contou-me sobre alguns casos. Um velho bruxo que voltou no tempo para salvar sua família de um incêndio em sua vila, mas que acabou por condenar os sobreviventes a morte por congelamento nos campos da Sibéria que foram completamente devastados pelo fogo. Os aldeões pavorosos o culparam pela miséria e ele foi condenado, executado e esquartejado. Entre outras mortes e desastres mais trágicos.

Um dos comensais segurou Tonks pelo braço, torcendo-o bruscamente. Tonks tão pequena, tão frágil, gritava de dor.

“Você não deve interferir. Você não deve interferir.”

Lupin estava desesperado, lançando feitiços furiosamente. Os comensais desviavam divertidos.

“Você não deve interferir, se você mudar algo mais drástico, sabe-se lá o que Tonks e Lupin podem fazer. Até onde você sabe isso pode fazer com que Fred morra em um lugar diferente e você não consiga salvá-lo.”

 Suspirei sentindo um nó se formar em minha garganta enquanto batiam em Tonks na frente do Lupin. Eu mal conseguia olhar.

E então uma luz me veio à cabeça.

“Eles não podem interferir em nada, se não estiverem acordados para interferir...”.

Um êxtase me tomou, e um sorriso rasgou meu rosto, olhei no relógio, ainda faltava tempo para que eu fosse salvar Fred, ele estaria bem até lá. Lancei-me mais um feitiço, transmutando meu rosto mais ainda e só por via das dúvidas roubando a capa de um comensal com um feitiço convocatório.

- Crucio! – lancei de longe o feitiço no comensal que segurava a Tonks.

Dessa vez obtive sucesso, o comensal caiu no chão contorcendo-se, para surpresa de todos. Tonks aproveitou a brecha e correu em direção ao Lupin, seus cabelos oscilantes começavam a expressar uma pequena alteração em sua cor.

Aproveitei a surpresa e petrifiquei dois dos outros comensais, infelizmente, o terceiro me viu, e veio furioso em minha direção. Não tive escolha se não correr. Não podia correr o risco de ser descoberta.

Depois de me esgueirar finalmente consegui fugir dele.

E é claro, saí correndo feito uma louca atrás de Tonks e Lupin, desviando-me dos feitiços que passavam tinindo ao meu lado, destroços voavam a todos os lados, pessoas caindo, feridas, machucadas, mortas, cada grito estridente, cada berro de agonia me atingia como se fosse uma facada em minha garganta.

Vi então, indo cambaleante para longe do miolo da batalha, um cabelo levemente verde que se destacava. Segui-os.

-Ai... – ouvi Tonks gemer.

- Shhh...

E então, no fim do corredor no armário de vassouras Lupin tentava arrumar o braço de Tonks, que estava retorcido em uma posição estranha. Aproximei-me silenciosamente, varinha em punhos, pronta para petrificá-los.

Mas meus pés, para variar, me traíram denunciando minha posição e alertando ao casal a minha presença indesejável. O homem, rápido como uma raposa sequer hesitou em lançar-me feitiços certeiros que eu mal consegui rebater. Ele era rápido e bem mais experiente do que eu. Além do mais o machucado em meu braço ardia e me deixava lenta e pesarosa, naquele ritmo, em pouco tempo, estaria morta.

- Lupin! Pare! Por favor, eu não vou fazer mal! – eu disse agoniada.

Aquilo fez com que o homem de cabelos grisalhos e expressões cansadas hesitasse, retendo o feitiço preso na boca por alguns instantes.

- Vocês tem que confiar em mim, eu nunca faria mal a vocês, e se não fosse por mim ambos estariam mortos.

Aquilo bastou, no segundo em que ele abaixou a varinha, lancei-lhe um feitiço de imobilização que lhe acertou em cheio no peito. Tonks murmurou algo e tentou pegar sua varinha.

- Calma Tonks, calma, eu não vou machucar vocês.

- Mentirosa! – ela gritou, seus cabelos agora enegrecidos de raiva e preocupação.

Desarmei-a facilmente afinal ela estava bem debilitada. Ignorando seus xingamentos, levei Lupin com todo cuidado até o armário de vassouras.

- O que está fazendo? – ela perguntou confusa. – quem é você?

Acomodei Lupin ao lado da Tonks, com um feitiço anestésico, imobilizei o braço de Tonks e logo em seguida apontei minha varinha em sua direção.

- Você disse que não ia me machucar... – ela inconscientemente pressionou o ombro de Lupin que estava imobilizado ao seu lado, com parte do corpo sobre ela. – Por favor... Eu tenho um filho...

E então ela se calou, no meio da batalha meu capuz tinha caído, e ela então olhou bem nos meus olhos, como se tentasse se lembrar da onde me conhecia.

Não dei a chance que lembrasse. Lancei-lhe um feitiço do sono que passaria dentro um dia.

Fechei o armário com os dois dentro, lancei ali feitiços protetores e saí correndo novamente pelo salão.  A batalha ainda estava intensa e eu tinha dificuldade para voltar até o local em que Fred morrera. Já tinha interferido muito, e me sentia cada vez mais apreensiva pelo futuro do mundo bruxo.

Finalmente ocupei meu lugar, o capuz cobrindo completamente meu rosto e os feitiços que eu havia lançado em mim mesma se desfaziam por completo. Havia chegado a hora.

Dois ruivos surgiram no meu campo de visão, duelando com comensais e se dirigindo para cada vez mais perto de onde eu estava.

Era ele.

Verdejantes olhos. Vívidos. Moleques.

Ele estava vivo.

Vê-lo ali, há poucos metros de mim, fez com que eu ofegasse. Meus olhos chorosos arderam, enquanto a névoa densa e tóxica que eu respirava da mais refinada dor e agonia começou a se desfazer. Como se alguém colocasse uma máscara de oxigênio em mim. O bloco de lama que me prendia na concretização do desespero e amargura, começou a se dissolver. Aos poucos meu gélido e vazio peito foi dando as boas vindas a minha alma que aquecia meu corpo com uma inebriante sensação de vida.

O pedaço de carne em putrefação que havia me tornado, aos poucos ganhava alma. Em cada movimento dele. Em cada gota de suor sua testa, o sangue que fluía de seus ferimentos banais, a respiração ofegante, o piscar de olhos simples e magnífico.

Ele estava ali. Ele estava vivo. Eu estava viva.

– Olá Ministro! - Gritou Percy, mandando uma azaração que derrubou sua varinha. – mencionei que eu estou saindo do ministério?

– Você está fazendo piadas, Percy! - gritou Fred enquanto o Comensal da Morte que ele estava combatendo caiu com o peso de três estuporações.

O ministro então caiu no chão, era possível ver pequenas erupções por todo o corpo; ele parecia estar se transformando em algum tipo de ouriço do mar. Fred olhou para Percy, divertindo-se.

– Você realmente está brincando Percy!Eu acho que nunca vi você brincando desde que...

E o momento chegou. E sequer houve hesitação.

Com um feitiço estupidamente rápido arremessei Percy para longe e reunindo toda minha força, pulei contra o ruivo.

Com um forte baque senti enormes pedaços de concreto e mármore atingirem minhas costas, esmagando minha omoplata, rebrindo os machucados do meu braço e tudo que eu fazia era abraçar fortemente ele. Seu corpo estava quente e eu sentia sua respiração ofegante, um grunhido de surpresa e suas mãos percorrerem meus cabelos na tentativa de me proteger.

- Hermione? – ele chamou, espantado.

Não lhe respondi, apenas fiquei ali, com meu rosto enterrado em sua camiseta suja e manchada de sangue, enquanto tudo caia ao meu redor. Sentia o calor dele contra minha pele. Seus braços firmes ao meu redor. Sua respiração contra meus cabelos. Sua voz rouca e arranhada. O bater de seu coração contra meu peito. Acho que inclusive conseguia ouvir o pulsar de sangue em suas veias.

- Hermione, acorde, por favor! – ele pediu com um quê de desespero na voz.

Notei então que tinha meus olhos fechados. Abri-os e hesitante olhei para seu rosto.

Tinha medo de ver um Fred frígido, ensanguentado e sem vida como antes. Não iria aguentar voltar a fitar seus olhos mortos, vidrados e vazios.

Contudo, para minha surpresa, seus olhos estavam transbordando vida, preocupação e surpresa.

- Por que fez isso? - ele ralhou nervoso, sentando-se e me acolhendo em seus braços, passando a mão cuidadosamente sobre os machucados em minhas costas. – Você está tentando se matar?

- Não... – murmurei contraindo meu corpo em dor ao tomar fôlego para falar. – é que eu achei que...

- Que eu ia ser morto por causa de umas pedrinhas à toa? - ele sorriu e acariciou meus cabelos. – é preciso bem mais que isso para me matar.

Não sei por que diabos, eu comecei a soluçar novamente. Estava cansada, me sentindo culpada, agoniada, feliz, mitigada, onerada, e mais do que tudo: aliviada.

Fred estava vivo, ali. Tudo que eu queria era simplesmente tirá-lo dali, e deixá-lo a salvo, guardado em algum armário de vassouras. Mas eu sabia que não poderia.

- Fred, você está bem? - ouvi Percy gritar em meio à poeira, preocupado.

- Estou aqui. – ele respondeu dando um carinhoso beijo na minha bochecha.

Ele finalmente conseguiu nos achar em meio aos destroços.

- Desculpa por ter arremessado você – adiantei-me.

- Ah, tudo bem... Obrigado de qualquer forma. Se um bloco daqueles tivesse me acertado, eu com certeza viraria patê. – ele disse rindo-se e estendendo a mão para me ajudar a levantar.

- Não acredito... Você realmente recuperou seu humor... – Fred disse impressionado, também se levantando – a última vez que me lembro em que você aprontou algo bem humorado foi quando encheu a bolsa da tia Muriel de sapos.

Percy gargalhou.

- Nem me lembre, fiquei de castigo uma semana por causa daquilo.

Fred então veio para o meu lado e enlaçou minha cintura, o que me gerou um tremor de dor e felicidade.

Ele obviamente reparou.

- Acho que a trégua já se iniciou, melhor eu ir procurar Harry... – Percy disse sério.

- Não, - eu disse apressada, tentando desviar de Fred que insistia em querer analisar minhas costas. – vá primeiro procurar sua família, certifique-se que todos estão bem, eu vou procurar o Harry.

- Certo. – Percy disse tomando seu rumo e murmurando-nos uma rápida despedida, enquanto saia andando pelos destroços rumo ao salão comunal.

- Pare quieta! – Fred ralhou – deixe-me ver suas costas.

- Estou bem... Mas eu tenho que ir atrás do Harry e...

- Não tem não. – ele me cortou, pegando-me no colo e carregando-me corredor a fora.

- Fred!

- Hermione!

Bufei, ele realmente não ia me soltar.

- Seu Neandertal bruto.

- Energúmena teimosa. – ele rebateu.

É. Eu realmente não sei como iria conseguir sobreviver sem isso. Enrosquei meus dedos pelo seu pescoço, e comecei a mexer em seus ruivos e bagunçados cabelos. Passei a retirar um rouco da fuligem de seu rosto e inspirar profundamente seu aroma de maçã.

Quando vi, ele havia entrado em uma sala vazia, que alguns alunos costumavam treinar feitiços ofensivos. A sala tinha um rombo gigantesco na parte direita, o que fazia com que eu pudesse ver ao campo de Quadribol em chamas, enquanto um vento gélido e amargo assombrava minha mente. A culpa me corroia.

- Agora me deixe ver isso. – ele acendeu as luzes da sala e me colocou de bruços sobre o chão – Auch! – ele exclamou assim que afastou os trapos de roupa de minha pele esfolada e em carne viva.

Conjurou água sob um pedaço de granito que estava caído perto de mim e limpou ali. Ardeu. Muito. Ele começou a murmurar feitiços de cura em minhas costas. Senti-a toda cortada e amassada, certamente ficaria um enorme hematoma. Não um, vários.

- Pronto - ele disse depois de um tempo – agora devemos nos apressar, ver se precisam de nós e...

- Fred, espera! – eu disse segurando firmemente sua blusa.

Ele voltou a se sentar ao meu lado me olhando com certa preocupação.

- O que houve? Está tudo bem?

“Não! Está tudo de cabeça pra baixo, era pra você estar morto, e esta guerra acabada, e por causa do meu egoísmo, eu coloquei a vida do nosso filho em risco, e eu não sei o que vai acontecer com o mundo bruxo, talvez mais gente morra, e a culpa vai ser minha!”

- Sim, está tudo bem. – menti. – é que eu esqueci de te dizer: eu te amo.

Ele fez uma careta de confusão e me olhou de esguelha.

- Você não disse que não ia dizer isso?

- É, mas eu não iria me perdoar se algo acontecesse e eu não dissesse isso.

Ele riu-se me abraçando e acariciando os machucados em minhas costas. 

- Sabia que você não iria resistir. E eu ia te assombrar para o resto da vida se isso acontecesse e eu morresse. – ele riu e eu tive vontade de debulhar-me em lágrimas.

- Eu vim te buscar no inferno por causa disso. – murmurei.

- Hã?

- Eu iria te buscar no inferno se isso acontecesse. Sabe, só pra dizer uma última vez que eu te amo. – eu fitei uma pedrinha qualquer no chão, eu não era muito boa com esses negócios sentimentais.

Ele apenas fez uma de suas caretas e passou sua mão pelo meu pescoço, segurando meu rosto delicadamente, e tomando meus lábios sussurrou contra eles:

- Te amo mais.

Coloquei minha mão sobre a sua e fechei meus olhos sentindo o familiar e reconfortante mexer de lábios, o divertido e competitivo brincar de línguas, a ofegante e intensa respiração, o delicioso e aconchegante calor que se instalava em meu peito.

Eu era um mar revolto de emoções. E não apenas emoções se embaraçavam bem como os pensamentos. Eu sequer parecia a Hermione, general, racional, fria e calculista. Eu estava com medo, me sentindo culpada e muito feliz. Eu mal acreditava que eu estava com ele.

Quando deixei meus conflitos de lado me dei em conta que estava novamente deitada no chão, só que dessa vez tinha um ruivo grudado na minha cara, com uma mão servindo se apoio para seu peso espalmada no chão ao lado do meu rosto e a outra passeando bobamente pela minha cintura, enquanto nossos quadris estavam perigosamente próximos.

Apenas ri.

No fim, acho que tudo estava bem.

Ao menos até segunda ordem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH FREDOCA VIVO, SIM EU SEI, TAMBÉM TO VOMITANDO O ARCO-ÍRIS!!!!
-COFCOF
Enfim
Até mais chicas e chicos calientes do meu coração. ^-^
PS: vcs não acham que a fic tá mto cumprida?