Gerard dedicou praticamente o show inteiro para a Lindsey e confesso que se não fosse por isso, ele não teria cantado do mesmo jeito, de um jeito que todos prestaram atenção e acompanharam o ritmo com os pés. No final de “I’m Not Okay” tinham pessoas pulando até. Isso me deixou mais descontraído no palco. Dei uns pulos com a guitarra e ficava andando de um lado para o outro, tocando hora perto da Jamia e hora perto do Gerard.

Mikey ficou mais atrás, mas ainda sim balançava sua franja recentemente alisada no ritmo da música. Ele não errou nenhuma nota dessa vez e parecia bem mais calmo do que no dia do ensaio. Mesmo com essa aparência de tranquilidade, ele tocou com os joelhos meio entortados, coisa que fazia quando estava apreensivo. Provavelmente o motivo era a Alicia, que não parava de gritar seu nome. Quem diria, hein Mikey...

Ray tocou como se aquilo fosse sua rotina. Ele se sentia muito a vontade com uma guitarra nas mãos e em cima de um palco. Era como seu habitat natural. Sua namorada também estava na plateia, do lado de Alicia. Eu me sentia muito honrado por tocar ao lado de alguém como o Ray.

Jamia tocou só a primeira música, mas deu tudo de si lá. Nunca pensei que pudesse sentir ciúmes de uma bateria, mas quando ela tocava era mais ou menos assim. Na verdade, eu me sentia a criatura mais ciumenta do mundo perto da Jamia, porque ela é minha. Minha parceira de banda, minha amiga, minha baterista, minha parceira de física, minha parceira de química, minha coca com doritos, enfim, minha namorada. Minha Jamia. E eu a amo, e cara, ela também me ama. Quando tocava ao seu lado, era como gritar isso para o mundo.

Bob conseguiu entrar clandestinamente depois da primeira música. Jamia não estava se sentindo segura, achou que seria melhor assim. O bom é que ele se encaixou muito rápido ao ritmo da banda. Era como se ele tocasse com a gente há anos. A batida de “I’m Not Okay” ficou ótima.

Fomos aplaudidos no final, pelas pessoas da plateia e nos bastidores também houve aplausos, puxados por Jamia direcionados ao beijo que Lindsey deu em Gerard. Ray e Mikey começaram a encher o saco com suas crises de “awn” e zoações, mas Gerard nem se chateou. Ele estava feliz demais para isso.

Estava tão distraído com a cena que nem vi o momento em que Pete se aproximou com sua banda e começou a falar com Jamia. Chamei os meninos e fomos entrando no meio da conversa.

- Oi, Pete. O que você estava falando com ela?

- Nada, Frank. Só estava parabenizando a Jamia pelo desempenho da banda e falando sobre o show.

- Ótimo, então agora você pode falar com todos nós. – falei e Ray, Gerard, Mikey e Bob se aproximaram mais.

- Tá tudo bem gente, ele só tava falando que eu toquei direito, afinal, ele me ensinou bateria por algum tempo.

- E por falar em bateria, por que esse cara entrou no seu lugar na segunda música? – disse o vocalista da Flogging Bears, aquele tal filho da moça loira que era jurada.

- Quem eu? – Bob ficou meio surpreso e nervoso

- É! Segundo as regras, a banda deve tocar com os mesmos integrantes do dia do teste. Vou falar com os jurados!

- Vai lá, Barbie, dá queixa dos meninos maus pra sua mãe, vai. – Ray provocou

- Vai tomar banho, idiota! – nisso Ray jogou um beijinho pro vocalista

- Espera, Ray, é melhor não falar nada. A gente sabia que isso era meio arriscado mesmo, mas deixa para lá. O importante é que o show foi demais. – tentei amenizar

- Mas então, Pete, boa sorte para a banda de vocês. Vão tocar agora?

- Acho que sim, Jamia, mas o Patrick foi lá perguntar para os jurados agora. Também acho que ele vai falar sobre a troca de baterista de vocês...

O tal do Patrick, que tinha ido dar queixa de nós, voltou com aquele jurado que parecia o Homer Simpson junto. Apontou para Bob e começou a falar.

- Aquele garoto entrou na segunda música e tocou no lugar da baterista oficial da banda. Isso pode, Arnaldo?

- Tocou é? Eu nem reparei, mas terei que ver com os outros jurados.

- Como assim? Eles burlaram as regras! Isso não pode!

- Pelo visto a galera gostou do som deles, mesmo com a mudança de baterista. Eu vou mesmo ter que ver com os outros jurados, desculpe.

- Falou então, mas espero que vocês façam o que deve ser feito, hein! Se não vou falar com a minha mãe, ops, com a jurada chefe. – Meu Deus, ele ainda acha que está enganando alguém. Será que eu rio ou choro?

O outro jurado, o Gene Simmons, foi até o microfone no palco e anunciou:

- Agora, vamos receber uma banda que se inscreveu de última hora e ainda sim vai tocar para vocês: Mindless Self Indulgence! – disse isso e voltou para trás das cortinas

Pete e sua bandinha tiveram “o ataque”.

- É a nossa vez! – começou Patrick a falar – E são só três bandas! Será que só eu li o regulamento?

- Eu não sei de nada... – disse o jurado, mandando uma piscada para Jimmy, que estava caminhando para o palco. Jimmy retribuiu. Corri até ele, antes que passasse pela cortina, enquanto nossa banda desejava boa sorte para o MSI.

- Hey, Jimmy! Como você convenceu ele a te colocar no baile?

- Digamos que ele me devia alguns, hm, favores, pequena criança.

Eu sorri e voltei para onde estava. Acho que quero ser um pouco Jimmy Urine quando crescer. Gerard terminou de se despedir de Lindsey e ela entrou no palco, junto com seus companheiros de banda, Steve, Kitty e Jimmy.