Meu pai acenou e se levantou para cumprimentar a Jamia. Nós nos sentamos a mesa e eu vi um maluco com uma fantasia de caveirinha e um cardápio na cara no meio do restaurante. Perecia com a fantasia que o Gerard usava como pijama. Ao menos o cara estava com uma jaqueta. Pois é...

Calma aí... eu conheço essa jaqueta. Ei, é o Gerard!

- Gerd? – eu falei, mas ele não me ouviu.

- Quem é aquele maluco de fantasia? – meu pai perguntou – Frank, você pode ser roqueiro e rebelde, mas não quero você andando de fantasia em restaurante não, tá? Eu hein... E nem andando com gente maluca da cabeça que faz isso.

- Gerard! – Eu falei ignorando o meu pai. Gerd enfim virou a cabeça na minha direção.

- Frank! – ele respondeu.

- Frank, você conhece esse... Ah, é o Geraldo, né? – meu pai perguntou.

- Gerard, pai! – respondi - Cara, o que você tá fazendo aqui de pijama? – perguntei, voltando a falar com Gerard.

- Merda, eu to de pijama! Enfim, preciso falar com você. Aconteceu um lance muito bizarro.

- Mais bizarro do que essa cena? Acho que eu posso te dizer o mesmo. O que aconteceu comigo ao menos foi engraçado.

- Fala.

- Não, fala você primeiro.

Ele puxou uma cadeira para nossa mesa, fazendo um barulho gigante e todo o restaurante parou para olhar para ele. Jamia estava quieta, meio envergonhada em um canto da mesa. Cheguei minha cadeira mais pra perto da dela, abrindo espaço para o Gerard e abraçando a Jamia. Ela sorriu. Meu pai estava falando com a garçonete, pedindo espaguete para quatro agora, já que meu amigo pijama de esqueleto se juntou a nós.

- Então, sabe a Ashley?

- Não, magina, gata. - ironizei

- Tá sabe sim. Então, eu a encontrei extremamente deprimida na porta da casa dela e comecei a debochar daquela carinha de idiota. Vingança é a coisa mais linda do mundo. Mas depois eu fiquei com pena, ela tava muito mal. Então eu resolvi meio que fazer as pazes. Nada demais, só pra gente voltar a ter uma relação entre coleguinhas de escola que não se odeiam. E ela me chamou para fazer uma vingança contra o Pete – Gerard falou tudo de uma vez só e fez uma cara de “vai-entender” na última frase. Confesso que eu aceitaria o convite.

- Pô, cara, aceita.

- Frank! – Jamia reclamou do meu lado e deu um tapinha no meu braço.

- Mas eu nem tenho motivos pra fazer isso.

- Cara, como assim? Ela te traiu com ele.

- Mas ele não tem nada a ver. Aposto que ele nem sabia que a gente tava namorando. A Ashley que é a babaca dali.

Eu podia pedir pro Gerard para me juntar à Ashley contra o Pete, mas acho que ele ainda não vai com a cara da Ash o suficiente para deixar que seu melhor amigo se junte a ela. Por mais que eles tenham feito as pazes, aposto que ele ia ficar com medo de que ela me usasse, como ela fez com ele. Isso não deixa de ser bem possível, é lógico que ela vai me usar. Se bem que ela parece ser o tipo de pessoa que sabe se vingar. Mas e se a Jamia ficasse com ciúmes? Ela ia entender o que eu sinto quando ela está com o Pete. De qualquer jeito, é melhor eu deixar para conversar com o Gerard depois, a Jamia está do meu lado.

- Ok, depois a gente conversa com mais calma.

- Fala, Frank, o que aconteceu de bizarro com você?

Eu olhei pra Jamia e ri. Ela olhou pra minha cara.

- O que foi bizarro? O lance de hoje? – Ela perguntou.

- Pois é – eu respondi – Gerard, você vai morrer de rir.

- Fala.

- Depois. Com mais calma.

- Hm, sei – Ele falou revirando o olhar discretamente para meu pai – Com licença, vou no banheiro. Frank, você pode me acompanhar?

- Pra que?

- Temos que conversar! – ele falou entre os dentes me puxando pelo braço.

Levantei. No caminho até o banheiro ele ficou me empurrando e cantarolando um “lalala” qualquer. Meu pai ficou lá sentado com a Jamia, fazendo mil perguntas sobre os gostos musicais dela, a bateria e falando da antiga banda de colégio dele. Os dois parece que se entenderam.

Abrimos a porta do banheiro e Gerard checou para ver se estava vazio.

- Senhor, Frank, o que você fez com a Jamia? Trate-a bem, ela é nossa baterista e ela precisa estar com a bunda bem conservadinha pra sentar no banquinho e tocar bateria – ele falou assim que a gente chegou.

- Muito Bozo você.

- Ta. Chega de palhaçada e fala. Eu vim até aqui de pijama pra te contar o lance todo e você não vai me contar o que você aprontou?

- Eu ia te falar, drama queen, eu só tava esperando um momento que meu pai não estivesse ouvindo.

- Hm, sei, danadinho...

- ENTÃO, foi tipo, muito hilário. Eu tava lá com a Jamia, a gente entrou na minha casa, e a gente tava se beijando. Minha mãe disse que ela ia sair com o Evan. A Jamia atava meio louca, sei lá.

- Isso se chama excitada – Gerard falou batendo as costas de uma mão na palma da outra.

- Cala a boca. Daí ela colocou a mão...

- NO SEU PINTINHO!

- Cala a boca, caralho! Mas enfim, é. Isso mesmo – eu disse e Gerard fez o gestinho com a mão de novo - Daí a gente estava se pegando muito e quando eu entrei no quarto... a minha mãe tava lá.

- HAHAHAHAHAHAHAHAH Se fodeu! HAHAHAHAHAHAHAHA – Gerard riu e eu ri junto.

- Não cara, o pior é que no susto eu deixei a camisinha cair no chão, e quando eu abaixei pra pegar, a Jamia se desequilibrou e me derrubou no chão, porque a mão dela tava presa na minha calça!

Gerard começou a rir tanto que eu achei que ele ia morrer sufocado.

- Tá bom, agora para de rir, a gente tem que voltar pra mesa... – falei.

- Calma aí, eu realmente quero fazer xixi.

- Ok, vou voltar para lá.

Eu fui para a mesa e algum tempo depois o Gerard apareceu. Ele ficou olhando pra mim e pra Jamia e rindo 90% do tempo. Os outros 10% ele ficou conversando com o meu pai sobre o AC/DC e este acabou achando que pessoas de pijama/fantasia de esqueleto em restaurantes são legais.