Paper Lanterns escrita por Sparkles


Capítulo 22
Words I might have to ate


Notas iniciais do capítulo

Melhor ter cuidado com o que diz, Frank...



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Passei a tarde inteira pensando em uma mentira pra contar pra Jamia. Até que resolvi não contar nenhuma mentira. Iria apenas trabalhar com a verdade. Passei horas no Google procurando um professor de bateria que cobrasse extremamente barato e que fosse muito perto da casa dela. Eu achei uma escola de música que tinha na rua dela (que por sinal eu nunca tinha visto antes) que oferecia aulas por 50 reais por mês.

Quatro e meia e eu ainda não tinha nem tomado banho. Tirei minha roupa, entrei no chuveiro e tomei o banho mais corrido do mundo. Minhas roupas foram as primeiras que eu vi. O que não fazia muita diferença se eu tivesse começado a me arrumar com duas horas e meia de antecedência. Saí praticamente correndo de casa.

Cheguei na casa de Jamia as cinco e meia. Ela estava sentada no banquinho do jardim me esperando. E com cara de quem ia me atacar com perguntas.

- Frank Iero, você foi no médico? E o que você tinha?

- Ah, eu fui só fazer um check up.

- Hm, e porque você estava online no msn? – merda de msn que eu esqueço de desligar.

- Minha mãe deve ter entrado no pc enquanto eu estava no médico... Sabe como é, meu msn entra direto. – escapei por pouco.

- Mas não foi sua mãe que te levou?

- Não, foi meu pai.

- Mas ele não trabalha até a noite?

- Não ele teve folga hoje.

- Porque você demorou?

- Tava lanchando com meu pai.

- Suspeito.

- Por que você só não confia em mim? – Eu questionei e ela me abraçou.

- Desculpa Frank, eu tenho muito medo.

- Medo de que?

- Medo de tudo que possa fazer você desistir de mim.

- Nada vai me fazer desistir de você.

Eu estava completamente sem coragem de falar pra ela das aulas de bateria. Mas eu também morria de medo de que algo a fizesse desistir de mim. E esse algo se chama Pete.

- Jamia, vamos entrar aqui pra eu comprar a caixa de Doritos – Eu falei quando passamos na frente da loja gigantesca de biscoitos que vendia Doritos em dezenas.

- Ok.

Eu tinha que ser o mais natural possível.

- Então, sabe o que eu descobri?

- Não, o que?

- Eu descobri que tem uma casa de música na sua rua, lá tem aula de bateria por 50 reais por mês.

- Que fofo, como você soube? – ela riu.

- Eu tava procurando no Google.

- Por quê?

- Sei lá, eu quis ser útil pra alguma coisa – ela apertou a minha bochecha.

- Que lindo, é uma pena, a escola fechou a 5 anos.

- Logo vi, nunca tinha a visto antes... – Droga, eu ia ter que contar a verdade.

- Pois é...

- Então eu vou ligar pro Gerd, avisar que a gente vai chegar mais tarde, se você não se importa, eu quero conversar com você – ela fez cara de desentendida e preocupada ao mesmo tempo.

- O que houve, Frank? – ela já estava quase chorando.

- Não, não, por favor. Nada. Eu só quero te pedir uma coisa.

Comprei meu Doritos, liguei pro Gerd e avisei. Ele ficou de brincadeirinha tentando adivinhar o que eu e a Jamia estávamos fazendo pra se atrasar, mas eu não estava com um humor muito bom para brincadeiras.

Eu e Jamia sentamos em um banquinho na praça para conversar.

- Jamia, não adianta ficar escondendo as coisas de você – eu percebi que ela congelou - Eu hoje te vi conversando com o Pete no recreio. E eu não gosto daquele cara. Eu só queria que você parasse de ter aulas com ele. Hoje eu não te levei em casa porque eu estava completamente tenso tentando arranjar uma desculpa pra que você acabasse com as aulas e passei o meu dia inteiro procurando um jeito de te fazer desistir de ter aulas com aquele cara. – Ela me analisou por uns cinco minutos.

- Olha aqui – ela disse com uma voz muito mais agressiva do que o normal – essa foi a coisa mais ridícula que eu já ouvi. Você chega, e sem motivos nenhum me manda acabar com minhas aulas de bateria. Aposto que é só por que ele é da banda concorrente a nossa. Você mente pra mim e ainda me faz achar que eu era a ciumenta ridícula que não confiava em você. “Por que você só não confia em mim?” Hein, Frank?

- Eu... Mas...

- Por favor, sem mas. – ela deu as costas.

A segurei pelo braço. Tive que contar a história toda. Desde o início até a parte em que fica claro que o Pete não é uma pessoa legal.

- Frank, por favor, eu não tenho nada a ver com isso. Digo mais uma vez, “por que você só não confia em mim?”

- Você não entende.

- Por favor, eu vou pra casa. – e então ela foi embora.

Eu cheguei à casa do Gerard, sem a Jamia. Todo mundo olhando pra minha cara.

- Ué? Cadê a baterista? Ficou dolorida, Frank? Eu já disse pra tomar cuidado. – Disse Ray. Eu continuei com a mesma cara de triste.

- Ray, não. – Disse Gerard. Esse era o único que realmente me entendia – sem brincadeirinhas. Gente, acho que o ensaio já foi suficiente só com a gente mesmo. E eu também posso apostar que o Frank não quer tocar, de qualquer jeito.

- Não, vamos tocar sim – a única coisa que eu queria era me distrair.

- Não Frank.

- Vamos, Gerd.

Abri um saco de Doritos, peguei Pansy e a conectei ao amplificador. Toquei. Era a melhor coisa que eu podia estar fazendo. Todo o peso saia de cima de mim enquanto eu passava meus dedos pelas cordas. Era mágico como o som poderia ocupar o espaço da tristeza no meu corpo. Era incrível como eu podia me sentir bem naquele momento.

Não demorou muito para a primeira reclamação de um vizinho do Gerd acontecer. Um pouquinho e a gente já teve que desconectar os instrumentos e ir para casa.

Gerard pediu pra eu ficar, queria ver o que estava acontecendo mas eu preferi ir pra casa.

Tomei meu banho e deitei na cama. Pensando no que eu faria então.


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Notas finais do capítulo

Na boa, eu to amando os reviews, é como ter alguém para divir a história com você. Obrigada! *---*