Chegamos na sala. O professor de geografia tinha faltado, então teríamos dois tempos livres pela frente.

Jamia chegou atrasada, mas chegou. Deixou a mochila na mesa e veio falar comigo.

- Oi, bochechudo lindo do meu coração. Bom dia!

- Oi, meu amor! – não dei bom dia, puxei Jamia pela mão dei logo um beijo. Sou mau.

- E ai, sonhou comigo?

- Hm... – revirei os olhos, dei uma risadinha e fiz carinha de anjo. Ela riu.

- Frank Anthony Thomas Iero Jr, o que você sonhou? – ela riu.

- Sonhei com o trabalho de química – ela fez uma cara de “ah-nem-teve-nada-de-mais” – do jeito que o indivíduo da sala disse no dia da apresentação – ela arregalou os olhos.

- Frank! – ela sorriu vermelha com cara de espanto. Eu ri envergonhado, olhando para meus pés.

Já que o tempo era livre, fizemos uma rodinha, peguei minha guitarra, liguei no mini amplificador que eu tinha levado e comecei a tocar Smells Like a Teen Spirit, para demonstrar minhas, hm, habilidades.

- Aí, posso ver a guitarra, Frank? – disse Ray, atrapalhando minha música. Eu emprestei a Pansy para ele.

- Gente, gente! Vem aqui, rápido! – Lindsey tinha ido ao banheiro e tava gritando lá do corredor. Gerard deu um pulo e foi atrás dela. Jamia, Mikey e eu fomos em seguida. Ray ficou lá com a Pansy.

- O que foi, Lyn? Ta tudo bem?

- Tá sim, Gee. Olha esse papel! – O aviso estava pendurado no quadro.

“1oBaile anual do Colégio Audrey Hepburn, dia 27 de novembro (sábado), as 20h.

Traje: Festa – Procura-se banda de abertura para a festa. Inscreva o nome da sua banda no papel abaixo e apareça para o teste no dia 24 de novembro (quinta feira), 1h da tarde.

Ass: A diretoria do Colégio.”

A lista de inscrições tinha umas seis bandas até agora e entre elas estava a “Flogging Bears”.

- Que legal, Lindsey, mas a gente não tem uma banda.

- Eu sei, Frank, mas olha. Hoje de manhã, aquela música que vocês tocaram foi demais! Se vocês conseguirem um baterista, um baixista e outro guitarrista só pra dar uma incrementada. Acho que daria pra formar uma banda.

- Ah, eu toco bateria! – Jamia se animou

- Mas quem vai cantar?

- Ué, você, Gerard. Seria uma ótima forma de se vingar daqueles safados que te sacanearam.

- E eu toco baixo! – Lindsey e Mikey falaram ao mesmo tempo.

- Acho melhor a Lindsey tocar, Mik. Você começou a tocar ontem!

- Caham, semana passada…

- Mesmo assim, ela tem mais experiência.

- Ah, é assim, Gerard? Você vai ficar do lado da sua namorada ou do seu irm...

- Da minha namorada.

- Ta, ta, vou pro meu canto… Qualquer coisa, eu to disponível, ta?

- Cara, ele pode fazer uma base de baixo. Ta-dã! – eu disse.

- Não cara, ele pode dançar de vestidinho pelo palco – disse Gerd.

A gente começou a ouvir alguém tocando guitarra, tipo, MUUUUUITO bem. Nós voltamos correndo pra sala, ansiosos pra ver quem estava tocando. Tinha uma rodinha encima da onde vinha o som. Baixinho como eu sou, não consegui ver nada.

- Calma aí, abre espaço, me deixa ver. EU SOU O DONO DESSA MERDA DESSA GUITARRA, ME DEIXA PASSAR.

E então eu vi quem estava lá humilhando as musiquinhas simples que eu toquei, fazendo um solinho perfeito demais para ser real. Estava Ray, com agora infinitas meninas aos seus pés, provando que eu seria apenas guitarrista base.

Não, é sério, tinha uma garotinha que nunca tinha falado com a gente antes que estava abraçada no braço do Ray olhando para seus dedos tocando a guitarra. Ele olhava para a cara dela com uma cara engraçada de “what-the-fuck?”.

Okay agora eu vou pro meu canto.