Eu estava na casa da Jamia, sentado no sofá da sala dela, com um livro de química na mão. Ela estava sentada no braço do sofá sorrindo para mim. Ela se levantou, trocou o cd para o “The High End of Low” na faixa 9, “WOW”. Tirou o livro da minha mão e se sentou no mesmo lugar, me olhando com mesmo sorriso.

- Vamos fazer um jogo. Diga-me nomes de três gases, não vale nem o Oxigênio nem o Hidrogênio, por favor, né?

- Por quê?

- Porque sim.

- Ta bom, hum, Hélio... – ela começou a desfazer o laço da blusa.

- Sabe mais algum? – Eu comecei a perceber que eu precisava responder a mais perguntas, sabe...

- Nitrogênio, Criptônio, Neônio e Xenônio – ela tirou a blusa, sentou do meu lado e me deu um beijo. Eu interrompi o beijo ofegante – Argônio! Cloro! Flúor! Radônio! Mais uma pergunta, por favor.

- Não precisa. – ela atacou meus lábios ferozmente outra vez. Segurei sua cintura e a puxei para o meu colo. Ela começou a tirar a minha roupa.

Em poucos minutos estávamos em sua cama.

- Frankie – ela gemia – Frankie! - ela falou com urgência na voz, como se estivesse me chamando. Estranho.

- Frankiee, acorda logo! – gritava a minha mãe do lado de fora do quarto, batendo na porta – Você já está dez minutos atrasado!

Olhei para o relógio. Seis e dez da manhã. Ai, fecha os olhos, Frank, tenta voltar pro sonho, voltando pro sonho... Não consigo. Mãe, por que você tinha que me atrapalhar? Ok, vou levantar... Nossa, que sonho... E que merda, minhas calças estavam molhadas. O melhor foi a minha habilidade de dizer nomes de gazes que eu nem sabia em um momento de desespero.

Troquei de calça, desci para tomar café, coloquei o uniforme, peguei minha guitarra, celular, iPod, mochila e saí. O carro do Gerard não estava mais lá, então fui de ônibus, sozinho, com meus pensamentos. Ainda estava meio confuso/feliz/tenso pelo sonho que eu tive. Wow. Aliás, era essa a música que estava tocando. Preciso ouvir esse cd.

Cheguei cedo na escola. Gerard e Mikey já estavam lá na nossa rodinha.

- Oi, gente.

- Oi, Frank! Veio exibir sua guitarra hoje? – falou Mikey quase arrancando ela da minha mão. Eu puxei.

- Hehe, sério, larga a Pansy! Agora!

- Pansy? Você deu um nome pra sua guitarra?

- Ué, claro. Gerard, tenho que te mostrar uma coisa. – Tirei a “Demolition Lovers” do bolso. Gerard pegou da minha mão e quase amassou, mas segurei sua mão a tempo.

- Onde você achou isso?

- Na biblioteca. É uma música linda, Gerard. Eu peguei e criei uma melodia para ela.

Comecei a tocar. Quando teve chance, Gerard começou a acompanhar cantando.

- Hand in mine, into your icy blues, and then I'd say to you we could take to the highway… - Naquele momento, Lindsey veio andando em direção a nossa rodinha. Gerard segurou a mão dela e continuou cantando, olhando para seus olhos, como se estivesse dedicando aquela letra a ela, e não mais a Ashley. Continuei tocando.

- With this trunk of ammunition too, I'd end my days with you in a hail of bullets… - Naquele momento, ele se ajoelhou, fazendo uma cena típica de Romeu e Julieta. Profundo e dramático. As pessoas começaram a olhar.

Mikey simulou um choro típico de novela mexicana, muito dramático, para disfarçar seu forever alone.

Paramos no refrão, quando o sinal tocou. O grupinho aplaudiu e Ray, que acabava de chegar, jogou uma moedinha para mim. Hahaha, palhaço... Guardei a guitarra e subimos para sala de aula.