A mão com a luva preta pegou a mão com a luva branca, puxou e impediu que o moreno caísse num buraco sem fim. Áustria ficou surpreso com aquela atitude do garoto de roupa branca, cabelos claros e olhos vermelhos.

"Obrigado. Quem é você?"

O albino estava ferido e suado, mas mesmo assim sorria egocêntrico.

"Sou Ordem dos Cavaleiros Teutônicos, a pessoa mais incrível que você já viu e vai ver nesse mundo!"

Ele não era na modesto. Roderich soltou a mão com luva preta e entregou um lenço para que Ordem pudesse enxugar o suor. O albino hesitou, mas aceitou a oferta e limpou um pouco o rosto.

"Vai querer seu lenço? É que ele vai ficar imundo"

"Pode ficar se quiser. Você me ajudou. Como posso agradecê-lo?"

Ordem refletiu sobre aquela pergunta, pegou novamente a mão com a luva branca e com isso acabou assustando o moreno.

"O que foi?"

"Deixe-me ser seu cavaleiro."

"Meu cavaleiro? Por que iria querer isso?"

"Porque estou incrivelmente cansado e não tenho pra onde voltar. Se eu for seu cavaleiro, não importa quantas batalhas eu enfrente, terei um lugar que eu eu goste muito de ficar."

Aquilo era estranho para Roderich, mas o que ele poderia fazer? O albino havia lhe ajudado e tudo o que pedia agora era um porto seguro. Poderia negar? Não. Não haveria nada de errado em ser servido por Ordem, além disso, Roderich não gostava da solidão e o albino poderia lhe fazer companhia.

"Está bem."

"Verdade?"

"Sim. Sempre que se sentir cansado, fique em minha casa e me faça companhia. Meu nome é Roderich Edelstein"

"Eu sou Gilbert Beilschmidt"

O cavaleiro beijou a mão do seu jovem senhor.

O tempo passou e Gilbert teve que ir embora. Tornou-se então o Reino da Prússia, o maior rival de Áustria. Ele jurou que cresceria até provar que seria mais incrível que qualquer império que pudesse existir.

Áustria e Prússia guerrearam muitas vezes entre si, mas outras vezes se aliavam fervorosamente. As espadas dos dois rivais sempre se encontravam, as vezes se confrontando e outras vezes se ajudando.

Mas essa história de lutas e alianças teve um fim quando os dois passaram a pertencer a Alemanha. O país loiro de olhos azuis que tinha um pouco de Áustria e Prússia havia juntado os dois em sua própria casa na segunda guerra mundial.

WWII

"Gilbert?"

Roderich chamou pelo nome do albino quando viu que ele não havia interrompido a música no piano. Isso era muito estranho. Áustria se levantou e se aproximou dele.

Gilbert forçou o sorriso.

"Eu vou embora"

"..."

"A guerra está na fase decisiva e os aliados ganharam força. Estou indo lutar ao lado do West"

O coração do moreno bateu fortemente.

"Então eu vou com você!"

"Não mesmo, kizoku-sama! Essa guerra não é sua!"

"Também não é sua! Você é tão prisioneiro dessa casa quanto eu!"

"Mas é diferente! West é meu irmão! Essa casa é minha e essa guerra também! Você está fraco, não viu? Se encostar no campo de batalha vai sumir na mesma hora!"

"Você também! Qual é a diferença?"

A mão de Gilbert pegou a de Roderich e puxou o moreno para perto. Demasiadamente perto.

As respirações se encontraram juntamente com a troca de olhares.

"Você não está em condições de lutar, aristocrata. Desde que veio pra ca está tão destreinado que vão te atacar facilmente. Nem você mais quer essa vida"

"E você não é mais o reino da Prússia. Seus tempos de glória acabaram."

"..."

"Admita, Gilbert. Já fomos grandes."

Gilbert sorriu.

"Já fomos sim, mas cavaleiros incríveis como eu não descansam jamais. Você sabe disso. Por mais que eu não veja sentido nenhum nessa merda de guerra, vou lutar porque sou incrível demais pra deixar meu irmão sozinho. E não vou deixar você me seguir"

Roderich sabia que era inútil. Gilbert era o tipo de pessoa que quando queria alguma coisa, ninguém o impedia. Nem mesmo Alemanha.

De repente a outra mão do prussiano se ateve ao rosto do austríaco.

"Roddy"

"O que foi?"

"Quando eu voltar, quero construir uma república com você."

O moreno corou. Que pedido era aquele? E por que em uma hora daquelas? Uma república... Uma... União?

"Eu luto desde que nasci e eu estou incrivelmente cansado de tantas guerras. Você também está, Roddy. Se eu lhe ajudar a voltar para sua casa, vamos finalmente poder descansar"

"Mas... Por que? Por que quer ficar em minha casa?"

"Porque quero ficar ao seu lado."

Aquilo pegou o moreno de surpresa. Os dois mantiveram contato visual e mesmo assim, Roderich não conseguia dizer aquelas palavras. Não conseguia pedir pra ele ficar, nem conseguia confessar tudo o que sentia. Mas algo precisava ser dito.

"Então volte."

"Voltarei."

O cavaleiro beijou os lábios de seu senhor e foi embora.