Trabalho Escolar: Diário de Lidia Brazzi escrita por Juliiet


Capítulo 29
Dia 14, segunda-feira, 15 de agosto. (parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Bom, como eu já tinha dito, esse capítulo não tem muita emoção, mas o próximo...tem muita coisa, além de ser altamente dramático (com essa minha personagem, não dá pra esperar outra coisa, né?). Enfim, finalmente venci a o meu bloqueio criativo e escrevi o dia 16 que também é o último capítulo. Só não sei se ficou bom =/ Bom, vou parar de enrolar e vamos ao cap.



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   - Aham, ela mesma. Vocês vivem juntas, não é? Você falaria com ela? Sobre mim, quero dizer.

   - Falar o que sobre você?

   - Ah, sei lá, enche a minha bola. Diz que eu sou um cara legal e que ela devia me dar uma chance.

   Se eu não estava enganada, a Renata meio que tinha uma quedinha pelo Daniel. Talvez fosse legal se os dois ficassem juntos. Se ele não fosse um psicopata sanguinário que nem um dos amigos dele...

   - Ok, mas antes você vai ter que responder ao questionário. – anunciei.

   - Que questionário? – ele perguntou, confuso.

   - Para saber se você é mesmo um cara legal e não um psicopata maligno com intenções assassinas.

   Ok, isso fez ele rir.

   - Certo, pode começar. – ele disse, ainda rindo.

   - Você vê um filhote de gatinho sozinho e morrendo de fome na estrada, o que você faz? – perguntei.

   - Levo para casa – respondeu ele, orgulhoso.

   - Qual é sua festa preferida, natal ou halloween?

   - Natal.

   - E, por último, o que você acha do amor?

   - Acho que os que o encontram tem uma sorte desgraçada.

   Lancei para ele meu melhor sorriso.

   - É, você passou. Talvez você seja mesmo um cara legal. – disse.

   - Eu sou – disse ele, estufando o peito.

   Nós dois rimos.

   - Ah, não, espera – eu disse, lembrando da coisa mais importante. – Por que você anda com o Madson?

   Ele deu um sorrisinho torto para mim e falou bem baixinho:

   - Você não pode me julgar pelos meus amigos.

   É, ele meio que estava certo.

   Nesse momento, o ônibus parou e Marta avisou que nós iríamos descer para almoçar num restaurante que havia ali.

   Caraca, já estava na hora do almoço? Nem senti o tempo passar.

   Mas estava com fome, muita fome. Isso é o que dá quando você pula o café-da-manhã.

   Todos desceram do ônibus e eu logo me espremi perto da Renata. Leo foi para perto de nós também, enquanto corríamos para a lanchonete de quinta onde íamos comer já que estava um gelo lá fora, literalmente.

   Ah e só uma coisa, minha fome quase passou quando vi o lugar onde a gente ia comer. Quase.

   Com a fome que eu tava ia precisar de mais do que ketchup velho melecado na mesa para me fazer perder o apetite.

   Mandei um adeusinho para Daniel (que se juntou com Felipe e Cia numa mesa) e sentei numa mesa com Leo e Renata.

   - Ai, não aguento mais essa viagem – disse Renata. – Definitivamente odeio aquele Alex, ele é o maior pateta! Como é que um cara tão sexy pode ser tão..tão..insuportável? Ele só fala besteira e ri que nem uma hiena.

   - Não fico muito admirado, ele é amigo daquele ogro ali – disse Leo.

   - Quem, o Felipe? – perguntou Renata. – Ah, mas o Felipe é super legal, não é Lidia?

   Leo me olhou com uma cara estranha.

   - Você acha aquele cara super legal, Lidia? – ele perguntou. – Que merda, ele me deu um soco! E ainda te tratou como se você fosse o cachorrinho dele.

   - Claro que não! – respondi rápido. Rápido demais.

   - Claro que acha, amiga, você namorou ele. Dãã.

   Valeu Renata.

   É, ela fez isso de propósito.

   - Você e aquele cara namoraram?! – Leo perguntou, incrédulo. – Quando?

   - Ah, tipo assim, semana passada – respondeu Renata por mim.

   Que merda, agora Leo vai pensar que eu sou uma vagabunda.

   É, Sr. Albert, só uma vagabunda sai (teoricamente) de um relacionamento e se joga nos braços do ex. Se bem que (teoricamente) Felipe e eu não tínhamos “terminado” coisa alguma. O que, eu acho, me torna mais vagabunda.

   - Não foi bem assim – eu disse. – Nós não namoramos de verdade. Foi só uma brincadeira.

   - Brincadeira? – Renata e Leo perguntaram juntos. - Como assim?

   Respirei fundo.

   - Olha, é o seguinte – comecei. – Eu cometi um erro. Um erro gigante. Felipe e eu não podemos ficar juntos simplesmente porque ele é um idiota arrogante e eu sou uma idiota ingênua. Nossas idiotices não são do tipo compatível, então, adeus ideia de um relacionamento estável. O que automaticamente quer dizer que Felipe e eu não nascemos um para o outro e não estamos mais juntos, satisfeitos?

    Ninguém disse nada, então continuei.

   - Agora por que você, Renata, não vai buscar uns sanduiches para a gente enquanto eu pergunto para o Leo que diabos ele está fazendo aqui?

   - Tudo bem – Renata disse, levantando-se para ir pegar os sanduiches.

   - Que diabos você está fazendo aqui? – perguntei, voltando-me para o Leo.

   - Eu me transferi de volta para a nossa escola e, como eu sou aluno do último ano, resolvi que seria bom vir nessa viagem porque adoro esquiar, e quando o diretor disse que você iria também, só me deu mais um motivo. – ele respondeu, segurando minhas mãos. Mas seu rosto estava sério. Ele parecia...chateado.

   Droga.

   - Eu perguntei por que você voltou – eu disse.

   - Você sabe. Eu voltei por sua causa. Eu...eu nunca deixei de te amar.

   Eu sei?! Eu não sei de nada!

   Ferrou! Ai meu Deus, por que ele tinha de dizer isso?

   Isso é horrível, Sr. Albert, porque...porque eu o amo, mas só como amigo! Como você diz isso pra uma pessoa que largou tudo por você? Hein, como?

   - Calma Lidia – ele disse, massageando meus dedos. Quase havia esquecido que minhas mãos estavam nas dele. – Não precisa ficar desse jeito. Eu entendo.

   - Entende? – ecoei.

   - Eu sei que você ainda gosta de mim – ele disse, baixando os olhos. – Mas não do mesmo jeito. Não do jeito como eu ainda gosto de você.

   - Leo, eu...

   - Ei, não encana. Eu saquei que você tá a fim de outro cara e não vou complicar as coisas para você. Mesmo que eu ache que esse cara é o maior babaca. Você é esperta, sabe o que fazer da sua vida. Mesmo que às vezes pareça que não.

   Meus olhos começaram a encher de lágrimas. Por que eu não podia amá-lo, por quê? Leo era simplesmente o melhor cara no mundo todo e eu ali, morrendo de amores pelo filho do ex-amante da minha mãe. Não que eu ainda cogitasse a ideia de ficar com Felipe. Nós simplesmente somos diferentes demais. E ele me sacaneou legal.

   Puxei-o para um abraço apertado.

   - Você é o melhor amigo do mundo, sabia? – disse, emocionada. – O único que consegue me fazer chorar num momento desses.

   - Bom, não é tão difícil chorar com o cheiro desses sanduiches. – ele disse e se afastou, sorrindo.

   Aí eu vi que Renata estava lá segurando uma bandeja com três sanduiches e refrigerante.

   É, o sanduiche não tinha cheiro bom não.

   - Que cena tocante. Agora afastem que eu quero sentar – ela disse, quase empurrando a gente. – Parece que todo mundo fica querendo esfregar na minha cara que eu sou a única solteira no pedaço. Aliás, Leo, você não é figurinha repetida no álbum da Lidia?

   - Caramba, você tem a sutileza de um elefante – comentei depois que Leo e eu paramos de rir.

   Ela só mandou língua para nós enquanto dava uma mordida no seu sanduiche.

   - Além do mais, você está solteira porque quer – completei.

   Renata virou rapidamente o rosto para mim.

   - Como é que é? – perguntou com a boca cheia.

   Soltei um risinho misterioso só para deixar a garota possessa.

   - Fala logo!

   - Calma, não cospe tomate em mim! – disse, rindo. – Ok, eu falo. Sabe o Daniel Corelli, o que estava sentado do meu lado no ônibus?

   - Claro que eu sei! – ela exclamou depois de ter engolido a comida. Sem brincadeira, Sr. Albert, os olhos dela brilhavam. – Daniel Corelli! Ele é lindo, perfeito, maravilhoso e.. –

   - Ok, chega – interrompi. – Renata, se controla! O menino te sacou.

   Eu tive que praticamente colocar a mão na boca dela para que não houvesse escândalo.

   - Como assim?! – ela gritou. Leo estava rindo muito observando essa cena tão feminina.

   Até parece.

   - Ele me disse que estava de olho em você e pediu pra eu te falar que ele era um cara legal e essas coisas. Ah, e ele passou no interrogatório!

   - Acho que a Renata vai desmaiar – Leo disse, segurando o riso.

   Nossa mesa estava muito barulhenta e tinha apenas três pessoas. Quando eu reparei, todo mundo tava olhando para a gente e quando eu disse isso, Leo só gargalhou ainda mais e Renata parecia a ponto de ter um treco.

   - Componha-se! – sussurrei para Renata. – Ou ele vai achar que você é uma doida e vai cair fora.

   - É verdade! – ela disse, sentou direito e começou a agir como se nada tivesse acontecido.

   Eu definitivamente amo a Renata, Sr. Albert.

   Dei uma olhada no lugar para ver se as pessoas ainda estavam nos fitando e só vi uma pessoa me encarando.

   Era ele, Sr. Albert. Ele mesmo.

   Ele me olhava quase com raiva. Mas seus olhos...aqueles olhos que eu tanto amo, estavam nublados, tristes. Virei o rosto rapidamente e dei uma mordida no meu sanduiche, sem sentir o gosto.

   É, havia perdido o apetite.

   Mas comi tudo em silêncio e logo já era hora de voltar para o ônibus. Renata pediu para trocar de lugar comigo (para ela poder jogar todo seu charme em cima do Daniel, mesmo que eu achasse desnecessário já que ele parecia caidinho).

   É, só me restava sentar ao lado da hiena...digo, do Alex.

   Bom, mas podia ser pior. Eu poderia sentar ao lado do Felipe. Isso sim faria a viagem ser insuportável.

   Cheguei primeiro até as poltronas e escolhi a que ficava ao lado da janela. Eu ainda precisava dormir, então coloquei meus óculos escuros e usei meu cachecol como travesseiro. Estava tão cansada que dormi antes que o ônibus se movesse.

   Dessa vez não sonhei, mas tive um sono reparador. Sentia-me aquecida e segura e parecia que anos haviam passado até que abri os olhos novamente.

   Bem, apenas algumas horas haviam passado. Estava escuro lá fora e eu podia ver a neve caindo. Estava nevando! Tudo bem, tudo bem, eu sei que eu sempre digo que detesto frio e tudo, e eu realmente detesto, mas o senhor tem de concordar, Sr. Albert, que neve sempre tem algo de mágico. Faz eu me sentir num filme da Disney. Então eu odeio frio, mas gosto de neve, principalmente quando eu posso vê-la através da janela enquanto estou segura e aquecida nos braços de Felipe...

   COMO É QUE É?

    Eu estava abraçada com Felipe, que dormia ali com o nariz no meu pescoço. Sua respiração fazia cócegas na minha pele e seu cheiro me deixava completamente zonza.

   Além disso, ele estava perto demais de mim para que eu conseguisse raciocinar com clareza.

   COMO ISSO FOI ACONTECER?

   Ele estava dormindo. Todo mundo estava dormindo. O ônibus estava mergulhado num silêncio sepulcral e eu só conseguia pensar em como era bom estar sendo abraçada pelo homem da minha vida.

   Eu devo ter uma queda por pilantras desalmados.

   Ok, aquilo tinha que acabar, eu não podia ficar sonhando com um cara que claramente não gostava de mim/era um sacana/me usou.

   Tentei empurrar ele para o lado, mas como eu já sabia, o menino não era de soltar as coisas facilmente. Será que ele tomava bomba? Ah vai saber.

   - Felipe – chamei, mas ele nem se mexeu. – Felipe! – falei mais alto e ele começou a acordar.

   Senti sua mão subir e segurar fortemente minha nuca, virando meu rosto para ele.

   - Não grite comigo pela manhã – ele disse e me beijou.

   Pronto. Ferrou tudo. Como eu vou não corresponder ao toque dele? Como eu vou dizer não a um beijo que me incendeia e me faz querer cada vez mais? Merda, não!

   Reunindo toda a minha força de vontade, consegui empurrá-lo um pouco.

   - De acordo com o meu relógio, são sete e meia da noite, Madson – falei, com um pouco menos de segurança do que gostaria. – Por que você não me larga e me explica o que está fazendo aqui?

   Bom, ele finalmente pareceu acordar, acordar de verdade, soltou-me e sentou direito na poltrona. Posso jurar que o ouvi falar um palavrão bem baixinho, mas talvez eu estivesse ouvindo coisas.

   Felipe passou a mão pelos cabelos e me fitou.

   - Alex pediu para ficar ao lado de Alie – ele disse.

   - Quem? – perguntei.

   - Alicia Martin. Cabelos pretos, altura mediana, suéter verde limão.

   A morena bonita que devia estar sentada ao lado dele. Não preciso dizer que não gostei nem um pouco do jeito íntimo como ele se referiu a ela. Alie. Aliás, que diabo de apelido podre era esse? Também não gostei do fato de ele ter reparado na cor do suéter dela. Ele reparou na cor do meu? Tudo bem que creme não é tão chamativo como verde limão, mas...ah quer saber, não me interessa, nada que venha desse menino me interessa, Sr. Albert, eu só queria que ele tirasse aquela bunda gostosa dele da poltrona e arranjasse outro lugar pra sentar.

   Mas antes que eu falasse para ele se mandar (que é o que eu ia fazer meeesmo, Sr. Albert) ele disse primeiro:

   - Olha, eu não pedi para sentar aqui do seu lado, só fiz um favor para um amigo. Você fez a mesma coisa, então cala a boca.

   - Mas eu não falei nada! – falei, indignada.

   - Mas ia falar – ele disse, virando-se para o outro lado. – Agora vê se não perturba e me deixa dormir.

   Todos os músculos do meu corpo se contraíram de vontade de socá-lo, mas eu me controlei por três razões: não quero ser castigada pela Sra. Gosto De Torturar Alunas Que Não São Boas Em Nada; não quero que ser conhecida como A Garota que Desfigurou O Cara Mais Gato Do Universo; e não quero que Felipe me dê um soco de volta ou coisa pior (conhecendo ele como eu conheço, o senhor pode apostar no ‘coisa pior’).

   Então apenas bufei e fiquei olhando a neve cair pela janela. Aquele até seria um momento super romântico se o cara ao meu lado não estivesse me odiando/não fosse o filho do casinho da minha mãe/não tivesse brincado comigo e com meus sentimentos.

   Não que eu não estivesse louca de vontade de me ajoelhar aos pés do Felipe e implorar para ele me pegar nos braços e me dar um beijo de derreter icebergs. Eu estava, mas ainda existia uma fagulha de orgulho, dignidade e amor próprio dentro de mim. Quer dizer, o cara não me dava a mínima, me usou, me fez de boba, e ali estava eu, caída de amores por ele.

   Digno.

   Ah, e não podemos esquecer que, mesmo se de repente (em algum universo alternativo) rolasse alguma coisa entre a gente, o meu ex estava bem ali, a duas poltronas de nós. Ou seja, a probabilidade de eu ter um momento super romântico com o cara dos meus sonhos (o cara errado, o vilão da história) era praticamente nula.

   Porque todo mundo sabe que não tem problema em ficar com outros garotos depois que você termina um namoro, mas ficar com outros garotos na frente do ex em questão é cachorrice das brabas.

   Ainda mais quando o ex ainda é apaixonado por você. Ou no caso, por mim.

   Por que a vida precisa ser tão complicada, Sr. Albert?

   Eu estava filosofando em silêncio quando ouvi a voz de ogro da Marta anunciar que nós estávamos presos por causa da neve e ia demorar mais algumas horas para chegar ao acampamento.

   Era só o que me faltava. Mais horas ao lado do Felipe. Alguém pode me dar um tiro, por favor?

   As pessoas acordaram quando Marta anunciou a catástrofe, bom, catástrofe para mim, pelo menos, porque Renata e Daniel pareciam não estar nem um pouco aborrecidos por terem mais tempo para enfiar a língua na garganta um do outro, o que era exatamente o que eles estavam fazendo. Eca. Não que eu tenha algum problema com beijos de língua (o senhor me conhece o suficiente para saber que eu os aprecio, e muito), mas ver a sua melhor amiga se agarrando com um cara na sua frente não era exatamente animador. De fato, era um pouco triste, já que eu não podia fazer a mesma coisa!

   Pelo menos não com o cara que eu queria, que é justamente o cara que eu deveria odiar.

   Ai, essas complicações mentais estavam me dando dor de cabeça.

   Não consegui voltar a dormir por muito tempo. Todos estavam conversando e rindo e eu estava me sentindo na pior.

   Oi, meu nome é Depressão.

   Quando finalmente caí no sono, nós ainda estávamos presos pela neve. Não sonhei, não senti nada, apaguei.

    Fui acordada por uma mão no meu ombro.

    - Já chegamos, pequena – Leo disse, me balançando de leve. – Está muito tarde e nos mandaram ir direto para a cama.

   Olhei ao redor e percebi que não havia mais ninguém no ônibus.

   - Onde está todo mundo? – perguntei, limpando a baba da minha bochecha.

   Eca, eu babei enquanto dormia. Será que Felipe viu?

   M-E-R-D-A.

   Leo apenas abriu um sorriso e me ajudou a levantar.

   - Todos já desceram. Está um frio desgraçado e todo mundo quer logo ir dormir. A gente ia ter uma festa hoje, mas foi adiada para amanhã por causa do atraso. Além do mais, ninguém estava em clima de festa.

   - Eu certamente, não estou. – eu disse.

   Peguei minhas coisas e descemos do ônibus.

   O acampamento devia ser um lugar bem legal e bonito, mas naquele escuro eu mal enxergava o chalé onde iríamos ficar.

   E estava congelando ali fora.

   - Cuidado para não escorregar – Leo disse, segurando-me pelos braços.

   - Com você aqui para me segurar, eu nem me preocupo - disse de brincadeira.

   Leo parou de repente e me fez virar de frente para ele.

   - Lidia – ele disse baixinho, sem olhar nos meus olhos.

   - O que foi? – perguntei, colocando a mão na testa dele. – Você está se sentindo bem?

   Antes que eu pudesse perceber sua intenção, Leo me puxou para ele e me beijou.

   Fiquei tão chocada que simplesmente não fiz nada, só fiquei ali, parada, enquanto ele me beijava.

   Quando finalmente recuperei-me do choque e estava para empurrá-lo para longe, ouvi a voz de Felipe dizendo:

   - Arrumem um quarto.

   Leo soltou-me tão rapidamente que eu quase perdi o equilíbrio. Felipe estava ali perto com uma mochila pendurada num dos ombros, olhando para mim e para Leo com uma expressão enojada.

   Quis chorar.

   Felipe saiu de lá com passos apressados e eu fui me arrastando em direção ao chalé.

   - Lidia, espere! – Leo gritou e veio atrás de mim.

   - Não! – eu disse. – Não quero falar com você.

   - Eu só fiz isso porque ele estava lá, juro!

   Virei para ele, chocada.

   - Você fez isso de propósito? – perguntei.

   - Sim. Ele precisava saber que você já o superou. Fiz isso por você.

   Dei as costas para ele e continuei andando para o chalé.

   - Eu posso cuidar dos meus problemas, obrigada. – disse, sem olhar para ele.

   Entrei no chalé que estava cheio de estudantes e fui direto para o quarto que ia dividir com Renata.

   Ela ainda não estava lá. Provavelmente ainda estava se agarrando com o Corelli em algum canto escuro, mas era melhor assim. Eu não estava para conversas.

   Mudei de roupa e me enfiei na cama.

   Meninos são todos uns babacas.


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Notas finais do capítulo

Enfim, a história acaba depois de amanhã. Espero realmente que vocês gostem, apesar de não ter ficado do jeito que eu queria. Eu já comecei uma nova história, vou começar a postar amanhã :) Beijos e até amanhã.