Trabalho Escolar: Diário de Lidia Brazzi escrita por Juliiet


Capítulo 24
Dia 12, sábado, 13 de agosto. (parte 1)


Notas iniciais do capítulo

Gente, mais um capítulo pra vocês *-* Como tudo que é bom dura pouco...bom, vou deixar vocês lerem :)



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   Acordei sentindo-me incrivelmente bem. Estava tão quentinho e confortável que quase me fazia querer não abrir os olhos e ficar ali para sempre. Mas eu acabei abrindo-os e não me arrependi.

   A imagem de Felipe dormindo, com o rosto enterrado no meu pescoço, a mão esquerda na minha cintura (bem, talvez um pouco mais acima Sr Albert, hm, ao que parece eu não sou a única tarada por aqui), com as pernas entrelaçadas nas minhas e aquele cabelo cheio e sedoso todo amarfanhado fazia com que a sensação de aconchego se tornasse ainda mais forte.

   Um calor intenso me invadia cada vez que eu o olhava, ainda mais quando aquele rosto lindo dele (esculpido por deuses, maldito sortudo!) estava tão sereno e relaxado. Na verdade, ele parecia um menininho dormindo, não o garoto arrogante e perigoso (e sexy, ok?) que eu sabia que ele era.

   Mas lembrando da noite anterior, meu coração se enterneceu. Por baixo de toda aquela postura de machão existia um coração bom e carinhoso. É, Sr. Albert, esse é o homem que eu amo. E sinceramente, eu não me arrependo de amá-lo.

   Comecei a passar os dedos pelo seu cabelo macio e cheiroso, adorando aquela sensação. Felipe começou a se mexer, apertou minha cintura com força (mas de um jeito bom, Sr. Albert, ninguém aqui é chegado num sadomasoquismo...quer dizer...é, é isso mesmo) e passou a dar beijinhos no meu pescoço.

   Um calor muito mais intenso tomou conta do meu corpo todo. Falei alguma coisa incompreensível (ok, foi mais um gemido do que qualquer coisa) e o apertei mais contra mim. Felipe subiu até alcançar meus lábios, beijando-me delicadamente e quase me levando à loucura.

   Quando percebi, ele já estava em cima de mim. Olha, não sei o que Felipe estava fazendo para manter a forma, mas caramba, estava funcionando. Eu mal o notei se movimentando!

   Ok, talvez fosse porque a dança que nossas línguas estavam fazendo meio que me manteve ocupada.

    - É delicioso acordar desse jeito, Lidia – sussurrou Felipe com voz rouca. – Dá vontade de acordar com você todos os dias.

    - É mesmo? – perguntei divertida enquanto ele mordia minha orelha. Sr. Albert, eu não tinha a menor ideia de como isso podia ser bom!

    - U-hum – ele parou de me beijar e olhou para mim com toda a intensidade que aqueles olhos cor de jade possuíam. O que, acredite-me, não era pouca coisa não.

   - Lidia – ele disse baixinho, tocando meu rosto de um jeito tão delicado que eu achei que ia chorar de emoção. – Lidia – repetiu. – eu a quero tanto...Acho que a quis desde eu você me mandou o dedo naquele primeiro dia que nos vimos. – Felipe riu, lembrando daquela cena (que, na verdade, não é NADA engraçada, não mesmo).

   Minhas mãos tremiam e era uma sorte eu estar deitada, já que minhas pernas escolheram esse exato momento para morrer.

   - Você...me quer? – perguntei, corando ao usar aquelas palavras.

   - Quero, Lidia. Eu te quero como nunca quis nenhuma outra garota.

   - Tudo porque eu mandei o dedo médio para você? – perguntei com uma careta.

   - Claro que não, pateta. Eu te quero porque eu gosto de você. Eu desejo você.

   - D-deseja? – gaguejei. Meu coração virou acrobata. Só que não dos bons, já que parecia que ele estava tomando uns tombos feios.

   - Achei que você soubesse. Está meio que óbvio. Além do mais, do jeito que você me tortura...

   - Eu? – perguntei incrédula. Ele assentiu com a cabeça. Como é que é? – Eu não torturo você!

   - Você me tortura sim. Faz isso o tempo todo – ele respondeu, acariciando minha cintura e meu quadril, de modo que eu precisei me esforçar MUITO para me concentrar no que ele estava dizendo. – Essa sua teimosia, sua fragilidade, seu jeito todo atrapalhado, o modo como reage a mim, como cora quando eu a toco, seus olhos sempre cheios de calor mesmo quando você está com raiva, tudo isso me atrai. Seus lábios, seus cabelos e, meu Deus, essa sua saia...

   - É a saia do uniforme – foi tudo que consegui dizer.

   - Está vendo? Até a escola conspira contra mim – ele riu, depois ficou sério. – Você está me deixando louco, garota, mas... – ele parou.

   Droga! Tem um porém, sempre tem. Sabia...estava bom demais para ser verdade. Com certeza ele vai dizer algo como “mas a sua burrice é realmente broxante” ou “me procura quando colocar silicone”. Eu devia ter colocado meu sutiã com enchimento.

   - Mas... – pressiono, nervosa.

   - Ontem, quando estávamos... – ele deixa a frase no ar, o que é realmente doce da parte dele. Melhor do que dizer “quando estávamos numa sessão de pegação indecente”. – Bom, você me parou.

   Claro que eu o parei! Eu não vou ter minha primeira vez com um cara que eu conheço há duas semanas (mesmo que eu o ame mais do que a minha vida) num quarto de hotel impessoal.

    Mas onde ele está querendo chegar?

    Felipe saiu de cima de mim, infelizmente (não é porque eu não quero transar que eu não curta um amasso, afinal, minha alma pecaminosa já está condenada mesmo, isso é um FATO) e sentou-se apoiado na parede atrás da cama. Para minha surpresa (e felicidade) ele me puxou e me fez deitar a cabeça em seu colo, começando a acariciar meus cabelos.

   - Eu sei que você teve um namorado por muito tempo, e de quem você gostava muito – ele enfatizou a palavra gostava como se me desafiasse a colocá-la no presente. Hm, pela primeira vez na vida, fiquei calada. – Mas eu pensei que...que eu pudesse tirá-lo da sua cabeça. Queria que você me quisesse também...

   Ok. Para tudo. Felipe acha que eu não fiz amor (eu o amo, então é amor, ora porra, não interessa o que digam) com ele porque eu tinha feito com Leo e não queria macular essa lembrança, hm, transando com ele ou algo assim?

   Esse cara tá maluco? A maconha dele tava vencida?

   É isso aí, irmão, viajou.

   - Hm, Felipe – disse, meio desconfortável. – Não querendo cortar seu barato, mas eu não transei com você porque eu sou virgem. Alô! Eu só tenho 15, tudo bem, quase 16 anos. Não sou o que você pode chamar de expert no sexo, exatamente.

   Ok, agora que esclarecemos tudo (e eu calei a boca dele, juro Sr. Albert, o garoto tá embasbacado, com cara de quem saiu de casa sem as calças e só percebeu no ônibus. Não que Felipe ande de ônibus, mas você entendeu.) Por que ele não me beija logo?

   E por que é tão difícil acreditar que eu sou pura e intocada? (Mais ou menos; eu não me autodenominaria “intocada” depois do que rolou nesse quarto de hotel).

   Eu não tenho cara de vagaba, tenho?

   Ah, quer saber? Eu não tô nem aí.

   Só quero que esse bobão do Felipe me esquente de novo.

   E, sim, é no outro sentido que eu estou falando.

   Afinal, minha alma já era do capeta mesmo. Não é como se eu pudesse descer mais, não é Sr Albert?

   - Eu... – ele balbuciou, parecendo meio errado. Que gracinha. – Eu não sabia.

   - Hm, isso meio que tá na cara – disse. Não estava irritada nem nada pelo fato de Felipe achar que eu estava distribuindo por aí (ok, ele não disse exatamente isso). Afinal de contas, agora eu tinha plena certeza de que minha primeira vez seria com ele, então ele ficaria sabendo de qualquer jeito mesmo. – Eu gostava muito do Leo, mas nosso relacionamento nunca foi assim, se é que você me entende. Éramos muitos jovens, fala sério! E eu não sentia por ele...o que sinto por você.

   Pronto, agora está feito. Você falou Lidia, não dá para voltar atrás.

   - Então isso quer dizer que – ele começou, mas eu completei por ele.

   - Sim, eu gosto de você, eu quero você, eu desejo você. Como nunca quis ninguém. Só que não agora.

   Fiquei tentada a adicionar “eu amo você”, mas isso já é outro nível, Sr. Albert. Além do mais, eu não queria me decepcionar. Ele não me ama, nem adianta eu me iludir. Ele me quer. Ele deixou isso claro.

   Bom, eu o queria também.

   Dane-se o resto.

   Sem que eu estivesse esperando, Felipe baixou o rosto e me beijou. Foi um beijo lento suave, um inocente tocar de lábios que eu senti no corpo todo. Mas então ele parou.

   - Vamos para casa, querida? – ele perguntou com...bem, com amor nos olhos.

   É, devia ser o sono.

   - Por quê? – perguntei, tonta por causa do “querida”.

   - Porque se ficar sozinho com você mais um minuto, não vou conseguir me controlar.

   - Tudo bem, vamos para casa – eu disse.

   Porque, na verdade, eu é que não ia me controlar.

   E, bem, o “vamos para casa” meio que acabou comigo. Nem a ideia da minha “prisão de gelo” me incomodava agora.

   Chegamos à casa do Felipe ainda cedo e eu agradeci mentalmente por ser sábado porque, cansada como eu estava, nunca conseguiria aguentar um dia de aula. Eu já não aguento normalmente...

   Não quero nem pensar no que eu vou fazer quando começarem as provas.

   Felipe e eu entramos abraçados, mas quando vi Paula sentada no sofá da sala com um laptop no colo, me larguei rapidinho dele. Ei, não é porque está tudo bem entre nós que vamos posar de casal feliz por aí. Alô? Eu sou meio tímida, isso não tá na minha descrição lá na primeira página? Bom, se não estiver, agora você sabe, Sr. Albert.

   Paula nos viu e logo disse, com um olhar bem malicioso:

   - Onde vocês passaram a noite, hein? Bom, melhor não dizer, prefiro não saber. Lidia parece tão garotinha e eu não gostaria de imaginar...

   - Não precisa imaginar nada, irmãzinha – Felipe a interrompeu. – E é melhor você manter seus pensamentos maliciosos para você. – ele virou para mim e completou. – Vamos Lidia, vamos tomar um banho.

   Como é que é?

   Paula está com uma cara de quem está tento todo o tipo de pensamento impuro.

   Ai, eu vou matar esse idiota!

   Antes que eu dissesse uma palavra, ele começou a me empurrar pelo corredor.

   - Espera! – chamou Paula e nós paramos, bem, Felipe parou, já que eu não estava me mexendo para começo de conversa. – Ligaram para você ontem, Lidia, enquanto você estava...bem...fora.

   Obrigada Felipe, por estragar a boa opinião que Paula tinha por mim.

   - E quem ligou? – Foi Felipe quem perguntou, não eu.

   - Ah, foi um garoto com uma voz que eu vou te contar, super sexy...

   - Quem, Paula? – Felipe insistiu. Já estava ficando irritado.

   - Não estou lembrando o nome dele...era um nome pequeno...ah! Leo! O nome dele era Leo Murphy! Ele ligou para a sua casa e seu irmão disse que você estava morando aqui, então ele ligou para cá. Deixou um número e pediu para você retornar a ligação o mais rápido possível.

   Leo...Leo!

   - Leo voltou?! – soltei-me de Felipe e corri até Paula. – Ele voltou?!

   Antes de ser meu namorado, Leo era...bem...um dos meus amigos mais queridos.

   - Bem, não sei. Ele só pediu para você ligar.

   Leo, meu Leo voltou!

   Só reparei que havia falado isso em voz alta quando Felipe me fuzilou com os olhos, antes de agarrar meu braço e me arrastar para o quarto.

   Oops.

   - Para Felipe! – disse, tentando me soltar do seu aperto de ferro enquanto ele trancava a porta – Você tá me machucando!

   - Esse tempo todo vocês estavam se falando?! – ele gritou, me balançando com força. – Você está me traindo?

   - Traindo?! – gritei, finalmente soltando-me dele. – Você tá louco? Andou fumando, curtindo uma liga?

   Ele me olhou como se eu estivesse vomitando bolinhas de natal.

   - É claro que eu não estava traindo você, seu idiota! – continuei gritando. – Eu nem sabia que Leo estava voltando! Faz meses que eu não tenho nem notícias dele! Além do mais, mesmo se eu estivesse te “traindo” – fiz aspas com os dedos – você não teria o menor direito de reclamar, porque você nunca me pediu em namoro para começo de conversa. Você decidiu!

   Eu enlouqueci, Sr. Albert. Não acreditava que Felipe podia jogar aquelas acusações ridículas e sem sentido para mim depois de tudo o que havia acontecido. Eu sou uma iludida mesmo!

   - Lidia...- ele começou.

   - Você é um maldito arrogante que acha que tudo que você quer será seu. Mas deixa eu te contar uma coisa. Eu não sou assim! Não vou me jogar aos seus pés!

   - Lidia, acalme-se! Do que você está falando?!

   - Eu tento tanto, tanto! Mas você sempre estraga tudo!...

   Felipe segurou meus braços e me abraçou forte, segurando minha cabeça contra seu peito. Algumas lágrimas começaram a molhar a camisa de algodão dele.

   - Lidia, chega!

   Ok, Sr. Albert, eu tô cansada de saber que sou mentalmente instável, mas também, o que o senhor esperava? Depois de tudo que passamos juntos na noite anterior e de manhã, ele me acusa de traí-lo com meu ex-namorado que eu não vejo há meses!

   Não é minha culpa se eu perdi um pouco (completamente) a cabeça.

   - Me solta – disse, mas ao invés de empurrá-lo para longe, abracei suas costas. Não tinha como controlar a necessidade e o amor que eu tenho por ele. – Eu te odeio!

   - Não, você não odeia – ele disse, me abraçando ainda mais.

   - Odeio sim!

   - Você me ama.

   - Amo!

   Ai.

   Meu.

   Deus.

   O que foi que eu disse?


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Notas finais do capítulo

Eu posto a parte 2 assim que eu terminar de ajeitar umas coisinhas. Muito obrigada pelas reviews que vocês têm me deixado, isso me incentiva muito! Não deixem de comentar :)