Universe escrita por Yumi Oni


Capítulo 4
The true murderous intent


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Um dia de atraso mas a culpa foi do Nyah q entrou em manutenção.
Enfim, não vou enrolar, espero q gostem.



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“Não me toque

Não consigo me controlar mais

Morra por mim e todas as vítimas

Pela última vez

Um verme parasita, pegue-me se puder.”

Minha cabeça doía. Não lembrava direito o que tinha acontecido.

Primeiro foi a briga com Miyavi, o beijo, eu caminhava de volta pro quarto e então tudo ficava confuso.

 Abri os olhos tentando identificar onde estava. Era um quarto diferente, num estilo meio gótico, parecendo aqueles quartos de castelos ou algo assim.

-Gostou?

-AAH! – gritei de susto.

Ele... ela... aquilo usando um vestido de época riu da minha cara.

-Se sente melhor? – sua voz era claramente masculina mas a imagem que eu via gritava o contrário. Ele usava um vestido branco, seus cachos loiros caiam livres nas laterais de seu rosto. Se ele não tivesse dito nada eu juraria que era uma bela mulher com um gosto um pouco... peculiar mas ainda assim.

 Foi como num flash de luz que eu lembrei de tudo, especialmente daquele ser a minha frente que apareceu no meio de toda aquela loucura.

Eu estava desconfiado, muito desconfiado. Como ele apareceu dentro da ilusão? E por que ele me tirou de lá?

-Vai continuar me ignorando jovem Mectro?

-Quem é você? – perguntei feliz em ter minha voz de volta.

-Hizaki, agora pode responder minhas perguntas?

-Por que me ajudou?

-Te ajudar? Eu não fiz absolutamente nada. Você é que me encontrou e saiu da ilusão sozinho. Até me surpreende que um feiticeiro tão jovem e sem a menor noção de mágica tenha saído ileso de uma das minhas ilusões.

-Você é o youkai. – afirmei ponderando seriamente se não seria mais prudente fugir dali do que ficar conversando com aquele que tentou me matar duas vezes num só dia.

-Não se preocupe, você passou no teste do meu amo. Agora ele vai te treinar.

-Me treinar?

-Claro. Como espera se defender se não sabe usar nem a mais simples magia? Se continuar assim até o mais ralé dos youkais poderá mata-lo.

-Você disse que foi um teste. Então o que eu vi era-

-A ilusão era minha, mas o que você viu ou deixou de ver foi por sua conta. O que me deixou intrigado foi o seu selo. Ele geralmente é usado em youkais que não conseguem se manter sãos, justamente por isso é um selo de alto nível que se for feito incorretamente pode até matar. Seria interessante saber se o que você tem aí é tão incontrolável a esse ponto.

 Então eu tinha mesmo um selo. Ele também existia.

“É claro que eu existo Kai.”

 Aquela voz! De onde vinha? Só tínhamos eu e Hizaki ali.

“Mas como você é idiota. Eu estou na sua mente.”

-Você está bem? Me parece tão pálido.

-E-Eu estou bem. Onde estou?

-No meu quarto. Meu amo está resolvendo os últimos detalhes e quando terminar virá falar com você.

 Me senti pressionado, ele certamente não me deixaria sair e eu não pretendia confiar em alguém que tentou me matar.

“Me deixe no seu lugar e eu te tiro daqui.”

 Pode fazer isso? Quer dizer você não está selado? Ah, esquece, você também quer me matar.

“Não seja por isso, o selo não me permite tal coisa por enquanto.”

Tsc. Só fica quieto e me deixa pensar.

 Corri os olhos pelo quarto mais uma vez, não havia outra saída a não ser a porta alguns passos atrás de Hizaki, levantei vendo-o acompanhar todos os meus movimentos. Era óbvio que eu não passaria por ele sozinho, seria burrice.

Se Miyavi não tivesse agido como um idiota eu o chamaria... provavelmente.

 Os olhos vermelhos começaram a me incomodar.

-Seu amo vai demorar muito?

-Minha presença o incomoda?

-Seus olhos me incomodam. – ele sorriu doce.

-Você é um humano interessante, não tem medo de mim, consegue ser calmo e silencioso numa situação como essa, bem que Gackt disse que seria divertido te observar.

-Gackt é seu amo?

-Hai... vou te contar um segredo, eu já tive um selo como o seu mas Gackt o retirou pra mim, em troca da liberdade eu passei a servi-lo... se quiser ele também pode tirar o seu. – analisei suas feições ainda travadas naquele sorriso amigável, ele esperava algo.

-Não, obrigado. – me limitei a responder.

Conversar com estranhos não era meu hábito afinal.

 Mau eu pisquei ele apareceu na minha frente com as mãos em meu rosto.

-Não se recusa um presente.  – um choque percorreu todo meu corpo como se tivesse encostado num fio desencapado e quando pisquei de novo Hizaki estava no mesmo lugar de antes com o mesmo sorriso doce nos lábios.

-O que – “você fez” eu ia perguntar mas foi exatamente nessa hora que eu o senti.

Primeiro a energia forte e densa como eu nunca senti e no segundo seguinte ele abria a porta sem pressa.

 Seus passos ecoaram pelo quarto no mesmo ritmo em que respirar se tornava mais difícil, como se o próprio ar fosse chumbo.

-Eu fiz o que me ordenou. – Hizaki falou.

-É uma honra poder estar frente a frente com um mectro-lux, mesmo você sendo... muito menos do que eu esperava.

Minha visão começou a ficar turva.

-Se continuar assim ele vai morrer. – o loiro comentou.

-Se morrer com isso é por que não valia meu tempo.

 Me manter de pé também ficou difícil e pra não cair me apoiei num móvel qualquer. De súbito lembrei de meu avô.

A energia de um bruxo é como uma arma na mão de um homem, serve tanto pra atacar quanto pra defender. Sua energia muda quando sua intensão muda. Se sua intensão for machucar alguém sua energia será a espada, se sua intensão for se proteger sua energia será o escudo.

 O entendimento daquelas palavras fez toda a pressão sumir. Me endireitei encontrando o olhar divertido de Gackt.

-Mesmo incompleta sua energia é maior que a minha, parece finalmente ter notado isso. – ele comentou ainda sem desviar os olhos.

Eu me sentia num casulo, a pressão existia mas não me atingia.

-Não gosto de rodeios então vou direto ao ponto. Quero te treinar como um bruxo.

-O conselho te mandou aqui?

-Conselho? Não eu não trabalho com eles, me surpreende que ainda não tenham mandado outros atrás de você, certamente foi para não causar alarde. É por isso que odeio o conselho e suas politicagens, quase não sobra espaço pra ação.

-Se não foi o conselho por que decidiu me treinar?

-Sendo neto de quem é achei que seria interessante. E de fato está sendo, além de um selo de último nível você ainda tem um pacto com uma kitsune. Aliás onde ela está? Não consigo sentir nenhum youkai desde que pisei nessas terras.

-Como sabe do pacto?

-Você tem a marca da raposa na mão direita. – Hizaki respondeu.

 Olhei minha marca de nascença que parecia um número dois.

-Sua raposa tem duas caudas assim como a do último mectro-lux. Por que não a chama aqui para fazermos as apresentações? – Gackt insistiu.

-Não vejo necessidade, recuso a oferta do treino, já tenho muito com o que me preocupar.

-Por uma questão de segurança acho que deveria reconsiderar.

-Não acha que se eu quisesse aprender sobre magia teria pedido ajuda a meu avô?

-As circunstâncias mudaram, você agora tem dezessete anos o que significa que sua energia vai amadurecer a qualquer momento e quando isso acontecer feiticeiros e bruxos virão atrás de você como um sedento procura por água. No final nada te garante que eles não virão te matar.

-Você também quer me matar.

-No começo sim mas agora estou interessado demais pra isso. Só não me deixe entediado, posso acabar te matando sem querer.

-Você é maluco.

-É o que todos dizem. Seu treino começa amanhã. – discutir seria perda de tempo então segui em direção a saída – E não tente fugir de mim ou farei uma visita a seus amigos.

-Não envolva eles nisso!

-Só depende de você, agora vá embora ainda tenho que desfazer as malas. – marchei dali com raiva.

 O corredor em que eu saí estava vazio. Pensei em voltar pro meu quarto mas poucos passos depois uma dor de cabeça como a de mais cedo me atingiu.

-Ele só pode estar de brincadeira.

“E você é um idiota se deixando ser marcado assim.”

 Marcado?

“O que achou que o youkai estava fazendo? Admirando sua beleza?”

 Estou começando a achar que gostava mais quando você ficava calado.

-Kai!

“A raposa te achou.”

-Você está bem?

-Não. Ele me marcou. – a dor parecia só aumentar.

“Se afaste do quarto deles.”

-Ele fez o quê?

-Me ajuda a sair daqui e eu te explico. – de olhos fechados senti suas mãos segurarem as minhas e quando os abri novamente estávamos no quarto dele, a dor começou a diminuir até se tornar só um incômodo suportável.

-Melhorou? – ele se aproximou e instintivamente me afastei vendo seu olhar entristecer.

-Você é um idiota! Que porra foi aquela? Eu não sou qualquer um pra você sair se esfregando quando bem entender.

-Eu sei disso, tive o impulso na hora errada tá bom? Não queria ter feito aquilo.

-E por que fez?

-Não é como se eu pudesse controlar tudo o que faço quando estou perto de você.

-Oh, jura? Também é culpa do pacto?

-Claro que é! Tem coisas que eu preciso que você... ainda não pode me dar.

-Que coisas são essas? Se não me contar tudo nunca vou poder confiar em você! – Miyavi andava de um lado pro outro evitando me olhar – Para com isso droga! Não foi você que pediu pra não me afastar? Então me dê um motivo. Me diz por que eu deveria acreditar em você.

-Eu não tenho um motivo, não posso te obrigar a me aturar se não quiser, mas eu escolhi te proteger e não vou voltar atrás com isso.

-Escolheu me proteger por quê? Sou um imã de problemas, nem amigos posso ter. – me senti mau ao lembrar que Kou e Yuu estavam na mira daquele maluco. – E você até agora não ajudou em nada.

-Me desculpe se não existe um manual de como ser um bom consorte. Acha que eu gosto de ser inútil? – nos encaramos por longos minutos até que o ouvi suspirar – Se eu começar a contar vai me ouvir até o final?

-Se não tentar me enrolar.

-Eu nunca fiz isso.

-Como vou saber?

-Kai! Eu não queria apressar as coisas mas como você quer saber eu não tenho escolha. – ele ficou um tempo em silêncio pra ter certeza que eu não ia interromper - É o seguinte eu não sei como funciona o pacto de outros youkais mas o nosso precisa de duas coisas pra que tudo corra bem. Eu preciso de sangue, o seu sangue, pra me manter são, o certo seria eu beber do seu sangue todo dia e ir diminuindo com o tempo, isso também te marcaria como meu assim nenhum outro youkai poderia beber do seu sangue por mais que quisesse.

 É por isso que normalmente chamamos youkais que firmaram um pacto de youkais com coleira, por serem totalmente dependentes de seus amos assim como eu me tornei dependente de você.

Se eu ficar muito tempo sem sangue entro em abstinência e o resultado pode ser desastroso. Além disso tem outro problema, abstinência de sexo.

-Tá de brincadeira. – deixei escapar recebendo seu olhar reprovador.

-Diferente das outras espécies youkais não se reproduzem através do sexo, na verdade é quase como um ritual, o pai e a mãe abrem mão de metade da própria alma para que nasça uma terceira. O sexo pra nós é só mais uma forma de mostrar afeto e sentir prazer.

 No nosso caso também serve pra manter o pacto vivo. A abstinência de sexo pode ser controlada mais facilmente por isso eu não ia tocar nesse assunto agora.

-Tá e o que isso tem haver com mais cedo?

-Seu cheiro é delicioso, me fez querer ter você o mais rápido o possível. – seus olhos brilhando de desejo me fitaram – Mas eu não quero te machucar de nenhuma forma, por isso vou te esperar. – Miyavi se ajoelhou na minha frente me deixando completamente sem ação – Agora você me perdoa?

-S-Sim mas levanta logo que isso é constrangedor. – falei se uma só vez ainda digerindo toda aquela informação.

-Prometo que não vai se repetir. – seus olhos tinham aquele brilho, o mesmo das outras vezes, seus lábios formando o sorriso mais encantador que eu já tinha visto.

E me surpreendendo pela segunda vez ele me abraçou.

-Obrigado por me dar outra chance. – sussurrou tão baixo que quase não ouvi.

 Eu continuava sem reação, minutos antes estava descontando toda minha raiva nele e agora estava ali, ouvindo as batidas de seu coração.

“Minha taxa de açúcar subiu consideravelmente agora. Tá faltando o que? Rosas vermelhas e um jantar a luz de velas?”

Se existia um clima se esvaiu nesse instante.

-Nee Kai, agora que estamos resolvidos você já pode me contar o que aconteceu naquele quarto. – assenti, sentamos um de frente pro outro na cama.

-Você conhece algum Gackt ou Hizaki? – eu podia jurar que ele chegou a ficar pálido.

-Gackt o bruxo sem olhos? Foi ele que invadiu o campus?

-Bruxo sem olhos?

-É como o chamam já que ele não enxerga nada nem ninguém além de si mesmo.

-Deve ser ele mesmo, aquele maluco.

-Não podia ter buscado um peixe menor?

-Desde quando sou eu quem escolhe meus perseguidores? Mas... ter o Gackt aqui é tão ruim quanto eu acho que é?

-Bem pior, Gackt não é do tipo que segue regras, ele já fez uma chacina contra feiticeiros só porque acho que seria divertido.

-E ele não foi preso ou algo assim?

-O conselho dos bruxos disse que ele foi castigado mas eu duvido muito. Agora fala, o que ele queria com você?

-Me treinar.

-Eh?

-Ele disse que vai me treinar, na verdade ele me intimou que vai me treinar e disse que se eu tentar fugir vai atrás do Aoi e do Uruha.

-Bastardo! E o que mais?

-Hizaki, o consorte dele, disse que eu tenho um selo que só é usado em youkais que não conseguem se manter sãos.

-Mas esse selo... nunca ouvi sobre nenhum humano que sobrevivesse a ele.

-Agora já sei porque ele ficou tão interessado. Eles também sabem sobre você, – apontei pra marca de nascença – e meu treinamento ou seja lá o que for começa amanhã.

-Ele não pode chegar aqui e sair fazendo o que quiser, não sei se vai adiantar mas vou ver o que consigo falando com seu avô.

-Mesmo que ele faça algo não acho que a solução vai se materializar em 24 horas. Vamos ter que ficar de olho nele.

-Vai pedir ajuda ao Ruki? Ele deve saber mais sobre o Gackt do que eu.

-Quanto mais gente melhor. Mesmo eu não sabendo se eles vão ajudar é melhor do que nada.

-Vou te falar uma coisa, eu posso não gostar do Reita por vários motivos mas se tem uma coisa em que nós concordamos é que envolver humanos comuns em assuntos como esse é imperdoável. Vou avisá-lo do que está acontecendo mais tarde.

-Vocês se conhecem a um bom tempo não é?

-Sim, quando nos conhecemos ele já era o pé no saco de sempre e eu ainda era um filhote.

-E você tem raiva dele por quê?

-Porque ele é um idiota convencido. – não me contive e comecei a rir – Que foi?

-Isso pra mim soou como birra de criança.

-Você não entenderia. – ele disse com um bico extremamente fofo.

-Tudo bem, qualquer dia você me conta isso direito, agora eu tenho que ir pro quarto mas... – me aproximei mais dele que me olhou sem entender – você ainda precisa de sangue não é?

-Kai-

-Precisa ou não? – insisti nervoso. Miyavi assentiu – Então faz isso logo antes que eu me arrependa.

-Não precisa ficar nervoso, não vai doer. – ele falou se aproximando ainda mais, seus olhos oscilando entre castanho e vermelho escuro.

-Não é essa a questão.

-Então é o que? – ele sussurrou arrastando os lábios em meu ouvido, suas mãos subiram lentamente até meus ombros.

-Você sabe muito bem. – ele riu soprado me fazendo arrepiar.

-Você vai gostar.  – fechei os olhos ao sentir um sutil carinho nas costas junto de leves mordidas e lambidas em meu pescoço.

Sentia meu corpo esquentar, sua respiração batendo em minha nuca não estava ajudando, inclinei a cabeça pro lado dando-o mais espaço, uma mordida mais forte me fez gemer baixinho.

 Ele riu de novo só pra me provocar e quando eu menos esperava me mordeu.

Meu corpo todo enrijeceu antes de relaxar, o calor ficando insuportável, meu coração batia rápido, mais gemidos escaparam.

 Era delicioso, indescritível, estava me deixando excitado e tudo o que eu conseguia pensar era o quanto eu queria mais.

Miyavi me puxou pro seu colo, nossas ereções se chocaram me fazendo gemer mais alto.

 Quando dei por mim estava rebolando com uma das mãos entrelaçadas em seu cabelo enquanto a outra arranhava suas costas, o suor escorrendo por meu rosto.

Eu o mordi.

 Só notei isso quando o gosto de ferro invadiu minha boca.

Como num estalo eu entendi o que estava fazendo e me afastei de Miyavi.

 Seus olhos vermelho - sangue me encaravam surpresos, um filete de sangue escorria de seu ombro.

Tinha algo errado, pessoas normais não gostam de sangue.

 Mas eu gostei do dele, tanto que queria mais.

O toque de recolher soou meio abafado.

-Ahn, Kai, se quiser eu resolvo pra você antes de ir. – um sorriso safado brotou em seu rosto, segui seu olhar dando de cara com o “problema” no meio das minhas pernas.

-Não chegue nem perto. – adverti antes de correr pro banheiro.

 Joguei bastante água no rosto tentando ignorar os fatos recém acontecidos, meus pensamentos vagaram voltando sempre ao mesmo ponto.

Por que eu o tinha mordido? Até onde me lembrava não tinha inclinações masoquistas ou qualquer fetiche do tipo que fosse.

 Fora que gostar do sangue dele definitivamente não era normal a não ser que o sangue youkai tivesse algum hormônio especial, coisa que eu duvidava.

Miyavi também ficou surpreso, significa que algo não devia ter acontecido.

 Depois de ter certeza que estava “calmo” o bastante saí do banheiro encontrando Miyavi deitado de bruços na cama.

-Já? Achei que fosse demorar uma meia hora.

-Como se eu fosse fazer esse tipo de coisa no seu banheiro. – resmunguei.

-É a lei natural das coisas, eu só estou aqui agarrado na cama pra não continuar o que você começou.

-O que eu comecei? Você devia ter me avisado do que aconteceria antes!

-Ah você já esperava por isso além do que ambos gostamos bastante, se eu tivesse avisado você teria se contido e eu não teria uma lembrança tão gostosa.

-Pervertido.

-Olha quem fala. Eu estava me controlando mas aí você começou a gemer daquele jeito e-

-Tá bom Miyavi eu não preciso relembrar os detalhes agora ok? Tenho colegas de quarto que por um acaso já devem estar preocupados. Eu já devia estar me preparando pra dormir.

-Ok, ok, mas me morde de novo antes de ir – arqueei uma sobrancelha.

-Quê?

-É bom ser mordido, e você morde tão gostoso, faz de novo. – ele disse tudo de forma manhosa praticamente gemendo as palavras.

-Vai sonhando.

-Eu já ia sonhar mesmo se não dissesse nada. – revirei os olhos.

-Boa noite.

-Sonha comigo também! – ele gritou bem quando eu abri a porta.

Todos que passavam pararam pra olhar.

 Mais constrangedor do que isso só dois disso.

Fechei a porta e comecei a andar como se não tivesse sido comigo, mais alguns corredores e finalmente entrava em meu quarto.

-Uke Yutaka isso são horas de chegar?

-Deixa o garoto Uruha, ele só estava se divertindo com o Miyavi.

-Ficou esse tempo todo com ele? Não me diga que você se deixou levar pro mau caminho. Logo você gatinho assustado.

-Não fique assim Kouyou, nós sabíamos que esse dia chegaria.

-Mas ele é tão novo, ontem mesmo estava a fazer manha por um pedaço da minha torta de chocolate e mesmo eu tendo dito que o daria depois da janta ele continuou com aqueles olhos pedintes de gatinho do Shrek.

 Lembrete mental: conferir se os dois andam tomando seus devidos remédios a cada manhã e nunca mais pedir um pedaço de torta ao Kouyou.

-Eu admito que sou viciado em chocolate mas o que exatamente vocês acham que eu e Miyavi ficamos fazendo?

-Estudando é que não foi. – Aoi comentou.

-Jogando vídeo game também não foi por que não permitem esse tipo de coisa no campus. – Uruha completou.

-Mas tem um Playstation 3 no quarto dele. – falei inocentemente.

-AHÁ! Eu sabia, tá me devendo 20 pratas. – Yuu gritou antes de mandar um beijinho pro Kou.

-Ei, a gente tinha combinado 5.

-Mais 15 se eles já tivessem se beijado.

-E por um acaso já beijaram? – os dois olharam pra mim cheios de expectativas.

-Não conto. – falei só pra ter o prazer de ver mais um pouco daquela discussão.

-Meu gaydar nunca falha Uru meu bem, eles já se beijaram, eu posso sentir!

-Aham, continue sentindo que eu só te pago depois que tiver certeza! Vamos lá Yutaka-chan, diz que eu não vou ter que dar meus 15 suados dólares.

-Dólares?

-Não adianta Kouyou, o dinheiro já é meu, isso que dá não guardar suas coisas direito.

-Ahn? A culpa é sua que mexe nas coisas dos outros!

-Mas você aceitou a aposta.

-É um vício antigo do qual você se aproveitou.

-Não adianta tentar chantagem emocional, você continua me devendo.

-Kai tira de mim essa agonia, vocês já se beijaram ou não?

Os dois voltaram a me olhar como antes. Eu fiquei um tempo em silêncio pra dar aquele clima de suspense.

-Desculpe Kou. – foi só o que deu pra dizer antes de Yuu explodir de novo.

-Eu disse! Despeça-se de seus dólares pois agora eles são meus.

-Juro que se você gastar tudo em comida te faço vomitar toda a gordura desse teu corpo magrelo.

-Eu sei que você me ama Uru. Agora diga-nos Yutaka, o que as moçoilas ficaram fazendo todo esse tempo no quarto do tatuado.

-Isso Kai faça valer minhas notinhas, pelo menos diz que estavam cavalgando numa cama king size.

 Não precisa ser adivinha pra saber que meu rosto pegando fogo me entregou.

-Por Buda! Eu acertei?

-As crianças de hoje em dia são tão apressadas.

-Espera! Nós não, não-

-Uh e quem ficou por cima? – um silêncio constrangedor se instalou, os dois me olhando sugestivamente.

-Huuum, Uke-chan se revelando.

-Mas foi ele que – tentei me justificar mas Yuu me cortou.

-E você gostou, não adianta negar.

-Ele beija bem?

-É tão safado quanto parece?

-Ele é dotado em todos os ângulos? – eles continuaram fazendo perguntas cada vez mais indecentes.

-AH Chega! Me recuso a responder esse tipo de coisa! – os dois começaram a rir.

-Nee Kai, não precisa ter vergonha somos seus amigos. – Kouyou disse apertando minhas bochechas.

-E amigos também servem pra te deixar constrangido quando resolvem saber da sua vida íntima.

-Ah! Antes que eu esqueça preparei um obento pra você, achei que fosse chegar com fome.

-N-Não precisava Uruha.

-Claro que precisava, ou você pensa que eu deixaria meu gatinho dormir com fome? Não mesmo e nem pense em recusar deu muito trabalho pra fazer.

-Deu mesmo, ele queimou a comida duas vezes. – Aoi o entregou recebendo o olhar de nenhum amigo do Kou em troca. – Se eu fosse você fazia ele experimentar antes pra ter certeza que não ia me matar.

-E o senhor é o rei da culinária não é Shiroyama? Então por que não me ajudou a moldar o arroz na forma de gatinhos?

-Isso seria gay demais pra mim.

-E desde quando você se importa em ser gay ou não? Estava agora mesmo se vangloriando do seu gaydar que nunca falha.

-São situações diferentes.

-Bixa egoísta. – Uruha se voltou pra mim – Prova e diz se tá bom.

-Vai deixar o garoto com intoxicação.

-Cala a boca! – Aoi fez mil e uma caras enquanto eu provava do obento.

-Está uma delícia Kouyou.

-Há! Ouviu bem Yuu?

Eles continuaram discutindo por um bom tempo e felizmente não notaram o quanto eu me sentia mau.

 Mau por envolver os dois nos meus problemas mesmo que indiretamente.

Talvez eu devesse viver numa bolha isolada do mundo, só assim pra não machucar ninguém além de mim mesmo....

“Sob a superfície dessa verdade vomitada, estou rindo

Com dentes arreganhados

Já que é tão lindo, estou tão enjoado

Fica uma loucura novamente

Minha mente.”


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Notas finais do capítulo

Reviews? *-*