Narrado por: Kate

Meta atual: Acertar meu dicionário Francês – Inglês na cabeça loira da Bulstrode.

Ouvindo: Roger Bipshop recitar Frère Jacques com a perfeição de um camelo gago.

- Mais uma vez monsieur Bipshop, mais alto! – Mounsier Buffon pediu com seu sotaque carregado – E com mais dicção!

Roger ficou vermelho.

- Frère Jacques... Frère Jacques... – ele cantou com um quê de ofensa na voz.

Violet mascava e fazia bolas de chiclete ao meu lado. Ela parecia estar tentando me ignorar, ora lixando suas unhas enormes ora fazendo coraçõezinhos na capa do caderno da Hello Kitty.

Eu particularmente não estava conseguindo ignora-la. Quando o ser humano ao seu lado masca chiclete de framboesa com a boca aberta e arruma o cabelo insuportavelmente loiro a cada cinco segundos fica difícil fingir que ele não existe.

Bocejei.

Mesmo com uma matéria tão legal o senhor Buffon ainda tinha a capacidade de me deixar com muito sono.

- Ding ding dong... Dong dong ding... – Roger terminou com as bochechas roxas.

- FABULEUX! Muito bom pètit Bipshop... – Senhor Buffon bateu palmas empolgado. A classe o acompanhou, visivelmente desanimada – Agora, vamos abrir nossos livros na pagina 36 e ler esse texto interessantíssimo sobre as paisagens bucólicas do interior da França... – June Montgomery levantou o braço, ansiosa – Oui... Qual seu nome mesmo, mon pètit?

- June Montgomery, Monsieur – ela respondeu num sotaque perfeito.

- Diga madame Montgomery...

- Eu gostaria de pedir na realidade, mousieur...

- Se for para ir ao banheiro, a resposta é non!

Uns risinhos tímidos foram arrancados.

- Jamais professor! – June exclamou – Eu gostaria de pedir para ler o texto!

- Ah... Lire... Tanto faz... – ele deu os ombros – Comece aqui...

- Ok. Le mélange paysage français ...

PÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍÍ!!!!!!!!!!!

Levantei minha cabeça subitamente de cima dos livros e os recolhi rapidamente. Próxima aula: Filosofia.

A maldita matéria nova.

Saltei da cadeira indo em direção as meninas, também irritadas.

- Prontas para encarar o velho Aristóteles? – perguntei tentando soar animada.

- Você nem teve aulas com o velho e já o apelidou? – Emily me lançou um olhar de reprovação.

- Ele pode ser Senhor Sócrates se preferir... – dei os ombros.

Emily rolou os olhos.

- Ele provavelmente vai ser chato – soca os livros no armário – Barbudo... velho e fedido!

- Calma Emy – Vivian pediu – Quanto ódio no coração!

- Eu não quero ter filosofia! – ela choramingou – Por que não dão iniciação a medicina?

- Por que ninguém aqui além de você quer ver como os pulmões funcionam – Marjorie retrucou – E além do mais, já temos a sra. Condor e seus sapos para dissecar...

- As aulas da sra. Condor são legais... – Emy resmungou. Vivian revirou os olhos.

- Enfim, eu só acho que as aulas de filosofia vão ser idiotas e o professor vai ser mais idiot...

O discurso de Emily foi interrompido por uma onda de suspiros e uma aglomeração repentina no corredor da frente.

- O que diabos... – comecei, mas um grito histérico me cortou – OH MEU DEUS! Quem tem a capacidade de gritar assim?

- Se eu não me engano, é o grito da Hillary Wood – Vivian deduziu – Se ela não estiver sendo atacada pelo tarado da machadinha perto dos armários VIPS, Justin Bieber acaba de pousar seu helicóptero rosa no pátio.

- Por tudo que é mais sagrado eu realmente espero que o tal tarado esteja fazendo um bom trabalho! – Marjorie exclamou desesperada – Eu vou ver...

- O tarado? – perguntei aérea.

- Não! O que está realmente acontecendo! Venham!

Seguimos MarJo pelo corredor e empurramos a porta que dava acesso ao corredor VIP, onde ficavam as salas de artes, sociologia, filosofia e é claro, os armários das lideres de torcida e seus vestiários escrotos.

Nos esprememos na multidão que se formava perto da porta da sala de filosofia.

- O que está havendo? – MarJo perguntou para Caleb Thompson, o garoto gay do primeiro ano.

- Ai Diva! Aquilo está acontecendo! – ele disse quicando de emoção.

- Quem... quem é o deus conversando com a Claire Smith?! – Emily questionou com a boca levemente aberta.

- Aquele Zeus é o nosso novíssimo professor de filosofia, o senhor Johnson... – Caleb respondeu de olhinhos brilhando.

- Na verdade, quando nos referimos a um cara bonitão dizemos ‘Apolo’ ao invés de Zeus, Caleb... – expliquei.

- Ah Kate! Não começa! – Vivian pediu delicada como sempre – Agora sai da minha frente que eu quero ver a bunda do Sr. Johnson!

- Vivian! – gritei escandalizada.

- Mas a bunda dele é gostosa mesmo... – Emily comentou corando levemente.

- Eu queria apertá-la – Caleb suspirou – Eu poderia virar purpurina tranquilamente depois disso!

- Será que só eu e a MarJo somos puras por aqui? – falei indignada – Não é MarJo?... MarJo...?

MarJo havia sumido de perto da gente. Estiquei o pescoço para procurá-la. Oh Deus, ela estava se atracando naquele monte de garotas para chegar perto do novo professor.

- MARJO! – ralhei – MARJORIE FOX! VOCÊ TEM UM NAMORADO!

Ela nem ouviu. Bufei.

- Vocês são loucas! – cruzei os braços infantilmente.

- Você que é Bi – Caleb mostrou a língua – Se você olhar melhor para a bunda dele vai notar que ela é perfeita!

- Eu não vou olhar!

- Melhor, sobra mais pra gente... AHHHHHH LINDO!!!! TESÃO!!!!! BONITO E GOSTOSÃO!!!!!! – Caleb me ensurdeceu quando senhor Johnson passou esquivando-se por nós para conseguir entra na sala – AHHH! MEU SANTISSIMO PRINCE! EU TOQUEI A BUNDA DELE!

Senhor Johnson aparentemente ouviu a declaração amável de Caleb já que nos lançou um olhar de puro terror.

Narrado por: Marjorie

Camiseta do dia: “I´m bit in a bitch yesterday. Yeah, and I´m awesome!”- “Eu bati numa vadia ontem. E sim, eu sou demais!”(Feita em homenagem aos dentes perdidos da Monroe!)

Ouvindo: Caleb Thompson dizendo que tocou a bunda do senhor Johnson.

Caleb, sua bicha má. Isso é tudo que eu posso te dizer. Eu sei que você tocou a bundinha durinha daquele... Apolo, mas não precisa ficar esculachando depois.

Entrei na sala e logo notei que eram carteiras triplas. Ah destino, você me ama demais, certo?

Corri e me sentei na carteira com June Montgomery e Debbie Jordan, na frente de Kate, Emy e Viv´s.

- Caleb é um sortudo idiota! – Vivian desabafou.

- É mesmo! – Emily apoiou – Eu daria minha coleção de discos do Rob Tristan para estar no lugar dele!

Kate revirou os olhos.

- Francamente... Ele é nosso professor!

- Isso torna tudo mais interessante ainda... – comentei maliciosa.

- MarJo!

- Mas é verdade! Torna tudo mais...

- MarJo! Foco! O ANEL! O ANEL!

Ela praticamente enfiou meu dedo anular no meio do meu nariz.

- Matt Cuzman... Namorado... Esse nome te diz alguma coisa?

Balancei minha cabeça tentando me livrar da imagem da bunda do professor.

- Sim. Vou... vou me focar no meu Matt e... – senhor Johnson havia fechado a porta atrás dele com muito esforço. Ele tinha... tinha... músculos...?

Suspirei. Todas as garotas da classe (salvo Kate) seguiram o exemplo, se apoiando nos punhos e piscando sensualmente.

Ou o mais sensualmente que ela poderia conseguir, por que com meus cílios postiços ninguém pode.

- Hum... Bom dia classe. – Mr. Apolo disse timidamente. Ele corou ao ver todos os olhares em cima dele – Eu sou o novo professor de filosofia e...

Ouvi Kate murmurar um ‘Ah vá’ e receber um ‘shit’ coletivo.

- Meu nome é Joe Johnson. Mas podem me chamar apenas de Johnson ou Joe, certo? Vocês devem estar se perguntando o que é filosofia agora. Filosofia é a mais bela das artes, é a arte do raciocínio, dos sonhos das profundezas da mente humana onde nossos sentimentos são misturados: Dor, terror, paixão, felicidade... Vou anotar no quadro alguns nomes importantes da filosofia e eu gostaria que anotassem.

Ele se virou para o quadro e outro suspirou coletivo foi ouvido.

Emily mantinha os olhinhos brilhando. Ela nunca havia ficado tão hipnotizada assim. Ok, talvez ela tenha ficado assim na terceira série, quando a Vivian matou o próprio gato na nossa frente (Foi sem querer, estávamos andando de bicicleta e... enfim, Vivian desviou para o lado errado) e pudemos ver as tripas do animal. Enquanto Kate tentava fazer Vivian parar de chorar e eu vomitava, Emy olhava fascinada para os órgãos internos do bicho.

Ela encarava a bunda do Joe como se ela fosse uma das tripas do gato da Viv´s. Interessada.

Vivian olhava, mas de outra maneira. Despreocupada, apenas analisando um pouco, como se estivesse medindo a área das duas circunferências.

Kate? Kate desenhava algo no caderno dela.

- O que você desenhando? A bunda do Joe? – perguntei.

- Mas vocês estão fissuradas na bunda do cara, hein? Não tem nada demais...

- Você não me respondeu o que está desenhado...

- Fumantes passivos.

- Ah... legal então. – Virei para frente o mais rápido possível e tentei me concentrar na aula. E como o Apolo falava! Até cansava um pouco... bláh – bláh – bláh Aristóteles... bláh-bláh-bláh Sócrates.... Idade de ouro grega...

Chato. Matéria chata, insuportável. Mas enquanto ele desse aula aposto que ninguém mataria aulas de filosofia. Pelo menos não as meninas. Ou o Caleb.

- Estão anotando? Vou passar de carteira em carteira para ver...

Metade dos corações deve ter parado nesse momento.

- Muito bom, senhorita Smith... Bela caligrafia senhor Mullet... Ótimo raciocínio Valerie... Flowers! Que coisas organizadas!

Emily corou violentamente.

- Obrigada...

- E senhorita Hopkins... lógica brilhante! Senhorita Sputnik... O que está fazendo?!

- Hum... – Kate arregalou os olhos. Nenhum professor nunca a havia pegado desenhando. E quando eu digo nenhum, é nenhum mesmo. Ela burlou até a Madame Morganstern na quinta série, quando a bruxa nos deu uma aula.

- Me dê o caderno...

Kate relutou em dar seu caderno rabiscado, mas por fim cedeu irritada.

Enquanto Joe folheava os desenhos dela, a classe ficou num silencio considerável.

- Hum – hum... Hum-hum... Bem, vejo que você gosta de desenhar...

- Hã... – Kate respondeu inteligentemente.

- São belos desenhos, senhorita Sputinik.

- Ham... valeu?

- Se importa se eu ficar com o caderno? Vou apresenta-lo a senhora Consuelo. Ela é a professora de artes, não?

- Sim – respondi.

- Ela vai gostar deles...

Kate se desesperou.

- Mas...

- Sim?

- Você não vai mostra-los a Morganstern, vai?

- Não, você quer que eu mostre?

- NÃO! – ela, eu, Emy e Vivian falamos ao mesmo tempo – Quero dizer – Kate completou – Eu estaria ferrada...

- Entendo... Então recomendo que preste atenção as minhas aulas e evite desenhar por ora.

- Aham – Kate resmungou mais mal-humorada ainda.

- OMG ele pegou no seu caderno! – Emily surtou.

- E está com ele agora! E vai mostra-lo para a Consuelo! – Kate dramatizou.

- Você é uma pessoa morta.

- Obrigada Viv´s.

- Não tem de que.

- Não é, não – Emy rebateu – E se a senhora Consuelo gostar?

- Emy, ela me odeia. E ela sempre vai me odiar.

- Você atacou psicologicamente Grayson Gray no meio da aula dela... – Emy sussurrou irritada.

- Ele estava rindo de mim! Aquele anão mereceu o dedo do meio que eu mostrei... E eu não o ataquei psicologicamente...

- Você ameaçou tacar fogo na familia dele... – Vivian arqueou uma sobrancelha.

- E seqüestrar o cachorro dele... – continuei.

- E causou um momento de silencio na classe, já que pensaram que a ofensa do dedo foi dirigida a Roger Bipshop...

- Mas eu respondi que foi para Grayson Gray – ela fez birra.

Revirei meus olhos.

- Vou voltar a olhar a bunda do professor... – Emily reclamou.

- Eu também...

- Eu vou descascar a parede – Vivian suspirou entediada.

- E eu faço o que?! – Kate perguntou em pânico – Ele me tirou o caderno...

- Desenhe na carteira... – Vivian sugeriu simplesmente.

- Não posso. Dá ultima vez a general pegou e fez eu limpar...

- Correção, quem limpou foi o Peter. Você estava ocupada demais se escondendo atrás do cabelo para se preocupara em limpar coisas... – Emily foi sincera.

- De qualquer forma, eu nunca mais vou desenhar a lápis em carteiras. Alguém ai tem uma caneta os corretivo?

- Não te empresto mais meu corretivo! Você deixou sua marca na minha carteira ano passado – Emy semi – cerrou os olhos brava.

- E a marca foi apagada pela Wood. Então tenho direito a mais uma, posso?

- Pega...