Dark Sky escrita por Nath Mascarenhas, prettysemileek


Capítulo 21
Capítulo 21 - Conversa franca.


Notas iniciais do capítulo

É, eu sei que eu disse que não poderia postar até segunda, mas não resisti e larguei minhas malas por fazer e escrevi.
Espero que não odeiem Raoni, ele só está magoado com tudo e depois vcs vão entender o porquê...



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/159602/chapter/21

-Quer mais vinho? – Luka me perguntou oferecendo outra garrafa de vinho seco.

Assenti e estendi meu braço para ele colocar mais um pouco. Na minha conta, eu já estava na vigésima nona taça, mas ainda sim não conseguia apagar a imagem do que aconteceu no restaurante depois que Luka me “pediu” em casamento, acho jamais vou esquecer o que Raoni fez mesmo que eu beba trezentas dessas.

Flashback (On)

-Não meu querido. Pude ouvir muito bem que vocês querem se livrar da minha vingança, mas do que justa, então, aqui está a minha condição. – E apontou para mim - Ou Naara se casa comigo ou nunca mais verão o sol nascer novamente, e aí qual vai ser?

Primeiro achei que eu estava muito bêbada, mas quando eu vi que todos estavam de boca aberta, vi que eu tava lúcida, pelo menos mais do que Luka, com certeza.

Eu juro que naquela hora eu me preparei para batê-lo, mas Raoni apenas olhou em minha direção e sorriu cínico para mim.

-Feito. – Essas palavras me feriram igual a uma facada nas minhas costas.

Não é exagero!

-C-Como assim? – Perguntei gaguejando de tão estupefata que estava.

 -Você vai se casar com Luka em troca da minha liberdade e a da Perséfone, para sempre. – Disse categórico sem nem olhar na minha direção, ele encarava Luka agora.

-Pra mim tudo bem, pode ficar com essa daí. – Ele apontou para Perséfone e me abraçou pela cintura – E que faça bom proveito.

-Digo o mesmo. – Ele disse frio e puxou a mão de Izabel para fora, nada delicado.

Ela soltou um beijo para mim só de provocação. 

 Fiquei tão pasma que nem consegui me mexer. Perséfone ficou nos observando por um tempo e depois se despediu de nós.

-Te vejo amanhã no colégio. – Ela falou – Ou vai matar de novo?

Eu realmente já devia ser a recordista de faltas, mal cheguei e só apareci um dia... Meu Deus a reconstrução da igreja estava às moscas!

-Ah, vou. – Falei incerta.

Sei lá o que me reservava esta noite.

“Boa Sorte” ela desejou a mim sem som quando já estava na saída.

Assenti engolindo em seco.

-Vamos para um lugar mais tranqüilo? – Ele me perguntou num sussurro no meu ouvido, mas que soou mais uma afirmação do que qualquer coisa.

Ele me levou ao seu quarto que ficava no chalé mesmo, só precisamos subir as escadas e já estávamos num tipo de loft, um apartamento onde não há divisões, muito chique.

Flashback (Off)

Agora aqui estava eu, sentada na cama dele com uma taça na mão girando-a de um jeito monótono e tedioso.

Ele estava a minha frente me observando há algum tempo, mas depois da décima terceira dose daquele vinho eu já nem me importava mais.

Encarei-o pela primeira vez desde que subimos aqui.

  -Por que de tudo isso? –Perguntei fitando-o bem nos olhos.

- O quê? – Ele me perguntou com genuína inocência.

Há, se eu acreditasse...

-Esse casamento louco. Você nem me conhece e já quer se algemar a mim? – Perguntei incrédula, mas soou indiferente.

-Já conheço o que eu preciso. – Ele deu de ombros – Mas não que isso tenha alguma coisa haver com você de qualquer jeito.

-Então tem haver com quem? – Perguntei enquanto ele colocava mais vinho na minha taça vazia – Você quer me ver bêbada por algum acaso?

Ele sorriu da minha ultima pergunta.

-Adoraria. Mas respondendo sua primeira pergunta, Raoni.

-Ãh? – perguntei confusa e tenho certeza que não era por causa da quantidade de álcool na minha corrente sanguínea. 

-Raoni tirou a coisa mais preciosa que eu tinha de mim, não é justo que eu tire a coisa que ele mais ama dele? – Ele disse em tom de gozação, mas percebi que era sério.

-Credo, me faz me sentir mulher objeto. – Comentei – Meus desejos não contam?

-Pra falar a verdade? – Ele me perguntou e eu assenti – Não. – Ele falou taxativo.

-Aff... – Resmunguei, tá admito, muito bêbada.

Ele riu da minha cara de um jeito educado, botando mais bebida para ele e colocando a garrafa numa mesa.

-Mas se isso te conforta, eu posso te fazer desejar outras coisas. – Ele falou rouco, debruçando sobre mim.

Fazendo me deitar, derrubando o liquido escuro que eu segurava na sua alva roupa de cama, emporcalhando o lençol que deve ter custado os olhos da cara.

-Ops... Desculpe – Falei mais preocupada com a mancha que ficaria depois, do que o fato de que Luka estava pairando sobre mim.

Ele pegou a taça da minha mão e jogou no chão, quebrando-a.

-Ei! – Reclamei fazendo menção em me levantar.

Impaciente, ele me empurrou com um dedo, mas forte o bastante para me fazer deitar novamente, seus olhos eram quentes e avassaladores.

Mordi o lábio, nervosa.

-Luka... – Comecei, mas ele pôs o indicador nos meus lábios, fazendo-me calar.

Sua mão direita deslizou pelo meu ombro, braço e entrelaçou nossos dedos.

Ele olhou para minha mão com interesse no anel que Raoni havia me dado. Sem nem pedir permissão, ele arrancou do meu dedo e jogou no lixo que estava ao lado da cama.

Fiquei olhando paralisada para a lata de lixo, até que ele puxou meu queixo para sua direção.

-Só um aviso. Se eu ver você nem que seja a um metro de distância daquele patife, o acordo estará desfeito, entendido?

Assenti com veemência.

-Boa menina. – E me deu um selinho.

-Você acabou de me tratar como cachorro! – Constatei nada contente.

Ele arqueou as sobrancelhas, como se me dissesse“ Você tá achando ruim, é?”.

Rolei para o lado e joguei a perna na sua cintura, fazendo com que trocássemos de posição. Ele esboçou um olhar surpreso, mas logo foi substituído pela raiva de se ver preso.

 -Olha aqui, eu só estou aqui para você deixar os dois em paz. Isso não quer dizer que você é mais forte do que eu ou que me intimida Ok?  Eu posso muito bem sair daqui e bater a porta sem nem olhar para trás, eu não sou Perséfone, entendeu? – Falei petulante.

Ele sorriu.

-Esse é outro motivo por eu querer casar com você. Nós somos perfeitamente iguais.

-É ruim, hein... –Bufei me jogando para cama.

- Ah, é? – Ele falou apoiando sua cabeça na mão. – Então você não está nem um pouco a fim de arrancar a cabeça daquela menina... Qual o nome dela mesmo...? Izabel! Por ter aparecido agarrada ao seu ex namoradinho?

-Sim, mas isso não quer dizer que eu vá arrancar. –Diferenciei. – Você seria capaz de arrancá-la sem nem pensar duas vezes Luka.

-Exatamente. Enquanto você se segura e finge ser a boazinha, eu não consigo e não quero. Mas isso não quer dizer que sejamos diferentes somente pessoas sem os mesmos ideais, por enquanto.

-Mas eu não vou me tornar uma pessoa como você nunca. – Garanti.

Ele riu, melhor, gargalhou.

-Sua avó não lhe ensinou que jamais devemos garantir o que é incerto, principalmente algo como o futuro?  – Pegou minha mão – Você verá como é mais fácil e divertido viver sem se preocupar com os outros e sem aquela bendita culpa de agir com isso aqui – E tocou meu coração.

- Como você consegue pensar assim? – Perguntei pasma com tamanho egocentrismo.

Ele deu de ombros.

- Eu simplesmente faço o que quero sem ter culpa depois, já pensou como seria mil vezes mais fácil não se preocupar com o que sua vó, papagaio e passarinho vão pensar?

Até que seria, mas é ruim eu admitir uma coisa dessas para ele.

-Não precisa me responder. – Ele disse tocando o meu nariz – Primeiro, por que eu tô entediado com essa conversa toda e segundo, eu não me importo! – Ele falou berrando a ultima coisa.

Eu ri, ele parecia um pateta falando assim.

Percebi como ele parecia um garoto tão perdido quanto eu, mas ele tinha se fechado numa fachada de mal e eu não, graças aos céus!

-Eu te entendo. – Falei.

-É? – Ele arqueou as sobrancelhas, malicioso.

-Isso não quer dizer que eu concorde com você, somente que eu entendo seu jeito de pensar. –Falei antes que ele tomasse conclusões precipitadas. – Você já foi magoado, não quer que aconteça isso novamente... Por isso age como se as pessoas fossem descartáveis e insignificantes.

O peguei de guarda baixa, ele não esperava que eu acertasse na mosca os seus sentimentos mais profundos.

Ele me encarou, como se me visse pela primeira vez.

-O que foi? – Perguntei incomodada com seu olhar tão íntimo.

- Entendo agora por que Raoni é perdidamente apaixonado por você. – Comentou – Você não consegue ser má nem com uma pessoa tão odiosa como eu.

-Você não é uma pessoa odiosa, só amargurada. – Falei o fazendo rir de sarcasmo. – Aposto que por debaixo dessa pose de vilão a um cara super gente boa.

-Jura? – Até ele se acha má pessoa, imagine as outras pessoas?!

-Juro, mas prometo que não vou espalhar que você é legal. – Cruzei os dedos ao alto.

 O fiz rir verdadeiramente, era um som rouco e alegre.

-Eu acho que me casar com você será a primeira coisa que eu vou fazer de certo em toda minha vida. – Ele concluiu depois de rir muito.

-Você tinha que estragar tudo com esse papo de casamento não é? – O clima que antes estava descontraído se tornou tenso.

-Você é legal e tudo, mas isso não muda em nada o que aconteceu. – Falou num tom duro.

-Que pena. – Não consegui deixar de murmurar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Agora é sério, não posto até segunda.
Bjão.
Para não perder o costume:
Deixem reviews!