Quis chutar algo, quebrar alguma coisa,qualquer coisa. Enfurecido soquei o vidro da janela produzindo um som oco. Este cintilou. Torci para não se estilhaçar.

Aquele mascarado maldito nem o conheço mas já o detesto, porém ele tinha razão. Atena já me falara que meu maior defeito era a lealdade. Mas me perguntava como o mascarado tomou conhecimento disso.

  - Insônia?

Tomei um susto tão forte que engasguei com o ar. Tossi um pouco.

  - Cof! N-nico Cof! Por que está acordado?

  - Não estava. –cruzou os braços – mas acordei quando você socou o vidro – ele fez uma careta

  - A-h desculpe... não tive  intenção – baixei a cabeça envergonhado.

  Ele deu os ombros.

  - Teve um pesadelo? – disse ele

  - Pode se dizer que sim – movi minha mão atrás da nuca, talvez já fosse a hora de contar a Nico sobre meus sonhos.

  - Já estamos que estamos acordados mesmo – olhou ao redor – me conte o que aconteceu – falou ele, enquanto cruzava as pernas na cama.Como uma criança esperando uma historia de dormir.

  - É meio estranho...

  - Percy – ele conseguiu dar um sorriso – não venha falar de coisas estranhas comigo. Meu pai é Hades, eu posso falar e conjurar espíritos, não acho que seja algo muito comum.

  - Vendo por este lado – dei os ombros.

Contei-lhe sobre o sonho. Nico não falava nada, apenas permanecia em posição de concentração, analisando cada palavra que eu dizia. Após eu ter terminado ele franziu a testa.

  - Você disse que o mascarado tem ciência do seu defeito.

Assenti.

  - Mas ele não tem a informação que todos nós vamos atrás de Thalia. Seja lá onde for que ela esteja.

  - Creio que não – dei os ombros.

  - Estamos em vantagem. Eles são três e nós somos seis.

  - Eles tem um minotauro e uma dracaenea.

  - Grande coisa.Com a inteligência de Annabeth, o poder da flauta do Grover, Miley e você podendo controlar a água e eu os mortos daremos conta do recado.

  - Desde quando ficou tão otimista?

  - Sempre fui. Apesar de muitas vezes não demonstrar. Ver o lado negativo piora ainda mais a situação – ele voltou a posição inicial e quando ia deixar a cabeça a reergueu – Ah Percy...

  - Sim?

  - Você não está sozinho. Lembre-se disto.

Assenti agradecido.

Voltei para a minha cama e me acomodei “Obrigado Nico” foi meu ultimo pensamento antes de pegar o sono novamente.

Subi os degraus do ônibus, cambaleando um pouco. Só havia nós ali, os outros passageiros ainda fechavam suas contas na secretária.

  - Você esta com uma cara horrível – zombou Greg

  - E essa é nossa diferença.

  - O que? eu sou bonito e você é feio?

  - Não. A minha cara esta horrível agora, com uma boa noite de sono ela volta ao normal. Já a sua, é feia sempre. – tentei conter o riso.

  - Quer resolver isso Jackson – ele cresceu pra cima de mim.

  - Meninos! Meninos! – interrompeu Annabeth. – sem intrigas.

  - Tudo culpa do Jackson. – ele apontou o dedo pra mim. Parecia um javali enfurecido, o rosto vermelho como uma pimenta.

  - Eu? – me fiz de desentendido – você deve ter batido a cabeça.

  - Percy não provoca – disse Grover.

  - Eu estou cansado dele! O tempo todo procurando se confrontar comigo. Ele nem devia ter vindo.

Virei de costas e comecei a andar em direção ao meu banco.

  - Se fosse mesmo filho de Poseidon, aceitaria meu desafio, mas como é um fraco, se esconde atrás dos amigos.

  Fechei o punho e dei-lhe um soco no meio do nariz, meus ossos rangeram de dor. O nariz do loiro começou a sangrar ele passava os dedos para ver o estrago.

  - Não ponha o nome do meu pai na conversa.

  - Ora seu... – ele me empurrou de encontro os chão, ele me golpeava e eu a ele.

  - PAREM! PAREM! – pedia Annabeth.

  - Vai pagar caro cara de peixe!

  - CHEGA! – de repente duas sombras em formato de mão nos seguravam pelo pescoço mantendo cada um preso a um banco. Em seguida vi Nico com as mãos esticadas as controlando – Deixem de ser crianças mimadas!

Silêncio.

  - Estamos em uma missão, para salvar Thalia. Não sabemos nem ao menos onde ela está, mas mesmo assim arriscamos a busca. E ai está vocês, brigando. O correto seria que ambos se ajudassem não? – ele me fitou – Percy você é o líder desta missão, haja como um – desta vez se voltou para o outro – e Greg, se quis vir é bom que se dê bem com a equipe, por que é isso o que somos uma equipe.

Ele tinha razão. Essa foi mais uma prova para mim que o Nico amadureceu e agora era ele que me ensinava as coisas.

Um estrondo soou no teto.

Como se um meteoro tivesse caído na parte superior do ônibus, fora tão forte que o metal entortou. O transporte freio bruscamente, Nico e Miley foram atirados em rumo ao para brisa e eu teria seguido o mesmo trajeto se não me segura-se do apoiador de mãos.Grover roia as unhas de medo, Greg pegou sua espada de bronze,enquanto Annabeth fitava o teto em alerta.

Silêncio.

Garras fincadas na cobertura a arrancaram com violência. Presas salientes,uma perna peluda e a outra de bronze.

  - O bicho da escola! – gritou Miley em pânico.

  - Corram! – gritei – AGORA!

Os passageiros corriam pelo corredor em pânico. Durante a muvuca, um deles esbarrou no meu braço fazendo com que Contracorrente desliza-se pelo chão.Nico auxiliava as pessoas a descer do ônibus. Miley os acomodava do lado de fora.

  - Esssta encurralado Perssseu, como um porquinho da índia. – sibilou.

Isso me trouxe más recordações. Quando eu e Annabeth fomos ao mar de monstros e Circe, a feiticeira, me transformou em um porquinho-da-índia, tentei pedir ajuda mas só conseguia dizer Ik!Ik. Annabeth me salvou usando as pastilhas que Hermes nos dera e voltei a forma normal.

  - Percy! – gritou Grover.

  - Já disse para saírem daqui! – olhei ao redor e vi      Annabeth ao lado do Grover.

  - Mas Percy... – sussurrou Annabeth.

  - Vai! – insisti

A empousa avançou como um míssil, por sorte consegui desviar do ataque saindo quase ileso, a não ser pelo fato de sofrer um pequeno arranhão no ombro. O monstro subiu em umas das barras e me fitou com um olhar diabólico e ao mesmo tempo como se fosse o prato principal do almoço, saliva escorria do dentes pigmentando pelo carpete. De súbito ela fixou os olhos na parte de trás no transporte, me virei. Greg ainda continuava na mesma posição, em choque.

  - Depois cuido de você Jackson. – disse ela com sua voz asquerosa.

Pela velocidade que o monstro ia Greg não conseguiria esquivar a tempo.

Foi instintivo. Mergulhei no chão, pegando Contracorrente. Greg afundou as mãos na cabeça.A irmã de Kelli se encontrava a poucos centímetros do garoto.

  - AAAHHH – gritou ele em pânico.

Cravei Contracorrente em sua coluna, se é que eu posso dizer que tem uma. Ela deu rugido de dor maior que o da escola, revirou os olhos que mudaram de cor passando a um tom vermelho vivo.

  - Maldito filho de Poseidon! – foram suas ultimas palavras antes de se desfazer em pó dourado. Vicent me fitava incrédulo, seus olhos azuis claro esboçavam medo,horror.

  - P-percy...po...por quê? – gaguejou Greg ainda com as mãos na cabeça, um pouco de sangue respingara em seu rosto.

  - Ai meus deuses vocês estão bem – disse Annabeth analisando-nos conferindo se estávamos feridos, lembrei até da minha mãe.Uma vez cai de skate na rua de casa,meu joelho ralou e sangue jorrava pelo asfalto.Devia ter uns dez anos de idade,mamãe lavou o machucado e fez um curativo.Naquela época chorei tanto como se o mundo estivesse acabando com um simples machucado.Hoje vejo que foi fichinha tudo aquilo.

  - Percy seu ombro... – disse Miley

  - Relaxe... já estive pior.

  - Como vamos chegar ao monte Rushmore? – indagou Grover - O ônibus quebrou, e até ele ser concertado perderemos muito tempo.

  Nico nos fitou com um olhar travesso e esboçou um sorriso.

  - Alguém tem medo de cachorro? – falou divertido.