Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 18
Capítulo 17 - Apenas um Rato


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, demorei pra postar por causa do feriado e tudo mais...fique um tempinho sem o meu notebook. Daí já viu né...



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Como todo fim de ano letivo, os alunos não sabiam fazer outra coisa além de esperar ansiosamente pelas benditas férias. Já fazia dois anos desde a morte do auror John Mckinnon, de sua esposa, e do filho caçula. Marlene, a filha mais velha de Mckinnon, não estava em casa no dia do assassinato da família, já que passou o verão todo na casa da mãe, em Londres. Desde então, após um bom tempo sem vir para a escola, passou a morar definitivamente na cidade. A garota, apesar do sofrimento causado pela perda do pai, do irmão e da madrasta, conseguiu recuperar-se emocionalmente através da ajuda e do apoio de sua melhor amiga, Lílian Evans.

Último trimestre do último ano para Os Marotos. Andando pelo grande pátio, estava o quarteto de alunos mais polêmico da Grifinória. Tiago Potter liderava o grupo, falando alta e compulsivamente sobre Quadribol. Sirius Black e Pedro Pettigrew andavam lado a lado, às vezes um com o braço apoiado no outro, rindo e trocando piadas. Remo Lupin carregava o livro de Defesa Contra a Arte das Trevas, enquanto olhava de relance para Dorcas Meadowes, sua ex namorada, que estava sentada perto da fonte central.

– Até que enfim! Sétimo ano! – bufou Tiago, sentando no gramado com desleixo.

– Nem me fale. – Sirius fez o mesmo, logo todos se sentaram em um círculo. – Até porque, Dumbledore disse que seríamos oficialmente da Ordem da Fênix só quando os estudos terminassem.

– O que eu acho uma bobagem. – continuou Tiago, com sua voz esganiçada. – Minha vida está completamente fora dos padrões acadêmicos. Eu gosto é de ação, quero ser auror.

– Você devia pensar em ser atleta, Pontas. – disse Remo Lupin, com um jeito orgulhoso. – Imagine só: Tiago Potter, apanhador da seleção Inglesa!

Os olhos de Potter brilharam e um grande sorriso formou-se em seus lábios. Apesar de ser fissurado pelo mais famoso jogo dos bruxos, tinha uma paixão ainda maior pela participação ativa como defensor da comunidade mágica. O garoto tinha um espírito de líder, e um jeito de falar naturalmente direcionado.

– Se não fosse o quadribol e DCAT, o resto do ano seria quase uma perda de tempo. – Tiago revirou os olhos, frustradamente.

Sirius concordou com a cabeça. Pedro o imitou, balançando o pescoço de modo que chegava a ser exorbitante.

– Não é bem assim. – retrucou Remo, transmitindo aquele olhar de suprema inteligência que ele tentava demonstrar. – Os estudos servem para muita coisa. Ou você acha melhor aprender sobre poções venenosas na prática? Vamos ver: se não morrer, não é venenosa; se morrer, é venenosa...

Sirius deu sua risada escandalosa, característica de sua família, enquanto Pedro tentava processar o que acabara de ouvir. Tiago fez um bico, timidamente, perfilhando a razão do amigo.

– Nesse caso, tenho que concordar.

O céu estava começando a escurecer. Os alunos pouco a pouco voltavam para dentro do castelo, a fim de irem aos Salões Comunais. Tiago ia levantar do gramado, quando de repente olhou para o dedo indicador de Pedro, que estava traçado por um anel prateado envolto em diamantes.

– Você tá bem, hein, Rabicho.

– Ah! – Pedro finalmente percebeu a quê Tiago se referia. Tirou o anel do dedo e deu uma olhada, satisfeito. – Rookwood me deu isso como pagamento por uma coisinha que eu fiz.

Sirius, Remo e Tiago arregalaram os olhos, igualmente curiosos.

– Que tipo de assuntos você tem com Augusto Rookwood, o novo reizinho da Sonserina? – disse Sirius Black, lembrando-se também do arrogante Lúcio Malfoy, que fora chamado de "reizinho" pelos Marotos quando ainda estudava em Hogwarts.

– Ele me pediu para roubar o gabarito da prova de Herbologia. – sussurrou Pedro, sorrindo ingenuamente. – Como eu já iria fazer isso de qualquer jeito, aceitei. E ainda saí no lucro, já que esse anel vale uma fortuna!

Tiago e Remo se entreolharam. Sempre que faziam isso, Sirius se aborrecia, pois sabia que os amigos desaprovaram alguma coisa sobre Pedro.

– Não gosto de sonserinos, quaisquer que sejam! – Tiago olhou para Régulo Black, que ria e conversava com duas alunas. – Sem ofensas, Almofadinhas, mas seu irmão é um tremendo panaca. Na minha lista negra, só perde pro Ranhoso e pro Malfoy, que graças a Deus já não estuda mais aqui!

Sirius deu de ombros, indiferente. Sabia que Tiago odiava quase todos os Blacks e tinha bons motivos para isso. Quando os quatro amigos levantaram do gramado, Severo Snape se aproximou. Os cabelos do garoto estavam escorridos sobre a face extremamente pálida. Com uma das mãos segurava sua varinha, e com a outra um livro de poções.

– Temos que parar de falar a palavra "ranhoso", Ranhoso. – Tiago riu de modo grosseiro. – Andei reparando que toda a vez que eu digo isso você aparece misteriosamente. Acho que seu apelido virou tabu!

Severo continuou com a mesma expressão facial, fria a monótona, como se nem ouvisse a voz do grifinório a sua esquerda.

– Rabicho, – Snape olhou para Pettigrew, que pareceu se surpreender. – Wilkes e eu estaremos no corredor do segundo andar. Apareça lá daqui a pouco, está bem?

– T-tá, tudo bem. – Pedro respondeu, um tanto nervoso.

Snape deu as costas, então se direcionou para a porta principal que dava acessos às escadas. Tiago Potter coçou uma das têmporas, como se tivesse acabado de presenciar algo absurdo.

– Por que você tem que se meter com esses caras? – disse Remo Lupin, encarando Pedro com severidade. Já fazia algumas semanas que Rabicho estava tendo conversas estranhas com alguns alunos da Sonserina.

– Eu não tenho culpa! A professora me colocou no grupo deles para o trabalho! – Pedro colocou as mãos para frente, na defensiva. – Ela ter me colocado junto com o Ranhoso foi sacanagem, realmente. Mas poxa... Wilkes não é tão ruim assim, coitado.

– Lucas Wilkes é um completo imbecil. – Remo direcionou seu olhar para o infinito, como se estivesse tendo uma lembrança. – Foi por causa dele que terminei meu namoro com a Dorcas, lembra?

– Não, não e não. – Sirius finalmente disse alguma coisa. – Você terminou com a Dorcas por que pensou que ela te traiu com o Wilkes. Mas você sabe muito bem que não existem provas sobre isso! Os dois eram apenas amigos, até onde eu sei.

– Amigos nada! Se fossem só amigos não estariam abraçados daquele jeito... – Remo Lupin cruzou os braços e fez um enorme bico.

– Como você é ciumento! Ainda bem que não sou assim. – Tiago chegou a rir. – Você terminou por ciúme bobo. Admita, Aluado!

– Não vou discutir isso, Pontas. – prosseguiu Lupin, erguendo as sobrancelhas. – Dá pra ver que você não tem um pingo de ciúmes mesmo, já que a Lily sempre abraça o Ranhoso, não desgruda dele. Passa mais tempo com ele do que com você, se duvidar.

Potter ficou vermelho, sem saber o que dizer. Sirius deu uma longa risada, que mais pareceu uma seqüência de latidos.

– Eu já vou indo. – disse Pedro, fazendo um sinal de despedida com as mãos.

– Vai falar com seus novos amigos, vai? – Tiago, que já ficara bastante irritado, ajeitou os óculos redondos.

– Irei apenas para falar do maldito trabalho, droga! – bufou Pedro, andando até o castelo. Seus cabelos louros e finos esvoaçaram, bagunçados. Sua capa da Grifinória encostava-se ao chão, motivo pelo qual estava tão gasta nas pontas.

Então restaram apenas três marotos no pátio. Sirius Black cruzou os braços, então se virou para Lupin com um olhar denso, malcontente.

– O que foi agora, Almofadinhas? – o amigo lobisomem se surpreendeu.

– Vocês tão começando a sacanear o Rabicho, poxa. Não deixam nem o cara fazer o trabalho sossegado, bombardeando ele com indiretas e comentários depreciativos! – Sirius disse baixinho, mas suficientemente alto para que apenas os dois compartes ouvissem. – Eu sei que ele às vezes é irritante, grudento e sem noção, mas ainda assim é meu amigo! Nosso amigo!

– Eu sei que ele é nosso amigo. Mas a gente não fez nada demais! – Potter deu uma mordida em um sapo de chocolate que retirara do bolso. – Não temos culpa, ele tá se afastando sozinho! Já falei pra ele parar de socializar com os sonserinos, mas ele não me escuta!

– Já parou pra pensar o quanto você tá sendo ridículo, Pontas? Não gostar dos sonserinos só porque são sonserinos? Só porque foram pra uma determinada casa de Hogwarts? – Sirius soltou um suspiro de indignação. – Eu concordo que a maioria deles é arrogante e purista! Mas nem todos são assim, entenda! Minha prima Andrômeda, por exemplo, foi da Sonserina e é uma ótima pessoa!

Tiago Potter ficou calado, como raramente fazia. Remo Lupin começou a mexer nas unhas, tentando de alguma forma disfarçar o constrangimento. Apesar de Sirius ser sempre o causador de encrencas número um do grupo, ele estava certo desta vez. Ou pelo menos, estava tentando fazer algo certo em seu ultimo ano escolar. Pedro Pettigrew era como um irmão pra ele. Do tipo que precisava de atenção, e até mesmo de uma bronca de vez em quando. Mas os outros dois amigos estavam sendo muito radicais. Estavam sendo tão extremistas quanto Lord Voldemort, mesmo que lutando por uma causa contrária.

– Tá, chega! – Tiago falou alto, terminando de mastigar a guloseima mágica. – Você tem razão. Não podemos julgar as pessoas de acordo com a casa delas na escola.

– É verdade. – Remo balançou a cabeça, finalmente reconhecendo a intenção do amigo. – Mas continuo não gostando do Wilkes. Isso não vai mudar por causa desse seu discurso moralista, Almofadinhas!

Tiago e Sirius riram, dando pequenos empurrões no lobisomem. Remo sempre foi o mais moderado ao caçoar dos sonserinos, especialmente quando o alvo era Severo Snape. Mas a partir do momento em que terminou o romance com Dorcas, passou a ser escandaloso como Tiago, o que muitas vezes chegava a ser algo exagerado.

– E aí, Pontas? Ansioso para começar a agir na Ordem? – perguntou Lupin, que agora voltara a sorrir.

– Óbvio. Estou louco pra caçar uns Comensais e mandá-los pra prisão.

No mesmo momento em que Tiago terminou de falar, Sirius engoliu em seco. Quando o ano terminasse, e ele finalmente fizesse parte da Ordem da Fênix, não poderia mais esconder os criminosos de sua família como tinha feito até agora. Não poderia mais omitir sobre as vezes em que sua prima Bellatrix ia até sua casa para se abrigar, ou quando seu tio Cygnus o obrigava a confirmar seus álibis quando era interrogado pela equipe de aurores.

– Sirius, eu sei o que está pensando. – Tiago segurou o pulso do amigo cão. – Não tenha medo do que sua família pode falar, ou do que o maldito Lord Trevoso pode fazer quando souberem que você está contra eles. Afinal, nós estamos com Dumbledore! E é a armada dele quem vai vencer essa guerra, pode anotar!

Sirius Black deu um sorriso raro. Parecia que só Tiago tinha o dom de acalmá-lo, ou convencê-lo de alguma coisa. Remo sentiu a mesma segurança de Potter, ratificando com um olhar confiante.

– No meu casamento, vocês serão convidados de honra, sabem disso. – Tiago dera uma gargalhada, mas os dois ali sabiam que ele falava sério. – Lílian é do tipo que quer ser mãe logo, como vocês já devem ter notado. Eu, pelo contrário, não consigo me imaginar sendo pai.

– Você tá ferrado, Pontas. – disse Sirius, com uma voz rouca de puro charme. – Só, por favor, não seja como os meus pais.



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Notas finais do capítulo

Lembrando: Não sei quantos capítulos essa fic terá, mas acredito que ela terminará de fato quando o Harry nascer... Não tenho previsão para o próximo cap, mas provavelmente postarei daqui uma semana, por aí. Beijos! Espero que estejam gostando!



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