Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 17
Capítulo 16 - A Toca




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Depois de pouco mais de dois anos de casados, Arthur e Molly Weasley já tinham dois filhos. O mais velho se chamava Guilherme e o mais novo se chamava Carlos. Ambos com cabelos ruivos e espessos, assim como os dos pais. Molly jamais foi perdoada pelos parentes Black por ter feito um casamento tão indigno, com alguém a quem se referiam como "traidor do sangue".

Após a morte dos irmãos, apenas Molly pareceu se importar de verdade. A despreocupação em relação a isso por parte de toda a família de sua avó materna chegava a causar espanto. Então Molly deixou a cidade onde morava, para finalmente ter sua própria casa em Ottery St. Catchpole. Como dinheiro não era o forte nem dela nem do marido, construíram com todos os seus esforços e economias uma pitoresca casa de madeira no meio do campo.

– Não mecha nas coisas do seu pai, Gui! – disse Molly, pegando no colo o filho de apenas dois anos, que bagunçava os documentos ministeriais de trabalho deixados sobre a mesa da cozinha.

– Ora, deixe o menino brincar. – intrometeu-se Arthur, em seu tom mais gentil. Nunca se importou muito com luxo, status, ou coisas do gênero. Para ele, bastava ter o necessário para sobreviver e ser feliz.

Molly continuou com Gui no colo, dando-lhe beijos nas bochechas rosadas. O garoto ria, e puxava os fios soltos da blusa de lã que a mãe estava usando.

– Esta casa está começando a ficar pequena, querida. Daqui a alguns anos esses dois estarão enormes, correndo por tudo. Sem falar que logo-logo nosso terceiro pequenino irá nascer. – Arthur riu, reparando como vários objetos estavam espalhados, entulhando cantos. – Teremos que construir mais um andar.

– Isso é uma certeza. – Molly concordou sorridente, então olhou para o cesto ao lado do sofá, onde Carlinhos dormia. – Sabe, Arthur, desta vez eu espero estar grávida de uma menina.

– Não se preocupe, meu bem. Mesmo que não seja desta vez, ainda podemos ter uma menininha. – disse Arthur, então foi até a janela, de onde podia ver sua coruja se aproximar.

O animal carregava no bico dois pequenos envelopes. Arthur abriu o primeiro deles com um sorriso no rosto. Era uma carta de seu patrão, desejando os parabéns pela terceira gravidez de Molly. Assim que foi abrir o outro envelope, seu sorriso se desfez ao reparar o selo do Ministério gravado nele, setor de Propriedades Mágicas e Monetárias.

"Caro Sr. Weasley,

Venho por meio desta, lhe informar que a hipoteca de seu último atributo imobiliário, em Londres, foi finalmente quitada. A propriedade, por conseguinte, passou a pertencer ao fiador de sua dívida. O senhor Lúcio Malfoy acaba de se tornar dono de sua antiga residência, localizada no bairro Belsize Park, Rua Swenney Madeline, número 256. O Ministério aguarda resposta até o final do mês de Maio, para acerto de novas documentações dirigentes.

Esperando que esteja bem,

Elsa Selwyn"

Ao terminar de ler, Arthur fechou o punho, com raiva. Jamais havia se negado a pagar alguma dívida com o banco. Entretanto, ainda havia um débito seu com o prazo estourado há mais de oito meses, motivo pelo qual teve de hipotecar o seu único imóvel além da casa em Ottery St. Catchpole onde morava atualmente com a esposa e os dois filhos.

– Pelas barbas de Merlin! – o bruxo indignou-se. – Perdemos a casa em Londres! Se o banco tivesse esperado mais dois meses, eu teria o dinheiro! Raios!

– Isso já era de se esperar, querido. – Molly, que momentos antes estava levando Gui até o banheiro, abraçou o marido pelos ombros, tristemente. – A casa de seus falecidos pais estava hipotecada como garantia de pagamento já fazia tempos. Iríamos acabar perdendo mais cedo ou mais tarde. Gringotes não perdoa. Se aparece um fiador para assumir a dívida, eles vendem mesmo!

– Maldito Lúcio!

– O que Lúcio tem a ver com isso?

 – Ele foi o fiador! Foi ele quem pagou a dívida e ficou com a casa!

– Bom... Certamente ele não estaria disposto a renegociar com você. Pelo que sei vocês se odeiam. – disse Molly, tediosamente. – Mas o que Malfoy poderia querer com uma moradia tão simples como aquela, sendo que ele tem tantas outras muito maiores e mais valiosas?

– O que ele poderia querer? Me sacanear, é claro! – Arthur bufou. – Foi sempre assim! Ele jamais me perdoou na época da escola, em que ele estava no segundo ano, e eu no sexto. Eu fui monitor chefe, e dei a ele uma suspensão por ter azarado um nascido trouxa. Depois deste dia, nunca mais me deixou em paz. Ele não passa de um moleque mimado!

– Eu não conheço este rapaz pessoalmente, apesar de tê-lo visto nos corredores de Hogwarts. Apenas li sobre ele na coluna de fofocas da Rita. Mas se for mesmo como você diz, prefiro manter distância.

– Suspeito de coisas muito piores do que essas fofocas que você lê, Molly. – Arthur olhou para os lados, então sussurrou. – Ele é purista, foi monitor da Sonserina, é casado com uma Black, e seus ancestrais foram famosos anti-trouxas. Suspeito que ele seja um Comensal da Morte.

A mulher ruiva demonstrou pasma e ao mesmo tempo raiva. Toda a vez em que ouvia alguém dizer "Comensal da Morte" sentia um arrepio, pela má lembrança que tinha a respeito de seus irmãos Prewett, que foram assassinados há alguns anos por bruxos titulados assim.

– Ora, querido... Ele é só um moleque mimado, lembra?

– Um moleque mimado com muito dinheiro e influência perante toda a comunidade mágica. Mesmo sendo apenas um moleque, ele ainda assim tem serventia quando o assunto é compra, suborno, e persuasão!

Alguém bate na porta, fazendo com que o casal desse um pulo de surpresa. Arthur Weasley vai até ela, empunhando a varinha com certo receio. Assim que a abre, rapidamente é formado um sorriso em seu rosto.

– Professor Dumbledore! Já faz um tempo que não nos vemos!

O velho bruxo de longas barbas brancas e olhos azuis adentrou a modesta casa, cumprimentando os residentes com a cabeça.

– Gostaria muito de ter vindo apenas para fazer uma visita, Arthur. Mas o motivo pelo qual vim aqui é de suma importância e tristeza.

Molly imediatamente se aproximou do marido e do atual Diretor de Hogwarts, em seguida olhou para trás, verificando se Gui ainda estava brincando com os brinquedos improvisados de papelão. Carlinhos ainda dormia no cesto.

– Sente-se, professor. – disse Arthur, um tanto curioso. – Algum problema na Ordem?

– A Ordem anda um pouco dispersa, já não sabemos em quem confiar. – Dumbledore falava calmamente, mas a seriedade em sua voz era áspera. – O senhor mesmo se afastou de nós depois que se casou.

– Perdoe-me, professor. Mas eu infelizmente não disponho mais de tanto tempo para ajudar em alguma coisa. Agora tenho dois filhos, quase três... – Arthur acariciou a barriga da esposa, onde já era possível notar o volume da gravidez de doze semanas. – A falta de dinheiro está me causando muitos problemas.

– Entendo. – Dumbledore sorriu gentilmente para a mulher. – Vim para alertá-los, e noticiá-los de mais uma morte. Benjamin Fenwick foi assassinado há três dias, estraçalhado na verdade. Pouco sobrou do nosso velho amigo. Como sei que vocês o conheciam e admiravam, resolvi contar pessoalmente.

– O Ben?! – os olhos de Arthur tornaram-se buracos verdes e aquosos. A angústia que estava sentindo pela perda da casa em Londres minutos atrás foi deixada de lado. A angústia pela morte do amigo era tão grande que ocupava o lugar de qualquer outro sentimento. – O Ben não!

Dumbledore pôs a mão no ombro do ex aluno, que começara a chorar. Molly enxugava as lágrimas discretamente, lembrando do homem gordinho de meia idade sempre sorridente que foi Benjamin Fenwick, um grande bruxo da Ordem da Fênix.

– Eu não agüento mais isso... – Arthur soluçou, então abraçou a esposa. – Não agüento mais perder meus amigos por causa daquele... daquele Lord do Inferno! Tenho certeza de que aqueles malditos Comensais o assassinaram!

– Realmente, Fenwick foi morto por um Comensal da Morte. – Dumbledore expressava desgosto, embora falasse serenamente. – Boatos de que o tal Comensal era uma mulher. Alguns moradores de Hogsmeade disseram ter ouvido uma risada aguda e feminina pouco depois do crime.

– Bellatrix Black, a louca. – Molly cerrou os dentes, lembrando da garota sonserina que a perturbava durante os anos de escola, apelidando-a de "Bola-de-fogo". – Agora Bellatrix Lestrange, pelo que vi nos cartazes de foragidos.

– Nós também suspeitamos que tenha sido ela. – comentou Dumbledore, em nome de toda a Ordem da Fênix. – A propósito, foi ela quem matou seus irmãos, Molly. E sinto muito ser tão direto com as palavras.

– O que? – Molly arregalou os olhos. – O senhor tem certeza disso?

– Bellatrix Lestrange, Frederick Nott, Willian Mulciber, Sammael Avery, e Antonio Dolohov foram os assassinos de Fabian e Gideon Prewett, estou certo disso. – Dumbledore remexeu os óculos de meia lua. Seus olhos, apesar de gentilmente azuis, transpareciam algo semelhante à fúria. – A Ordem descobriu isto através de uma carta roubada que seria entregue a Rodolfo Lestrange, em Oxford. A carta não tinha assinatura oficial, mas reconheci a letra de Bellatrix, contando tudo ao marido.

Molly, que antes tentara confortar o esposo, agora chorava mais do que ele. Não era um choro comum, mas sim um choro de raiva, seco e repleto de ódio. Apesar de ter superado a morte dos irmãos, sentiu extrema ira ao saber que seus assassinos estavam soltos por aí, matando ainda mais pessoas. Desde o início da guerra, os Weasleys estavam acostumados a receber más notícias. Mas aquelas que vinham de Dumbledore, em especial, soavam ainda mais desastrosas. A Ordem da Fênix precisava de novos planos urgentemente, ou Lord Voldemort e seus Comensais a derrotariam de uma vez por todas.


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Notas finais do capítulo

Demorou, mas está aí. Demorei pois alguns de meus leitores sumiram =/ Bom, espero que gostem. beijooos



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