Sangue Puro escrita por Shanda Cavich


Capítulo 19
Capítulo 18 - Ordem da Fênix


Notas iniciais do capítulo

Não recebi nenhum comment na capítulo anterior, por isso demorei pra postar. =/ bom, espero que gostem.



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Já fazia quase quatro anos que Sirius não morava mais no Largo Grimmauld. Sentado no chão de seu atual quarto, na casa de Tiago e Lílian em Godric's Hollow, fazia todo o possível para esconder o fato de que poucos minutos atrás estava chorando igual a uma criança. Apoiando as costas na cama, segurava uma fotografia contendo os integrantes de Ordem da Fênix, reunidos no natal. Todos sorriam na foto, de certa forma despreocupados, afinal aquela fora uma data especial. Exatamente duas semanas depois, uma menina que aquelas alturas já tinha se tornado uma grande bruxa foi assassinada. Ajudou o quanto pôde na Ordem, seu nome era Marlene Mckinnon. A última dos Mckinnon.

"Não descansaram até matar a família toda.", foi dito anteontem no jornal. Dizia-se que o assassino fora um bruxo extremamente jovem, mas ninguém sabia dizer quem era de fato. Sirius sofria ao pensar que poderia ter sido Régulo, seu irmão caçula. O irmão, que há poucos anos, brincava com ele de Quadribol no quintal do antigo casarão dos Black. Sirius ficou sabendo há poucos meses que Régulo se tornara um Comensal da Morte, devido a um cartaz com o rosto dele espelhados pelo Ministério, acusado de utilizar a Maldição Cruciatus contra trouxas. Seu espanto foi ainda maior quando descobriu que Régulo tinha esse título desde os quatorze anos de idade.

Naquele momento só conseguia chorar, coisa que raramente fazia. Na verdade, a última vez que chorou com aquela intensidade foi um dia após fugir de casa, quando ainda tinha dezesseis anos. Por mais inacreditável que fosse, sentiu falta da mãe. Marlene, morta há três dias, chegou a ter um certo romance com ele durante os anos de escola, mas nada muito sério. Não entendia por que chorava tanto. Tiago adentrou o quarto, segurando duas xícaras. Entregou uma ao amigo, e sentou-se ao seu lado.

–Tente se distrair, Almofadinhas. Você ta chorando desde manhã. – disse Tiago, tentando ser o menos inconveniente possível.

– Quando é que isso vai ter fim? – Sirius passou a mão sobre os olhos avermelhados. – Já parou pra pensar em quantas pessoas que a gente conhece morreram?

– Eu sei que é terrível isso que estamos vivendo. Mas não podemos desanimar agora. Muito menos você, que deixou tudo para trás para se dedicar totalmente à Ordem.

Sirius paralisou, como se estivesse refletindo sobre algo. Lembrou-se do dia em que Régulo voltara das férias com uma estranha dor no braço esquerdo. É claro que aquela dor vinha da Marca Negra recém gravada em seu braço, mas na época ele nem desconfiou. Lembrou-se também de todas as vezes em que Walburga permitia que Régulo saísse a noite com seus supostos "amigos", que agora eram Comensais da Morte como ele. Lucas Wilkes se tornara um deles. Rabastan Lestrange se tornara um deles. Augusto Rookwood já era um deles desde o sétimo ano escolar. Sonserinos, que evoluíram para Comensais.

– Minha família não me aceita mais. Nada tenho a perder quanto a isso.

Tiago riu sem querer, como sempre fazia quando Sirius contava as crônicas sobre a família Black. Sirius continuou falando.

– Mas é verdade, eles me odeiam agora. Ou melhor, eles me odeiam mais ainda. Se eu voltasse a falar com eles, minha mãe me cortaria em pedaços. Se duvidar, ela é pior que Você-Sabe-Quem.

– Eu acho que você exagera. Ela não pode ser tão má assim. – Tiago não conseguia esconder o riso no rosto. – Ela é sua mãe, poxa. Amor de mãe é incondicional.

– Esses ditados populares, essas frases bonitas, esses pensamentos filosóficos que as pessoas costumam dizer sobre o amor, não funcionam quando o assunto é minha família, Pontas. – Sirius falava extremamente sério. – Desde que vim morar com você há três anos, eles não sentiram minha falta nem uma vez. Só vieram aquele dia me perguntar se eu tinha certeza do que estava fazendo, e depois nunca mais quiseram saber de mim.

– Mas e aquela carta que você mandou a eles no mês passado? Fiquei sabendo que seu pai respondeu.

– É, ele respondeu sim. Estou com ela guardada até agora.

Sirius levantou e abriu uma gaveta do criado mudo. De dentro dela tirou um pergaminho enrolado. Tiago começou a ler.

"Sirius,

Há muito queremos lhe dizer o quão ingrato e cruel você tem sido. Abandonou-nos no momento em que mais contávamos com o seu apoio. Todos nós já sabemos que está na Ordem, conspirando contra o próprio sangue, manipulado pelo porqueiro amante de trouxas, Alvo Dumbledore. Traiu a todos os Black, filho, e isso é imperdoável. Entretanto, fico aliviado ao saber que esse seu gênio maldoso não atingiu meu precioso Régulo, que aliás, está se saindo muito bem ao lado de sua prima na luta por nossa causa. Não ouse voltar atrás, Sirius. Ensinei-te a ser homem de uma só palavra, e não o queremos mais na Mui Nobre e Antiga família dos Black. Você não merece esta honra.

A propósito, sua avó morreu".

– Eu sinto muito. – disse Tiago, sem muito saber pelo que sentia. – Mas você está conosco, Almofadinhas. O Aluado também perdeu a família, embora de outro modo. O que importa agora é que estamos juntos nessa.

– Obrigado. – as lágrimas de Sirius secaram e formou-se um sorriso e seus lábios.

– Agora você terá um afilhado, lembra? Dentro de um mês! – Tiago olhou para a porta entreaberta, e notou Lily passando pelo corredor com uma enorme barriga.

– Mal posso esperar para levar o Harry para andar de moto comigo, levá-lo a shows de rock, pra comer cachorro-quente e churrascada, ir ao cinema...

– Eu não entendo muito dessas coisas do mundo trouxa, – interrompeu Tiago. – mas se ele estiver com você, eu ficarei tranqüilo.

Os dois amigos riram juntos. Depois do casamento de Tiago Potter e Lílian Evans, as coisas pareciam que iam melhorar, uma vez que vários Comensais foram sendo capturados ao longo do tempo. Mais ou menos duas semanas depois da festa, novos assassinatos começaram a acontecer. Desta vez, especialmente para com membros da Ordem da Fênix, como forma de desafio. Pedro Pettigrew não comparecia na maioria das reuniões, e freqüentemente causava problemas. Alastor Moody havia lhe dado uma bronca, ameaçando expulsá-lo do grupo, caso ele não começasse a levar a sério. 

– Eu já disse que passei a noite na casa da minha tia! – disse Rabicho, chegando até a sede da Ordem, onde Dumbledore, Sirius Black e Frank Longbottom esperavam por ele, com alguma fúria no olhar. – Tenho 19 anos, sei me cuidar!

– Não duvidamos disso, Sr. Pettigrew. – prosseguiu Longbottom, calmamente. – Apenas quero que o senhor saiba que não é prudente andar sozinho pelas ruas à noite, quando há Comensais da Morte caçando essencialmente membros da Ordem por aí.

Pedro cruzou os braços, irritado. Desde que as aulas em Hogwarts chegaram ao fim, ele parecia se sentir pressionado e até mesmo forçado a participar de tudo aquilo.

– Vem, Rabicho. – Sirius fez um sinal com as mãos. – Precisamos conversar.

Os dois amigos foram para fora, onde havia um imenso jardim. Pedro vestia uma jaqueta pesada e escura, mesmo aquele fim de tarde estando quente. Seus olhos miúdos demonstravam cansaço e desânimo.

– Qual é o seu objetivo conosco, afinal? – perguntou Sirius, temendo a possibilidade de Pedro se ofender.

– Eu não sabia que seria desta forma, Almofadinhas. Nós estamos se ferrando cada vez mais. A cada semana algum conhecido morre, e eu não sei quanto tempo vou agüentar.

– O que quer dizer?

– Estou dizendo que a Ordem da Fênix está fraca! Tão fraca que a qualquer momento seremos todos mortos pelo Lord das Tre... digo, Lord Voldemort.

– Está pensando em nos deixar, Rabicho? – os olhos azuis acinzentados de Sirius Black se arregalaram.

– Não irei deixar ninguém, Almofadinhas. Só estou preocupado. – Pedro encarou o infinito, em seguida mexeu no braço esquerdo, como se estivesse sentindo dor. – Muito preocupado.

– Então você está com medo.

– Não estou com medo! – Pedro cerrou os olhos de rato.

– Sabe, Rabicho, você é um dos meus melhores amigos. Aluado, Pontas e eu o consideramos um irmão. Você sabe que pode contar conosco para o que precisar.

Pedro Pettigrew fechou os olhos e suspirou lentamente. Olhou para o céu, onde as nuvens começavam a escurecer.

– Vocês nunca me consideraram um irmão. Sempre fui um servo, nada mais. E parece que é esse o meu destino, independente de onde eu estiver.


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