A entrada na Mansão Black fez Alice ficar assustada. Os quadros sombrios ao seu redor e a parede em tom escuro a fez sentir-se até clara demais. Ouviu a voz de uma menina preencher seus ouvidos:

- Papai! - a garota exclamou, agarrando-se a seu pai. - Quem é essa garota?

- É sua nova irmã. - ele lhe respondeu.

O queixo da menina ruiva caiu.

- Então eu não sou mais a queridinha do papai? - ela perguntou emburrada.

- Você sempre vai ser a queridinha do papai. - Harry passou as mãos pelo cabelo da filha e Alice achou aquele momento fofo.

- Alvo está na casa de um amigo da Sonserina.

- Qual o seu nome? - Alice perguntou curiosa.

- Lílian. Lílian Luna.

- Alice. Alice Goyle, mas se me chamar pelo sobrenome eu te mato.

Lílian estremeceu até perceber que era brincadeira. Alice deu-lhe um sorriso simpático e estendeu a mão esquerda, pela qual Lílian apertou.

- Você parece uma menina de rua. - a ruiva comentou. - Seu cabelo está todo ensebado.

- Eu era uma menina de rua. - revelou Alice. - Seu pai me viu no Beco Diagonal e resolveu me adotar.

- Isso é meio estranho para mim... - a ruiva confessou. - Mas seja bem vinda. Tiago está lá em cima preparando uma bomba de bosta com o Lisandro. Ultimamente eles andam muito juntos.

- Pare com essa malícia, filha. - repreendeu Harry. - Mesmo se Tiago for gay, irei apoiá-lo totalmente.

- Eu também. Mas esse Lisandro é muito louco, ele merecia um garoto melhor. Mamãe foi comprar alguns remédios na farmácia.

Alice achou graça no comentário da menina a sua frente.

- Bem, Alice, vá tomar um banho.

Alice até se esquecera que estava fedendo.

- Já estou indo.

Ela foi tomar um belo banho pela primeira vez em muito tempo. Sentiu a água percorrendo seu corpo enquanto se ensaboava. Mal acreditava em sua sorte de ser acolhida por uma família como aquela. Em Setembro começaria Hogwarts. Imaginou como seria quando sua irmã fosse para o colégio. Obviamente, se odiariam como sempre fizeram.

Alice ficou duas horas no banho e Harry pareceu não se importar. Quando ela saiu, com os cabelos já não tão ensebados e uma roupa limpa, Gina já tinha voltado da farmácia.

- Oi, Alice. - Gina sorriu para a garota. - Harry me contou sobre você.

- Oi, senhora Potter.

- Vamos comer, todos já estão na mesa.

Alice seguiu a ruiva até a cozinha, aonde estava toda a família menos o tal Alvo, a menina reparou.

- Quando Alvo vai voltar? - perguntou Tiago enfiando uma colher de arroz na boca. Já tinha quase terminado.

- Ele não deu horário. - respondeu Lisandro, com seus cabelos louros e olhos azuis sonhadores. Alice o achou bonito.

- Ele sempre se atrasa para o almoço. - reclamou o filho mais velho de Harry, com seu cabelo negro despenteado e olhos castanhos.

- Ele vem alguma hora.

Mal acabou de dizer isso, houve uma explosão na lareira. E, de repente, um garoto apareceu nela. Todos se viraram para o local e Alice sentiu seu queixo cair. Lá estava Alvo Potter, com seu cabelo tão negro quanto o do irmão e seus olhos esmeraldas que lembravam seu pai. O garoto parecia ser mais velho, talvez tivesse treze ou quatorze anos. Era o menino mais bonito que Alice já viu.

- Oi. Quem é a nova menina? - perguntou o menino com interesse.

- É Alice, sua nova irmã.

O garoto sorriu para Alice, que corou na mesma hora. Ela desviou os olhos dele e Alvo achou o ato engraçadinho.

- Depois vocês vão ter que explicar essa história direitinho.

Alvo saiu da lareira e sentou-se junto a sua familia. Alice estava perdida naqueles olhos esmeraldas. Ela estremeceu. Se apaixonar por seu novo irmão não era uma boa maneira de se integrar a família.

- Você está em qual casa? - Alice reuniu a coragem para perguntar enquanto colocava a colher no prato.

- Sonserina. O primeiro Potter e Weasley a ir para lá.

Alice não gostou da resposta. Nunca gostou da Sonserina.

- Você não tem nenhum preconceito com nascidos trouxas, né?

- É claro que não. - ele lhe assegurou. - Agora a Sonserina não é só para puro sangues. Mas é melhor você não ir para lá, alguns fazem a vida dos nascidos trouxas um inferno.

- Sou uma Goyle.

O garoto pareceu surpreso.

- Então por que está na família Potter? - ele indagou curioso.

- Fugi de casa há dois meses. - explicou a garota. - Detesto minha família, por assim dizer.

- Que ruim. - lamentou o garoto. - Espero que se adeque aqui. Seja bem vinda.

Ele lhe deu outro sorriso que fez ela derreter. Ela tentou afastar aqueles pensamentos enquanto comia.