Alice Goyle virou-se para a casa pela qual se despediu.

Sua família nunca gostou dela. Uma família nobre sangue-puro, e só se preocupavam com isso. A pureza de sangue. Alice se enojava só de saber o que pensavam e faziam com nascidos trouxas e os, segundo eles, traidores de sangue.

Ela sempre foi diferente. Sua irmã mais nova, Geralda, que era a queridinha da família, fazia de tudo para depreciá-la. Ela nunca foi uma filha exemplar. Nunca deixou de ter amigos nascidos trouxas e nunca apreciou a Sonserina. Pelo contrário, queria ir para a Lufa-Lufa, aonde poderia ser a menina leal, honesta e que trabalhava duro para ter o que queria sem grandes expectativas. Pois era assim que ela era. E era assim que se sentia.

Os motivos que tivera para fugir de casa eram o suficiente para o que quisesse. Tinha apenas onze anos quando se decidiu por isso. Ela nunca esperava que o homem mais famoso de todos os tempos a encontrasse na porta de uma loja no Beco Diagonal.

Ela estava suja. Apenas com a roupa do corpo. Fedendo. Esperava que o vendedor abrisse a porta quando um homem de olhos esmeraldas e cabelo negro e rebelde chegou ao local. Penteou os fios do cabelo com as mãos.

- O que está fazendo aqui sozinha? – perguntou curioso e penalizado. – Não sabe onde estão seus pais?

- Eu fugi de casa.

- E por quê exatamente você fez isso?

Harry havia pensado em fazer aquilo tantas vezes enquanto estava com os Dursley... Tantas tentativas frustradas, para falar a verdade.

- Minha família nunca gostou de mim... – a menina começou e pareceu temer suas próximas palavras. – E, para falar a verdade, eu nunca gostei deles.

O rapaz apenas assentiu, e ela continuou.

- Só se preocupavam com o puro sangue e com a minha irmã desprezível que me odiava.

Harry associou suas palavras às de Sirius. E, de repente, em um golpe de generosidade, disse à garota:

- Quer morar comigo?

A cabeça da garota virou. Um homem estranho, apesar de conhecê-lo e saber que era extremamente famoso, a convidando para morar com ele?

- Eu não quero dar problemas ao senhor...

- Você já foi para Hogwarts? – Harry a interrompeu. – Meus dois filhos já foram. Minha filha mais nova vai esse ano.

- Não, senhor. – ela respondeu. – Eu iria esse ano. Recebi minha carta, mas não tive dinheiro para pagar o material.

- Pois eu pago. Sou rico, não será um incômodo. – Harry sorriu docemente para a garota. Ela tinha o cabelo negro e olhos de mesma cor. Estavam sebosos, de um jeito que lhe lembrou de Severo Snape.

- Se é assim... – a menina parou um instante. – Eu acho que aceito, mas... Por que tanta generosidade comigo?

- Conheci um homem que passou pelo mesmo que você. – explicou o moreno. – Sirius Black. Ele fugiu para a casa de meu pai porque sua família só se importava com os conceitos de puro sangue e ele foi da Grifinória, não da Sonserina como eles queriam. Teve um fim trágico. Com você, garanto, não acontecerá o mesmo.

As palavras de Harry convenceram a garota.

- Então vamos. – Harry estendeu as mãos à garota, que se levantou com dificuldade. Eles entraram na loja, que era de esportes, principalmente o Quadribol. Todos de lá pararam para olhá-los.

- Todos estão virados para a gente. – ela reparou. – Eu não gosto disso.

- Nem eu. – ele confessou. – Mas tem de se acostumar.

Eles andaram até aonde estava a vendedora mais próxima.

- Quero uma Firebolt VII. – ele pediu. – Para meu filho mais velho.

- É para já.

Alice decidiu que gostou do homem. Sabia que ele era Harry Potter, que conseguiu deter o abominável Voldemort. Ela não temia seu nome. Sua família o chamava de Lorde das Trevas. O idolatravam. Ela reconheceu Harry imediatamente.

- Aqui está.

Harry pegou a vassoura embrulhada e levou Alice para a Mansão Black, aonde ela conheceria sua nova família.