Um Amor para Yue escrita por La-Fenix


Capítulo 4
Explicações


Notas iniciais do capítulo

Bom esse capítulo ficou um pouco maior para compensar o atraso.



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Meu corpo estava agitado, eu não havia pregado os olhos a noite, e o sol já inundava o quarto com luz. Ficar três dias inconscientes devia ser parte do problema, mas o fato de ter que contar minha história ao Yue me deixava nervosa.

Cansada de pensar decidi por meu corpo em movimento. Levantei-me da cama do Yue, e coloquei minha mão no bracelete que estava no meu braço direito.

Lentamente a pedra incrustada no metal começou a emitir uma luz esbranquiçada que envolveu todo o meu corpo. Era esse o jeito que eu entrava no meu disfarce, e eu francamente não gostava da sensação que essa transformação me trazia, meu corpo todo formigava.

Ao terminar minha transformação, saí do quarto e dei de cara com a sala de estar onde se encontrava Yue deitado no sofá. Aproximei-me lentamente do seu corpo inerte e tirei seus longos cabelos, cor de areia de seu rosto adormecido.

Como ele parecia dormir profundamente decidi não incomodá-lo, e fui para a cozinha. Apesar de eu não precisar, mas poder, comer, já que um dos meus símbolos regentes é o sol. Eu queria simplesmente explorar o lugar, já que o Yue criara um escudo que me impedia de sair.

O lugar não era tão ruim quanto eu pensava, tinha tudo que teria em uma cozinha normal. Um fogão, meio velho e um pouco empoeirado, uma geladeira, todo um conjunto de armários nas paredes e uma pequena mesa de madeira perto da janela com duas cadeiras.

Curiosa, abri a geladeira e a única coisa que encontrei foram frascos com ingredientes para poções. O que estava com a etiqueta mais visível dizia ‘Penas de Fênix’, com a caligrafia antiquada do Yue.

Fechei a porta da geladeira me perguntando onde ele havia arranjado tal ingrediente. E fui até a porta da sala, só para saber o que tinha no andar debaixo.

Francamente me impressionei ao descobrir que a porta estava destrancada, esperava que o Yue me deixasse presa no andar de cima até ele acordar.

A porta abria para uma escadaria de madeira estreita, e que mais parecia um caminho para o submundo, já que não havia uma luz sequer. Apesar do apartamento se encontrar bem iluminado com o sol da manhã.

Reuni um pouco de coragem e desci as escadas. Claro que só depois de verificar se o Yue ainda estava dormindo, o que ele felizmente estava fazendo.

Surpreendi-me ao descobrir que o andar de baixo se tratava de uma livraria.

Não era nada colossal, na verdade o lugar tinha muitas estantes de madeiras diferentes, e um cheiro de incenso que me fazia lembrar um templo budista.

Peguei um livro qualquer, em uma estante de madeira bem escura, e abri em uma página qualquer.

“Amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção.”

Antonie de Saint-Exupéry.

Surpreendi-me com a frase tão profunda, e tratei de ver o nome do livro na capa.

O nome ‘Frases Célebres, de Grandes Autores’ estava meio desgastado, mas era legível.


“Que interessante esse lugar deve ser um sebo.” – Olhei com mais atenção para os livros e constatei que todos eram edições antigas de grandes obras literárias, ou livros acadêmicos em edições especiais.

No meio de tantos livros antigos, encontrei encima de uma pilha de livros uma pequena pintura de uma bela sacerdotisa segurando uma lanterna de papel no meio de estrelas.


–O dono acabou de adquirir de um colecionador local. Estava perdido num baú cheio de documentos antigos. –Disse Yue, ao pé da escada, com uma camisa preta, uma calça jeans e um par de botas de caminhada.

Ele não me olhava como se eu estivesse fazendo algo de errado, ele não tinha essa expressão. Ele estava mais relaxado e algo como um sorriso se formava em seu rosto.

Isso não quer dizer, que eu não devia ser algo engraçado no meu disfarce.

Eu usava uma regata branca, com uma calça de lona verde escuro e um par de sandálias vermelhas. Meu cabelo de vermelho escuro estava castanho intermediário e meus olhos continuavam verdes.

Mas a principal causa daquela expressão se devia ao fato de eu estar com uma expressão de total interesse na pintura. Eu ficava com uma cara muito abobada, segundo Clow.

E não era pra menos, eu gostava de arte, tinha um estúdio de pintura no centro da cidade até.

–Bom dia, dorminhoco! Achei que fosse hibernar. –Eu estava estranhamente feliz que ele tivesse acordado, não era todo dia que eu podia conversar com alguém.

Ele me encarou como se dissesse “Não achei graça. É melhor você subir logo.”, a sua expressão havia mudado completamente, agora ele estava completamente sem expressão.

Abaixei a cabeça, e deixando a pintura no topo da pilha passei por Yue e me dirigi ao andar de cima. Mais precisamente falando para a cozinha.





–Primeiro quem é você?-Perguntou Yue com a maior naturalidade do mundo.

Ajeitei-me na cadeira um pouco nervosa e lhe respondi:

–Sou uma criação de Clow, como você e o Kerberos.

Ele pareceu tentar assimilar a informação, mas sem se contentar logo sacou outra pergunta.

–Porque Clow te criaria?

–Porque eu sou a guardiã das cartas.

Yue me olhou surpreso e logo questionou.

–Impossível eu e Kerberos é que somos os guardiões das cartas.

–Talvez eu não tenha me expressado direito... Eu fui criada pelo poder mágico de Clow e desperta pelo poder mágico de Sakura.

Yue estava no mínimo pasmo com a minha afirmação, sua face normalmente séria estava abalada.

–Porque Clow faria isso se eu e o Kerberos podemos proteger a Sakura?

–Neste mundo como você já sabe existem muitos magos, e feiticeiras. Nos últimos tempos surgiu um mago equitativo a Clow, seu nome era Nelke.

–Esse nome não me é estranho...

Dei um longo suspiro antes de continuar:

–Ele foi assistente de Clow quando ele ainda estava criando as cartas. Segundo Clow Nelke tinha grandes poderes mágicos, se quisesse poderia até duelar com Clow.

–E o quê aconteceu?- Yue parecia totalmente absorto na história, seus cinza olhos brilhavam, e ele havia relaxado na postura de modo que agora eu podia conversar com ele na mesma altura.

–Nelke realmente desafiou Clow. Mas diante da recusa do mesmo, Nelke tentou destruir as cartas que os dois haviam criado. –Fiz uma pausa para garantir o suspense e continuei. – Como Clow não queria matar seu assistente, ele simplesmente retirou parte de seu poder mágico.

Yue, já recomposto completou:

–E foi por isso que Clow criou os guardiões. Para proteger as cartas de pessoas que queiram fazer o mal. – Yue se endireitou na cadeira mantendo sua postura altiva. –Agora eu ainda não entendi o porquê de você ter sido criada.

Revirei os olhos, e respondi:

–Após Nelke perder os poderes ele conseguiu alguns seguidores do qual ele se utiliza para criar aqueles monstros que você viu. Sabendo disso Clow me criou um pouco antes de morrer, para quando Nelke decidir atacá-los eu ajudar a proteger Sakura e as cartas.


Um momento de silêncio se instalou sobre nós, quase como se uma nuvem descesse a cozinha naquele instante.

Então como um forte trovão no meio da tempestade, alguém subiu as escadas da livraria ruidosamente e mais ruidosamente bateu a porta da sala.

–Yue-san! Você está bem, a livraria está fechada. –gritou uma voz feminina bem jovial. –Posso entrar?

Automaticamente Yue se levantou e foi abrir a porta que estava destrancada. Provavelmente ele não havia dito para ela entrar, pelo seu estado um tanto perturbado pela nova informação.

–Bom dia Sayu-san, me desculpe o atraso é que eu tinha uns assuntos a resolver com a minha convidada. –Disse Yue abrindo a porta para uma mulher que aparentava ter vinte anos, com cabelos compridos cor de mel e olhos azuis.

–Ah, essa é sua namorada? –Perguntou Sayu apontando o dedo pra mim. Aquela menina estava me irritando.

Yue deu um longo suspiro, provavelmente para ter paciência com aquela mulher irritante, e não tardou a responder:

–Não ela é só uma colega de ensino médio. –Respondeu Yue, já sem paciência, depois se virando para me perguntar. - Se me permite tenho que abrir a loja, quer vir comigo?

Simplesmente assenti, não estava com vontade de ficar naquela cozinha até ele terminar o expediente.

–Ótimo, vou indo Yue-san! –Mas antes que Sayu descesse as escadas ela completou. –Meu pai estava preocupado com você Yue, disse que você estava muito sozinho. Ele ficará feliz em saber que você tem uma companhia tão linda!


Continua...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!



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