POV Nico

 Ela não podia partir. Não podia.

 Fiquei acariciando o rosto dela, um rosto lindo. Estava triste e feliz ao mesmo tempo. Feliz por que eu tivera a coragem de dizer a garota da minha vida que eu a amo, e ao mesmo tempo ela dissera o mesmo. E triste por que não pude aproveitar esse momento.

 Eu devia estar ficando louco. Eu estava encostado na parede, sentado chorando, com a Taylor deitada em meu colo desmaiada. Eu estava murmurando para eu mesmo ser parar varias vezes: Ela não vai partir, ela não vai partir...

 Senti uma luz forte aparecer no meio da sala. Fechei os olhos. Quando olhei o titã do sol estava bem na minha frente.

 Uma raiva percorreu pelo meu corpo, mas não uma raiva simples, não à raiva que me fez derrotar todos aqueles monstros sozinho, uma raiva que eu nunca senti antes, uma raiva digna de Hades.

 Coloquei Taylor no chão e me levantei. Peguei minha espada.

-Parece que o filho de Hades esta com raivinha – o titã disse me provocando.

 A raiva parecia aumentar. Eu acho que não consigo agüentar tanta raiva.

-Vamos acabar com isso. – eu disse.

-A garota vai morrer; você sabe disso.

-Pare! – eu gritei – Ela não vai morrer!

Ele sorriu. Ele sabia meu defeito, meu defeito era Taylor.

-Você acha mesmo que ela te ama? Quer dizer, amou?

Fiquei quieto e ele riu.

-Ninguém se apaixona por um filho de Hades. Você sabe disso. E ainda tem aquele Pedro... – o Titã disse.

Eu olhava para o chão, a voz dele parecia vir de minha mente, como se fosse minha consciência. Eu não sabia se ela me amava ou não. Pedro não tinha voltado da missão... E se ela o ama?

 Se ela não te amasse não teria dito aquelas três palavras lindas. Ouvi a voz de Afrodite falar em minha mente.

Ela estava certa. Taylor disse que me ama, ela disse a verdade.

Com um movimento rápido ataquei o Titã. Começamos a lutar. A cada vez que nossas espadas se tocavam faíscas saiam das espadas. Ódio, raiva, rancor saiam de dentro de mim e iam para aquela espada.

 Eu usava toda a minha força, já o Titã parecia estar se divertindo.

-Você acha mesmo que pode me derrotar? – ele disse me golpeando no braço.

Continuamos a lutar. Nenhum sinal de meus amigos e as deusas para me ajudar.

Olhei para Taylor, ela ainda sangrava muito. O Titã aproveitou a situação e me golpeou. Foi um golpe forte que me fez voar e bater contra uma parede e bater a cabeça bem forte. Minha visão ficou turva e eu me senti tonto.

 Percebi que o Titã foi até a Taylor, que ainda estava desmaiada.

-Fique longe dela! – eu gritei.

O titã riu. E me levantei. Eu tremia muito, sentia como se tivesse uma fumaça preta ao meu redor. Eu já tinha visto aquilo uma vez, quando meu pai ficou muito bravo por um motivo que eu não me lembro. Eu me estava do mesmo jeito que Hades.

 O chão começou a tremer muito. Pedaços de pedra e pó caiam do teto da caverna. Um grande buraco se abriu em volta do titã e ele foi engolido. Eu tinha certeza que tinha acabado de mandar o Titã do Sol de volta para o tártaro, e ele ficaria lá por um bom tempo.

 Caí no chão de tão fraco que eu estava.

POV Jess

 Logo depois de salvar as deusas saímos correndo de volta a sala onde Nico e Taylor estava. Nunca pensei que iria ver duas deusas correndo preocupadas, mas aquele era um momento em que coisas que eu nunca imaginei acontecerem estava acontecendo, então para mim eu não esta tão surpresa pelo fato delas estarem correndo.

 No caminho a caverna começou a balançar e as pedras começaram a cair do teto junto com fumaças. Um tempo depois a caverna parou de tremer e nós voltamos a correr.

 Quando chegamos à sala vimos Nico e Taylor no chão. Taylor estava desmaiada e Nico estava acordado, mas fraco. Fui em direção a Nico enquanto Percy e Annie iam ver Taylor.

-O que aconteceu? – eu perguntei para Nico.

-O Titã reapareceu. Nós começamos a lutar, mas ele tentou tocar na Taylor, então eu o mandei para o Tártaro.

-Você pode fazer isso?

-Descobri agora.

-E a Taylor?

Ele ficou pálido.

-Nós conversamos e ela não agüentou. - ele disse. Eu comecei a chorar – Mas ela ainda não morreu, só não conseguiu ficar acordada.

Eu ainda chorava e muito.

Ajudei Nico a se levantar e fomos até as deusas.

-Apesar de coisas horríveis terem acontecido – Demeter disse – Estamos orgulhosos de vocês semi-deuses.

-Cada um de vocês terá direito a um desejo simples, como recompensa. – Ártemis disse.

Todos ficaram em silencio. E do nada Nico começou a chorar.

-O que houve? – Annie disse.

Ele não respondeu, ele apenas olhava para Taylor. Eu entendi isso como um aviso, ela tinha partido. Eu comecei a chorar. Connor me abraçou.

-Se juntarmos todos esses pedidos – Percy começou. – Podemos ter um pedido grande?

-Depende do pedido. – Ártemis disse.

-Trazer alguém de volta a vida?

As deusas pensaram um pouco. Meus amigos estavam recusando um pedido que eles tinham direito para salvarem Taylor.

Um trovão ecoou pela caverna.

-Zeus aprovou – Demeter disse – Se quiserem, podemos trazer sua amiga de volta à vida. Mas não terão direito a outro desejo.

 Todos confirmaram. Uma esperança surgiu dentro de mim.

 As deusas juntaram as mãos e uma luz surgiu delas indo em direção a Taylor. O ferimento se fechou e a sua pele ficou da cor de antes.

 Lentamente ela abriu os olhos, confusa. Uma onde de felicidade me invadiu. Eu não tinha perdido minha melhor amiga! Taylor colocou a mão da cabeça e depois no ombro, percebeu que ele estava bem e tentou se levantar.

-Eu morri? – ela disse.

Tentei ir até ela, mas Nico foi mais rápido. Ele correu até ela e a abraçou. Depois ele a ajudou a se levantar.

-Você não morreu! – eu disse.

-Eu nunca te deixaria. – ela disse me abraçando.

Taylor abraçou a todos.

-Como você se sente? – eu perguntei.

-Melhor...

-Bom... –Demeter disse – Precisamos ir ao Olímpo, tem algumas pessoas que querem falar com vocês.

Uma luz invadiu a sala e no outro minuto estávamos em uma sala com todos os deuses sentados em seus tronos.

 Eu estava um pouco nervosa. Olhava para todos os deuses, um de cada vez, procurando minha mãe. Eu nunca falei com ela, nunca sonhei com ela, nunca a imaginei.

 Parei em uma deusa no canto da sala. Ela vestia um vestido marrom e na sua frente tinha uma fogueira. Ela aparentava ter 17 anos. Por mais estranho que seja eu sabia que ela era minha mãe. Ela sorriu para mim. Deixei todos e fui até a fogueira.

Sentei no seu lado, em frente à fogueira. Eu me sentia bem assim. Coloquei a mão perto da chama e logo o fogo ficou mais forte.

-Oi mãe – eu disse.

-Oi filha. – ela disse e passou a mão quente e macia em meu rosto.

 Eu deveria ficar brava com ela, ela nunca falou comigo, ao contrario de Nyx. Nunca esteve comigo, mas eu não conseguia, ela era minha mãe e eu estava muito feliz por estar ao seu lado.

-Você fez um ótimo trabalho nessa missão. Principalmente com as selas.

-Você viu?

-Claro, acompanho sua vida desde que você era um bebê.

-Obrigada.

-Essa não é a minha verdadeira forma – ela disse –é que eu gosto de ficar assim.

-É estranho. – admiti.

Ela riu.

-Quando tivermos algumas conversas serias eu vou aparecer com minha cara de mãe, quando formos conversar sobre assuntos bobos, tipo garotos – eu corei – vou aparecer com 17 anos.

-Isso é bom. – eu disse corando.

-Você gosta do filho de Hermes?

-Sim.

Ela sorriu.

-Tome cuidado, depois conversamos sobre isso. Você precisa ir até seus amigos, lembre-se: você é o fogo.

-Obrigada mãe. – eu disse e a abracei.

 Voltei até a sala com os tronos.

 Os deuses estavam falando coisas do tipo “Obrigada por salvarem as deusas” “Vocês foram ótimos” e mais coisas bobas. Não recebemos nada em troca, já tínhamos ganhado o pedido de Ártemis e Demeter. Mas eu não precisava de mais nada, eu já tinha minha melhor amiga ao meu lado.

 Eu sorri e olhei para Taylor, minha pequena, apesar de ser mais velha, eu sou muito mais madura. Minha melhor amiga tímida, indefesa, calma e que quase tinha partido, ela é madura, capaz de resolver seus próprios problemas sozinha, eu tinha que me conformar com isso. E agora ela tinha se apaixonado. Ela não poderia se machucar, não mais do que já foi; apenas ser feliz.

 Ela sorriu de volta e apertou minha mão. Eu estava muito feliz.

 POV Taylor

Tudo estava bem como antes. Eu estava viva graças aos meus amigos. Não vou ficar contando como é morrer, prefiro não comentar e esquecer que eu dia eu já morri. O que importa é que eu estou ao lado de meus amigos.

 Ao sair do Olímpo alguém me impediu. Pensei que fosse Nico, mas era apenas a deusa Ártemis.

-Ola garota – ela disse.

-Lady Ártemis – eu me curvei.

-Você foi ótima na missão. Fez um trabalho incrível.

-Eu morri.

-Eu sei, mas mesmo assim foi incrível e agora esta viva.

-Obrigada.

-Eu conversei com uma de minhas caçadoras e elas me disseram que haviam feito um convite para você entrar na caçada.

-Sim.

-E o que você acha?

Pensei em tudo o que eu havia passado. Todos os desafios, tristezas, sofrimento. Se eu fosse imortal eu não teria mais nenhum desses problemas. Caçar monstros junto de um bando de garotas. Seria incrível. Mas uma coisa me impediu.

 De longe alguém me observava. Nico. Ele devia estar querendo saber minha resposta. Era obvio que eu não iria deixá-lo. Se não a historia não teria graça. Ter uma nova chance de viver foi uma oportunidade de eu ser feliz ao lado de quem eu amo.

-Sinto muito Lady Ártemis. Mas eu recuso.

-É por causa do filho de Hades?

-Estou apaixonada.

Ela suspirou.

-Tudo bem então. Mas se você se machucar sempre terá um espaço para você na caçada.

-Obrigada.

Ela sumiu em uma fumaça. Olhei para o Nico, ele sorria. Ele começou a ir até uma sombra pulando até que sumiu. Depois eu falava com ele.

 Bom, tudo deu certo no final. A profecia se realizou de uma forma que ninguém podia imaginar. A filha da noite para oeste ira. Essa filha era eu, filha de Nyx, e eu fui para Dakota do Sul, no oeste. E mais cinco a acompanhara. Esses cincos era Annabeth, Percy, Nico, Jess e Connor, que foram junto comigo. Para as deusas perdidas encontrar. As deusas eram Demeter e Ártemis. No caminho alguém se perdera. Connor acabou se perdendo de nós. E a luta final acontecera. Nico lutou com o Titã do Sol, foi uma luta final, até o Titã perder. Mas para salvar o amor ela se sacrificara, eu acabei me jogando na frente de Nico para salva-lo. E isso só comprovava mais ainda que eu o amo. Agora tinha que ter coragem para dizer, de novo, o que eu sinto.

 Annie me avisou que iria ter uma festa no acampamento em comemoração a nossa volta com sucesso. E eu estava muito ansiosa. Muito mesmo. Pretendia dizer certas coisas naquela noite.