Capítulo 38 – Narrado por: Damon Salvatore e Stefan Salvatore (a sandwich)

Parte 1 – Damon Salvatore

-Como assim, confundiram-nos com emigrantes? – perguntei, segurando Elena pelos ombros. Ela estava tão magoada com a morte de Elijah que só chorava, mas tinha um olhar tão firme que metia medo.

-Pedimos desculpa, foi um engano – disse um funcionário do porto, num sotaque muito destacado.

-Desculpa? Vocês mataram um lorde! Um lorde! – gritou ela, atraindo a atenção de todos os presentes.

-Elena, querida…

-Como é que podem pedir desculpa? Não sabem que as desculpas não se pedem, evitam-se? Vocês acabaram de assassinar um homem da alta sociedade a sangue frio!

Ela não parava.

-Minha senhora, já pedimos desculpa.

-Quero falar com o culpado – disse ela, determinada e os homens riram-se dela.

Ela grunhiu e deu um estalo que fez eco na cara do que nos estava a pedir desculpas, e que se estava a rir mais.

Todos pararam imediatamente, e o silêncio imperou.

-Miss Pierce – chamei-a, mas ela não me ligou.

-O culpado. Agora! – gritou ela a última palavra e alguém começou a pedir para se afastarem.

-O culpado sou eu. O que vai fazer, menina Pierce? Processar-me? Matar-me? Humilhar-me?

Houve mais risos e Elena avançou para ele, mas eu impedia.

-Elena, não é assim que as coisas se resolvem.

-Eles mataram Elijah! – ripostou ela.

-Então devemos avisar a família dele – disse num tom brando. Elena estava tão fora de si, que eu não sabia o que fazer.

Ela respirou fundo e procurou acalmar-se. Virou-se para o culpado.

-Não, senhor, não vou humilhá-lo nem matá-lo. Vou processá-lo por ter assassinado um lord.

Virou-lhes as costas e parou na margem do rio. Resolvi segui-la e fiquei parado atrás dela. Estava a soluçar sem parar e todo o seu corpo tremia. Instintivamente, abracei-a por trás.

-Por favor, Elena, diz-me o que posso fazer.

-Nada, não há nada que possas fazer – disse ela, tentando controlar os soluços.

Beijei-lhe o topo da cabeça e fiquei a ver o sol a pôr-se no horizonte.

-Foi um acidente – tentei justificar.

-Um acidente que nunca devia ter acontecido – contrapôs ela e esticou o pescoço para o lado para me ver. – Eu não queria que nada disto acontecesse. Estúpido banco de areia!

Beijei-lhe a face e deixei lá os meus lábios. Sentia o sal das suas lágrimas e a sua pele tão sedosa.

-Damon… - suspirou ela. – Não é adequado aqui.

Ela trouxe-me à realidade e olhei em redor. Havia uma multidão de pessoas a algumas centenas de metros de nós, e realmente não era o melhor lugar para demonstrar o meu carinho por ela.

-Claro – disse e afastei-me dela, mas mantive o abraço. – Vamos arranjar uma pousada e amanhã partimos para Mystic Falls, sim?

Elena acenou com a cabeça e desfez-se habilmente do meu abraço.

-Primeiro tenho que enviar uma carta a Katherine. E a Master Gillies… ele vai ficar devastado.

-Queres que eu escreva para Master Gillies?

-Farias isso por mim? – indagou ela e os olhos dela brilharam.

-Elena, por ti faria tudo – admiti e peguei-lhe na mão. – Vamos. Temos muito que tratar.

Parte 2 – Stefan Salvatore

Katherine sentou-se no sofá a chorar. Desci as escadas mais rápido e sentei-me ao lado dela.

-Katherine! O que foi?

Ela deu-me a carta e eu li-a atentamente. Não, não era possível. Elijah Gillies estava morto. Pousou a cabeça no meu ombro e eu abracei-a.

-Que tragédia – murmurei e ela soluçou.

-Não foi justo! – disse ela e começou a soluçar.

-Pronto, Kathy, pronto… vai-se tudo resolver.

-Será que Lord Gillies já recebeu a carta? – indagou ela alarmada e desfazendo o abraço, olhando-me com os olhos arregalados.

-Katherine, primeiro de tudo precisas de te acalmar…

-Não! – ripostou ela e levantou-se de repente. – Não! Eu tenho que o avisar que… Elijah está morto. Quero dizer, eu sou a irmã de Elena e…

Calei-a com um beijo e sorri.

-Melhor?

Ela acenou e sorriu, fazendo covinhas no seu rosto.

-Não imaginas o quanto gosto das tuas covinhas quando sorris – disse e passei os meus dedos por uma das suas bochechas.

-E tu nem imaginas o quanto eu te amo.

Selou os nossos lábios e colocou as suas mãos na minha nuca. Sem pensar, apertei-a contra mim e aprofundei o beijo.

A porta de casa abriu-se e separámo-nos, ambos ofegantes. O meu pai tinha acabado de entrar, com o rosto abatido.

-Olá, meu filho. Olá, Miss Katherine – disse ele. – Já souberam da terrível tragédia que aconteceu com a família Gillies?

Acenei com a cabeça e Katherine apertou-me o braço com força, como que precisando de equilíbrio.

-Sim, Elena enviou uma carta – disse.

-Oh, coitada – suspirou o meu pai. – Ela deve estar de rastos.

-Ela está – disse Katherine e olhou para mim, com os olhos a lacrimejar. – Acho que me vou retirar. É muita coisa para absorver.

-Claro que sim, Katherine. Já vou lá acima ver como estás, sim?

Beijei-lhe a testa e ela retirou-se.