Eram 2:45 da madrugada e Matt estava jogando aquele mini-game. E por causa do barulho que aquele aparelho fazia toda vez que ele marcava um ponto eu não conseguia de maneira alguma dormir. Aquilo estava me irritando profundamente. BIP, BIP, BIP... era o som que a tela brilhosa fazia. BIP, BIP, BIP, BIIIIIIP... 

— MATT, SEU FILHO DA PUTA, DÁ PRA DESLIGAR ESTA PORRA DESTE MINI-GAME E IR DORMIR?! — Eu gritei enquanto arremeçava o travesseiro na cara do gamer. 

— Vou te ignorar... — O ruivo jogou meu travesseiro no chão e continuou a jogar. 

— Desliga esse jogo!! 

— Não! — O ruivo se virou de costas e continuou jogando. 

— Você é um completo idiota!

— Ignorando... — ele disse com uma voz de sarcásmo.

— ARGH! Você esta ficando idiota igual ao Near. Aquele outro retardado branquelo do caralho. 

— Quer saber, Mello? Eu não quero discutir com você. — O ruivo se levantou da cama, pegou seu travesseiro e saiu do quarto.

— Espere, aonde você vai? 

— Vou dormir no quarto do Near, porque não quero passar a noite aqui. Boa noite, Mello. — Matt fechou e a porta e a escuridão tomou conta do quarto. 

— Seu idiota! — Eu disse irritado. — Eu te ode... — Eu parei antes de terminar a frase. — Eu não posso odia-lo... — Encolhi-me na cama e meus olhos encheram-se de lágrimas. E lá estava eu, mais uma vez chorando por causa do Matt. Por causa daquele galinha maldito. 

Porque eu tinha que gostar dele? Porque ele tinha que ter brincado com os meus sentimentos se ele iria me ignorar no final?! O Matt fazia as coisas sem se preocupar com as consequências, e depois queria confundir a cabeça dos outros. 

Argh, eu me odiava por não conseguir odia-lo, mesmo ele sendo um retardado idiota de olhos verdes tão lindos. Droga! O Matt não merecia o meu sofrimento, essa é a verdade. 

O Matt não merecia que eu chorasse por ele, não valia a pena eu ficar ali, me destruindo em lágrimas enquanto aquele safado escroto estava com o Near. Essa era a verdade. 

Resolvi rasgar todas as roupas do Matt, só para ele aprender a não brincar mais com meus sentimentos. Então abri o guarda-roupas dele e peguei algumas camisetas, mas sem querer uma caixa caiu no chão e se abriu. 

— Droga. — Eu me abaixei para recolher o que havia caido. Mas na verdade havia um caderno no chão, não um caderno comúm, um tipo de diário. 

A capa era preta com uma fita vermelha. E na fita estava escrito em dourado '' Mail Jeevas '' 

Eu não hesitei em abri-lo para ver o conteúdo. As primeiras páginas falavam sobre seus games preferidos e sobre cigarros, coisas que o Matt adorava. Eu pulei algumas páginas e vi uma em que estava escrito:

'' - Diário. 

[...] Parece que a cada dia o meu interesse no Mello fica mais forte, eu me perco naqueles olhos que sempre demonstram ódio. Já está ficando difícil de me segurar, sempre que chego perto dele meu coração dispara e eu não consigo evitar de sorrir.

Ele pode até me xingar, me bater, me chamar de idiota, me maltratar, me irritar, me chamar de filho da puta... que é praticamente a mesma coisa que xingar... enfim. 

Ele pode fazer tudo isso comigo, mas eu não consigo tira-lo da minha cabeça. Eu sei que mais cedo ou mais tarde ele vai perceber que sente o mesmo por mim. 

Espero que não demore muito, afinal, eu também sou um ser humano e preciso satisfazer minhas necessidades sexuais. Mas sabe diário, como eu já disse outras vezes, sempre que estou com outros caras, eu estou pensando no Mello...

Fico pensando em como seria bom ter ele nos meus braços, como seria bom beija-lo, como seria bom dormir ao lado dele... ai, Mello... seu delicia! -q 

Tchau diário. Até a próxima. 

Mail Jeevas. '' 

Okay, então o Matt gostava de mim a bastante tempo, porque aquilo era do ano passado. E eu nunca percebi, eu sempre xinguei ele e maltratei ele... apesar que ele bem que merecia. 

Mas, se eu soubesse, talvez... 

— Argh! Aquele filho da puta! — Peguei o diário e me levantei, abri a porta e sai do quarto, corri até o quarto do Near e abri a porta violentamente. 

— Escuta aqui, Mail Jeevas! — Eu disse.

— Mello, eu não quero discutir... 

— Você pode me explicar o porque de gostar de mim a tanto tempo e não ter contado? 

— Do que você está falando?

— Disso! — Mostrei-lhe o caderno — É disso que eu estou falando! 

— Porque você leu meu diário, Mello? — Ele praticamente arrancou o caderno das minhas mãos enquanto Near assistia tudo calmamente. 

— Porque quando eu estava indo rasgar as suas roupas, esta merda caiu no chão e eu não resisti. 

— Você não tinha o direito de ler isso, Mello! 

— Este não é o caso, Matt. 

— Quer saber? Chega! Eu não quero mais que você venha dirigir a palavra á mim, Mihael Keehl. — Matt ficou de costas para mim. 

— Com quem você pensa que está falando? — O peguei pelo pulso. 

— Não encoste em mim! — Ele me empurrou. — Eu não quero mais... falar com você, Mello! — Eu vi uma lágrima escorrer na face do Matt. Aquilo trucidou a minha alma. Mesmo o Matt tendo me machucado profundamente, eu jamais tive a intenção de chatea-lo tanto ao ponto de faze-lo chorar.

— M-Matt... 

— Vai embora! — Ele virou o rosto e limpou as lágrimas.

— Mello, acho melhor você ir embora. — Disse o albino fitando o chão. 

— AH, SEU FILHO DA PUTA, EU VOU TE MATAR! — Berrei partindo para cima do branquelo — A culpa disso é sua! — Arremecei o albino na parede. 

— Mello! — vociferou Matt me empurrando. 

— Você está defendendo ele, Matt?! 

— Vai embora! — Matt derramou mais lágrimas. 

— M-Matt... e-eu... 

— Vai, MELLO! 

Eu resolvi ir embora, não aguentaria vê-lo chorando mais. E talvez se eu continuasse ali, só daria problemas...

Voltei para o quarto e fui dormir.