Eu corri pelos corredores como se eu estivesse fugindo de um monstro, cheguei na cantina com minha respiração ofegante e me sentei. Eu precisava de chocolates, coloquei a mão no meu bolso e achei uma pequena barra. Eu abri a embalagem e dei uma mordida no delicioso chocolate, aquilo foi como uma anestesia para mim. Por um momento parei de pensar naquele beijo que o Matt me deu e apenas senti o gosto do chocolate. Senti uma respiração perto de mim, abri os olhos e encarei L que me encarava com o polegar sob seu lábio inferior. 

— O que houve? — Ele perguntou. 

— Não interessa. 

— Esta resposta não é aceitável. 

— Vai ter que se contentar com ela. 

— Diga logo. — Ele ainda me encarava com aquele olhar vázio, aquele olhar me lembrou do Near... Near, aquele imbecil. 

— O que você quer aqui, L? — Perguntei encarando-o.

— Eu já te disse isso hoje mais cedo. — Ele apoiou seu braço sob a mesa e repousou seu rosto em sua mão. 

— E o que ainda está fazendo aqui?

— Quis ficar mais um pouco...

— Pra quê? — Perguntei irritado. 

— Porque eu quis, porque eu sou '' O cara '' — Ele respondeu cheio de sí. 

— Só porque é o maior detetive do mun... — parei um pouco — você é um merda, isso sim — completei. L podia se exibir o quanto ele quisesse, ele era o maior detetive do mundo. Droga. 

— Bom, queria avisar que estamos bem perto de descobrir quem é o Kira, apesar de eu já saber. — Ele disse.

— Você já sabe? — Perguntei. — E quem é? Porque ainda não o prenderam? 

— Só preciso que ele faça um movimento em falso, e então... — L fitou a mesa. — Eu o pegarei. — completou. 

— Tá, mas quem é? 

— Se eu disser não tem graça. 

— COMO ASSIM? — Questionei irritado. — ENTÃO PRA QUE VOCÊ PUXOU O ASSUNTO, SEU BOSTA?! — Bramei enquanto dava um pulo da cadeira. 

— Porque, como eu disse... eu sou '' O cara '' e posso fazer o que eu quiser. 

— Ah, L. Vai se arrombar. — Mordi mais um pedaço do chocolate e me retirei da cantina irritado com a arrogancia do tal. Tudo bem, ele era o maior detetive e blá, blá, blá... mas precisava ficar repetindo aquilo a todo momento?

Enquanto eu andava meus passos ficavam mais fortes e barulhentos. Fui até o jardim procurando o albino, eu iria soca-lo para extravasar a minha raiva, como sempre. Mas ele não estava no jardim. Então fui para seu quarto e lá estava ele, mas ele não estava sozinho...

Ele estava com o... Matt...! 

— Mello! — Matt exclamou surpreso. 

Eu fiquei paralisado ao perceber a proximidade dos dois. Eles estavam perto de mais um do outro. Near encaracolou uma mecha do cabelo como sempre fazia, ele nem se quer se afastou de Matt. 

- Eu sabia que você não era capaz de gostar de alguém de verdade, Jeevas. - Pensei enquanto saia correndo em direção a sala de música do orfanato. Eu sabia que ali seria o último lugar que Matt iria me procurar, SE ele me procurasse, não é mesmo?! 

Eu entrei na sala de música, bati a porta violentamente e me encolhi no chão. Por algum motivo lágrimas acumularam-se em meus olhos, por algum motivo eu queria chorar. 

Mas, eu sempre souberá que Matt era daquele jeito, galinha. Ele nunca gostou apenas de uma pessoa. E além do mais, nós apenas nos beijamos, não foi nada além do que isso... e eu nem gostava do Matt como mais do que meu melhor amigo. 

Então, porque aquilo estava me machucando tanto e porque aquela sensação de sofrimento estavam invadindo o meu ser?

- Droga. Talvez eu gostasse do Matt a muito tempo, mas eu não sabia. E ... - O que eu estou pensando?! Eu não gosto do Matt mais do que como meu amigo! Bom... pelo menos era oque eu pensava. Mas agora eu já não tinha certeza disso, depois de vê-lo tão próximo ao Near... meu coração ficou confuso. Droga, será que eu estou gostando do Matt?!