Janela escrita por o_arquiduque


Capítulo 3
O agente público




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- Com licença, visita para a senhorita. – A empregada da casa de Luiza a avisa de um recém chegado – Ele a aguarda na sala.

- E quem seria o ilustre convidado? – Ela imaginava ser um bom amigo.

- Senhor Otto Barros Tomazine. Um agente público.

Luiza parou por um instante. O pincel que ainda segurava não caiu porque não tremia tão fácil, mas ouvir o nome de um agente público era algo que gelava sua espinha, e saber que o mesmo encontrava-se sentado em sua sala, era algo ainda mais espantoso. Respirou fundo:

- Não disse o que queria?

- Não, senhorita.

- Com licença, senhora. – Uma voz grave vem de trás da empregada, e assim que está cede espaço, um homem de média estatura, cabelos grisalhos e um sorriso agudo avançou alguns passos na soleira do ateliê – Tomei a liberdade de vir até aqui, pois não me agüentava de curiosidade para conhecer o local de belíssimos trabalhos.

Luiza desconfiou. Seus trabalhos não eram tão conhecidos assim:

- Estou ás ordens, senhor Barros, o que o senhor gostaria? Infelizmente quadros só estarei vendendo no mês que vem...

- Oras, mas vejo que esse cômodo bem arejado – Avançando alguns passos em direção à janela lançando olhares furtivos ao jardim – está repleto de obras de arte!

- Estas infelizmente não estarão á venda por hora. Mas posso pedir que alguém o avise assim que eu colocar nelas um bom preço! – Luiza procurou esboçar um sorriso.

- Sei que não é de meu interesse, mas posso saber por que não posso obtê-las agora? – Ele andava pelo ateliê sem que reparasse de fato em quadro algum.

- Elas serão expostas numa galeria durante algumas semanas. Assim que a exposição acabar, então pensarei no preço.

- Exposição?! Oras, sinto-me inclinado à prestigiá-la! Será onde?

- Na Galeria Velha, na nove de julho, daqui à dois dias.

- Pode ter certeza que estarei lá! Antes de ir... Será que eu poderia visitar teu jardim? À essa estação do ano, me agradam algumas orquídeas!

- Importa-se se eu não acompanhá-lo? Ainda tenho mais quadros para terminar!

- De maneira alguma. Não quero atrapalhar!

- Firmina, poderia levá-lo ao jardim?

- Certamente. – A empregada concorda.

Luiza ficou perturbada. Otto deixou o ateliê e deixou nele um ar que em nada lhe agradava. Tinha um certo mal cheiro pairando, não no sentido físico, mas no sentido de que alguma coisa estava acontecendo que ela não sabia, mas que deveria saber, e que quando soubesse, tinha a impressão, não ia gostar nada.


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